sábado, 22 de dezembro de 2012
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 40: A Trindade e o amor trinitário
Por Jorge Fernandes Isah
Há muitos textos na Escritura que revelam o amor de Deus por seu povo. O apóstolo diz que ele nos amou tanto que deu o seu próprio Filho em nosso favor, revelando que, como nos diz o mesmo apóstolo, ele nos amou primeiro. Se somos capazes de amá-lo é porque ele nos amou antes, e temos essa capacidade porque o Imago Dei, ainda que distorcido, quase um reflexo tênue do ser divino, foi-nos dado por ele. Amamos, porque ele nos amou antes da fundação do mundo; amamos, porque ele nos deu o seu amor e colocou em nós o seu maravilhoso atributo; amamos, porque sem ele não haveria o amor; amamos, porque Deus é amor, e traz eternamente em si mesmo a relação de amor entre as pessoas da Trindade.
Ora, o amor não pode existir sem que haja o outro; qualquer ideia de um amor solitário é impossível. Para que haja amor é necessário, ao menos, duas pessoas, de onde o sentimento parte do sujeito ao objeto, ainda que o objeto não ame o sujeito. Ao amor não é necessário reciprocidade, alguém pode amar outrem e este outrem não nutrir nenhum sentimento pelo alguém. Em nossas relações há vários tipos de "amores", todos asseguradamente garantidos pela imperfeição e limitação humana. Há quem diga amar a natureza, o seu animal de estimação, uma obra de arte, um time de futebol, e coisas do gênero. Podemos refletir sobre eles se são mesmo amor ou não, porém, interessa-nos não estabelecer o que seja o amor da criatura, mas compreender o amor divino e relacioná-lo com o seu ser.
Fato é que Deus, se sendo uma única pessoa, não teria a quem amar antes da criação. Mas se até mesmo a criação é um ato amoroso, ele, como o texto sagrado revela, nos amou sempre, eternamente. Alguém dirá que esse amor é possível; sendo Deus perfeito e imutável pode amar mesmo o que ainda não existiu e que para ele sempre existiu, pois sua mente é eterna assim como a sua vontade e atributos. Acontece que nenhum atributo divino surgiu por um processo de "evolução", mas todos são inerentes ao seu ser. Contudo, fica a pergunta: mesmo assim seria possível haver amor sem objeto a que se amar?
Penso que em Deus o amor se dá exatamente porque em seu ser subsistem três pessoas; de forma que o amor eterno somente existe por causa das pessoas eternas que se amam mutuamente; sem as quais o significado da palavra "amor" não teria qualquer sentido, e a afirmação bíblica seria uma mera figuração, um símbolo desconectado com a natureza divina. Quando dizemos que "Deus é amor" não podemos jamais afirmá-lo com base apenas na criação, como se o atributo fosse contingente ao tempo e momento da criação. Ele existe eternamente e somente porque há uma interrelação entre as pessoas da Trindade, e pelo amor que há nelas, manifestando-se umas às outras. Negar o amor como fruto necessário da interrelação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo é desprezar as evidências bíblicas, que mostram serem verdadeiras. E o amor somente é possível porque Deus é trino, e cada uma das pessoas tem em si a unidade absoluta do amor.
Além desta questão crucial e fundamental para a fé cristã e bíblica, há outras provas de que o ser divino não é unipessoal mas tripessoal, onde as pessos se relacionam eterna e intrinsecamente, sendo, contudo, distintas entre si. Senão, vejamos:
a) Relacionamento pessoal
Nas relações pessoais que a Trindade têm entre si é evidenciado que são Pessoas diferentes. As suas designações Pai, Filho e Espírito Santo testificam isso:
Nas relações pessoais que a Trindade têm entre si é evidenciado que são Pessoas diferentes. As suas designações Pai, Filho e Espírito Santo testificam isso:
1) Usam mutuamente os pronomes Eu, Tu, Ele quando falam um do outro, ou entre si (Mt 17.5; Jo 17.1; 16.28; 16.13)
2) O Pai ama o Filho, e o Filho ama o Pai. O Espírito Santo glorifica o Filho (Jo 3.35; 15.10; 16.14)
3) O Filho ora ao Pai (Jo 17.5; 14.16)
4) O Pai envia o Filho, e o Filho e o Pai enviam o Espírito Santo que atua como Seu Agente (Mt 10.40; Jo 17.18; 14,26; 16.7)
Porquanto, pelo fato de usar pronomes Eu, Tu, entre Si é evidenciado que há um só Deus em Três Pessoas Distintas.
B) São apresentadas separadamente
Três pessoas distintas são apresentadas em 2Sm 23.2,3; Is 48.16; 63.7-10. Igualmente, à vista do fato da criação ser atribuída a cada pessoa da divindade separadamente, como também a Eloim com as palavras “Também disse Deus (Eloim): Façamos o homem ‘a nossa’ imagem” (Gn 1.26).
Esta convicção é confirmada como verdadeira pelo plural de Eclesiastes 12.1 que diz: “Lembra-te do(s) teu(s) criador(es) nos dias da tua mocidade”, e Is 54.5, que diz: “Porque o(s) teu(s) criador(es) é(são) teu marido”.
Este texto é um pequeno complemento às aulas passadas. Não tem por objetivo convencer os antitrinitários, os quais se desdobrarão em apresentar refutações ao que se apresenta, mas de levá-los a meditar na verdade, a qual a Bíblia insistente e claramente revela, e sem o quê o Cristianismo seria uma religião incoerente e sem nexo, especialmente diante daquilo mesmo que se revela. Há uma tão grande profusão de passagens que expressam a trinunidade de Deus que é o mesmo que chover no molhado, como a minha avó sabiamente dizia. E para que ninguém se molhe além do necessário, pararei por aqui, orando para que a verdade escriturística seja também verdade no coração rebelde do homem caído.
Esta convicção é confirmada como verdadeira pelo plural de Eclesiastes 12.1 que diz: “Lembra-te do(s) teu(s) criador(es) nos dias da tua mocidade”, e Is 54.5, que diz: “Porque o(s) teu(s) criador(es) é(são) teu marido”.
Este texto é um pequeno complemento às aulas passadas. Não tem por objetivo convencer os antitrinitários, os quais se desdobrarão em apresentar refutações ao que se apresenta, mas de levá-los a meditar na verdade, a qual a Bíblia insistente e claramente revela, e sem o quê o Cristianismo seria uma religião incoerente e sem nexo, especialmente diante daquilo mesmo que se revela. Há uma tão grande profusão de passagens que expressam a trinunidade de Deus que é o mesmo que chover no molhado, como a minha avó sabiamente dizia. E para que ninguém se molhe além do necessário, pararei por aqui, orando para que a verdade escriturística seja também verdade no coração rebelde do homem caído.
Notas: 1 - Alguns pontos não abordados neste texto encontram-se expostos no áudio.
2- Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico
3- Baixe esta aula em Aula 40.MP3
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 39: A prova da Trindade - parte 2
Por Jorge Fernandes Isah
Não vou repetir aqui o que já disse outras vezes, especialmente neste estudo sobre o ser de Deus, que é o capítulo dois da CFB, mas analisar biblicamente a doutrina da Triunidade.
Pois bem, dias desses, assisti ao vídeo do pr. Paulo Romeiro no site Internautas Cristãos, como uma prova incontestável da doutrina da Trindade[1]. À primeira vista fiquei realmente embasbacado com a prova. Primeiro, assista o vídeo, e depois continuamos.
O pr. Romeiro citou Isaias 6.1-8; João 12.37-46 e Atos 28.23-28. Analisando os versos podemos ter certeza de que Deus é Triuno? Bem, alguns pontos iniciais que me chamaram a atenção:
1- O profeta Isaías vê o Senhor dos Exércitos e a sua glória, de quem os anjos clamavam entre si, dizendo: “Santo, Santo, Santo” [um triságio, do grego tris-agion, significando três vezes Santo]. Esta expressão, utilizada na Escritura em Is 6.3 e AP 4.8, parece-me o reconhecimento dos anjos e da própria revelação especial quanto à santidade divina, o que faz os anjos eleitos [igualmente feitos santos, sem pecado, não por si mesmos, mas pela vontade de Deus] afirmarem que Deus é o único e perfeitamente santo. Mas também nos remete à sua natureza Tripessoal, na qual o ser divino subsiste em três pessoas: o Pai e o Filho e o Espírito Santo, responsivamente indicado pelo "Santo, santo, santo".
2- O profeta ouviu a voz do Senhor que disse: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” [v.8], onde, novamente, Deus se refere a si mesmo no plural, não na pluralidade de “deuses”, mas na pluralidade de pessoas ou personalidades.
Interessante que uma das acusações dos antitrinitarianos é de que nós somos politeístas e pagãos. Mas mostre-me em qual religião pagã e politeísta há a ideia de um Deus subsistindo em três pessoas? A doutrina da Triunidade divina não encontra eco em nenhuma outra religião a não ser no Cristianismo, e, por isso, certamente é tão atacada e rejeitada.
3- Romeiro diz que o Pai foi visto por Isaías, mas João diz que Isaías viu a Cristo, e Paulo diz que o profeta ouviu o Espírito Santo. Como disse, à primeira vista pareceu-me irrefutável o argumento. Porém, analisando mais detidamente a questão, e após ler alguns contra-argumentos, ela parece ser uma desgraça para os unitaristas, mas nem tanto para os unicistas. Estes podem claramente afirmar que os textos em si revelam que Cristo é o único Deus, validando assim a heresia: Isaías viu Cristo como o Pai, o Senhor dos Exércitos, mas que foi entendido por João como sendo Cristo, e por Paulo como sendo o Espírito Santo, ou seja, Cristo se manifestando de modos diferentes. Será?
4- Nos trechos acima temos a repetição de um mesmo verso, de Isaías 6.10, indicando que os apóstolos, sem sombra-de-dúvidas, referiam-se a ele.
5- Eles demonstram a unidade de Deus, de que Deus é um. Também deixa claro que há três pessoas subsistindo no único Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. E salta-me aos olhos que, havendo três Pessoas, elas, em unidade, são a causa de tudo, seja na criação, na salvação, na sustentação; podemos referir-nos a uma das Pessoas como sendo a que criou ou salvou, de forma que ela participou ativamente em cada etapa da obra divina. É o que a Bíblia nos revela quando diz que Deus criou o universo, lembrando-nos de que foi uma obra conjunta das Pessoas que subsistem no Criador: o Pai, o Filho e o Espírito, em sua vontade e ação únicas operaram inseparavelmente na criação, sem, contudo, confundirem-se, como uma única pessoa. Em sua natureza e essência Deus é um, subsistindo em três Pessoas distintas, que se relacionam eternamente entre si. E, por conseguinte, pode-se dizer que as três realizaram, cada uma, a mesma obra.
Por exemplo, em Gênesis 1.1, Deus criou os céus e a terra, mas, em Jo 1.3, Cristo é apontado como o criador de todas as coisas, as quais, sem ele, não seriam criadas. Gênesis 1.2, Jó 26.13 e Salmos 104.30 indicam-nos que o Espírito Santo é o criador do universo. Assim o mesmo acontece em relação à obra de salvação: o Pai salva [Jn 2.9, Jo 3.16-17], o Filho salva [Mt 1.21, Jo 4.42] e o Espírito Santo salva [Tt 3.5]. De forma que há uma ação conjunta da Trindade em tudo, ainda que se possa designar individualmente uma ou outra como o seu agente direto. A obra, no fim-das-contas, pertence a cada uma delas porém realizadas em unidade, conjuntamente, como consequência da vontade única e indissolúvel de Deus.
A questão portanto não é se os trechos apontados pelo pr. Romeiro defendem o unicismo, o que não é verdade. Nunca, em tempo algum, qualquer versículo bíblico pode ser usado como argumento para o engano, o pecado ou a heresia. Jamais haverá afirmação escriturística que corrobore ou induza o homem a qualquer desvio. Logo, a culpa não é da Bíblia, mas da mente imperfeita, pecaminosa e caída do homem que interpreta equivocadamente o que o texto diz ou, a partir de pressupostos falhos, ele induz o texto a dizer o que não diz, e conclui, para a sua desgraça, que o texto confirma o que a sua mente doente não é capaz de ver: que nada do que pensa ou concluiu tem procedência divina, e foi revelada por Deus. A deficiência é completamente humana, na incapacidade de reconhecer a verdade, e apenas vislumbrar o engano.
Eles, antes, declaram que Deus é um e opera todas as coisas por intermédio das três Pessoas. O que há, na verdade, é uma distorção do ensino bíblico, ao se afirmar que as Pessoas são meras manifestações, estados ou modos de uma única personalidade. O pressuposto de que há um só Deus exclui, na mente herética, a sua tripersonalidade; o que faz desses, ao contrário do que querem parecer, os verdadeiros idólatras, ao adorarem e reverenciarem uma força, o Espírito Santo, ou um ser criado, Cristo. Fazer todas as passagens onde consta o nome "Deus" parecer serem obras de uma única pessoa é o reducionismo que adverti na aula passada, e pertence à mente racionalista dos unitarianos e unicistas. É como se eles vissem uma macieira carregada de frutos e acreditassem estar diante de uma única maça, esquecendo-se do tronco, galhos, ramos, flores e demais frutos que constituem a árvore. Com isto não estou a dizer que Trindade pode ser comparada a uma árvore, nada disso. O exemplo está a afirmar a incapacidade dos antitrinitarianos reconhecerem a verdade, desprezando a revelação que o próprio Deus faz de si mesmo. Toda a cegueira deles está no fato de serem também pragmáticos e se interessarem pelo resultado, seja ele qualquer um, desde que redunde em algo "palpável" e que atenda aos anseios dos seus intelectos.
Por isso, me assusto quando cristãos criticam o argumento do pr. Paulo Romeiro, como uma defesa do unicismo. Ela não é; pelo contrário, nos revela a unidade e a diversidade divina, onde a glória de Deus é compartilhada tanto pelo Pai, como pelo Filho, como pelo Espírito, em um interrelacionamento eterno, perfeito, santo e infinito, capaz de nos levar às lágrimas, à emoção, mas sobretudo à adoração, louvor e gozo em saber que o amor de Deus por nós não surgiu a partir de uma necessidade divina de se relacionar com a criação, mas é eternamente vivo no relacionamento intrínseco que há entre as Pessoas da Trindade.
Isaías viu o Pai ou o Filho? Ouviu o Pai ou o Espírito Santo?
Cristo disse que quem o vê, vê ao Pai [Jo 14.7, 9]: a mesma natureza ou essência divina, sendo duas Pessoas distintas. De forma que, ao afirmar duas vezes coisas aparentemente contraditórias, estava referindo-se à vontade e propósito iguais de ação por meio da Trindade. Senão, vejamos:
"Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" [Jo 14.26];
e
"Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim" [Jo 15.26].
O que lhes parece? O Pai ou o Filho é quem envia o Consolador, e em nome de quem? Ainda que não se possa explicar tudo, e tem-se de entender que a Trindade é um mistério insondável para o homem, ao menos por hora e aqui, o que está claro é o propósito e ação únicas das Pessoas. Não há mistura de Pessoas ou elas não podem ser distinguidas em suas ações, mas há uma só vontade e um só propósito, deliberação, decisão ou resolução no Pai, no Filho e no Espírito Santo, uma harmonia de intentos somente possível no Ser perfeito, eterno e santo de Deus. De outra forma não estaria ele lançando-nos uma pegadinha? Por que haveria distinção de nomes e pessoas sendo elas uma só personalidade? Com qual intento Deus se revelaria equivocadamente ao homem? Para confundi-lo?
O fato é que os textos indicados pelo pr. Romeiro não defendem o unicismo, mas a Trindade, de forma que aquele que crê no Deus bíblico crê na Pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo; e aquele que não crê no Pai, no Filho e no Espírito Santo verdadeiramente desconhece a Deus, e dele não é conhecido.
Notas: [1] O vídeo do pr. Paulo Romeiro intitulado, "A Trindade em Isaias 6", pode ser acessado na aula anterior, clicando AQUI
[2] Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico
[3] Baixe o áudio desta aula em Aula 39.MP3
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - aula 38: A prova da Trindade - parte 1
Por Jorge Fernandes Isah
Algo que os inimigos de Deus insistem em desprezar são as evidências bíblicas. Tenho por evidências o seu significado principal: aquilo que é incontestável, que todos vêem ou podem ver e verificar Mas esclareço também: por inimigo de Deus reputo aquele que considera bastar à amizade ser simpatizante ou pessoa que reconhece a existência divina. Qualquer um, seja qual o seu grau de tolice, pode fazê-lo. É claro que haverá sempre os tolos excessivos em sua soberba e que acreditam em sua autonomia para negá-la. Esses são os tipicamente acometidos pela tolice extrema, um caso grave de obstinação teimosa ou obstinada teimosia que, em último caso, acreditam-se eles próprios o seu único deus. Há variações em que eles são acompanhados por outros deuses, seja a ciência, a natureza ou delírios quase patológicos em que as criaturas, numa tentativa sempre frustrada, são entronizadas no trono que não lhes pertence. Conheço pessoas que desconsideram a existência de Deus, mas não se furtam a lançar a sua fé sobre et's e duendes. Para eles, é mais fácil crer em um et com uma mente iluminada que atravessou milhares e mesmo milhões de anos-luz para nos conhecer ou viver entre nós. Talvez, por isso, canais como o Discovery ou History não se casam de produzir programas sobre as muitas visitas alienígenas à Terra, numa prova inconteste da incredulidade no verdadeiro e a crença no falso. E tudo isso para eles tem um caráter científico e historiográfico, ainda que não passem de investigações teóricas, mas que, para muitos, vão além disso e se tornam em fatos, em realidade. Portanto não basta dizer que se ama a Deus, porque o amor, por mais nobre sentimento que seja, se for em relação ao objeto inexistente é um amor fictício e fantasioso, que significará apenas uma espécie de autoamor, de um amor que tem como fim último a si mesmo e não ao outrem. Posto que não passará de nada além de uma ideia acalentada e mantida pela própria mente que a criou. Insisto que inimigos são todos aqueles que rejeitam, em maior ou menor grau, o Deus bíblico. E nesse rol é possível enquadrar uma ampla gama de crentes que dizem conhecer o que não conhecem, entender o que não entendem ou pôr a fé em nada além de si mesmo e suas opiniões. Não há um aprofundamento e investigação honesta, sincera, na busca da verdade. Apenas o querer satisfazer-se mais rápida e prontamente, e gasta-se o restante do tempo em aperfeiçoar algo sem fundamento, ou melhor, fundamentado na incerteza. A esse o Senhor chamou-o insensato, pois ao invés de ouvir e cumprir as suas palavras, como o construtor que ergue a sua casa na rocha, ele as descumpri, como aquele que constrói a casa na areia [Mt 7.24-29].
Digo isso porque, em linhas gerais, os inimigos de Deus são reducionista em suas mentes racionalistas. Eles se queixam de que nós, "fundamentalistas", somos ignorantes e obtusos em nossas proposições, mas esquecem-se de olhar no espelho. Pensando-se superiores e racionais, acabam por assumir a própria inferioridade e irracionalidade. No fim-das-contas são como meninos mimados de quem se tirou o pirulito. Repetem os mesmos chavões e inconsistências; para eles, o branco da luz é apenas o branco e nada mais. Mas esquecem-se de que o branco da luz é a combinação de muitas outras cores. Na verdade eles sabem, mas fingem não saber. O mesmo se dá em relação ao Deus bíblico, eles o ignoram não porque não haja evidências, mas por não aceitá-nas. O não reconhecimento passa a ser uma obstinação insensata, fruto da tolice, mas essa é proveniente da soberba de não ter a quem responder, nem ter de responder. No fundo, há o interesse de não se ser responsável por si mesmo, ainda que aceitem, em menor grau, a responsabilidade social, em relação ao outro; o que, cada vez mais, vem sendo relativizado, onde a responsabilidade pessoal é transferida ao grupo ou coletivo.
Mas o que isso tudo tem a ver com a doutrina da Triunidade? perguntaria alguém.
O fato é que os antitrinitarianos são o exemplo de mentalidade reducionista, fruto do racionalismo. Assim como o ateísmo rejeita a Deus, e o homem, em sua condição de criatura divina, postula uma fórmula estupidificante e antinatural como o materialismo, os antitrinitarianos rejeitam a revelação do Deus Triuno para se embrenharem num simplismo bem ao estilo pagão do unitarismo. O mesmo problema acontece quando nos acusam de triteísmo, temos o reducionismo novamente. Quando dizem que o termo "Trindade" não se encontra na Bíblia, olha ele lá novamente. E se atentarmos para toda a argumentação deles, por mais elaborada que seja, por mais sofisticada que pareça, sempre estará evidente o reducionismo e o simplismo e, invariavelmente, uma boa dose de desonestidade intelectual [e muitos sequer imaginam-se assim, o que é pior]. Mas para não ficar apenas nas palavras vãs, como alguns podem sugestionar, vamos ao que interessa, a irrefutabilidade bíblica da Triunidade.
Não vou repetir aqui o que já disse outras vezes, especialmente neste estudo sobre o ser de Deus, que é o capítulo dois da CFB de 1689, mas analisar biblicamente a doutrina da Trinunidade. Pois bem, dias desses, assisti ao vídeo do pr. Paulo Romeiro no site Internautas Cristãos, do amigo Incendiário, como uma prova incontestável da doutrina da Trindade. Pois bem, à primeira vista, fiquei realmente embasbacado com a prova. Primeiro, assista o vídeo, e depois continuamos, na próxima aula.
Notas: 1- O áudio desta aula trata dos seguintes assuntos não abordados no texto: Revelaçao progressiva; a Trindade no Antigo Testamento [os nomes de Deus no plural, o anjo do Senhor, etc] e no Novo Testamento [A fórmula batismal, a bênção apostólica, etc], entre outros.
2- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
3- O áudio desta aula pode ser baixado em Aula 38.MP3
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
Aula 37: Martírio: o testemunho cristão
Por Jorge Fernandes Isah
Façamos uma leitura de alguns textos bíblicos:
- Mt 5.10-16;
- Filipenses 1.27-30
- 2Tm 2.8-13
- Rm 8.17
- 2Co 1.7
Na última aula, se não me engano, eu disse que a única certeza do crente era de que ele padeceria e sofreria neste mundo. Por isso selecionei alguns trechos que espero os irmãos leiam e meditem neles durante a semana.
Façamos uma leitura de alguns textos bíblicos:
- Mt 5.10-16;
- Filipenses 1.27-30
- 2Tm 2.8-13
- Rm 8.17
- 2Co 1.7
Na última aula, se não me engano, eu disse que a única certeza do crente era de que ele padeceria e sofreria neste mundo. Por isso selecionei alguns trechos que espero os irmãos leiam e meditem neles durante a semana.
1) Gostaria que os irmãos pensassem no que lemos. Qual a primeira coisa que lhe veio à mente?
2) Vivemos tempos de perseguição?
3) Algum dos irmãos pode dar um exemplo prático de como é ser perseguido neste mundo?
Vejam bem, o Cristianismo bíblico sempre foi perseguido em todos os tempos. Os primeiros quatro séculos da era cristã foram de perseguição e morte para a igreja. Muitos perderam a própria vida por amor a Cristo, pois era-lhes impossível negar aquele que os amou eternamente e entregou-se a si mesmo por eles na cruz. Era-lhes preferível a morte física do que rejeitar o Salvador e Senhor e a fé. Por isso, muitos foram sacrificados, e mesmo colocados como objeto de diversão nas arenas romanas. Famílias inteiras eram presas, perdiam seus bens e eram lançadas às feras: leões e gladiadores.
Há exemplos na Bíblia, desde o sacrifício do próprio Senhor Jesus, crucificado e morto injustamente, passando por
- Estevão [At 7.54-60] [2],
- pela dispersão da igreja [At 8.1-4],
- por Tiago, irmão de João o evangelista, pelas mãos de Herodes Agripa [AT 12.2],
- a prisão de Pedro pelo mesmo Herodes Agripa [At 12.3-11].
O significado da palavra martírio: Gr. martýrion, testemunho.
Comumente se usa o termo martírio para explicar, em forma figurada, uma aflição, tortura, tribulação, dor. Quando vemos alguém sofrendo muito, seja por uma doença ou por problemas pessoais com filhos ou parentes, dizemos que a vida dele é um martírio. Mas os sentido original do termo não era esse.
Na cruz, Cristo nos deu o seu testemunho. Sendo santo e justo, morreu pelos injustos e pecadores, apagando os nossos pecados e nos reconciliando com Deus. Então, tem o significado de alguém que, por sua morte, testemunha o amor por outrem ou é capaz de morrer no lugar de outro, a substituição vicária. Um adendo: é importante ressaltar que Cristo foi um homem sem pecados ou máculas, o homem perfeito que, como Filho, em tudo agradou e serviu ao Pai. Portanto, ele não levou sobre si nada além dos pecados daqueles que o Pai entregou em suas mãos, ele nos substituiu, tomou o nosso lugar, pagando o preço que nos era impossível pagar.
Neste aspecto todo homem é um mártir em potencial, pois a vida, em decorrência do pecado, trará mais aflições e tribulações ao homem pelo distanciamento de Deus, e, quanto mais distante mais o sofrimento se acentua.
Porém, nós, que somos filhos de Deus, podemos experimentar a dor e o sofrimento e a angustia, contudo, temos o refrigério e o consolo divinos de saber que nos momentos mais difíceis Deus cuida e zela por nós.
2) Vivemos tempos de perseguição?
3) Algum dos irmãos pode dar um exemplo prático de como é ser perseguido neste mundo?
Vejam bem, o Cristianismo bíblico sempre foi perseguido em todos os tempos. Os primeiros quatro séculos da era cristã foram de perseguição e morte para a igreja. Muitos perderam a própria vida por amor a Cristo, pois era-lhes impossível negar aquele que os amou eternamente e entregou-se a si mesmo por eles na cruz. Era-lhes preferível a morte física do que rejeitar o Salvador e Senhor e a fé. Por isso, muitos foram sacrificados, e mesmo colocados como objeto de diversão nas arenas romanas. Famílias inteiras eram presas, perdiam seus bens e eram lançadas às feras: leões e gladiadores.
Há exemplos na Bíblia, desde o sacrifício do próprio Senhor Jesus, crucificado e morto injustamente, passando por
- Estevão [At 7.54-60] [2],
- pela dispersão da igreja [At 8.1-4],
- por Tiago, irmão de João o evangelista, pelas mãos de Herodes Agripa [AT 12.2],
- a prisão de Pedro pelo mesmo Herodes Agripa [At 12.3-11].
O significado da palavra martírio: Gr. martýrion, testemunho.
Comumente se usa o termo martírio para explicar, em forma figurada, uma aflição, tortura, tribulação, dor. Quando vemos alguém sofrendo muito, seja por uma doença ou por problemas pessoais com filhos ou parentes, dizemos que a vida dele é um martírio. Mas os sentido original do termo não era esse.
Na cruz, Cristo nos deu o seu testemunho. Sendo santo e justo, morreu pelos injustos e pecadores, apagando os nossos pecados e nos reconciliando com Deus. Então, tem o significado de alguém que, por sua morte, testemunha o amor por outrem ou é capaz de morrer no lugar de outro, a substituição vicária. Um adendo: é importante ressaltar que Cristo foi um homem sem pecados ou máculas, o homem perfeito que, como Filho, em tudo agradou e serviu ao Pai. Portanto, ele não levou sobre si nada além dos pecados daqueles que o Pai entregou em suas mãos, ele nos substituiu, tomou o nosso lugar, pagando o preço que nos era impossível pagar.
Neste aspecto todo homem é um mártir em potencial, pois a vida, em decorrência do pecado, trará mais aflições e tribulações ao homem pelo distanciamento de Deus, e, quanto mais distante mais o sofrimento se acentua.
Porém, nós, que somos filhos de Deus, podemos experimentar a dor e o sofrimento e a angustia, contudo, temos o refrigério e o consolo divinos de saber que nos momentos mais difíceis Deus cuida e zela por nós.
Um exemplo que sempre me chamou a atenção foi o de Pedro. No livro de Atos, após a morte de Tiago, Pedro é preso pelo rei Agripa, que pretendia martirizá-lo para satisfazer ao desejo homicida do povo de Israel. Contudo, maravilhosamente, sabendo que morreria no dia seguinte, Pedro, algemado entre dois soldados e com guardas à porta para escoltá-lo até o local da morte, dormiu tranquilamente, de forma que foi necessário o anjo do Senhor tocar na sua ilharga para acordá-lo.
Podemos imaginar o que Pedro pensava da sua condição?
E nós, como estaríamos em seu lugar?
Pedro estava disposto a se sacrificar, a testemunhar com a própria vida a vida que Cristo lhe dera. Interessante que no A.T. as ovelhas eram sacrificadas para anular os pecados do povo de Israel. O sacrifício de Cristo veio livrar-nos e apagar definitivamente os nossos pecados, do seu povo. E agora Pedro estava disposto a seguir o exemplo do Senhor e morrer em nome daquele que lhe dera perdão e vida. O martírio era um testemunho de que nada neste mundo poderia impedi-lo de servir ao seu Senhor.
Pedro deu-nos uma demonstração de fé, de que mesmo na morte é possível perder a vida para louvar e bendizer o nome do Senhor. Não foi isso o que o Senhor disse? Aquele que guardar a sua vida,da neste mundo poderia impedi-lo de servir ao seu Senhor. ovo de Israel. perde-la-á, o que perdê-la, ganha-la-á [Mt 16.25]. Pedro se importava com a sua vida apenas se ela servisse para a obra do Senhor, usá-la para louvor do seu nome santo.
No ano 391 da era cristã, um monge chamado Telêmaco foi a Roma, por ter ouvido o chamado de Deus para ir lá. Entrando na cidade, em dado momento, ele se viu cercado por uma turba de pessoas alvoroçadas e, impelido por elas, entrou no Coliseu onde se reiniciariam os jogos dos gladiadores. Constantino havia proibido a morte nas arenas setenta anos antes, mas o novo imperador, por pressão popular, decidiu legalizá-los novamente. Ao ver a fúria dos gladiadores lutando e matando-se uns aos outros, o velho monge desceu as escadarias e entrou na arena se colocando entre os lutadores e dizendo: Em nome de Cristo, parem! A turba se enfureceu com ele e incitou os gladiadores que o hostilizaram. Colocado de lado por um deles, ao ver a luta se reiniciar, colocou-se novamente entre os dois, e foi desferido mortalmente por um golpe de espada. A turba até então ruidosa calou-se. Em meio ao silêncio das 80.000 pessoas pode-se ainda ouvir o moribundo dizer: em nome de Cristo, parem! Um a um os membros da platéia sairam em silêncio. Com a morte de Telêmaco, definitivamente os jogos de gladiadores foram extintos no Império Romano.
Hoje os testemunhos, com raras exceções, são meros discursos ou palavreado vazio e sem sentido, onde, na maioria das vezes, o que se diz é diametralmente oposto ao que se faz. Cristo viu isso em seu tempo com os fariseus, os mestres do seu tempo. Ele disse ao povo para seguir o que eles diziam, e que era a própria revelação de Deus, mas jamais fazer como eles faziam. Utilizam-se da retórica para, erroneamente, proclamar algo que vai muito além das palavras. Sabemos que sem a linguagem humana o Evangelho não seria proclamado. Mas, muitas vezes, o testemunho [e lembre-se que testemunho é sinônimo de martírio] falará muito mais do que um milhão de palavras. O testemunho de Cristo falou por si mesmo. Assim com os já citados.
Na teologia há um termo que se chama "ortopraxia", o qual quer dizer a prática correta. É preciso aliar a teologia correta ou a crença correta [ortodoxia] com a prática correta. Penso que Tiago [Tg 2.18], ao se referir às obras mortas falava exatamente disso, do discurso vazio, que se acomoda intelectualmente mas não produz resultado prático ou os frutos aos quais o Senhor Jesus se referiu. E como toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada no fogo eterno, assim será para os que têm o correto na mente mas não o aplicam no seu dia-a-dia. Eles enganam a si mesmos [Mt 7.15-20].
Então, gostaria de finalizar com um trecho da biografia do pr. William Carey. Em uma carta, escrita em 17.08.1831, escrita a Jabez Carey, quando estava em Serampore, Índia, ele disse:
"Hoje estou fazendo setenta anos, o que é um monumento à misericórdia e bondade divina, apesar de, numa revista de minha vida, eu encontrar muitas coisas pelas quais devia ser humilhado no pó. Meus pecados ostensivos e concretos são inumeráveis, minha negligência no trabalho do Senhor foi grande, não promovi sua causa nem busquei sua glória e honra como deveria. Apesar de tudo isso fui poupado até agora e ainda sou mantido em sua obra, queria ser mais consagrado ao seu serviço, mais santificado, praticando as virtudes cristãs e produzindo frutos de justiça, para louvor e honra do Salvador que deu sua vida em sacrifício pelo pecado".
Podemos imaginar o que Pedro pensava da sua condição?
E nós, como estaríamos em seu lugar?
Pedro estava disposto a se sacrificar, a testemunhar com a própria vida a vida que Cristo lhe dera. Interessante que no A.T. as ovelhas eram sacrificadas para anular os pecados do povo de Israel. O sacrifício de Cristo veio livrar-nos e apagar definitivamente os nossos pecados, do seu povo. E agora Pedro estava disposto a seguir o exemplo do Senhor e morrer em nome daquele que lhe dera perdão e vida. O martírio era um testemunho de que nada neste mundo poderia impedi-lo de servir ao seu Senhor.
Pedro deu-nos uma demonstração de fé, de que mesmo na morte é possível perder a vida para louvar e bendizer o nome do Senhor. Não foi isso o que o Senhor disse? Aquele que guardar a sua vida,da neste mundo poderia impedi-lo de servir ao seu Senhor. ovo de Israel. perde-la-á, o que perdê-la, ganha-la-á [Mt 16.25]. Pedro se importava com a sua vida apenas se ela servisse para a obra do Senhor, usá-la para louvor do seu nome santo.
No ano 391 da era cristã, um monge chamado Telêmaco foi a Roma, por ter ouvido o chamado de Deus para ir lá. Entrando na cidade, em dado momento, ele se viu cercado por uma turba de pessoas alvoroçadas e, impelido por elas, entrou no Coliseu onde se reiniciariam os jogos dos gladiadores. Constantino havia proibido a morte nas arenas setenta anos antes, mas o novo imperador, por pressão popular, decidiu legalizá-los novamente. Ao ver a fúria dos gladiadores lutando e matando-se uns aos outros, o velho monge desceu as escadarias e entrou na arena se colocando entre os lutadores e dizendo: Em nome de Cristo, parem! A turba se enfureceu com ele e incitou os gladiadores que o hostilizaram. Colocado de lado por um deles, ao ver a luta se reiniciar, colocou-se novamente entre os dois, e foi desferido mortalmente por um golpe de espada. A turba até então ruidosa calou-se. Em meio ao silêncio das 80.000 pessoas pode-se ainda ouvir o moribundo dizer: em nome de Cristo, parem! Um a um os membros da platéia sairam em silêncio. Com a morte de Telêmaco, definitivamente os jogos de gladiadores foram extintos no Império Romano.
Hoje os testemunhos, com raras exceções, são meros discursos ou palavreado vazio e sem sentido, onde, na maioria das vezes, o que se diz é diametralmente oposto ao que se faz. Cristo viu isso em seu tempo com os fariseus, os mestres do seu tempo. Ele disse ao povo para seguir o que eles diziam, e que era a própria revelação de Deus, mas jamais fazer como eles faziam. Utilizam-se da retórica para, erroneamente, proclamar algo que vai muito além das palavras. Sabemos que sem a linguagem humana o Evangelho não seria proclamado. Mas, muitas vezes, o testemunho [e lembre-se que testemunho é sinônimo de martírio] falará muito mais do que um milhão de palavras. O testemunho de Cristo falou por si mesmo. Assim com os já citados.
Na teologia há um termo que se chama "ortopraxia", o qual quer dizer a prática correta. É preciso aliar a teologia correta ou a crença correta [ortodoxia] com a prática correta. Penso que Tiago [Tg 2.18], ao se referir às obras mortas falava exatamente disso, do discurso vazio, que se acomoda intelectualmente mas não produz resultado prático ou os frutos aos quais o Senhor Jesus se referiu. E como toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada no fogo eterno, assim será para os que têm o correto na mente mas não o aplicam no seu dia-a-dia. Eles enganam a si mesmos [Mt 7.15-20].
Então, gostaria de finalizar com um trecho da biografia do pr. William Carey. Em uma carta, escrita em 17.08.1831, escrita a Jabez Carey, quando estava em Serampore, Índia, ele disse:
"Hoje estou fazendo setenta anos, o que é um monumento à misericórdia e bondade divina, apesar de, numa revista de minha vida, eu encontrar muitas coisas pelas quais devia ser humilhado no pó. Meus pecados ostensivos e concretos são inumeráveis, minha negligência no trabalho do Senhor foi grande, não promovi sua causa nem busquei sua glória e honra como deveria. Apesar de tudo isso fui poupado até agora e ainda sou mantido em sua obra, queria ser mais consagrado ao seu serviço, mais santificado, praticando as virtudes cristãs e produzindo frutos de justiça, para louvor e honra do Salvador que deu sua vida em sacrifício pelo pecado".
Notas: 1- Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico;
2- Este trecho, e algumas passagens não citadas no presente texto, encontra-se melhor explicado no áudio da aula;
3- Baixe o áudio desta aula em Aula 37.MP3
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 36: A idolatria unitarista
Primeiro, duas retificações:
Na aula passada eu disse que os unitaristas são extremamente racionais, quando quis dizer que eles são extremamente racionalistas, no sentido de que precisam desconstruir a verdade para tentar reconstruí-la ao seu modo de pensar natural, onde não há espaço para o sobrenaturalmente revelado na Escritura. Racional é aquele que se utiliza da razão como faculdade que Deus nos deu para compreender a realidade e para conhecer... Uma das faculdades, eu não estou afirmando que a única capaz de conectar o homem à realidade e ao conhecimento. Já os racionalistas agem de forma diferente, para eles, a razão é suprema, absoluta e tudo somente pode ser explicado por ela. Nós, cristãos bíblicos, somos racionais e não racionalistas, como são os unitaristas.
Em um momento, mais exaltado, eu disse que tinha a vontade de proferir um “palavrão”, me referindo aos hereges. Na verdade, eu não pensei em um palavrão específico ou mesmo nesse sentido, de baixo calão, mas em um xingamento do tipo “raça de víboras”, “filhos do diabo”, “emissários de satanás”, “dissimulados”, e outros relacionados que os identificassem, revelando o que realmente são, enganadores, como filhos do diabo. Se por acaso escandalizei a algum irmão, perdoe-me, pois não foi a intenção.
Obviamente, muito mais sofisticada e sutil do que o texto do auto denominado "apóstolo", foi a forma com que Eusébio proferiu a sua heresia. Ao ler o seu escrito temos uma aparente ode de louvor a Deus, se não fosse um pequeno trecho em que ele joga tudo por terra, bem aos moldes da vaca que deu 100 litros de leite e coiceiou o latão derramando-o, sem que sobre uma única gota. Assim agem os mais astutos; não querem muitas vezes serem explícitos, e para camuflarem os seus intentos, dizem o que não querem dizer para transmitir o que desejam efetivamente. É o que se apreende das linhas cavilosas do falso bispo:
"E quem, a não ser o Pai, poderia conceber sem impureza a luz que é anterior ao mundo e a sabedoria inteligente e substancial que precedeu aos séculos, o Verbo vivente no Pai e que desde o princípio é Deus, o primeiro e único que Deus engendrou antes de toda a criação e de toda a produção de seres visíveis e invisíveis, o general do exército espiritual e imortal do céu, o anjo do grande conselho, o servidor do pensamento inefável do Pai, o fazedor de todas as coisas junto ao Pai, a causa segunda de tudo depois do Pai, o Filho de Deus, genuíno e único, o Senhor, o Deus e Rei de todos os seres, que recebeu do Pai a autoridade soberana e a força, junto com a divindade, o poder e a honra? Porque, em verdade, segundo o que dizem d’Ele os misteriosos ensinamentos das Escrituras: No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada foi feito”.
Eusébio chamou Cristo de Verbo e Deus, tomando o cuidado de colocar tudo em maiúsculas, para em seguida afirmar que ele é um ser temporal e criado. O bispo não se furtou a nominá-lo assim como os cristãos acreditam e devem crer em todos os tempos, Cristo é Deus, o Verbo encarnado; porém, em meio as palavras belas e elogiosas inseriu deliberadamente a parte em que afirma ser ele “o primeiro e único que Deus engendrou antes de toda a criação”, negando exatamente o que dissera antes ou, no mínimo, afirmando a grande confusão que tinha a respeito do ser perfeito, santo, eterno, infinito e absoluto de Cristo. Pois ainda que ele e o seu mestre, Ário, cressem que Cristo detinha algum tipo de divindade, sempre procedendo do próprio Deus, ela não era da mesma estirpe, essência e natureza que a divina. A própria utilização do termo “engendrou”, de que Deus engendrou a Cristo, dá a idéia de criação, de que o Filho somente veio à existência [e vir à existência significa que em algum momento ele não existia] porque Deus quis. De forma que Cristo não participaria, portanto, dos mesmos atributos de Deus, e não poderia ser considerado como tal, já que em algum momento na eternidade ele não existia. E se não existia, não se pode considerá-lo nem mesmo como Deus, pois muitos dos atributos divinos estão atrelados e presos à eternidade, como o ser absoluto, infinito, autossuficiente, ilimitado... Somente o eterno pode ter em si esses atributos. Então a afirmação de Eusébio é ainda mais dissimulada e contendo a intenção de confundir, pois não é possível que um homem culto como ele desprezasse essas questões. Ao afirmar que Cristo é Deus e o Verbo encarnado, tentou suavizar a heresia que defendia e na qual cria, como se o entregar-se a uma bajulação diminuísse ou anulasse a sua culpa, não evidenciando, ou melhor, atenuando as suas reais intenções. E quais eram elas?
Utilizando-se de uma linguagem ortodoxa, de termos próprios da fé cristã, ele tentou mascarar, encobrir sua blasfêmia com floreios e uma falsa exaltação, nitidamente com o intento de espalhá-la, de semeá-la no seio da igreja. E o resultado disso seria confusão, a partir do momento em que muitos a admitiram como verdade defendendo-a, enquanto outros a rejeitaram prontamente. Paulo, à sua época, já nos alertava quanto a esse tipo de inimigo: “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples” [Rm 16.17-18]. Por corações dos simples, creio que o apóstolo está a falar dos ingênuos e fracos na fé, que podem ser pessoas incultas ou cultas, mas que se deixarão levar pelo discurso retórico, por palavras bonitas, espirituosas, até mesmo glamorosas, como objetivo de seduzi-las ao engano e à mentira. Não porque foram obrigadas a isso, mas porque os seus corações desejaram e queriam, em sua soberba e orgulho espirituais, se enganarem.
O que Eusébio e Ário queriam era conquistar a simpatia dos demais cristãos a partir da pregação de um falso evangelho; fazer prosélitos e ampliar seu poder e influência. Em linhas gerais, eles se portaram como usurpadores do trono de Deus, como aqueles, dentre muitos, que o desprezam e ao seu governo e senhorio. E com esse tipo de gente não há muito o que se dizer, a não ser, fora! Se não quiserem sair, saiamos nós.
Igualmente, ao dizer que o Senhor “recebeu do Pai a autoridade soberana e a força, junto com a divindade, o poder e a honra”, suas reais intenções ficam evidentes, de que Cristo nada mais é do que uma criatura dotada por Deus de habilidades e poderes que somente tem por conta do que Deus lhe deu. A divindade inseriu-se nesse contexto, como mais um dom, algo exterior que lhe é dado ou facultado, não como algo inerente à sua natureza, pois o que eles estão a tratar como “divindade” é uma sub-divindade, semelhante mas distinta, relativa e não absoluta, que faz de Cristo uma criatura especial, sem, contudo, jamais ser Deus.
Entendem como se processa a mente cavilosa?
Devemos estar atentos aos sinais que esses falsos profetas demonstram, seja no passado ou no presente. Eles estão em todos os lugares e épocas, e não podemos desprezá-los em sua capacidade de corromper e aliciar aos “corações simples”, pois ainda que não inocentes, pois não há inocentes neste mundo, devemos mostrar o grau e o nível de insulto que esses ímpios são capazes de realizar e, assim, pela graça de Deus, ser instrumentos para abrir os olhos de alguns e trazê-los novamente à realidade, à verdade máxima sem a qual o Cristianismo não seria nada além de uma religião agonizante e, provavelmente, extinta: Cristo é, assim como o Pai e o Espírito Santo, Deus! Bendito seja a Santíssima Trindade ou, ainda mais significativamente, a Santíssima Triunidade de Deus!
Não é preciso se buscar muito para encontrar o antídoto para as heresias. A santa e bendita palavra de Deus traz em si todos eles. E, novamente, Paulo o revela em Efésios 1.3-14:
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra; nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória."
Bem, o que temos neste trecho escrito pelo apóstolo? A unidade de Deus na salvação do homem, através da atuação das três pessoas da Triunidade, de forma que o Pai elegeu ou escolheu-nos em Cristo, o qual é o redentor do eleito, e coube ao Espírito Santo selá-lo para a vida eterna.
Na aula passada eu disse que os unitaristas são extremamente racionais, quando quis dizer que eles são extremamente racionalistas, no sentido de que precisam desconstruir a verdade para tentar reconstruí-la ao seu modo de pensar natural, onde não há espaço para o sobrenaturalmente revelado na Escritura. Racional é aquele que se utiliza da razão como faculdade que Deus nos deu para compreender a realidade e para conhecer... Uma das faculdades, eu não estou afirmando que a única capaz de conectar o homem à realidade e ao conhecimento. Já os racionalistas agem de forma diferente, para eles, a razão é suprema, absoluta e tudo somente pode ser explicado por ela. Nós, cristãos bíblicos, somos racionais e não racionalistas, como são os unitaristas.
Em um momento, mais exaltado, eu disse que tinha a vontade de proferir um “palavrão”, me referindo aos hereges. Na verdade, eu não pensei em um palavrão específico ou mesmo nesse sentido, de baixo calão, mas em um xingamento do tipo “raça de víboras”, “filhos do diabo”, “emissários de satanás”, “dissimulados”, e outros relacionados que os identificassem, revelando o que realmente são, enganadores, como filhos do diabo. Se por acaso escandalizei a algum irmão, perdoe-me, pois não foi a intenção.
Obviamente, muito mais sofisticada e sutil do que o texto do auto denominado "apóstolo", foi a forma com que Eusébio proferiu a sua heresia. Ao ler o seu escrito temos uma aparente ode de louvor a Deus, se não fosse um pequeno trecho em que ele joga tudo por terra, bem aos moldes da vaca que deu 100 litros de leite e coiceiou o latão derramando-o, sem que sobre uma única gota. Assim agem os mais astutos; não querem muitas vezes serem explícitos, e para camuflarem os seus intentos, dizem o que não querem dizer para transmitir o que desejam efetivamente. É o que se apreende das linhas cavilosas do falso bispo:
"E quem, a não ser o Pai, poderia conceber sem impureza a luz que é anterior ao mundo e a sabedoria inteligente e substancial que precedeu aos séculos, o Verbo vivente no Pai e que desde o princípio é Deus, o primeiro e único que Deus engendrou antes de toda a criação e de toda a produção de seres visíveis e invisíveis, o general do exército espiritual e imortal do céu, o anjo do grande conselho, o servidor do pensamento inefável do Pai, o fazedor de todas as coisas junto ao Pai, a causa segunda de tudo depois do Pai, o Filho de Deus, genuíno e único, o Senhor, o Deus e Rei de todos os seres, que recebeu do Pai a autoridade soberana e a força, junto com a divindade, o poder e a honra? Porque, em verdade, segundo o que dizem d’Ele os misteriosos ensinamentos das Escrituras: No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada foi feito”.
Eusébio chamou Cristo de Verbo e Deus, tomando o cuidado de colocar tudo em maiúsculas, para em seguida afirmar que ele é um ser temporal e criado. O bispo não se furtou a nominá-lo assim como os cristãos acreditam e devem crer em todos os tempos, Cristo é Deus, o Verbo encarnado; porém, em meio as palavras belas e elogiosas inseriu deliberadamente a parte em que afirma ser ele “o primeiro e único que Deus engendrou antes de toda a criação”, negando exatamente o que dissera antes ou, no mínimo, afirmando a grande confusão que tinha a respeito do ser perfeito, santo, eterno, infinito e absoluto de Cristo. Pois ainda que ele e o seu mestre, Ário, cressem que Cristo detinha algum tipo de divindade, sempre procedendo do próprio Deus, ela não era da mesma estirpe, essência e natureza que a divina. A própria utilização do termo “engendrou”, de que Deus engendrou a Cristo, dá a idéia de criação, de que o Filho somente veio à existência [e vir à existência significa que em algum momento ele não existia] porque Deus quis. De forma que Cristo não participaria, portanto, dos mesmos atributos de Deus, e não poderia ser considerado como tal, já que em algum momento na eternidade ele não existia. E se não existia, não se pode considerá-lo nem mesmo como Deus, pois muitos dos atributos divinos estão atrelados e presos à eternidade, como o ser absoluto, infinito, autossuficiente, ilimitado... Somente o eterno pode ter em si esses atributos. Então a afirmação de Eusébio é ainda mais dissimulada e contendo a intenção de confundir, pois não é possível que um homem culto como ele desprezasse essas questões. Ao afirmar que Cristo é Deus e o Verbo encarnado, tentou suavizar a heresia que defendia e na qual cria, como se o entregar-se a uma bajulação diminuísse ou anulasse a sua culpa, não evidenciando, ou melhor, atenuando as suas reais intenções. E quais eram elas?
Utilizando-se de uma linguagem ortodoxa, de termos próprios da fé cristã, ele tentou mascarar, encobrir sua blasfêmia com floreios e uma falsa exaltação, nitidamente com o intento de espalhá-la, de semeá-la no seio da igreja. E o resultado disso seria confusão, a partir do momento em que muitos a admitiram como verdade defendendo-a, enquanto outros a rejeitaram prontamente. Paulo, à sua época, já nos alertava quanto a esse tipo de inimigo: “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples” [Rm 16.17-18]. Por corações dos simples, creio que o apóstolo está a falar dos ingênuos e fracos na fé, que podem ser pessoas incultas ou cultas, mas que se deixarão levar pelo discurso retórico, por palavras bonitas, espirituosas, até mesmo glamorosas, como objetivo de seduzi-las ao engano e à mentira. Não porque foram obrigadas a isso, mas porque os seus corações desejaram e queriam, em sua soberba e orgulho espirituais, se enganarem.
O que Eusébio e Ário queriam era conquistar a simpatia dos demais cristãos a partir da pregação de um falso evangelho; fazer prosélitos e ampliar seu poder e influência. Em linhas gerais, eles se portaram como usurpadores do trono de Deus, como aqueles, dentre muitos, que o desprezam e ao seu governo e senhorio. E com esse tipo de gente não há muito o que se dizer, a não ser, fora! Se não quiserem sair, saiamos nós.
Igualmente, ao dizer que o Senhor “recebeu do Pai a autoridade soberana e a força, junto com a divindade, o poder e a honra”, suas reais intenções ficam evidentes, de que Cristo nada mais é do que uma criatura dotada por Deus de habilidades e poderes que somente tem por conta do que Deus lhe deu. A divindade inseriu-se nesse contexto, como mais um dom, algo exterior que lhe é dado ou facultado, não como algo inerente à sua natureza, pois o que eles estão a tratar como “divindade” é uma sub-divindade, semelhante mas distinta, relativa e não absoluta, que faz de Cristo uma criatura especial, sem, contudo, jamais ser Deus.
Entendem como se processa a mente cavilosa?
Devemos estar atentos aos sinais que esses falsos profetas demonstram, seja no passado ou no presente. Eles estão em todos os lugares e épocas, e não podemos desprezá-los em sua capacidade de corromper e aliciar aos “corações simples”, pois ainda que não inocentes, pois não há inocentes neste mundo, devemos mostrar o grau e o nível de insulto que esses ímpios são capazes de realizar e, assim, pela graça de Deus, ser instrumentos para abrir os olhos de alguns e trazê-los novamente à realidade, à verdade máxima sem a qual o Cristianismo não seria nada além de uma religião agonizante e, provavelmente, extinta: Cristo é, assim como o Pai e o Espírito Santo, Deus! Bendito seja a Santíssima Trindade ou, ainda mais significativamente, a Santíssima Triunidade de Deus!
Não é preciso se buscar muito para encontrar o antídoto para as heresias. A santa e bendita palavra de Deus traz em si todos eles. E, novamente, Paulo o revela em Efésios 1.3-14:
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra; nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória."
Bem, o que temos neste trecho escrito pelo apóstolo? A unidade de Deus na salvação do homem, através da atuação das três pessoas da Triunidade, de forma que o Pai elegeu ou escolheu-nos em Cristo, o qual é o redentor do eleito, e coube ao Espírito Santo selá-lo para a vida eterna.
Algo que devemos entender é que essa relação da Triunidade não é fortuita, aleatória, acidental ou ocasional. Na verdade ela é essencial, real, em seu caráter absoluto, de forma que não somos nós que definimos a Triunidade de Deus na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo, como uma analogia do que é uma família humana para representar o que é divino. Não. É a unidade e diversidade de Deus que nos define como indivíduos mas também como corpo familiar. A imagem do Pai e do Filho, principalmente, não foi utilizada para tentar explicar a relação eterna que há entre eles, mas somos nós que refletimos aquilo que Deus é em seu caráter relacional. De forma que a relação entre eles é que é original, não a nossa. A relação divina está expressa na figura do Pai, pela sua paternidade, pela ligação íntima que tem com o Filho, este pela filiação ou relação correspondente que tem com o Pai, e o Espírito Santo pelo amor que une o Pai ao Filho. Nada disso é mera convenção ou ficção, mas o que a Bíblia nos revela e que pode ser demonstrado pelo texto de Efésios acima.
Entendo que, mais do que a declaração de doutrinas bíblicas, Paulo está a nos revelar nesses versos a relação que há entre as pessoas da Triunidade, as quais sendo distintas em suas atuações e personalidades é um único ser: Deus. Somente assim é possível entendê-lo e à sua revelação. Se a Triunidade não é uma doutrina bíblica, toda a revelação fica sem sentido; porque, como está claro e evidente, a salvação do homem é do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Se assim não for, como entender a obra que Deus realiza em nosso meio? Como explicar a revelação especial? Em que o Pai salva, o Filho salva e o Espírito Santo salva? Afinal, não temos três "etapas" de uma mesma salvação? Que elege, redime e sela? Pode-se ser salvo sem ser eleito? Ou redimido? Ou selado? A resposta é não. A fé no Pai, que nos elegeu, somente é possível se ele for Deus. A fé em Cristo, como Senhor e Salvador, somente é possível se ele for Deus. Igualmente, a fé no Espírito Santo, como o Consolador, aquele que habita em cada um dos eleitos, somente é possível se ele for Deus. Como se pode adorar um ser criado ainda que com super-poderes? Ou que é uma emanação ou força que, via de regra, não é o próprio Deus? Se sem fé é impossível agradá-lo, como posso agradá-lo crendo no que ele não é? Cristo, como criatura, pode receber a minha fé? Que no fim-das-contas é proveniente de Deus? O Espírito, como força, poderia também recebê-la? Se Deus é apenas um, o Pai, como dizem os unitarianos de várias correntes, apenas ele deve receber a nossa fé, a fim de agradá-lo. E boa parte da Escritura, tanto no AT como no NT, terá de ser rasgada e jogada fora. Praticamente tudo o que a Bíblia nos revela não teria sentido, pela ótica unitarista, caso o Filho e o Espírito Santo fossem partes subordinadas de Deus ou criadas por ele. Não falo apenas em seu caráter lógico, mas também prático e funcional, onde não há sentido, nem razão. Com isso, chego a pensar que os verdadeiros triteístas são os unitaristas que adoram, creem e têm fé em criaturas ou estados que, em suas essências, não são Deus. Em suas formulações simplistas e racionalistas acabam por atirar no próprio pé, tornando-se em idólatras. E, então, a acusação de que somos acusados torna-se em sentença para eles, colocando-os no posto de idólatras e infratores do primeiro mandamento, o que os condenará. Todo o reducionismo racionalista, aliada à rejeiçao da revelação especial, faz com que sejam aquilo que mais temem ser, e não se vêem como são.
Como disse na primeira parte desta introdução, é impossível que o Filho e o Espírito Santo tenham os mesmos atributos que o Pai, se não forem igualmente eternos e absolutos. De forma que, por exemplo, o Filho não poderia ser onipresente [Mt 18.20], e o Espírito Santo não poderia ser onisciente [1Co 2.10-11].
Leiamos alguns versículos e atentemos para o que eles nos revelam. Sem exceção, mostrar-nos-ão mais do que a prova de que todas as pessoas da Triunidade são idênticas em sua natureza e atributos, porém distintas em suas personalidades; revelarão a forma como se relacionam entre si, e que pode ser definido como o ser tri-pessoal em sua íntima ligação.
Textos: 1Co 12.4-6; 2Co 13.14; 1Pe.1.2; 1Jo 5.7; Jd 20-21, o que temos de comum em todos eles é a declaração de que existe uma coordenada relação entre as pessoas da Triunidade, sem que haja divisão, sem confusão entre si, mas em unidade de essência. Entender a doutrina da Triunidade por meio da mente caída e limitada do homem é algo realmente impossível. Ela somente pode ser compreendida e aceita como fundamento sobrenatural. O próprio Deus é quem se encarrega de nos revelar a verdade e nos capacitar a crer, confiar e proclamá-la, sem o qual o Cristianismo seria uma religião sem nexo e sentido algum, pois o centro é Cristo por quem exclusivamente o Pai é revelado.
Antes de terminar, quero deixar uma questão para reflexão: Se Deus é amor, quando ele amou? E a quem? A si mesmo? Ou somente após a criação esse atributo manifestou-se? Ou esse amor é eterno e retributivamente eterno na relação das três pessoas da Trindade? Ou teremos de aceitar que, em sua imutabilidade, um dos atributos divinos é temporal e apenas pode ser explicado através da Criação? Se Deus é amor, faz-se necessária uma fonte eterna ou melhor, um objeto eterno, para que ele se manifestasse, do contrário Deus não amou sempre, e esse amor é limitado por suas criaturas.
Notas: 1 - Os textos bíblicos citados são explicados mais detalhadamente no áudio desta aula.
2 - Aula realizada na EBD do Tabérnaculo Batista Bíblico.
3- Baixe o áudio desta aula em Aula 36.MP3
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 35: A Trindade e os "cristãos" que não reconhecem a Cristo
Por Jorge Fernandes Isah
INTRODUÇÃO
Antes de entrarmos propriamente na doutrina da Trindade, a qual passaremos a chamar de Triunidade, a fim de não confundi-la com o triteísmo, farei uma apanhado da crença herética do antitrinitarianismo.
Primeiro, há de entender que o judaísmo, o islamismo e o cristianismo são as únicas grandes religiões monoteístas do mundo. Muitos judeus e islâmicos consideram que somos triteístas, de que acreditamos em três deuses, pelo fato de não se interessarem pelo estudo da doutrina da Triunidade e, portanto, ao não fazê-lo, não compreendem-na, ou por uma deliberada má-vontade e oposição com o objetivo de nos rechaçar das suas companhias. Entendo que também não temos interesse nessa companhia porque, apesar de monoteístas, tanto judeus como islâmicos estão equivocados em sua fé e desprezam flagrantemente a revelação divina, a Bíblia Sagrada. Para o judaísmo existem apenas os livros do AT e aqueles que fazem parte da sua tradição, os quais não são livros inspirados; enquanto para o islã há somente o livro de Maomé, ainda que eles se reconheçam como herdeiros do patriarca Abraão, e reconheçam alguns dos nossos profetas como enviados por Alá. Ambos rejeitam peremptoriamente o NT como livro sagrado, como a palavra fiel de Deus, e a Jesus Cristo como Senhor e Salvador, como a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
Este estudo tem por objetivo esclarecer os princípios norteadores da doutrina da Trinitariana existentes na Escritura Sagrada e, em caráter secundário, demonstrar a falácia dos que se opõem à Triunidade de Deus.
Da mesma forma, temos de distinguir os movimentos que se consideram cristãos mas nada têm de bíblicos, como os unicistas e o unitarianistas. A importância de reconhecê-los com clareza é fundamental para que não sejamos presas fáceis dos enganos perpetrados por essas correntes teológicas. Muitos se misturam no nosso meio com o intuito de enredarem incautos para suas doutrinas espúrias e diabólicas, já que uma característica das seitas é o proselitismo. Há muitos cristãos bíblicos que os consideram como a irmãos, talvez acometidos pela condescendência, pela ignorância ou seduzidos pela astúcia deles. O fato é que Deus nos exorta a afastar-nos e a rejeitar qualquer proposição que não seja bíblica, pois enquanto devemos batalhar pela verdade, aqueles estão interessados exclusivamente na difusão da mentira, e qualquer associação com eles nos fará igualmente mentirosos ou, no mínimo, transigentes com a mentira [Tt 3.10-11]. A questão é que estamos muito preocupados em parecer conciliadores, amistosos e flexíveis, quando devemos ser intransigentes e repelir tudo o que vai contra a sã doutrina. Como o apóstolo Pedro disse diante do sumo sacerdote: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” [At 5.29].
Ainda que o estudo não seja exaustivo, ele nos dará o fundamento necessário para defender a fé cristã e rejeitar o falso cristianismo, e, mais do que isso, aperceber-nos de que muitos deles, utilizando-se de argumentos ou raciocínios ardilosos, querem confundir e transtornar irmãos ingênuos ou de boa-fé, apresentando-se como iguais quando em nada se lhes assemelham. O espírito deles é guiado pelo enganador, e devemos estar atentos para os sinais que eles apresentam e que, no início, não são muito perceptíveis, mas se tornam evidentes com o tempo, ao rejeitarem a revelação especial para dar ouvidos à mentira que, em seu discurso, tem alguma aparência de verdade.
A fé cristã é uma, mas muitos grupos se apropriam do termo Cristianismo para terem seu trabalho facilitado. E, para isso, utilizar-se-ão do que foi dito pelos hereges no passado, os quais já existiam à época dos apóstolos, para garantirem o uso do designativo “cristão”. O fato de reconhecerem Cristo como o Messias, Salvador, ou o enviado de Deus para revelar a sua vontade ao mundo é suficiente para que se autodenominem com tal. Não importa se o que pensam de Cristo é diametralmente oposto ao que ele é e se deu a revelar na Escritura. Importam-lhes mais embaraçar, se misturar, de forma que os tolos e ignorantes, aqueles que não sabem dar a razão da sua fé, não percebam as diferenças entre o que eles dizem e o que a Bíblia afirma. E a ignorância de muitos, aliada à astúcia daqueles, fazem com que sejam reputados como seguidores de Cristo quando, na verdade, odeiam-no, ao desprezarem-no, ao não reconhecerem quem ele é, ao tentarem fazer dele uma outra pessoa ou personalidade.
Interessante que quase sempre é ele, Cristo, o pomo da discórdia, e que somente acontece por obra exclusiva daqueles que, pela própria incredulidade, negam a sua divindade.
"CRISTÃOS" QUE NÃO RECONHECEM A CRISTO
Há entre os cristãos [uso o termo de maneira ampla e genérica, abrangendo todos os que se autodenominam cristãos] dois grandes grupos doutrinários: os trinitarianos e os antitrinitarianos.
Entre os opositores da fé bíblica, encontramos dois subgrupos:
1) Os unitarianos;
2) Os unicistas.
Eles afirmam, via de regra, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são meros nomes, modos, estados ou aspectos de uma mesma pessoa, de forma que Deus assumiria modos diferentes ao invés de ser três pessoas distintas [modalismo, sabelianismo, patripassianismo]; ou de que Jesus Cristo não é Deus mas um deus inferior, uma espécie de semi-deus, criado pelo verdadeiro Deus, e por ele capacitado com alguns “poderes”, podendo mesmo ser adorado como Deus [arianismo]. Com isso, eles dizem que Cristo é divino em algum aspecto, mas não é Deus em essência [algumas das várias formas de unitarismo]. Já o Espírito Santo pode ser tanto um ser criado por Deus, com a ajuda do Filho, como uma força emanada do próprio Deus [esta visão é bem próxima do que crêem as Testemunhas de Jeová, que poderiam ser chamados de semi-arianos].
Outra variação dessa mesma doutrina diz que Cristo é Deus, e como a Bíblia diz que há um único Deus, Jesus Cristo é Deus em plenitude, sendo ele o Pai, o Filho e o Espírito Santo [unicismo]. Esta corrente doutrinária está em processo de difusão entre os pentecostais, especificamente.
Em sua maioria, os unitaristas e unicistas são também universalistas, acreditando que haverá uma salvação final para todos os homens, inclusive o diabo e seus demônios, como propunha Orígenes. Além de não crerem na divindade de Cristo, rejeitam-no como Salvador e Redentor.
Há uma boa variedade de conceitos díspares nessas crenças, dependendo do grupo que se estude, podendo ser em maior ou menor grau as divergências, mas resumida o suficiente para considerá-los hereges. Seria essa a linha geral de suas doutrinas. Podemos desconsiderar os detalhes capciosos das doutrinas antitrinitarianas, pois esse elemento geral está presente em tudo o que os rege, e em tudo o que professam.
LOBO EM PELE DE OVELHA ENTRE OS TOLOS E INCAUTOS
Alguns, se utilizam de formas engenhosas e sutis de se expressar, como o bispo Eusébio de Cesárea: “E quem, a não ser o Pai, poderia conceber sem impureza a luz que é anterior ao mundo e a sabedoria inteligente e substancial que precedeu aos séculos, o Verbo vivente no Pai e que desde o princípio é Deus, o primeiro e único que Deus engendrou antes de toda a criação e de toda a produção de seres visíveis e invisíveis, o general do exército espiritual e imortal do céu, o anjo do grande conselho, o servidor do pensamento inefável do Pai, o fazedor de todas as coisas junto ao Pai, a causa segunda de tudo depois do Pai, o Filho de Deus, genuíno e único, o Senhor, o Deus e Rei de todos os seres, que recebeu do Pai a autoridade soberana e a força, junto com a divindade, o poder e a honra? Porque, em verdade, segundo o que dizem d’Ele os misteriosos ensinamentos das Escrituras: No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada foi feito”.
Outros, sem sutileza alguma, expressam aquilo que lhes vem à mente sem qualquer constrangimento em suas falsas autoridades, como certo autodenominado “Apóstolo”, que escreveu no site da sua igreja, e, posteriormente, suprimiu o texto sem qualquer explicação: “Muita gente pela tradição da religião, não entende a historia de Jesus. Alguns falam de natal, mas ninguém sabe o dia exato em que Jesus Cristo nasceu. Segundo que Jesus já existia muito antes de tudo. Ele é a imagem do Deus invisível, a encarnação do verbo. Mas ele não é sempiterno, é eterno. O pai que é Deus é sempiterno, aquele que antes dele nunca existiu como ele, nem existirá depois dele, sempre existiu e sempre existirá. A primeira obra dele foi Jesus Cristo, não a partir de Maria, que foi obra do Espírito Santo para ser feito carne, antes ele já existia. “Façamos” é no plural, porque Jesus estava com Ele e a palavra que lemos confirma”.
Analisemos o que nos diz o famigerado "apóstolo", e que não é difícil de se refutar. Pois bem, ele diz: "Muita gente pela tradição da religião não entende a história de Jesus". Qual é o alvo do seu ataque? A igreja, que durante séculos e séculos tem sido usada pelo Espírito Santo para defender a fé cristã e a sã doutrina, em especial, o centro do Cristianismo, sem o qual ele não teria o menor sentido ou significado: a divindade de Cristo. O que ele está tentando dizer é que tudo o que a igreja acreditou durante os últimos dois mil anos a respeito do Senhor é fruto da ignorância. Ele diz que ela “não entende a história de Jesus”. Assim se coloca numa posição privilegiada, numa condição superior, de crítico e de único entendedor ou, talvez, de participar de um seleto grupo de entendedores a respeito de quem é o Cristo. Até então, houve apenas um ataque sem fundamentação, sem argumentação, de simples especulação, de que a culpa de toda a ignorância da igreja sobre o assunto é fruto da tradição. Mas em quê essa tradição [que podem ser todos os debates ao longo da história da igreja, que podem ser os Concílios, os estudos meticulosos de homens fiéis que se debruçaram sobre as Escrituras, o testemunho dos santos que foram martirizados pelo nome de Cristo], pode levar a igreja à ignorância por tanto tempo?
Sabemos que desde os primórdios satanás levantou homens na igreja para atacarem a verdade: Ário, Montano, Sabélio, Marcião, Nestório, Socino, Serveto e muitos mais como eles. E eles mesmos seguem uma tradição de, tempos em tempos, retornarem ao próprio vômito, numa espécie de “revival” maligno. Afinal essa heresia não foi criada pelo “apóstolo”, nem pelos seus seguidores, mas ela remonta aos séculos 2 e 3 da era cristã. Portanto, o único argumento utilizado pelo “apóstolo”, de que a ignorância da igreja se deve à tradição, é um tiro no próprio pé.
Em seguida, para defender o seu argumento de que a tradição é culpada pela ignorância da igreja, ele se utiliza do natal para justificá-la. Ora, se o fato da Bíblia não revelar a data exata do nascimento de Jesus implica em que o natal nada mais é do que uma tradição, sem base bíblica, a crença na divindade de Cristo somente pode ser equiparada ao natal, como fruto de outra tradição da igreja. Acontece que, se a Bíblia não revela a data exata do nascimento do Senhor, isso não quer dizer que não se possa comemorá-la, não como uma data específica mas como o advento da encarnação do Verbo divino. A mesma Bíblia nos dá uma profusão de trechos e versos em que a divindade do Senhor Jesus é declarada.
Então, ele diz sobre Cristo: "Ele é a imagem do Deus invisível, a encarnação do verbo. Mas ele não é sempiterno, é eterno. O pai que é Deus é sempiterno, aquele que antes dele nunca existiu como ele, nem existirá depois dele, sempre existiu e sempre existirá".
Tem-se a afirmação de que o Senhor é a imagem do Deus invisível, a encarnação do verbo, o que é uma verdade. Mas dita por sua boca, certamente os termos “imagem” e “encarnação do verbo” têm sentidos diversos do que a Escritura diz. Quando ele escreve “encarnação do verbo” em minúsculas demonstra ter a idéia de que o verbo não pode ser equiparado a Deus. De que ele é inferior e não faz jus ao “V”. Isso não é descuido, mas intencional. Com a aparência de verdade, ele distorce-a, e cria uma mentira.
A expressão “imagem” estará ligada a uma certa aparência, a uma certa semelhança, que não é igualdade essencial, assim como nós somos semelhantes e a imagem de Deus. Em outras palavras, o “apóstolo” está dizendo que, como nós, Cristo é um ser criado, parecido com Deus, mas não é Deus. Logo, ele mesmo confirma o dito com um jogo de palavras ao diferenciar “sempiterno” de “eterno”. Fiz uma busca em vários dicionários portugueses e o que encontrei não foi distinção entre os termos mas igualdade. Sempiterno e eterno são sinônimos em, pelo menos, três dicionários conceituados, Priberan, Michaellis e Aurélio.
Mas pode ser que ele tenha proferido a sentença não do ponto de vista semântico, mas do ponto de vista filosófico. Porém, se ele vislumbrou essa diferenciação a partir da conceituação dos termos, deveria indicá-la, explicando o sentido que lhes deu. Mas, pelo pouco que compreendo de filosofia, o sempiterno e eterno significam a mesma coisa. Fico com a definição de Tomás de Aquino, na qual eterno é a “posse total, simultânea e perfeita de uma vida sem limites", caracterizada pela ausência de princípio e fim, e pela ausência de sucessão, porquanto, para ele, é um presente eterno.
Distinguir o que é igual em nada ajudará o “apóstolo”, mostrando apenas a sua incapacidade em lidar corretamente com a questão. Mas a distinção tem por objetivo unicamente rebaixar a Cristo, reputando-o como criatura e não como Deus eterno. Então, ele diz que “O pai que é Deus é sempiterno”. O fato de se distinguir Deus chamando-o de “pai” já mostra a confusão em que o “apóstolo” se meteu, ou a confusão que deseja meter nas cabeças alheias. Os unitaristas e unicistas em sua loucura, e como todo louco é incoerente, utilizam-se dos termos trinitarianos para explicarem sua heresia. Não lhes bastam as palavras do próprio Deus, creio que seria necessário que estivessem lá, in loco, para ver que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sempre são; mas isso os faria iguais a ele, então penso que essa deve ser a maior frustração deles: já que não podem ser Deus, imaginam que a saída seja se rebelarem contra ele da forma mais baixa e desprezível possível, atacando aquele que disse: quem vê a mim, vê ao Pai [Jo 14.7-9], e, “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo” [Jo 5.26]. Ah, como gostaria que eles explicassem esses versos sem os malabarismos que insistem em executar, quando estão acuados pela verdade.
Mais à frente em nosso estudo, meditaremos sobre a Pessoa de Cristo, em seus aspectos divinos e humanos, o que dará o entendimento correto sobre as afirmações bíblicas sobre ele, e que os unitaristas, como o “apóstolo” negligenciam vergonhosamente, para a sua própria desgraça.
Notas: [1] Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico
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quarta-feira, 24 de outubro de 2012
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