Página de doutrina Batista Calvinista. Cremos na inspiração divina, na inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas; e de que Deus se manifestou em plenitude no seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o qual é a Segunda Pessoa da Triunidade Santa
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quarta-feira, 10 de julho de 2024

USANDO OS TALENTOS PARA A GLÓRIA DE DEUS



Pr. Luiz Tibúrcio

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Graças a Deus pelos hinos que foram entoados e pelo especial cantado pelas irmãs Lia e Cida, os quais enchem muito de alegria o nosso coração pelo sacrifício maravilhoso do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador, que nos tem uma mensagem de amor naquele local de sofrimento que é a cruz, onde o Senhor padeceu por nós.

Vamos abrir as nossas Bíblias em Mateus, capítulo 25, versículo 14, onde compartilharemos a Palavra de Deus; alegres por estarmos aqui com os irmãos... graças a Deus que temos um conselheiro que sabe todas as nossas necessidade, temos um médico, temos um advogado e temos um Salvador que é Cristo. Amém!

Mateus 25... versículo 14... Mateus 25.14... A Palavra de Deus diz:

“Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens” (ACF)

Graças a Deus por isso. Graças a Deus que temos um Pai que cuida de nós, e vai cuidar de todos aqueles que nós temos apresentados diante do Seu trono, dentro do plano eterno do Senhor.

O Senhor Jesus Cristo está aqui, no capítulo 24 e 25 ensinando a respeito do Reino de Deus; está ensinando sobre as coisas celestiais, ensinando o seu povo através de parábolas. Primeiramente a palavra de Deus nos diz que um homem tinha pessoas a seus serviços, que tinha empregados que cuidavam das suas coisas, ele chama os seus servos e dá ordem a eles; e hoje vamos pensar numa mensagem cujo tema é: Usando os seus talentos para a glória de Deus. E esta é uma coisa que devemos pensar, a qual devemos nos perguntar: será que estamos usando os talentos que Deus nos tem dado para a glória Dele? Para servi-lO? Para o louvor do Seu santo Nome?... Graças a Deus, porque servimos ao Senhor, porque não temos outro Senhor, que não o Senhor nosso Deus, o Deus Vivo e Único, amém!

O povo de Israel diz: Nós não servimos a outro deus, mas apenas ao nosso Senhor. E graças a Deus por nós, que hoje estamos aqui ouvindo a Sua santa Palavra, e servimos a Deus, nós cristãos, por Jesus Cristo nosso Senhor; o qual nos fez agradável ao Pai. Aqui, novamente, podemos, por Jesus Cristo, prestar serviços a Deus.

A Palavra de Deus diz: “Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”. Vejam que coisa fantástica a Palavra de Deus diz. Ela fala sobre um homem que chama aqueles que estão a serviço dele, e lhes entrega todos os seus bens. E nós, como cristãos e servos que não temos o talento, estaremos dizendo: nós não servimos ao Senhor. E esta conclusão lógica vem porque “aqueles servos o senhor chamou, e àqueles servos ele concedeu-lhes talentos. Esse senhor, esse grande senhor e grande homem, entregou todos os seus bens nas mãos dos seus servos. Nós temos aqui uma palavra e uma relação de absoluta confiança. Há um livro, se não me engano do Pr. John MacArthur, em que ele diz que Deus tinha um só plano, o plano de Deus para aqueles doze homens era que através deles Ele transformaria o mundo. Ele faria a Sua obra completa. E esta é uma coisa fantástica para a nossa análise, porque realmente podemos pensar que, quando vamos fazer nossas coisas temos o plano “b”, a válvula de escape “c”, caso a válvula “a” e “b” não funcionem; temos o pára-quedas de emergência, caso o principal não se abra... sempre temos que elaborar um plano, e ter algum tipo de garantia ou segurança para o caso do nosso plano principal não dar certo. Mas veja que Deus escolheu aqueles homens simples para que através deles o mundo conheça a glória do Senhor.

Pois hoje, o Senhor tem chamado a nós, e nós devemos fazer a obra Dele. O Senhor tem nos chamado... a Sua palavra diz que aos que Ele chamou a estes também Ele santificou, e a estes também Ele enviou. Nós somos enviados a fazer uma obra, uma obra em nome do Senhor.

No verso 14 lemos que o senhor depositou todos os seus bens nas mãos dos seus servos, e partiu para uma terra distante, para longe; e outra particularidade dessa relação é que o senhor estava seguro de que os servos fariam conforme o seu mandado. Amém, irmãos!

O Senhor espera que sejamos servos obedientes; o Senhor tem nos chamado, e tem nos dado a Sua graça para que possamos servi-lO a cada dia de nossas vidas... está é uma relação de confiança... Deus espera que O obedeçamos em tudo e por toda a nossa vida. Eu posso ou não abrir a minha Bíblia e estudar. Posso ou não falar do amor de Jesus a todas as pessoas. Posso ou não ser honesto e verdadeiro nas minhas relações. Para ter a graça do Senhor em minha vida eu tenho de viver em conformidade com a vontade de Deus.

A Palavra de Deus diz que esse servo... irmão... já viu como um servo age quando o patrão está por perto? Como ele é zeloso com as coisas, vai organizar a mesa, executa bem o seu trabalho, a fim de agradar ao seu patrão? Conta-se uma história de um homem que se chamava José. Ele, depois de algum tempo no trabalho, sentia-se sem reconhecimento. Ele era um homem responsável. Então, passado algum tempo, ele já não se empenhava com antes. Começou a negligenciar o seu serviço, a fazer as coisas meio que por pirraça. Num certo dia, em que ele estava zangado com o seu patrão, porque o patrão não havia aumentado o seu salário como fizera com outros, varrendo o seu setor, pensou: “Sabe, não vou mais caprichar com isso aqui não, vou fazer de qualquer jeito”. Pegou o lixo e jogou debaixo do tapete. Pouco depois, o seu chefe encontrando-o, e diz:

“Sr. José, passe no meu escritório depois do expediente, pois precisamos conversar”.
O Sr. José pensou: “Puxa-vida! Acho que ele descobriu o que fiz de errado... provavelmente vai me mandar embora... puxa-vida, e agora? O que vou fazer?”
No final da tarde, dirigiu-se à sala do chefe. Chegando lá, foi recebido imediatamente.
“Boa tarde, sr. Everaldo!”
“Boa tarde, sr José! Sente-se.”
Ele sentou, esperando apreensivo.
“Sr. José, tenho observado o seu trabalho, e visto já há algum tempo a dedicação e zelo com que tem desempenhado a sua função. E tenho pensado que já há muito o senhor tem merecido um aumento. E não sei por quê ainda não lhe foi dado. Mas, o que quero dizer é que, a partir deste mês o senhor receberá um aumento, que fez por merecê-lo...”.
Ao sair da sala, o sr. José correu até o tapete e tirou o lixo de debaixo dele; retornando agradecido para casa.

Irmãos, a Palavra de Deus nos chama ao serviço de Deus; não como aquele que serve enquanto o patrão está perto, mas como aquele que serve com fidelidade mesmo na sua ausência.

A Palavra de Deus diz que esse senhor chamou os seus servos e ausentou-se para uma terra distante. E diz mais, versículo 15: “E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe”. Coisa fantástica que esse senhor faz ao dar cinco talentos para um, dois para outro e um para outro, mas o faz segundo a capacidade de cada um deles. E aprendemos que Deus nunca vai nos chamar a fazer uma tarefa para a qual Ele não nos capacitou. Deus nunca nos chamará a fazer algo na Sua seara, para a Sua glória, sem que primeiro Ele nos dê condições para executá-lo. Quando sirvo ao Senhor, quando bendigo-O, louvando-O em qualquer área da minha vida, seja no ministério da Sua palavra, seja na administração do serviço, seja com os dons que Ele me deu, em todas essas coisas, primeiramente, Deus irá suprir para que eu possa dar. O Rei Salomão quando da construção do templo, quando fez a oração de consagração ao templo disse: Senhor, nós não estamos fazendo um templo, Tu nos destes para Tu dar. E assim foi Deus quem primeiramente deu a eles condições para que eles pudessem servi-lO. Amém, irmãos!... E nós serviremos a Deus; e nós O servimos, seja com os nossos bens materiais, com os nossos talentos individuais, com a inteligência, a capacidade e habilidades, porque Ele nos deu para que O servíssemos.

Outra coisa interessante é que o senhor, nessa parábola, estava avaliando os seus servos, e sabia da capacidade de cada um deles.
Prosseguindo, o versículo diz: “E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos”. Eu gosto de uma outra tradução (ARA) que diz que aquele servo, o que tinha cinco talentos, saiu imediatamente a negociar com ele e ganhou outros cinco. O fato dele sair imediatamente evidencia-se o zelo para com as coisas do seu senhor. E percebemos quando uma pessoa é zelosa com as coisas de Deus ou com qualquer outra coisa, porque o zelo se conhece rapidamente. Aquele que realmente é zeloso com as coisas de Deus, tem a disposição para servir. Há situações em que se diz que gostaria muito de servir, que desejaria muito servir, de ter tempo para servir; mas, porque a vida é muito atarefada, são tantas coisas para se fazer, estou impedido de servir. Isso não é verdade, afinal de contas, todos nós temos vinte e quatro horas no dia. O tempo é igual para todos nós, só que alguns conseguem servir a Deus, outros não.

Vemos aquele servo, após receber cinco talentos, partir a negociar, mostrando presteza, pois o fez imediatamente.

Quando devemos servir ao Senhor, meus irmãos? Hoje! O dia é hoje, o qual estamos vivendo. Devemos planejar o futuro, de como administrar a obra do Senhor, devemos planejar os eventos que faremos para louvar o Senhor, mas hoje deve ser o nosso dia de começar o serviço a Deus.

E ele granjeou outros cinco talentos. Aquele que era fiel e estava apressado para servir ao Senhor, foi ele quem granjeou outros cinco talentos. Significa que ele negociou, usou seus talentos, e mais talentos obteve. Irmãos, um talento de prata em Israel pesava quarenta e cinco quilos; um talento de ouro pesava noventa e um quilos, o que era um pequena fortuna... Versículo 17: “Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois”. Aquele que recebeu dois talentos, granjeou também outros dois talentos.

Versículo 18, diz: “Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”. Essa terceira pessoa recebeu apenas um talento, e era esse talento conforme a sua capacidade. Pensem comigo: ele procurou um lugar, provavelmente distante, onde ninguém conhecia, um esconderijo, e chegando lá, cavou um buraco profundo, e colocou o talento, cobrindo-o com terra, fechando o buraco; talvez, plantando uma árvore por cima, colocando grama para disfarçar; ele enterrou o seu talento. Sabe, ninguém podia ver aquele talento. Parece-se com a vida de alguns cristãos, que realmente decidem que serão salvos pelo Senhor, mas que não O servirão. Decidem que podem ser crentes em Deus, mas também podem viver a sua vida, levando-a da forma que quiserem, com tempo para o trabalho, para os estudos, a família; contudo, sem tempo para servir a Deus.

A Palavra de Deus diz que esse servo enterrou o talento do seu senhor; mesmo sabendo que aquele talento pertencia ao seu senhor. Como devo encarar as bênçãos que o Senhor tem me dado? Como administro os recursos que Deus tem me dado? Eles são dados para a glória de Deus? Veja meus irmãos, quantas coisas podemos fazer, se cada um de nós se dispuser a contribuir com uma parte dos seus bens, com uma parte do seu tempo, com as suas habilidades, para a glória do Senhor. Se cada um de nós administrar de tal forma os seus bens, deles sobrará para que se contribua mais para a obra de Deus. Quantas igrejas são perseguidas mundo afora? Quantos irmãos passam por aflições no momento? Quantos necessitados precisam ouvir do amor do Senhor Jesus Cristo? E a obra que temos de fazer para louvar e bendizer o nome do Senhor?... E esse servo enterrou o seu talento.

Versículo 19: “E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles”. Atentemos para o que o versículo diz: e passou-se muito tempo depois. Durante aquele tempo, os servos podiam falar: “Meu senhor não me olha. Há quanto tempo ele foi embora, e não voltou mais. Podemos agora gastar aquilo que é do senhor”. Ou mesmo a possibilidade daquele servo que não servia de poder servir. Talvez, desenterrar o talento que havia enterrado, e assim, servi-lo.

Versículo 20, diz: “Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles”. Que tipo de servos somos? Será que somos o que recebeu cinco talentos? Ou por acaso não seríamos o que recebeu dois talentos?... Quando nos envolvemos com a obra de Deus, cada vez mais nos envolveremos e estaremos envolvidos; e temos visto que, quando nos voltamos para o serviço do Senhor, as oportunidades aparecem e se tornam cada vez maiores. As pessoas começam a nos procurar, a bater em nossa porta, começam a nos pedir ajuda, orientação, e assim, servimos a Deus segundo a Sua vontade.

Esse servo recebeu cinco talentos e granjeou outros cinco para o seu senhor. “E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”. Que palavras doces para aquele servo que servia ao senhor de uma forma prazerosa, que honrava-o diligentemente. A resposta do senhor para aquele servo foi “servo bom e fiel... entra no gozo do teu senhor”.

Versículo 22 e 23: “E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”. Será que somos ainda como aquele servo que recebeu dois talentos? E que mesmo não recebendo grandes talentos foi fiel naquilo que o seu senhor lhe deu? Será meu irmão, que Deus talvez não lhe chamou para ser um pregador, uma pessoa de oração, um evangelista? E nas coisas mais simples, mesmo aquelas que ninguém nota, ser fiel ao Senhor? Será que Ele não nos chamou para com um sorriso dizer às pessoas: “seja bem-vindo à nossa igreja”; e fazê-lo com alegria no Senhor? Ou para zelarmos pelo trabalho na igreja? Ou ainda, visitarmos uma senhora, e ali lermos a Bíblia com ela, confortando-a, zeloso naquilo que faço? A Palavra de Deus diz: “sobre o pouco foste fiel... entra no gozo do teu senhor”.

Versículo 24 diz: “Mas, chegando também o que recebera um talento”... Vemos que, a narrativa da Palavra de Deus primeiro fala do servo que recebeu cinco talentos, depois do que recebeu dois, e, por fim, daquele que recebeu um talento; e aqui ele é o último também a vir prestar contas ao seu senhor... “Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste”. E pior do que enterrar o seu talento, era o conceito que aquele servo tinha do seu senhor. Aquele servo pensava que o seu senhor era um homem duro que ceifava onde não semeava, e ajuntava onde não espalhava. Se sou um servo do Senhor, eu recebi dele um talento. Se não recebi um talento, não sou um servo do Senhor. Se não uso o talento que Ele me deu para a Sua glória, estou dizendo, como aquele servo dizia no seu coração (Senhor Jesus Cristo aqui apresenta fatos, embora seja uma parábola, Ele não apresenta possibilidades, mas fatos):“Tu és um homem duro, que ceifas o que não plantou e ajuntas o que não espalhou”. E assim é como o Senhor via aqueles servos, que apesar de servos, não O serviam. Que coisa triste, irmãos, a situação daquele servo...

Nós servimos a um Deus maravilhoso, todo generoso e cheio de misericórdia. Graças a Deus porque não O servimos por obrigação, embora Ele mereça, embora Ele tenha autoridade para mandar em nós; mas graças a Deus, nós o serviremos em amor. Graças a Deus eu vejo irmãos que vêm com dificuldade à igreja. Não é uma coisa fácil. Muitos moram longe, distante daqui, mas ainda assim ousam vir à igreja para ouvir a Palavra do seu Senhor. E vejo irmãos que com dificuldade buscam servir ao Senhor, as vezes com apertos, lutas... e sabe de uma coisa, nós a cada dia estamos a serviço do nosso Senhor, e devemos persistir e continuar.

Aquele servo demorou a vir prestar contas ao seu senhor. No versículo 25 ele continou dizendo: “E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu”. Parece que essa é a situação de algumas pessoas que dizem servir a Deus. Se você perguntar a elas sobre as doutrinas bíblicas, elas serão capazes de responder-lhe, terão na ponta da língua os preceitos de Deus, sobre diversos aspectos teológicos; mas a Palavra de Deus é clara em dizer que: ninguém vem a mim sem que o Pai que me enviou não o trouxer. Para que alguém vá até o Senhor Jesus é preciso que o Pai o leve. Mas quando se trata de servir a Deus, a situação muda de figura. Quando se trata de servir a Deus com os seus bens, com os seus talentos, a coisa se complica. Pensemos, irmãos: Como alguém que é um servo do Senhor pode esconder na terra aquilo que Deus deu para que o nome Dele seja glorificado? Como o servo pode servir assim? Escondendo, guardando aquilo que é para ser usado?

Versículo 26 diz: “Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros". Em outras palavras, meus irmãos, como é que eu posso viver negligenciando aquilo que Deus me deu? Antes eu deveria entregar para aos que gerenciam corretamente, aos que sabem fazer negócio (“Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros”).

Podemos chegar ao ponto de dizer: “Irmão, eu não sei qual é o meu dom... Não sei... Se Deus me deu um dom especial, eu não sei qual é.” E eu lhe pergunto: O que você faz da sua vida para a glória de Deus? Como você tem glorificado a Deus com a sua vida? Que serviço você presta a Deus? Qual a motivação que você tem para o trabalho na seara do Senhor? Onde você está servindo ao seu Senhor?... Seria o caso de se responder: “Eu realmente não faço nada, mas eu visito os irmãos, visito doentes nos hospitais... eu não sou grande coisa, mas quando tenho oportunidade entrego um folheto, quando sou chamado a fazer uma visita eu vou, quando posso falar do amor de Jesus a alguém eu falo... mas eu não sei se o sirvo”... Esse irmão pode não saber, mas Deus sabe, porque o Senhor está atento a todas as coisas; e Ele sabe qual é o servo que lhe serve, e qual o que não lhe serve.

Versículo 28: “Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos”. Jesus diz que, aquele que possuía um talento, e se negou a servir ao seu senhor, dele foi tirado o que tinha; e dado ao servo que possuía dez talentos. Em outras palavras, o que o Senhor diz é que, aquele homem nunca foi um servo. Por algum momento ele parecia ser um servo, um talento estava com ele para a glória de Deus, mas ele nunca foi um servo. Se nós olharmos, neste momento, em todo o mundo, os homens deveriam glorificar a Deus com suas vidas. Mas eles encaram o Senhor como mau, e não merecedor de ser glorificado. Uma coisa que o mundo quer é que essa forma de ignorância, a religião, seja tirada do seu meio, para que assim ele seja melhor. Por isso, querem melhor o mundo acabando com a fé que algumas pessoas têm. Mas se procurarmos vislumbrar o bem que eles dizem fazer à humanidade, não veremos nada.

A Palavra de Deus diz: “Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros”. Onde estão, meus irmãos, os servos do Senhor com os seus talentos? Onde eles estão usando os seus talentos? Os quais deveriam ser usados para a glória de Deus?

Em João, capítulo 15.8, diz: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”. O Senhor Jesus Cristo diz que o Pai é glorificado na medida em que nossas vidas dão frutos para a glória de Deus. Na medida em que nossas vidas dão louvor e honra ao nosso Deus.

Em Hebreus 13.13-14, diz: “Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura”. Algumas pessoas estão vivendo aqui, como um fim, como se a suas vidas fossem apenas terrenas. Vivendo para si mesmas, somente para este mundo, e o talento que Deus lhes deu para a Sua glória está enterrado em algum lugar, está debaixo de um móvel, encostado num canto. Os irmãos não fazem conta da quantidade de professores que poderiam ensinar as crianças. Os irmãos não sabem de quantos grandes mestres têm os talentos enterrados; e outros, por causa do que desejam e almejam ganhar para as suas vidas, esqueceram-se de toda a teologia que a Bíblia ensinou-lhes, e passaram a ministrar o que agrada às pessoas e ao mundo. Sabe por que, irmãos? Porque algumas pessoas se ofendem com a Palavra, como a própria Palavra diz. Muitas vezes a Palavra é ofensiva, embora nós não devamos sê-lo. Muitas vezes a Palavra choca, embora não devamos chocar. E se quisermos agradar aos homens, não agradaremos a Deus. E, infelizmente, é exatamente isso o que elas empenham-se em fazer, enterrando o talento do Senhor, vivendo apenas e tão somente suas próprias vidas. Fico pensando como seria entregar o tesouro, o ouro ao bandido... Mas porque não usá-lo a serviço do Rei? Seja lavando os pratos, passando a roupa, varrendo a casa daquele que serve? Já que não sou capaz, nem competente para fazer a obra do Senhor, então, lavarei a roupa do irmão, cozinharei para ele, e assim contribuirei para que o nome de Deus seja exaltado. Porque ainda que o Senhor nos dê algo simples a fazer, Ele será glorificado com a nossa fidelidade, na simplicidade.

Meu irmão, minha irmã, se você recebeu do Senhor um chamado para o ministério, não enterre o seu talento, use-o para a glória de Deus, servindo-O; porque ainda que Ele tarde, certamente, Ele virá.

Porque assim diz o Senhor: “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.

Amém!

Sermão pregado no T.B.B.

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Deus limpará toda a lágrima [Pregação sobre Salmo 30:1-5]



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"1. EXALTAR-TE-EI, ó Senhor, porque tu me exaltaste; e não fizeste com que meus inimigos se alegrassem sobre mim. 2. Senhor meu Deus, clamei a ti, e tu me saraste. 3. Senhor, fizeste subir a minha alma da sepultura; conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo. 4. Cantai ao Senhor, vós que sois seus santos, e celebrai a memória da sua santidade. 5. Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã."
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Jorge F. Isah


Primeiramente, queria dizer que este Salmo é um clamor e um agradecimento que, ao mesmo tempo, o Rei Davi faz a Deus.

Davi louva o Senhor, pois, mais uma vez, ele o havia livrado dos seus inimigos. Davi era o rei de Israel; mas antes, foi alvo do ódio de Saul que o perseguiu e intentou a sua morte. Tenho para comigo que durante o reinado de Saul, ele não se preocupou nem mesmo com o seu povo, nem em servir a Deus, mas exclusivamente ele tinha o objetivo maligno de destruir Davi; como um feroz inimigo daquele que o próprio Deus chamou de um homem segundo o seu coração [1Sm 13.14].

Deus se alegrava em Davi, o qual executou toda a sua vontade. E quem ouviu isso da boca do profeta Samuel? Saul. Naquele momento, ele soube que havia sido rejeitado por Deus, porque não guardou o que o Senhor havia lhe ordenado. Saul soube que Davi era amado do Senhor, e de que ele e o seu reino não subsistiriam. Daí em diante, Saul não mais seguia o Senhor, e não cumpriu as suas palavras, ao ponto em que Deus diz se arrepender de tê-lo posto como rei [1Sm 15.11]. Perseguir Davi não foi o pior pecado de Saul. O pior pecado de Saul foi a desobediência, o desprezar constantemente os mandamentos de Deus, entregando-se ao estado de permanente rebeldia a ele. Por isso ele perseguiu Davi enquanto teve vida; e não soube reinar conforme os mandamentos divinos.

Davi, portanto, era um homem acostumado ao perigo. Mesmo entre os do seu povo, e mesmo entre os da sua própria carne. Davi foi perseguido, traído e desejaram e maquinaram a sua morte. Era um homem de dores. Não como o Senhor Jesus, mas um tipo do Senhor Jesus nesse aspecto. Interessante que, como àquela época, ele hoje é desprezado por muitos irmãos! Temos uma tolerância absurda e desproporcional para com os ímpios, para conosco mesmo, com os nossos pecados, mas em se tratando de Davi e, também, de Pedro, por exemplo, somos intolerantes... O que vem à nossa mente é sempre o adultério do rei com Bate-seba, e a traição do apóstolo para com o Senhor, momentos antes da Crucificação.

Esperamos que eles fossem super-homens, quando nos assemelhamos a sub-homens em relação a eles. Nem Davi, nem Pedro, ou qualquer outro homem foi alguma coisa por seus próprios méritos. Como um instrumento inútil, eles foram feitos úteis pelo poder de Deus. Assim como nós, não fizeram nada além do que lhes era devido fazer, contudo, muito, mas muito mais do que fazemos. Esquecemo-nos de que ambos foram poderosos nas mãos de Deus; de como Deus os escolheu para obras grandiosas, para feitos que resultassem no louvor e glória do seu nome. Deus os usou como nenhum de nós jamais será usado. E por isso, Deus os exaltou em Cristo.

Por outro lado, eles também sofreram na carne o que jamais sofreremos; e souberam, mesmo nas tribulações, nas lutas, na injustiça, permanecerem firmes e confiantes no Senhor, em uma fé inabalável de que Deus não somente os sustentaria, mas os ergueria caso caíssem; uma fé que muitos de nós, nos menores reveses da vida, colocamos em dúvida, perdemos a esperança, e nos entregamos à murmuração e ao desalento. Nos tornamos no pior tipo de ingrato, aquele que é incapaz de reconhecer todos os favores que lhe foi dado por Deus. Sem merecimento algum. Sem mover um dedo para alcançá-lo. Exclusivamente pela bondade e graça do nosso Senhor, quando a nossa recompensa, por aquilo que não fizemos e deixamos de fazer, seria a condenação e o inferno.

Cada um de nós deveria se espelhar no exemplo desse herói da fé, que a todo momento sabia que Deus era aquele que o livraria dos seus inimigos, e lhe daria a vitória sobre eles [v 1]. Quando Davi diz: "Exaltar-te-ei, ó Senhor, porque tu me exaltaste", podemos ter a ideia errada de que o louvor a Deus deve ser dado somente se recebemos algo de que queremos ou precisamos em troca. O fato é que Deus não é um negociador. Tudo o que recebemos é por sua graça, de tal forma que não há mérito algum no homem que obrigue a Deus dar uma resposta que atenda os desejos e anseios humanos. O que Davi está fazendo aqui é reconhecendo o favor de Deus, colocando-se na posição de favorecido, de alguém que recebeu uma graça, e que, por isso, como um agradecimento, uma forma de reconhecimento ao que Deus fez, ele o exalta.

Pedro nos alertou de que sem humilhação não seremos exaltados: "Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que ao seu tempo vos exalte" [1Pe 5.6]. Davi se humilhava diariamente diante do Senhor, reconhecendo a sua dependência, e por isso, Deus o exaltou diante dos seus inimigos, os quais eram também inimigos de Deus.

Por isso ele disse "clamei a ti, e tu me saraste" [v.2]; porque a cura da dor, da aflição, do temor, da angústia e de todos os males, somente pode vir do bom Deus. Hoje, esperamos por um alívio que venha de vários lugares. Esperamos na ciência, em terapias, nos prazeres, no poder, na diversão... de que sejamos capazes de curar a nós mesmos; mas esquecemos que apenas Deus pode curar nossas feridas. Novamente, Pedro nos diz: "Lançando sobre ele [Jesus] toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" [1Pe 5.7]; e o profeta nos garantiu:"Verdadeiramente ele tomou sobre si [Jesus Cristo] as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si" [Is 53.4]. Como o próprio Davi pode confirmar, ao dizer: "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará" [Sl 37.5]. Ele sabia, claramente, que no momento da angústia e da aflição, de uma enfermidade, de uma injustiça, apenas Deus poderia curá-lo; por isso, ele clamava pela misericórdia que somente podia vir do alto.

No verso seguinte, Davi nos revela o estado em que se encontrava, como que o de um morto. E não há como não nos lembrar do Senhor, que sofreu toda a sorte de injustiças e crueldades por amor de nós, sendo crucificado, morrendo, mas ressurgindo dos mortos, como o próprio Davi revelou, profeticamente, séculos antes, em outro Salmo: "Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção" [Sl 16.10].

O corpo de Davi, diferentemente do corpo do Senhor Jesus, viu a corrupção, mas a sua alma foi preservada para a vida por Deus, e assim como ele, também nós não veremos a morte, pois Cristo garantiu: "Na verdade, na verdade, vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida" [Jo 5.24].

Ainda que Davi esteja falando aqui sobre as aflições da vida, nas quais ele se via como um morto, dado o grau de opressão sobre a sua alma, o fato é que somente Deus pode nos livrar delas.

Então, ele conclama todos os santos, todos os irmãos, a cantar e louvar o Senhor, não por ter lhe dado um escape momentâneo, por ter solucionado um problema circunstancial, mas como forma de gratidão pela maneira como Deus cuida e concede ao seu povo o seu favor gracioso em toda a vida. Como está escrito:"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" [Rm 8.28]. Ou seja, a vida que o Senhor nos dá é suprida em todos os mínimos e mais imperceptíveis detalhes pela sua providência e graça.

Então, somos presenteados com versos da mais rara beleza: "Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida" [v. 5]. Que realidade fantástica o salmista nos revela aqui. Primeiro, de que somos merecedores da ira divina. Pela desobediência e transgressões, estávamos debaixo da ira de Deus. Estávamos mortos em ofensas e pecados, segundo o curso deste mundo, e éramos por natureza filhos da ira [Ef 2.1-3]. Mas graças a Deus que nos vivificou em Cristo, por sua misericórdia e o seu muito amor com que nos amou [Ef 2.4-5].

E o salmista continua: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã". O que pode ser o choro? Pode ser momentâneo, uma dor passageira, algo mesmo que não traga cicatrizes, nem marcas em nossas vidas. Mas pode durar uma vida inteira, anos e anos e mais anos em dores. O choro pode durar até a nossa morte; pode percorrer toda a vida do crente. Pode ser tão duro de suportar que somente Deus para nos manter com vida, quando o desejo é a morte iminente e o alívio da dor. O choro pode nos fazer sofrer, mesmo que seja através de uma lembrança. Mas ainda que o alívio não venha nesta vida, temos a promessa de que ele virá, enfim, na eternidade. É o que João ouviu: "E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" [Ap 21.3-4]. Estejamos certos, meus irmãos, de que Cristo faz novas todas as coisas, porque, como ele mesmo nos diz: "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" [Jo 16.33].

O fato é que, todo este Salmo é um louvor a Deus; Davi nos revela como devemos ser gratos, como devemos nos entregar à adoração, bendizendo o nome do bom Deus, porque ele é bom, e sua misericórdia não tem fim. Como filhos, devemos honrar o nosso Pai. Como filhos, devemos obedecê-lo. Como filhos, devemos reverenciá-lo. Andando em temor e tremor, porque também a sua justiça é certa. Graças a Deus por ter-nos tirado do lamaçal do pecado, e ter feito de Cristo, seu Filho Amado, a nossa justiça. Por isso, cada um de nós, irmãos, louvemos e glorifiquemos a Deus, levantando mãos santas, corações contristados, e lábios puros em agradecimento por tudo quanto o Senhor tem feito, e tem nos dado.
___________________
Notas: 1) Pregado em 25.05.2011
2) Esta é a minha primeira pregação; e agradeço a Deus pelo privilégio de poder meditar, juntamente com os irmãos da minha igreja, em sua santa e bendita palavra.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Exposição em Marcos 1: Pescadores de Homens





Pr. Luiz Tibúrcio



Marcos 1.1: "Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus".
- Evangelho de Marcos não traz detalhes do nascimento do Senhor Jesus Cristo, nem detalhes do nascimento de João o Batista. Mas em Lucas 1.26, lemos:
"E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria".

- Deus deu ordem ao Seu anjo que fosse a Nazaré, uma pequena cidade da Galiléia, para falar com uma jovem, uma virgem.
- O anjo tinha uma mensagem de Deus para ela.

V. 28: "E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras, e considerava que saudação seria esta".

- A saudação que o anjo faz a Maria é de que era bem-aventurada. Ainda que descendente de reis, como o Rei Davi, era uma moça pobre, humilde, que se casaria com um homem igualmente pobre e humilde.
- Os jovens têm tantos chamados do mundo, são muitas ofertas que o mundo faz para que os jovens se mantenham entretidos, distanciados e cegos para as coisas de Deus; porém, o Senhor tem um chamado para os Seus, o chamado para servi-lO, e as bênçãos advindas desse chamado são incontáveis, meus irmãos!
- A jovem tem um chamado especial de Deus para a vida dela.
- E você, jovem? Como é o seu relacionamento com o Senhor? Você tem colocado a sua vida para honrar e servir ao nosso Senhor?
- No momento em que Maria estava para se casar, Deus a chamou para ser uma bênção.
- Será que os jovens estão se preparando para ter um lar, uma família, uma esposa ou um esposo temente ao Senhor? E a estar se preparando através da oração, ouvindo a palavra de Deus, para constituir uma família?
- Vemos que Maria é uma pessoa abençoada, porque ela não questionou a Deus, não interrogou-o com perguntas, como: Senhor, será que é isso que quero para a minha vida? Senhor, não estou interessado em sua oferta? Ou, Senhor, não quero deixar o que planejei para servi-lO?... Pelo contrário, ela disse simplesmente sim: "Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1.38).

V. 31: "E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum? ".

- O anjo revelou à jovem as maravilhas que o seu filho fará, pelo poder de Deus.
- E Maria perguntou ao anjo, como teria um filho se não conhecia homem, se não tinha vida sexual, se ainda era uma virgem...
- A palavra nos diz que ela se mantinha pura, virgem, a espera de receber o seu noivo no casamento.
- O mundo nos revela valores diferentes, de que você é um estúpido, um tolo se não viver segundo o padrão que ele impõe. Mas nele encontra-se apenas dor, amargura, tristeza, desânimo, mentira e uma promessa enganosa que não se cumprirá. Vale a pena seguir os padrões de Deus e servi-lO; viver segundo a Sua palavra.
- Maria esperava o tempo certo para fazer as coisas em sua vida; e há sempre o tempo correto para cada coisa a ser feita. Há tempo para tudo, e o quanto é maravilhoso ver aquela jovem , temente ao Senhor, responder e resistir ao apelo do mundo segundo a palavra de Deus.

V. 35: "E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus... Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela".

- A vida de Maria, a partir dali, é inteiramente transformada. Ela sofrerá e passará por muitas tribulações, assim como na vida de qualquer crente, por que ela é uma serva do Senhor.
- Algumas pessoas pensam que, por ser cristãos, desprezamos Maria. Eles estão redondamente enganados, pois ela é uma serva, um instrumento abençoado nas mãos do Senhor. Uma mulher escolhida, separada para a Sua obra, em cuja vida a vontade dEle se manifestou.
- As vezes, quem obedece ao Senhor pagará um preço muito alto; mas maravilhoso é Aquele que nos sustenta e nos dá a vida.
- Antes, a nossa salvação custou um preço muito alto para Deus, ao mandar o Seu Filho Amado ao mundo para nos salvar.
- Quando estamos aqui, temos certeza de que servir a Deus nos custará alguma coisa. Para ser fiel, puro, e servo, é necessário pagar um preço.
- Pense nisto: O que importa ser honrado entre os homens e desonrado diante de Deus? E que importa ser desonrado diante dos homens mas ser honrado diante de Deus?

Voltando a Marcos 1...

V. 9: "E aconteceu naqueles dias que Jesus, tendo ido de Nazaré da Galiléia, foi batizado por João, no Jordão".

- João pregava aos homens o arrependimento, batizando os homens com água, afirmando que Cristo batizaria com o Espírito Santo, e era muito maior do que ele.
- Em Mateus e Lucas, João se recusou, inicialmente, a batizar Jesus. Ele acreditava que deveria ser batizado por Cristo, no que estava certo. Porém, Deus usa homens para fazer a Sua obra, e João o Batista foi usado.
- Aquele jovem que vivia no deserto, comendo mel e gafanhotos, guardando-se para a obra que Deus tinha destinado em sua vida, agora está no Jordão, batizando ao seu Senhor.
- Ao ser batizado, iniciando o Seu ministério, Jesus assume a identidade, a comunhão com os pecadores. O Senhor não precisava ser batizado para arrependimento, mas o fez por amor ao Seu povo.

V.10: "E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descia sobre ele. E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo".

- João tem a visão do Espírito Santo vindo sobre o Senhor Jesus Cristo. Era a revelação de Deus para aquele que pregava no deserto. E ele proferiu: "Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo".
- Quando estamos aqui, fazendo a obra de Deus, sabemos que foi o que Ele planejou para nós, em Sua imensa sabedoria e bondade, antes da fundação do mundo. Ele nos escolheu, nos chamou para isso, conforme a Sua vontade; seja em qual lugar for, seja naquilo que fazemos, saibamos que estamos no lugar onde Deus nos quer, fazendo o que Ele quer.
- Deus me usará como instrumento à medida em que me disponho a fazer a Sua obra. Quando tenho alegria em pregar a Sua palavra, em orar e auxiliar aqueles que necessitam, por aqueles que não têm Cristo, por aqueles que estão cegos, nas trevas, aos quais Deus enviar-me-á, e aos irmãos, para fazer a Sua maravilhosa obra.
- Cristo se indentificou conosco quando foi batizado, assumindo-se como homem diante de todas as testemunhas no Jordão.

V. 12: "E logo o Espírito o impeliu para o deserto. E ali esteve no deserto quarenta dias, tentado por Satanás. E vivia entre as feras, e os anjos o serviam".

- Quando passamos pelas dificuldades e provações desta vida, nos lembremos de que Cristo também foi tentado. O crente vai passar por tentações e perseguições perpetradas por satanás. Isso é algo que temos em comum. Em João 16.33, lemos: "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo".
- Ao ser tentado, o Senhor Jesus dizia a satanás: "Está escrito". Até que o diabo afastou-se dele, porque Ele havia vencido-o pela Palavra.

V. 27: "E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem! ".

- Satanás está sujeito ao Senhor Jesus, ele O obedece. Não há uma luta entre o diabo e o Senhor, porque o diabo já está derrotado.
- Satanás domina sobre a vida daqueles que estão em rebeldia contra Deus, mas jamais dominará a vida daquele que Cristo resgatou para Si, do escolhido de Deus.
- Graças a Deus pelo Senhor Jesus tê-lo derrotado por nós.

V.14: "E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho".

- Jesus estava no local em que Deus queria, anunciando o Reino de Deus: arrependei-vos e crede no Evangelho.
- Cristo nos chama ao arrependimento sincero, não ao arrependimento cerimonial, onde se tem a idéia de que os pecados e a maldade do homem podem ser apagados por uma atitude humana ritualística, pagando uma "penitência" ou fazendo um sacrifício físico, para em seguida pecar novamente, com a certeza de que poderá aplacar a ira de Deus com outra penitência já encomendada. Isso é abominação, é desprezá-lO, e como Paulo disse: "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna." (Gl 6.7-8).
- O Reino de Deus está vindo com a justiça de Deus.

João 6.38: "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia".

- Todo aquele que vê o Filho, todo aquele que crê nEle, não terá a vida eterna, mas já tem a vida eterna; e será ressuscitado no último dia.

João 4.34: "Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra".

- Muitas pessoas colocam erroneamente Deus Pai como alguém que quer destruir e condenar, e Jesus Cristo como alguém que quer salvar.
- Mas aquilo que alimenta, aquilo que é o desejo do Senhor Jesus é fazer a vontade do Pai. A vontade do Pai e do Filho são uma, em unidade, em comunhão, com o mesmo propósito.
- Deus escolheu homens para realizar a Sua obra. Ele chamou uma jovem, chamou discípulos para enviá-los a fazer à Sua seara.
Marcos 1.16: "E, andando junto do mar da Galiléia, viu Simão, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens".
- Alguém disse que o peixe é pescado para morrer, porém o homem é pescado para viver.
- O Senhor chamou homens para aprender, para que anunciassem o Evangelho.

Mateus 28.19: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém".

- Cristo está presente conosco, habitando em nós, junto conosco.
- Um discípulo vai sentar-se e aprender com o seu mestre. E o nosso mestre é Cristo.
- Haverá pastores, doutores e mestres na Igreja. Outros serão missionários, mas as ovelhas são chamadas para serem discípulas, para aprenderem e seguir o Supremo Pastor, Jesus Cristo.
- Somos chamados a guardar e aprender aquilo que Cristo tem ensinado: a palavra de Deus; e aprender a andar como Ele andou, e desejar fazer a vontade do Pai como Ele desejou, servindo-O.
- A ordem é que se façam discípulos. E, o discípulo quererá andar e ser igual ao seu mestre.
- No livro de Atos vemos os apóstolos pregarem, e alguns perguntavam: Não são homens incultos e iletrados? Mas logo eles reconheceram que aqueles homens haviam andado com Jesus.
- Se somos discípulos do Senhor Jesus, as pessoas verão que somos cristãos; que Cristo habita em nós, que somos semelhantes a Ele.
- Ha condições para se ser um discípulo do Senhor Jesus...

Lucas 14.26: "Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo".

- A salvação é algo maravilhoso, é fantástico estar no céu com Ele, porém, a palavra de Deus nos diz que o caminho é estreito e são poucos os que entram; e ainda que a porta é estreita, e poucos são os que passam por ela. Então, irmãos, o caminho é apertado, a porta é estreita.
- O homem natural tem prazer, ainda que seja um prazer falso, destrutivo, enganoso, como o proporcionado pelo carnaval, por exemplo; em contrapartida, há o céu, mas a maioria não chegará a ele.
- Para servi-lO será necessário deixar pai, irmão, mulher, filhos, e odiar a própria vida. Isso significa: abandonar tudo aquilo que a minha carne deseja e a satisfaz, para servir a Cristo.

v. 27: "E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo".

- Primeiro, temos de pegar a nossa cruz; local de sofrimento, de renúncia e morte.
- Segundo, temos de seguir a Jesus. Aquilo que não agrada a Deus não pode nos agradar.
- Se você deseja ir a um lugar, mas não pode levar o irmão da igreja consigo, esse não é um lugar para se ir, porque ali, o que se vê, ouve e faz, certamente, afronta a santidade de Deus.
- A exigência do Senhor é: renúncia, tomar a sua cruz e segui-lO.
- A palavra do Senhor é: Ele usa homens para fazer a Sua obra. Mas é necessário renunciar e morrer para o mundo.

Marcos 1.29: "E logo, saindo da sinagoga, foram à casa de Simão e de André com Tiago e João. E a sogra de Simão estava deitada com febre; e logo lhe falaram dela. Então, chegando-se a ela, tomou-a pela mão, e levantou-a; e imediatamente a febre a deixou, e servia-os".

- O Senhor vai à casa de Simão, e a sua sogra está enferma, mas Jesus a toma pela mão e cura-a.
- Cristo tem o poder para curar, salvar, libertar, regenerar o homem, mas o interessante é que, tão logo a sogra de Pedro foi curada, ela serviu-O.
- A nossa vida deve ser: servir a Cristo, como instrumento na Sua obra. E ele nos usará, os nossos bens, nossos dons, capacitando-nos para a Sua obra.
- Que Ele nos dê graça como instrumentos na Sua obra, para Seu louvor e glória.
- Da mesma forma que Deus usou homens no passado, Ele agora quer nos usar, nos chamar para servi-lO, e nos tornar em canal de bênçãos para outras pessoas, sabendo que Ele é quem opera em nós, segundo a Sua eterna vontade.
- Que possamos consagrar ao Senhor os nossos bens, talentos, o melhor de nós, e que estejamos crucificados para este mundo, vivendo e seguindo os passos daquele que tanto nos amou, o qual morreu na cruz para nos dar vida e fazer-nos Seus discípulos.
- Irmãos, a vontade eterna de Deus se realizou no Seu Filho Amado, e se realiza em nós, cumprindo assim o Seu santo plano de fazer-nos discípulos, e levar-nos à pregar o Evangelho àqueles a quem o Mestre e Senhor chamou.

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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Sermão em SAlmo 51.1-12: A alegria da Tua salvação

 






Jorge F. Isah



                                                            
                                                        _______________
        
“10. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. 11. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. 12. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.” (Salmos 51:10-12)



A) Introdução

Muitos cristãos dizem crer e ter fé em Jesus Cristo. Eles pedem bênçãos: cura, emprego, paz, reconciliação, filhos, segurança, amor e outras inúmeras dádivas; oram, fazem penitência, votos e promessas, jejuam e fazem muitas outras coisas. Se você perguntar à maioria dos cristãos se creem em Cristo, certamente ouvirá: “Sim, claro que creio!”. Entretanto, se em seguida lhe perguntar se é salvo ou não, provavelmente terá a resposta: “Não sei...”. Pois essas são afirmativas contraditórias e excludentes; é como eu acreditar que um avião pode me levar a qualquer lugar, mas sou incapaz de crer que o mesmo avião pode decolar e se movimentar no ar. Em outras palavras, se Cristo é capaz de curar, abrir portas de emprego, dar-nos segurança e saúde, por exemplo, e tenho fé dele ser capaz de produzi-las, por que não reconheço o seu poder em me salvar? Por que a fé em considerar-me salvo não é suficiente? Estaria depositando-a em outra fonte e razão?

Por isso, deixo-lhe a pergunta: você crê em Cristo? E também crê na sua suficiência em lhe salvar? E se crê, você é salvo?

Espero, pela graça do nosso Senhor, ser capaz de analisar, juntamente com os irmãos, este aspecto fundamental das Escrituras, e podermos sair daqui entendendo um pouco mais sobre o que é ser salvo, segundo a palavra de Deus.


B) Salvo e não salvo, é possível? O que é a salvação?

Certa vez, em um debate na televisão sobre salvação, o apresentador inquiriu seus convidados: Um crente estava no ponto de ônibus aguardando a condução. Ao lado, havia uma banca de revistas, dessas que quase não se vê mais, e afixada na vitrine a capa de uma revista onde uma modelo, em vestes sumárias, se exibia. O crente, impressionado com a beleza da mulher, admirou-a por alguns segundos. Nisto, do outro lado da rua, em um carro-forte, desenvolvia-se um assalto. Houve um tiroteio entre os seguranças e os bandidos, e uma bala perdida acertou o crente na banca de revistas, matando-o instantaneamente. Aquele homem perdeu a salvação ao desejar a modelo ou não?

Pense, por um instante, qual seria a sua resposta?

Seguiu-se um debate acalorado entre os convidados: um grupo (a maioria) disse “sim”, o crente perdeu a salvação, pois não houve tempo de se arrepender, enquanto o outro (minoritário) disse “não ser possível perdê-la”. E agora, qual está correto? Qual interpretação é verdadeira segundo a Bíblia?

Antes, devemos entender o que é salvação. Um exemplo tosco, mas que pode ajudar no entendimento: Você está em um navio, em meio a uma fortíssima tempestade. A nave muitas vezes sucumbe às ondas até que, um grande vagalhão o vira, e você é lançado nas águas indomáveis e tempestuosas. Você está se afogando, não consegue manter a cabeça acima da água, suas forças esvaem-se rapidamente, seus sentidos se perdem, e você está em vias de ficar inconsciente, e ficará completamente ao sabor do mar violento, da morte. Eis que surge um helicóptero, e um salva-vidas desce por uma corda. A corda pode levar apenas uma pessoa, é lançada e o salva-vidas desce até você, fica em seu lugar, para morrer em seu lugar, então ele o prende bem e o coloca no cesto, acomodando-o em segurança.

O salva-vidas tem um nome, e o nome dele é Jesus Cristo.

Toda analogia é falha em relação a Deus e sua obra, mas foi a melhor ilustração que encontrei para dar. Isto se chama substituição. Se chama redenção. Se chama expiação. Se chama salvação.


C) A natureza do pecado

Primeiro, a tempestade é a nossa natureza caída, a multidão de pecados a nos imergir e impedir que vejamos a Deus. Disto, fala Davi, em Salmos 51:1-5: “1. Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. 2. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado. 3. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. 4. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares. 5. Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. Ou seja, o homem não nasce bom e puro e santo como muitos afirmam, mas nasce com uma natureza “naturalmente” rebelde e desobediente para com Deus. Mesmo as crianças, na mais tenra idade, portam-se indóceis e birrentas, as vezes até mesmo agressivas quando não são atendidas em seus desejos. Então, o homem em si mesmo não é bom, e o bem a existir nele é fruto do “Imago Dei”, a réstia divina a habitar em sua alma.


D) A substituição

Segundo, o salva-vidas tem a função de acudir as pessoas em dificuldades, de salvá-las dos perigos e da eventual morte. Entretanto, a função não o obriga a arriscar a própria vida ou sacrificá-la para resgatar outra. Essa não é uma exigência da sua profissão, pelo contrário, é-lhe alertado ir até o ponto onde a sua própria vida e segurança seja protegida. Contudo, esse salva-vidas está disposto a se sacrificar, na verdade, ao descer pela corda ele sabe que morrerá em troca da salvação do afogado; ele se dispõe a trocar de lugar com você, de substituí-lo, se colocar no seu lugar, a morrer no seu lugar. Foi esse o feito inimaginável e grandioso e misericordioso e gracioso realizado na cruz pelo nosso Senhor. Ele não precisava estar lá, ele não precisava ocupar o nosso lugar, ele não precisava se sacrificar, mas o fez por amor de nós, porque antes da fundação do mundo, muito antes de virmos à existência, o seu infinito e eterno amor já pairava sobre nossas cabeças, já nos enchia o coração, já nos tomava para si e nos fazia seus.

O precioso sangue de Cristo derramado na cruz foi plenamente eficaz para nos comprar, não com uma nota promissória, um cheque sem fundos, ou uma “promessa de compra” que pode não se realizar, não! Ele pagou à vista, no ato, nota sobre nota, de tal maneira que passamos a ser dele sem qualquer chance de não ser. A partir daquele momento, não pertencíamos mais ao pecado, ao diabo ou a nós mesmos, mas éramos dele, somente dele, e de mais ninguém. Ao pagar com a própria vida os nossos pecados ele nos remiu, anulando a dívida que tínhamos com Deus, de maneira absoluta e infalível, isentando-nos, nos libertando das amarras do diabo, do pecado e do inferno. Não mais haveria condenação, não mais haveria juízo ou castigo. Estávamos livres da ira divina, perdoados e absolvidos exclusivamente pelos méritos de Cristo, não nosso, dos nossos feitos, das nossas obras, mas por ele, nele e para ele (Rm 11:36).


E) A fé

Terceiro, entretanto, é preciso crer ou ter fé na suficiência de Cristo para nos salvar (Veja Lc 23:37-43, o malfeitor crucificado junto ao Senhor). De nada adianta dizer que se crê nele enquanto busca os méritos em si mesmo, em seus feitos, bondade, caridade, e tudo o mais que faz você se considerar bom e merecedor da salvação; e nenhum de nós merece e jamais mereceremos a salvação. Ela não provém de nós, mas para nós. Ela não se origina e termina em nós, mas em Cristo. Ela sequer depende da nossa vontade, pois, se dependesse dela, em vista dos desejos fugazes e temporários, íamos querê-la? Ela depende exclusivamente da vontade divina, ao nos tirar a venda, abrir os olhos, os ouvidos, para o glorioso evangelho de Cristo, onde primeiramente o conhecemos para que depois ele nos seja íntimo... Veja bem, se a fé não estiver 100% depositada em Jesus, dele ser o único, capaz e apto para salvar, de nada adiantará você se dizer cristão, crente ou servo de Deus. Ou se é salvo por Cristo ou não se é! Não existe outro caminho, arranjo ou alternativa. Ou sou de Cristo ou não sou. Ou por ele sou salvo ou não. Ou creio plenamente nele ou não.

Alguns dizem ter fé, genérica e abstrata, imprecisa, em coisas como: o mundo encontrará a paz, o Brasil prosperará, o homem abandonará a maldade, e coisas do gênero. Não estou a falar que orar por essas coisas seja errado ou inútil, mas as pessoas falam daquilo que desconhecem e por não lhes dizer algo mais profundo e pessoal, fica mais fácil acreditar em coisas etéreas e vagas. Enquanto isto, algo a falar-lhes direta e intimamente como a salvação da própria alma não ganha a relevância e a urgência necessárias.

Voltando à analogia, a fé seria a corda, o meio pelo qual o afogado se salvará. Mas note o seguinte:

1. A corda não pertence a você, mas ao resgatador;

2. A corda não chegou até você por sua vontade, mas pela vontade do resgatador;

3. Você não tem qualquer poder sobre a corda, mas o resgatador;

4. Contudo, você confia e tem certeza de a corda ser o único meio a levá-lo até o resgatador, e de trazer o resgatador até você.

A fé portanto é o meio, não o fim, não a causa da salvação, mas é por ela que declaramos confiar totalmente em Cristo. Como Paulo disse: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:8-9).

Alguém pode dizer: “não tenho fé suficiente para crer”. Como os apóstolos, devemos clamar ao Senhor: “Aumenta a nossa fé” (Lc 17:6). Sim, a fé é dom de Deus, e para crer e confiar precisamos da assistência poderosa do Espírito Santo, a nos mover à segurança e convicção de Cristo ser o bastante, o primordial, o imprescindível para nos salvar.


F) A Segurança

Por fim, ao ser içado para o helicóptero, você estará preservado, resguardado dos perigos da morte; não mais estará sujeito às ondas e as profundezas do mar revolto e indomável. Você receberá o auxílio necessário para ser curado dos ferimentos, da aflição, da angústia, da dor e do vislumbre da morte. Logo, não deve temer, mesmo a tempestade tornando-se mais violenta, os relâmpagos mais intensos, trovões mais barulhentos, as águas se elevando, porque você está seguro, preservado por Deus não de estar no meio dos dissabores, revesses ou conflitos da vida, mas de ser por ele resguardado, protegido, de não vir a sucumbir, perecer e ser destruído. O Senhor não nos livra das lutas e batalhas, mas de ser abatido e vencido por elas.

Com isso não estou a dizer que o crente não terá doenças e não morrerá por elas. Não será perseguido e poderá morrer por elas. Não será injustiçado, torturado ou atormentado; não é isso. Entretanto, em todas essas situações, de desconforto, miséria e dores elas não o vencerão, a ponto de você descrer ou perder a fé. Nada poderá tirá-la de você, mesmo que se sinta, vez ou outra, sem fé, pois, como já disse, é um dom de Deus, dado por ele, e somente ele tem poder sobre ela. Sinta-se então seguro e certo de que a fé para a salvação é inabalável e inextinguível nos filhos de Deus, pois como está escrito: “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. 36. Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes. 37. Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. 38. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu, eu perca, mas que o ressuscite no último dia. 40. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:35-40).

É o próprio Senhor quem nos assegura; então, por que duvidar? E se estamos em paz com Deus, reconciliados pelo sangue, poder e graça de Cristo, temeremos algo? Novamente, Paulo tem muito a dizer: “35. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? 36. Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro.37. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.38. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, 39. Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8:35-39).


G) Se é santo para a salvação ou a salvação faz o santo?

Parece claro, na altura deste estudo, a impossibilidade de se perder a salvação. Vejamos, contudo, o que acontece com Davi, no Salmo 51: “6. Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. 7. Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. 8. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. 9. Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. 10. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto”.

Davi havia pecado contra Deus primeiramente, depois contra Bateseba e Urias. Ele havia transgredido a vontade de Deus em vários pontos, desde a cobiça, o adultério, o assassínio do marido, a mentira e a sensação de impunidade. Davi considerou ter escapado da censura e do juízo públicos, mas se esqueceu de que Deus vê e sabe de todas as coisas. O profeta Natan apontou-lhe o pecado, e Davi então arrependeu-se, confessando-o (2 Sm 12:1-13). Sinceramente, descreveu a sua condição de miséria, de afronta insidiosa contra a santidade divina, e clamou por perdão, para ser purificado... de ter suas transgressões apagadas, eliminadas; suas dívidas não seriam pagas por ele mas por Cristo, a um preço alto, o próprio sangue, do contrário, nem Davi, eu ou você escaparíamos da terrível ira de Deus. Foi pela misericórdia e graça e bondade divinas que fomos inocentados, contudo, para sermos limpos foi necessário o sangue de Cristo ser derramado, para nele sermos completamente lavados e purificados para Deus.

Se imaginarmos a santidade divina, da qual nenhum de nós poderia se aproximar, se não fosse Cristo e os seus méritos, estaríamos irremediavelmente perdidos e condenados. É Deus quem nos limpa, é ele quem nos mantém limpos, ele nos preserva para si e para a vida eterna consigo.

Ao clamar “cria em mim, ó Deus, um coração puro”, Davi, o homem segundo o coração de Deus, suplica para ser preservado em santidade; e o Senhor não somente vai apagar os seus pecados, mas também não permitirá que ele peque novamente, não esse tipo de pecado. E tenha, outra vez, o espírito renovado, a fim de permanecer livre das tentações e delitos.

Assim como Davi, o crente sincero não busca produzir bons frutos para a salvação, mas tem a consciência de que somente pode produzi-los porque é salvo; porque o Espirito Santo o auxilia fecundando, alimentando a sua alma, mas também podando os galhos mortos, arrancando matos e ervas daninhas, a fim de fortalecermos na graça e fé. Pois, chamados e resgatados, somos “criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef. 2:10).

Davi sabia, assim como Paulo, que a obra de Deus em nós não para, progressivamente é realizada para alcançarmos a estatura de Cristo (Fp 1:6), e, um dia, sermos como ele é: plenamente puros, santos e imaculados. Neste processo, pecaremos, aqui e ali, para a nossa tristeza e desgosto, mas chegará o dia, o dia glorioso do Senhor, no qual jamais pecaremos, não haverá essa chance, e então seremos como é Jesus Cristo, em toda a sua perfeição e santidade.

Não existe mérito humano nisso, apenas a graça, a graça maravilhosa e infinita do bom Deus, cujo objetivo sempre foi fazer-nos semelhantes a seu amado Filho.


H) A Alegria da Salvação

Nos versos seguintes, lemos: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. 12. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário”. O que o rei quer dizer? Que havia perdido a salvação e clamava para novamente ser salvo? Não, meus irmãos. Davi havia se arrependido diante da exortação e repreensão do profeta Natan. Imediatamente ele disse: “Pequei contra o Senhor!” (2 Sm 12:13), e abateu-se sobre ele a mágoa e a decepção por haver ofendido a Deus. Essa é a atitude do salvo: ao perceber a sua transgressão, toma-lhe o sentimento de frustração e tristeza por ser incapaz de dominar a sua natureza e resistir à tentação. Nesses momentos, ficamos meio perdidos, meio entorpecidos, em dúvida quanto à salvação e a ser filho de Deus. Por isso, Davi clama pelo Espírito Santo, para ser consolado em sua angústia, para ser fortalecido em sua fraqueza, para ser restaurado em seu ânimo. “Não retires de mim o teu Espírito Santo” é reconhecer a insuficiência humana, a dependência a Deus, de, até mesmo nos momentos de autoabandono e rejeição, o único antídoto é o conforto, o consolo, a restauração da alma proveniente do Espírito Santo. Esta não é uma tristeza comum, mas como Paulo disse: “8. Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. 9. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma.10. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”.

Neste trecho, Paulo está a lembrar os coríntios sobre a primeira carta, quando escreveu exortando-os de várias maneiras a respeito dos pecados cometidos pela igreja. Agora, no entanto, diz que a contristação deles foi para arrependimento, produzida pelo Espírito Santo, a fim de que, pela tristeza viesse o arrependimento e o arrependimento para salvação. O mesmo aconteceu com Davi, no trecho já citado. A sua tristeza e angústia pelos pecados cometidos trouxeram-lhe arrependimento, e o arrependimento sincero estava a confirmar a sua salvação. Veja bem, existe a tristeza e o arrependimento do mundo, que operam a morte. E existe o arrependimento operado por Deus para salvação e vida. Quando Davi pede para Deus não retirar-lhe o Espírito, ele compreende a necessidade de, para confirmar a sua salvação, o Espírito agir produzindo tristeza e contrição. Do pecador reconhecer-se como tal, reconhecer seus delitos, e entender que sem o sincero arrependimento e o desejo de não mais pecar, não existe salvação. O salvo não deseja continuar sendo quem é, mas anseia ser como o seu Senhor. Se em você ou em mim não há o verdadeiro sentido de ser cristão, ou seja, de ser como Cristo, é pouco provável que sejamos salvos. Se você ou eu não nos importamos com os nossos pecados, fazemos vistas grossas, pecamos novamente e de novo, sem que a nossa alma se aflija e se angustie, e não nos preocupamos com os nossos atos, com a nossa condição, certamente nem você nem eu somos salvos. A salvação, mais do que chegar ao paraíso, é ser como Cristo: imaculadamente santo, integralmente perfeito. Sem esse desejo, sem essa busca, nada nos resta a não ser clamar para Deus nos resgatar, para ele enfim nos redimir e salvar.

O pecador arrependido pode, após confessar os seus delitos, desfrutar novamente da paz e da alegria da salvação. Isso é um sentimento mas a produzir efeitos práticos e capaz de nos levar ainda mais à gratidão e ao desejo de servir ao nosso Senhor. Não tem a ver em ser salvo ou não salvo, pois Cristo não morreu por um, dois ou dezenas dos meus pecados, mas por todos, inclusive aqueles dos quais não nos lembramos, de quando éramos inimigos dele e, portanto, não temos como nos arrepender especificamente daquilo que se perdeu no passado. Mas o Senhor sabe, e sempre soube, e por isso ele apagou não apenas os pecados confessados mas também os inconfessos por deficiência cognitiva, mental (memória fraca ou esquecimento).

A alegria da salvação é antes o gozo de saber que pertencemos a Deus, somos dele, e uma vez dele, nada ou ninguém poderá nos tirar de suas mãos.


I) Conclusão:

É claro que um tema como este, tão rico e complexo em seus detalhes, não pode ser abrangido em um estudo e tempo tão exíguos.

Contudo, a mensagem a se deixar, antes de ser negativa é propositiva e reflexiva. Primeiro, é possível reconhecer-se filho de Deus e salvo. Segundo, a salvação gera sempre e inevitavelmente o arrependimento e a contrição diante dos nossos pecados. Terceiro, se não somos tomados pela tristeza para a salvação, resta-nos implorar, pedir a Deus para nos salvar. Quarto, o Senhor ouve aquele que o busca de todo o coração.

Para finalizar, deixarei dois versos para a meditação dos irmãos. O primeiro está em Jeremias 29:11-12, que diz: “Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. 13. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”.

O segundo, está em Ezequiel 36:25-27, e diz: “25. Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. 26. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. 27. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.”

Irmãos, busque ao Senhor. Em todo tempo e lugar. Busque se você é salvo. Busque se você não é. Busque para que as bênçãos descritas se cumpram em sua vida. Busque, busque, busque, não cesse de buscar. E o Senhor, certamente, o achará e o trará para si!

Soli Deo Gloria!

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