Página de doutrina Batista Calvinista. Cremos na inspiração divina, na inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas; e de que Deus se manifestou em plenitude no seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o qual é a Segunda Pessoa da Triunidade Santa

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 9: A ideologia e a Crítica Textual unidas contra a autoridade da Bíblia




Por Jorge Fernandes Isah

UM ESCLARECIMENTO
A partir desta postagem, sempre que possível, colocarei o áudio da aula na E.B.D., como complemento ao texto, visto que, normalmente, o teor da aula nunca é idêntico ao do texto. Talvez pela inexperiência, falta de memória ou rigor metodológico, quase sempre os esboços e resumos que faço para apresentar na sala acabam por serem negligenciados, e nem todos os pontos previamente elaborados são abordados, e outros que sequer eu havia pensado são apontados e discutidos.

Por isso, já que depois de várias tentativas não consegui mudar o rumo do processo, decidi-me pela gravação do áudio e em publicá-lo juntamente com o texto. Creio que será de proveito tanto a leitura como a audição; mas as eventuais falhas detectadas devem ser apontadas a fim de serem corrigidas. Sugestões e críticas serão bem vindas, também.
Abraços.
Cristo o [a] abençoe!
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O TEXTO CRÍTICO E A DESCRENÇA
Esta aula será híbrida, pois nos remeterá a abordar parte do que já foi apresentado anteriormente, e servirá como uma introdução à sequência do nosso estudo. Tencionava iniciar o capítulo 2 da C.F.B, mas, durante a semana, acometido de uma infecção intestinal e tendo de ficar de "molho" na cama [com febre, dores de cabeça, cólicas "monstro" e diarreia] aventurei-me à leitura de um livro que já estava há algum tempo em minha estante, e que iniciei na 4a. feira. O livro é este que está em minhas mãos, e se chama "O Fascismo Moderno", de Gene Edward Veith Jr.[1]. Lá pela página 46, deparo-me com uma análise do autor sobre os intentos fascistas de adequar a igreja ao padrão ideológico do movimento. Apenas como detalhes, pois não entrarei em questões políticas, já que o objetivo das nossas aulas é completamente diferente, o fascismo foi um movimento que tomou conta das primeiras 50 décadas do século passado, originando o Nazismo alemão, através da figura diabólica de Adolf Hitler, o regime italiano capitaneado por Mussolini, e chegou até mesmo ao Brasil, pelas mãos do presidente Getúlio Vargas. O fascismo é visto como um movimento de direita, mas na verdade é um movimento revolucionário de esquerda, marxista, um irmão univitelino do socialismo, com diferenças na proposta internacionalizando deste contra a nacionalizante do primeiro. Ou seja, o socialismo quer um mundo completamente dominado pelo marxismo, sem se preocupar com fatores históricos, culturais ou raciais, enquanto o fascismo dispõe-se em fomentar o marxismo sem abrir mão das suas raízes históricas, culturais e raciais, de forma que tudo que se oponha a esse "caráter nacional" deva ser destruído.
Mas o que me chamou a atenção no presente livro foi a afirmação do autor de que, para que o fascismo tivesse sucesso, era necessário a reformulação da igreja, de tal forma que ela se submetesse à autoridade estatal, e fosse por ela ordenada. O problema não eram as religiões politeístas [adoração a vários deuses], deístas [creem em um deus criador mas impessoal, que "abandonou" a sua criação à própria sorte, não interferindo no universo]; nem no "cristianismo liberal" que relativizava tudo e não acreditava em nada além da certeza e convicção na descrença. O problema estava no Cristianismo ortodoxo que afirmava a transcendência de Deus [de que Deus transcende o universo, a criação, de forma que Deus não se mistura com a criação, como afirmam os panteístas, mas Deus é totalmente distinto dela, sendo, portanto, completamente independente dela, ainda que ele seja o seu soberano dominador], mas também a imanência divina, não como uma mistura entre Deus e as coisas criadas, mas entendidas como sendo ele o princípio de todas as coisas [o Criador], e quem as sustenta, as mantém segundo o seu propósito e vontade, como Paulo nos diz: "Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração [At 17.28]. Em outras palavras, transcendência quer dizer que Deus não é a criação, nem faz parte dela; e imanência de que Deus não somente é o Criador de todas as coisas, mas de que ele sustenta, cuida e mantêm-nas segundo o seu poder.

Com isso, o Cristianismo Bíblico quer dizer que Deus é onipotente e onipresente; e, de uma forma maravilhosa, a Segunda Pessoa da Trindade Santa, o Verbo, se encarnou, se fez homem, habitou entre nós, pelo seu amor, graça e misericórdia. E aqui temos dois problemas para aqueles que desejam destruir a Igreja: Cristo e a sua palavra.

Em todos os tempos, vemos sempre o ataque das hostes inimigas tanto ao nosso Senhor como à sua palavra. Nada, na história, foi tão combatido no Cristianismo como eles. E, por isso, devemos sempre duvidar, ou melhor, devemos sempre rechaçar e nos afastar de toda a forma que ao menos insinue a incompleta realidade e veracidade de ambos. O Cristianismo bíblico, ortodoxo, ou histórico, terá sempre como característica crer na ação de Deus na história, e jamais duvidar da narrativa verdadeira dos seus atos descritas na Bíblia [todos, sem exceção, tantos os triviais como os sobrenaturais]. Da mesma forma, jamais duvidar de Cristo, sendo ele o perfeito Deus e o perfeito homem. Este é o ponto central da fé cristã, sem isso, não há Cristianismo, pois se resumiria a um cristianismo sem Cristo e sem a revelação. E sabemos que Deus e a revelação se interrelacionam de tal forma que um não pode ser separado do outro. Qualquer tentativa nesse sentido é trabalhar para a descrença e a ruptura da fé.

Por isso, muitos estudiosos têm ódio da Reforma Protestante, porque, no momento em que Lutero afixou as 96 teses em Witterberg, a Bíblia foi novamente introduzida na cultura ocidental. E com ela temos de volta, preservada, a doutrina monoteísta, de que há apenas um Deus, e também um único Senhor, Jesus Cristo [1Co 8.6]. Não há a possibilidade de se soerguer outras divindades, sejam deuses, santos ou mesmo heróis. Esses artifícios malévolos não resistem e persistem ao Cristianismo bíblico. Então, há uma campanha, uma luta declarada em, cada vez mais, enfraquecer a doutrina da inspiração divina, inerrância e infabilidade da Escritura, pois é ela que nos revela Deus e sua vontade. De forma que é possível perceber o ataque a  pessoa do Senhor Jesus Cristo [na verdade, a origem de todo o ataque à Bíblia] diminuir sensivelmente, e toda a artilharia inimiga concentrou-se no "front" da Bíblia. Os adversários consideraram estrategicamente mais eficiente combater e destruir o veículo pelo qual Cristo é conhecido e reconhecido como Deus e Senhor. E parece-me que os esforços desses homens repugnantes têm alcançado guarita nos corações daqueles que dizem amá-lo e servi-lo. Ainda que não assumam e reconheçam claramente essa atitude, seus corações estão impregnados de arrogância e soberba intelectual, que os impede de reconhecer esse pecado.

Veith Jr. utiliza o fascismo para fazer uma ponte ao trabalho secular de se destruir a autoridade da Bíblia. Ele diz: "O protestantismo bíblico era tão irreconciliável com o fascismo quanto o judaísmo... Se os fascistas pensavam que poderiam se apropriar do catolicismo, eles teriam de usar uma abordagem diferente com o protestantismo. Tomando a vantagem da estrutura doutrinária lassa da igreja protestante oficial, os fascistas tinham apenas de mudar sua teologia. Se eles pudessem eliminar a autoridade da Bíblia, o coração do protestantismo poderia ser suprimido. Os teólogos fascistas poderiam usar a camada institucional que restava como uma estrutura para a nova fé 'do povo'." [2].

O que temos aqui? Nada além da mais aberrante forma religiosa de se construir um cristianismo essencialmente humano, carnal, ideológico, e que atendesse aos interesses desse grupo, mas que poderia servir, e como serve, aos interesses de outros tantos grupos, bastando para isso desmistificar a Escritura, arrancar-lhe a sua sobrenaturalidade, dar-lhe traços de um livro comum, cheio de erros e equívocos, para dilapidá-la e transformá-la em um amontoado de poeira, e assim manipular as pessoas ao bel-prazer de suas mentes doentias. E esse é um cuidado que devemos ter sempre quando estivermos diante de incrédulos [digam-se crentes ou não]: manter a sanidade, a saúde mental e espiritual, ao não lhes dar ouvidos, estejam onde estiver, sejam quem for, mesmo revestidos de toda autoridade humana; se eles não se calam [o que deveriam fazer para o bem de si mesmos e dos outros], tornemo-nos surdos aos seus discursos tolos e diabólicos; mantenhamos a distância segura para não haver a chance de detectar o menor som proferido por sua bocas malditas.

Há algumas aulas, venho batendo no Texto Crítico, tão cultuado e adulado pelos cristãos de hoje, como a pérola mais reluzente da intelectualidade cristã, o método dos métodos, onde os acadêmicos podem se debruçar e descortinar todas as maravilhas do seu sistema, e aplicá-las no púlpito, com menores ou maiores doses de descrença, entranhadas no racionalismo, na ilusão da superioridade humana sobre a sobrenaturalidade escriturística, no juízo imperfeito e capenga do homem sobre a própria revelação divina. E, então, o autor descreve de onde surgiu a mais moderna e eficiente investida à revelação especial: "O ataque à Bíblia no protestantismo foi uma obra dos teólogos e acadêmicos textuais. No século 20, a 'crítica mais elevada' do Antigo Testamento, que comprometeu as ideias tradicionais sobre autoria e composição da Bíblia, já havia enfraquecido a doutrina da autoridade bíblica. Ao assumir que o texto bíblico e os eventos que ele descreve devem ser explicados em termos naturalistas e científicos, o estudo histórico-crítico destruiu o status da Bíblia como revelação sobrenatural" [3].

Ao ponto de, em muitos seminários e faculdades teológicas, rir-se de passagens veterotestamentárias como se fosse uma sessão "stand-up" ou um concurso de anedotas. Usam-se expressões chulas, figuras de linguagem imorais e impróbias, revelando o mau-caráter e a malignidade de professores e muitos alunos. Certa vez, ouvi do pr. Luiz Carlos Tibúrcio o seguinte relato: um irmão, seminarista, estava angustiado com o curso que estava fazendo, especialmente por causa da zombaria de alguns professores. Em dada aula, o professor disse que uma certa passagem do A.T., a qual estavam estudando, somente poderia ter como origem o fato da mulher do autor do texto ter dormido, na noite anterior, de "calças Jeans". Isso o incomodou muito, de tal forma que o curso estava deixando-o angustiado. O pr. Luiz Carlos disse-lhe que, se estivesse na sala de aula e ouvisse isso de um professor, ele simplesmente se levantaria, sairia da sala e nunca mais voltaria.

A Bíblia nos exorta a jamais nos associar com escarnecedores, com descrentes, com infiéis. O alerta do salmista é prático, não apenas teórico: "Bem-Aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite" [Sl 1.1-2].

Mas alguns podem argumentar que há seminários e faculdades que se utilizam do T.C. e mantém a reverência à Escritura, como a palavra de Deus. Mas o fato não é a imunidade que o Espírito Santo dá àqueles que podem ter contato com a incredulidade e perversidade do T.C., mas o mal que ele acarreta na vida daqueles que não são regenerados nem nascidos de novo pelo Espírito, e que sucumbem ainda mais na incredulidade, afastando-se mais e mais de Deus, pois não creem na sua revelação. O fato é que a esses homens está sendo negado o direito de conhecer a Deus. Não estou analisando a questão metafisicamente, mas do ponto de vista prático. A justificativa metafísica, do decreto eterno, do plano divino, em que muitos seriam cegados e mantidos cegos [Jo 12.38-40], é verdadeira e bíblica, mas não pode ser o argumento para que muitos permaneçam na impiedade e levem outros a abraçá-la e acalentá-la. Deus decretou todas as coisas, e elas acontecerão conforme seu poder e sabedoria, mas como o Senhor Jesus diz, "Aí do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas aí daquele homem por quem o escândalo vem!" [Mt 18.7]. Temos de entender o significado da palavra "mister", que quer dizer algo necessário, forçoso, urgente, uma finalidade, um objetivo, o qual Deus traçou, mas o homem que por ele vai, executando-o, esse será aquele que terá de dar contas ao Senhor, no dia do Juízo. Talvez, por isso, eles não creem no Tribunal de Cristo, nem no julgamento, nem em Juízo ou condenação. Talvez, por causa da própria impiedade e dureza dos seus corações, eles não creem em inferno e demônios. Talvez, por tudo isso, se esforçam cada vez mais em desacreditar a Bíblia como a fidedigna palavra de Deus, e transformar o Cristianismo em uma mera religião cultural, focando o mundo, vivendo para o mundo, servindo-o, centrada no hoje, no agora, no presente. Preocupados em serem relevantes para o seu tempo, ainda que esse tempo passe, e de nada resultará na salvação e santificação das almas, mas tão somente em satisfazer a agenda mundana. A igreja deve ser sal e luz em todas as áreas da vida, contudo, sempre deixando claro que ela está no mundo mas não faz parte deste mundo, e por ele não pode ser guiada, orientada, e em disposição de satisfazê-lo.

Portanto, o alerta continua acesso e deve ser mantido acesso até o glorioso Dia do Senhor, de que a crítica bíblica moderna, a despeito da admiração de homens respeitados e sinceros, não passa de lixo da pior espécie, chorume fedorento e contagioso, inofensivo se mantém-se distante, mas altamente contagioso e letal se próximo. O qual é injetado na igreja de muitas formas, de muitas maneiras, quase sempre travestido de falsa piedade e tolerância, e assim realizar o seu intento de drenar do seu meio o máximo de conteúdo bíblico, revelacional, sobrenatural, substituindo-o por aquilo que de pior existe: a criação gerada pela mente do homem natural, o ceticismo e a desobediência.

Nota: [1] "O Fascismo Moderno", Editora Cultura Cristã
[2] Idem, pag. 47
[3] Idem, pag. 47
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