Página de doutrina Batista Calvinista. Cremos na inspiração divina, na inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas; e de que Deus se manifestou em plenitude no seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o qual é a Segunda Pessoa da Triunidade Santa

domingo, 16 de outubro de 2011

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 2


A MENSAGEM ETERNA DO DEUS ETERNO!







Por Jorge Fernandes Isah


CAPÍTULO 1: AS SAGRADAS ESCRITURAS

2- Sob o nome de Sagradas Escrituras ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho Testamento e Novo Testamento, que são os seguintes:

O VELHO TESTAMENTO

Gênesis
1 Reis
Eclesiastes
Obadias
Êxodo
2 Reis
Cantares
Jonas
Levítico
1 Crônicas

              Isaías

Miquéias
Números
2 Crônicas
Jeremias
Naum
Deuteronômio
Esdras
Lamentações
Habacuque
Josué
Neemias
Ezequiel
Sofonias
Juizes
Ester
Daniel
Ageu
Rute
Oséias
Zacarias
1 Samuel
Salmos
Joel
Malaquias
2 Samuel
Provérbios
Amós


O NOVO TESTAMENTO

Mateus
Efésios
Hebreus
Marcos

                     Filipenses

Tiago
Lucas
Colossenses
1 Pedro
João
1 Tessalonissenses
2 Pedro
Atos
2 Tessalonissenses
1 João
Romanos
1 Timóteo
2 João
1 Coríntios
2 Timóteo
3 João
2 Coríntios
Tito
Judas
Gálatas
Filemom
Apocalipse

Todos os quais foram dados por inspiração de Deus, para serem a regra de fé e vida prática. 
[2Tm 3.16; Ef 2.20; Ap 22.18-19; Mt 11.27]

Os 39 livros do AT e os 27 livros do NT são a expressa e verdadeira revelação de Deus ao homem, os quais compõem a Bíblia Sagrada, ou a Palavra de Deus, ou Escritura Sagrada. A Igreja reconhece-a como o registro divinamente inspirado daquilo que Deus quis revelar ao homem.

A palavra Bíblia, feminino singular, tem origem no latim, e é derivada do grego Biblos, que quer dizer "livro". 

Outro termo aplicado à Bíblia é a palavra Cânon, que é a transliteração da palavra grega kanón, que é derivada do termo hebraico kaneh que significa régua ou vara reta de medir, dando-nos a ideia de regra, norma, pela qual se mede outras coisas. Para nós o sentido é mais do que claro, a Bíblia é o livro ou conjunto de livros escritos por homens inspirados por Deus, e, como tal, ela tem a mesma autoridade de Deus, pois Deus lhe conferiu essa autoridade sagrada.

Os livros do AT foram escritos originalmente em hebraico, com exceção de alguns trechos escritos em aramaico. Por volta do ano de 250 e 150 A.C. os textos em hebraico foram traduzidos para o grego por 70 tradutores, por isso essa tradução é chamada de Septuaginta ou LXX.

Os livros do NT foram escritos na linguagem vernacular comum do primeiro século, o grego Koiné.

Há de se entender que Deus não somente inspirou homens santos a registrarem a sua revelação de forma infalível e inerrante, mas também, pelo poder do Espírito Santo, Deus preservou sua santa palavra da corrupção e perversão dos homens, de forma que, hoje, temos acesso a toda a verdade revelada por Deus [Dt 4.2; Jr 1.12; Sl 119.160; Mt 24.35; 1Pe 1.23-25]. Portanto, é-nos assegurada a fidelidade e incorruptibilidade da palavra uma vez dada aos santos.

Uma pergunta: ouve-se muito falar de contextualização, hoje em dia, especialmente entre os cristãos. Os irmãos acreditam que a mensagem da Bíblia permanece a mesma para todos os tempos, ou ela deve se ater à cultura e lugar onde foi escrita?

Minha opinião é de que este é outro engano que muitos acabam por não perceber no estudo da Escritura. Quando se diz que a Bíblia deve ser contextualizada, o que se está dizendo é que ela é válida para a época e cultura em que foi escrita, e de que pode não valer para os tempos atuais ou futuros. Com isso, está-se afirmando a sua temporalidade, limitação e até mesmo irrelevância para o atual e os futuros séculos. O fato de a sociedade estar cada vez mais distante dos princípios bíblicos ordenados por Deus não é argumento suficiente para estes princípios tornarem-se em meras referências morais ultrapassadas, perdidas no tempo. O fato de a sociedade estar cada vez mais rebelde, cada vez mais insubmissa em relação aos preceitos bíblicos, apenas nos mostra o profundo abismo em que estamos nos lançando, e, em muitos casos, já se vê o fundo. Os graves problemas sociais: vícios, imoralidade, destruição da família, da autoridade, etc, são provas de que a desobediência e os métodos humanos de interpretação do texto bíblico são falsos, resultam na inadequação da mensagem [sua corrupção] e estimula o homem a permanecer moldado segundo a sua própria natureza iníqua e pecaminosa. Criou-se um sistema de ideias em que o homem tem de se assumir como homem e de aceitar-se como é, mesmo que seja cultivando o mal como a única forma de se permanecer fiel e íntegro a si mesmo.

De certa forma, é como se Deus nos desse a sua palavra, mas essa palavra seria de maneira diferente e dispare para homens em épocas diferentes; como se a mensagem divino pudesse se adequar ou simplesmente ser anulada por novos hábitos e normas estabelecidas socialmente. Por exemplo, a leitura de determinada parte da Escritura teria uma relevância para o homem do séc. V a.C., outra para o homem do séc. IV d.c, outra para o homem do séc. XV, e assim por diante, até chegar a nós. Agora, pensem comigo: a mensagem de Deus é mutável? Ela muda conforme o homem vai transformando os seus hábitos e regras sociais e morais? Se a Escritura é mutável, Deus também o é. Mas sabemos que Deus não muda, pois é o que a sua palavra afirma [Sl 102.27; Ml 3.6; Hb 1.12, 13.8; Tg 1.17]. Logo, sua palavra também é imutável [Sl 119.89, 160; Is 40.8; Mt 24.35; Jô 10.35; 1Pe 1.25]. Ou seja, a Escritura, como afirma a C.F.B. 1689, não pode ser medida pelas ciências sociais, seus métodos e teorias, como se houvesse uma transição entre a mensagem divina e o homem de tal forma que elementos culturais e históricos específicos é que determinam o teor e o sentido da mensagem.

Para nós, cristãos bíblicos, a Escritura é perene, sua mensagem é a própria voz de Deus para todos os tempos e para todos os homens, ainda que apenas aqueles que sejam guiados pelo Espírito Santo possam entendê-la, respeitá-la, e deixar-se guiar por ela.  Por quê? Porque não há nenhuma autoridade superior à Bíblia, além do próprio Deus que lhe conferiu autoridade; de forma que qualquer tentativa humana de restringir, limitar, conter, ou simplesmente impedir que a voz de Deus seja ouvida em alto e bom som através do texto bíblico é uma afronta e blasfêmia contra Deus, o seu autor.

3. Os livros comumente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon ou compêndio das Escrituras. Portanto, nenhuma autoridade têm para a Igreja de Deus, e nem podem ser de modo algum aprovados ou utilizados, senão como quaisquer outros escritos humanos.
[Lucas 24:27,44; Romanos 3:2]

Devemos entender que o cânon do A.T. foi definitivamente concluído no Concílio de Jamnia em 90 a.c. e é exatamente igual ao cânon protestante, constando de 39 livros. A diferença está apenas na ordem dos livros que entre os hebreus é a seguinte: 

O Pentateuco ou Tora: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. 
Os Profetas [Neviim]: Anteriores: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Profetas menores. 
Os Escritos [Kêtuvim]: Poesia e Sabedoria: Salmos, Provérbios e Jó. Rolos ou Megilloth [lidos no ano litúrgico]: Cantares [na páscoa], Rute [no pentecostes], Lamentações [no quinto mês], Eclesiastes [na festa dos tabernáculos] e Ester [na festa de purim].
Históricos: Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas.
Portanto, não há nenhuma referência aos livros apócrifos [Apócrifo vem do grego apokrypha cujo significado quer dizer oculto, misterioso, escondido], que foram incluídos na Septuaginta e na Vulgata de Jerônimo [que não considerava os apócrifos como livros canônicos, livros inspirados, e que foram canonizados em 1546 pelo Concílio de Trento], o qual originou a Bíblia Católica.

Os livros apócrifos foram aqueles que os tradutores gregos, da Biblioteca de Alexandria, incluíram como escritos judaicos, provavelmente redigidos no período de 400 anos em que Deus silenciou-se a Israel, conhecido com período Interbíblico. Eles também são chamados de pseudo-canônicos e, pelo católicos, designados como deuterocanônicos. São eles: os livros de 1 e 2 Macabeus, Judite, Baruque, Eclesiástico ou Sirácida, Tobias, Sabedoria e as adições aos livros de Ester e Daniel. Há, contudo, uma dezena ou mais de livros apócrifos escritos em hebraico além dos pertencentes ao cânon Católico.

O Novo Testamento protestante e católico é o mesmo, não havendo nenhum acréscimo. Há, porém, um grande número de escritos como o Evangelho de Judas e Madalena, por exemplo, que, em sua maioria, foram escritos por autores gnósticos [gnóstico vem do grego gnosis, que quer dizer, conhecimento. Foi um movimento religioso-filosófico que surgiu nos séc. I e II, cujos apóstolos e pais da Igreja combateram veementemente como hereges, e, suas doutrinas, heréticas]  nos primórdios da Igreja Primitiva, mas que não têm nenhuma canonicidade, pelo contrário, estão repletos de elementos que conflitam com a verdade, com o texto bíblico. 

O exemplo de um texto bíblico que combate o gnosticismo encontra-se na Carta do Apóstolo João: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo” [1Jo 4.1-3].

Os gnósticos eram dualistas, acreditavam em dois deuses, duas divindades antagônicas, que se digladiavam pelo poder no universo. Para eles, a matéria era má, a carne era má, pois criada pelo “Deus mal” do Antigo Testamento, o Demiurgo. Portanto, Cristo sendo bom, não poderia ter matéria. O que o Senhor fazia crer é que tinha um corpo, quando na verdade esse corpo não passava de uma “miragem”, uma ilusão, uma imagem criada com o intuito de enganar as pessoas fazendo-as crer que ele possuía carne e ossos. Isto é um erro gravíssimo, pois depõe contra muitas afirmações presentes no texto sagrado, o qual nega-as peremptoriamente. Por exemplo, a de que o Verbo encarnou e habitou entre nós [Jo 1.1,14]; de que o Cristo nasceria de uma mulher, uma virgem [Gn 3.15, Mt 1.18-23, Gl 4.4, Hb 2.14].

Temos nesse esquema, ao qual João combateu veementemente, sérios problemas soteriológicos, de forma que, se Cristo não é o Deus-homem, a salvação dos eleitos estaria irremediavelmente comprometida, ou melhor, perdida. Para que o povo de Deus fosse salvo era necessário que o Messias não apenas representasse a raça humana, no sentido de ser parecido mas não ser verdadeiro; era necessário que ele fosse igual a nós, contudo, sem pecado. Então, João diz:

a)    “Não creiais a todo o espírito”, remetendo-nos a várias passagens na Escritura que alerta e exorta a provarmos se determinado ensino provém da palavra de Deus, ou não passa de outra artimanha maligna de levar incautos ao engano, à mentira, e à perdição da alma.
b)    “Porque já muitos falsos profetas se têm levantando no mundo”, igualmente, os profetas, Cristo e os apóstolos revelam que, desde sempre houve aqueles servos de satanás operando entre o povo de Deus, de maneira que assim pudessem dispersar o rebanho do Senhor; as quais ficariam sem pastor. E sabemos que ovelhas sem pastor são presas fáceis nas mãos do inimigo.
c)     João alerta para a maneira como se conhecerá se o Espírito é de Deus: confessar que Jesus Cristo veio em carne.
d)    O que não confessa que Cristo veio em carne é o espírito do anticristo, da mentira, do engano, o qual já estava no mundo, e ainda está operando.


Com isso, o apóstolo intentou derrubar, e derrubou o falso argumento
gnóstico, provando que a carne pode ser boa, pois Cristo veio em carne e
era bom; assim como, no glorioso dia do Senhor, quando da ressurreição,
também teremos corpos [matéria], e não mais haverá o pecado nem o mal
em nossa carne, pois seremos como o nosso Senhor é, santos.

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