Jorge F. Isah
1) INTRODUÇÃO:
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A primeiro afirmação que o
salmista nos faz é a de que o “Senhor reina”!
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Não há qualquer
questionamento em relação à existência divina; isto é visto e pautado como um
fato pelo escritor; ao reinar, ele existe; existe porque reina e reina porque
existe.
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Da mesma forma, não há
qualquer tentativa de provar ou defender a existência de Deus; o salmista tem,
por princípio, fundamento e pressuposto, o fato de que Deus existe, como
verdade absoluta e insofismável.
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Nenhum outro autor ou texto
da Escritura se preocupa com esta questão. Todos partem da afirmação ou
assertiva de que Deus existe; isto é um fato, não uma hipótese ou possibilidade.
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No primeiro verso de Gênesis
pode-se já, de início, perceber, entender, e crer, nessa constatação, pois está
escrito:
“No princípio criou Deus os
céus e a terra” (Gn 1.1)
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Nela está contida a
preexistência divina antes de ele criar tudo o que há pelo seu poder.
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O irmão consegue imaginar
como Deus é poderoso, criativo e perfeito?
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Se vislumbrarmos uma pétala
de flor (algo visível ao homem), em sua beleza, fragilidade, pequenez e
exclusividade, assim como o poder, esplendor e grandiosidade de uma estrela, é
impossível não se maravilhar com o poder, diversidade e perfeição de tudo aquilo
ao qual Deus fez, criou, por sua exclusiva vontade.
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Existem outros componentes
como o amor, a providência e a sabedoria divina em todas as criaturas, que
refletem em maior ou menor grau a sua maravilhosa engenhosidade como designer.
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Por mais que o homem seja
criativo (e ele é, como reflexo do próprio atributo divino que nos foi
imputado), nada se compara ao mundo pensando e colocado em prática pelo Senhor.
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E esse é um fato, uma
certeza, porque o homem traz dentro de si a imagem divina ou “Imago dei” (Gn 1.16-27)
Mesmo corrompida pelo pecado, essa imagem está viva no homem, gritando dentro
dele; e ela não se cala, pois a própria luta de alguns em negá-la se converte
na prova de que é necessário apagar aquilo que de mais vivo há no homem para
que ele possa se manter morto. A negação de Deus se converte na melhor forma de
suicidio espiritual, na morte, no aniquilamento de si mesmo, a fim de encobrir
as impressões divinas deixadas no ser humano.
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O homem, por mais cético que
seja, e por mais que permaneça em sua intransigente teimosia, jamais poderá,
sinceramente, destruir a imagem de Deus sem aniquilar-se a si mesmo, e em seu
lugar colocar um “monstro”, alimentado pelo pecado.
2) QUEM É O SENHOR?
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Em um mundo onde há uma
profusão de deuses (criados à imagem e semelhança do homem caído); a época do
salmista não era diferente, e em meio a tantos ídolos ele afirma
categoricamente: o Senhor reina!
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Mas, quem é esse Senhor?
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Ele não é feito de barro,
madeira, metal, nem esculpido pelas mãos humanas. Ele é Espírito, e como tal,
não pode ser simbolizado por formas daquilo que vemos, pois ele não pode ser
visto por olhos naturais.
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Diferente dos deuses pagãos
(sejam hindus, gregos, romanos, ou de outra cultura qualquer), ele não está
circunscrito aos mares, ao fogo, à terra ou ao ar. Nem mesmo às estrelas.
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Ele não é um Deus limitado,
que precisa ser carregado, que está preso em um lugar, um elemento ou esfera da
criação, como os falsos deuses. Ele é infinito, onipresente, e, portanto, está
em todos os lugares.
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O Senhor não é um Deus
impessoal, que criou o universo e todas as coisas para abandoná-las, como um
espectador assistindo a história passar diante de si passivamente. Não. O
Senhor é o Deus ativo, por quem tudo veio a existir, e sem o qual nada
existiria e subsistiria. Ele governa plantas, animais, homens, os elementos, os
astros, e toda a sua criação, sem que nada aconteça alheio à sua vontadee ordem.
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Muito menos um Deus fraco,
impotente, sujeito à vontade de suas criaturas, incapaz de controlar a sua própria
criação; um Deus de mãos atadas.
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O salmista descreve, em seus
poucos versos, o Deus Todo-Poderoso, Senhor de tudo e de todos, ao qual ninguém
pode resistir.
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Sua vontade é soberana, e
seu reino é eterno.
3) REINO ETERNO E IMUTÁVEL:
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A Bíblia afirma que Deus é
um, subsistindo na forma de três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (Mt
3.13-17).
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Não faremos um estudo sobre
a Trindade, não é este o tema do Salmo, mas é preciso que o Senhor seja
identificado como tal, como ele é.
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Novamente, voltemos à
afirmação inicial do salmista: Ele reina!
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Ao contrário de tantos reis
e monarcas que são alçados e destituídos dos seus tronos, Deus reina; ele não
reinou apenas, em um tempo remoto, ou reinará em um futuro distante, mas ele
reina! O verbo está na sua forma intransitiva, indicando não necessitar de
complementos, sendo, em si mesmo, completo, pronto, acabado.
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Por isso, podemos afirmar
que o seu reino é imutável; o seu reinado é indestrutível.
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O seu reino existe porque
ele o criou, por seu poder e vontade absoluta,
suprema. Não existe qualquer
condição para o seu reinado, a não ser o fato de ele ser o rei, o soberano
pleno.
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O seu reino não está
circunscrito a uma região, país ou determinada área, povo ou etnia, mas sobre
tudo e todos indistintamente.
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O seu reino existe para
refletir a sua glória, a glória eterna que possui.
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O Senhor é rei eterno,
ninguém o entronizou, assim como ninguém o destituirá. Ele está revestido de
majestade, da glória que sempre teve consigo e da qual não pode se separar.
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Assim, o seu poder é eterno
e inerente ao seu ser eterno, não é algo que lhe foi dado e que lhe pode ser
tomado; não é algo de que se arrependa ou despreze, porque ele é assim, e assim
será.
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Sendo ele imutável, também é
imutável o seu poder, glória, reino e majestade. Tudo é intocado e intocável,
pois não há nada maior do que o Senhor.
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Da mesma forma, o seu eterno
decreto, ou seja, a sua vontade soberana e imutável não transige, nem pode ser
abalada. Ela está firmada nele, e como uma rocha é indestrutível.
4) CRISTO: O SENHOR VÍSIVEL
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Existe uma ideia equivocada
de que Deus é Senhor apenas daqueles que se convertem a ele, mas a verdade é
que a Biblia nos revela Deus como aquele que governa, rege, todas as criaturas,
sem que nenhuma delas escape ou fuja do seu poder.
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Muitos se recusam a
reconhecer o seu senhorio, como se o fato de eu não gostar de azul pudesse
mudar a cor do céu.
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Por isso, Paulo nos diz,
àcerca de Cristo: ler Filipenses 2. 5-11
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O fato de não aceitar o
senhorio de Cristo, não o impede de ser Senhor, pois ele é, a despeito da minha
rebeldia e insensatez, Senhor!.
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Então, Quando lemos o relato
de que todo joelho se dobrará diante de Cristo, e toda língua confessará que
ele é Senhor, não há margem para ninguém, nem mesmo o diabo e seus anjos,
estarem fora dessa lista, não estarem subordinados a Cristo.
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Se ao passo em que o crente
regenerado o faz por amor e gratidão, os ímpios o farão pelo irresistível poder
divino de sujeitar todos debaixo do seu poder, da sua autoridade; não haverá
como satanás e seus servos não se curvarem e se sujeitarem ao senhorio de
Cristo.
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Nem há como discutir o fato
de ele ser a expressa imagem de Deus, o Deus revelado, visível.
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Mas nada disso acontece
porque nos aproximamos dele, o amamos primeiro, então, Deus, em reciprocidade,
reconhecendo o nosso esforço e aceitação, nos ama e se aproxima de nós. Não.
Foi ele quem nos amou primeiro, eternamente, e por causa do seu amor é que o
amamos (1Jo 4.19).
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Cristo, pelo poder de sua
palavra, mantém todas as coisas em ordem, ainda que para nós, em nossa
arrogância e tolice, consideremo-nas caóticas e frágeis (Hb 1.1-3)
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E é nesta palavra que
Estamos firmados. Em Cristo, o verbo eterno, existimos, vivemos, nos movemos,
para a sua glória.
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Ler João 1.1-5
5) CONCLUSÃO:
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Este Salmo aponta
diretamente para Cristo. Na verdade, toda a Escritura aponta para ele. Ao ponto
em que, creio, o Pai e o Espírito Santo se alegram e são glorificados quando o
Filho é glorificado; ao passo em que, caso o Filho não o seja, nem o Pai e o
Espírito o serão.
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Ele nos liga, de maneira
sobrenatural, maravilhosa, a Deus; pois sendo Deus, se humilhou e assumiu a
forma humana, fazendo-se um de nós, para nos tornar agradáveis ao Pai.
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Portanto, como está escrito:
tudo é por Cristo, para Cristo e em Cristo (Rm 11.36)
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Glória eterna ao Rei dos
reis e Senhor dos senhores!