Jorge F. Isah
“Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos de Israel, Visto que hoje somos interrogados acerca do benefício feito a um homem enfermo, e do modo como foi curado, Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4.8-12)
INTRODUÇÃO:
A FÉ QUE VEM DE CRISTO E RETORNA A ELE EM LOUVOR
- Pedro e João foram presos e estavam sendo julgados pelo Sinédrio, o Tribunal Eclesiástico Judeu, por pregarem sobre Jesus, curarem um paralítico e levar multidões à conversão.
- O objetivo dos judeus era calar os apóstolos, impedindo-os de proclamar o evangelho e curar em nome de Cristo (Atos 3.1-9).
- O mesmo lugar onde Jesus fora escarnecido, zombado e condenado era agora o local onde Pedro e João também seriam julgados.
- Da mesma forma que o Senhor foi perseguido, agora os seus discípulos também seriam. Confirmando o que o próprio Senhor havia falado a respeito:
“19. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. 20. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.”(João 15.19-20)
- A promessa se cumpria na vida dos apóstolos, e também há de cumprir em nossas vidas, se somos realmente servos do Senhor e proclamamos o seu santo Evangelho.
A FÉ QUE VEM DE CRISTO E RETORNA A ELE EM LOUVOR
- Aquele homem paralítico queria dinheiro ou comida ou roupas, ou algo que pudesse ser útil em sua subsistência. Se atentarmos para a tradição judaica, alguém que estivesse doente, tivesse uma deficiência ou fosse pobre assim o era por causa do seu pecado, e por não ser abençoado por Deus.
- O exemplo de Jó (Jó 1.8-11) é o mais claro. Enquanto teve riqueza, gado, casa, tesouros e servos, foi um homem respeitado, estimado. Até mesmo Satanás compreendia que ele era fiel a Deus porque Deus o cobria de mimos e cuidados. Na visão de Satanás, se Deus lhe tirasse tudo, Jó não teria motivos para permanecer fiel. Em outras palavras, a fé era consequência daquilo que ele recebia, e não de Deus que a sustentava.
- Pedro não tinha dinheiro ou bens para aquele homem, mas o que tinha, a fé em Cristo para curá-lo ele deu. Eles estavam na porta do Templo, e uma multidão, que conhecia aquele paralítico que diariamente estava ali esmolando, maravilhou-se, correndo para junto dos apóstolos.
- Pedro, notando que estavam perplexos com o milagre, e acreditando que o poder era deles, disse:
“12. Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nosso próprio poder ou santidade fizéssemos andar este homem? 13. O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto. 14. Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida. 15. E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas. 16. E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde.” (Grifo meu).
- Aqui cabe um adendo: a fé não pode ser uma fé qualquer. De se crer em qualquer coisa ou feito por meio de outra pessoa. Não. A fé verdadeira é aquela depositada exclusivamente em Cristo e em seus méritos. A fé em si mesma, em outros deuses, santos ou qualquer outra coisa ou objeto, ainda que produza resultados, não é capaz de louvar e honrar o único merecedor da nossa fé: Cristo!
- Em outras palavras, mesmo que milagres aconteçam em nome de outra pessoa ou objeto, ele não glorificará o Senhor, e, portanto, é um evento cuja origem está em Deus, mas a reputamos a outrem, tirando a glória de Deus.
- Nesse sentido, o mesmo desprezo que os israelitas tiveram ao escolher um assassino, Barrabás, e condenarem Cristo à crucificação é reprisado. Não dar glórias a Deus pelo que somente Deus faz é desmerecê-lo. Sendo Cristo o único a nos ligar ao Pai, menosprezamos e desdenhamos dele.
O CHAMADO AO ARREPENDIMENTO
- Temos esta vida para nos arrepender. Não haverá qualquer chance de arrependimento após a nossa morte. Este é o momento de colocar diante de Deus todos os nossos pecados, inclusive os cometidos diretamente contra ele. Sim, há pecados cometidos diretamente contra o Senhor, e existem pecados que, mesmo não cometidos diretamente contra o Senhor, também o atingem.
- Exemplos:
1 – Dar honra e glória a outro deus, ou anjo, ou santo, ou a si mesmo, ou à ciência, ou à natureza, ou a qualquer outra coisa que não seja o Deus Trino, é pecado.
2 - Furtar ou cobiçar o que não nos pertence mas está na posse de outra pessoa, é um pecado cometido diretamente contra essa pessoa, contudo, o Senhor como Legislador e Juiz é ofendido com o nosso ato, e pecamos também contra ele. Todo o pecado é contra Deus. Tanto que nos 10 mandamentos, os primeiros 5 pecados são cometidos diretamente contra Deus: p. ex. Êxodos 20.3-5a
2¹- Os demais 5 mandamentos se referem à relação entre os homens, mas ao infringir a lei, criada pelo próprio Deus, tem por objetivo atacar a sua santidade: p. ex. Êxodos 20.12-16
- Pedro, ao chamar o povo ao arrependimento, não o faz somente em relação aos pecados cometido uns contra os outros, mas o faz, sobretudo, pelo pecado de não honrarem a Cristo como o Filho de Deus, quebrando assim os primeiros 5 mandamentos da lei que eles diziam reverenciar e obedecer.
“19. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e para que venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (Atos 3.19)
- Portanto, arrepender-se de uma mentira ou cobiça desprezando Cristo e não lhe dando a honra devida, é o mesmo que não se arrepender. Jesus tem de ser a razão do nosso arrependimento, pois foi ele, e mais ninguém, que morreu na cruz, carregando sobre si as nossas iniquidades, os nossos pecados, todos eles, para nos levar ao Pai e fazer-nos seus filhos adotivos.
CRISTO A PEDRA DE ESQUINA
“Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina” (v.11)
- Pedra angular, como o próprio nome define, é a primeira pedra a ser assentada em uma construção. Ela é colocada exatamente na esquina (ou quina) entre duas paredes, formando um ângulo de 90 graus. É a partir dela que se constrói o restante do edifício.
- Pedro está citando o Salmos 118.22. Ele afirma que os judeus, os construtores, rejeitaram a pedra de esquina, Jesus Cristo, e por isso todo o “edifício” espiritual e da fé construido não se sustentaria. Em outras palavras, ao rejeitarem Jesus como o Messias, o Filho de Deus, toda a fé judaica estava firmada em nada, ou seja, estava prestes a ruir.
- De nada serviriam os seus sacrifícios (encerrados em 70 d.c., na destruição do Templo); o apego à lei, à salvação por obras; a tradição; seus códigos e doutrina, porque tudo se desmoronaria e viria abaixo, porque estavam fundados em mentiras e na negação de Cristo, como Senhor e Salvador.
- Da mesma forma, muitos de nós acabam por desprezar o fundamento da fé e do relacionamento com Deus, o Pai, entregando a todo o tipo de sincretismo, sacrifícios, esforços próprios que invalidam exatamente o encontro com Deus.
- Sem Jesus, não existe qualquer possibilidade de redenção, de aproximação de Deus; e ninguém, seja uma pessoa, uma instituição, uma religião, um amuleto, ou qualquer outra coisa, pode ligar o homem a Deus. Somente Cristo, e por meio do seu sacrifício vicário na cruz, podemos nos achegar a Deus, e sermos chamados verdadeiramente de filhos.
CRISTO O ÚNICO NOME A SALVAR
“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”(v.12)
- Pedro reafirma os méritos de Jesus, ao novamente afirmar que em nenhum outro há salvação. A salvação é algo que não pode ser conquistada pelo homem. Ninguém pode se salvar a si mesmo por meio de boas obras, de sacrifícios, cumprindo rituais, pagando promessas, ou participando desta ou daquela igreja, desta ou daquela religião.
- O batismo não salva. Unção com óleo não salva. Orar no alto do monte não salva. Ir à igreja não salva. Participar da ceia ou comunhão não salva. O sinal da cruz não salva. Carregar uma cruz não salva. Nem um culto ou missa fúnebre salva. Nem as bênçãos do pastor ou padre salvam.
- Em um sentido primário, nem mesmo ler a Bíblia salva. Ela é instrumento divino para a instrução, revelando-nos a nossa condição de inimizade com Deus, os nossos pecados, e necessidade urgente de reconciliarmos com Ele. Mas ela, por si só, não salva. Se fosse assim, muitos leitores da Bíblia não estariam no inferno.
- Apenas Jesus Cristo salva. Ele sim é o Redentor, Senhor e Justificador do homem. E é isto o que Pedro diz:
“debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.
- É urgente que você, caso creia em alguma outra maneira de salvação, reveja os seus conceitos e, à luz da Palavra de Deus, arrependa-se dos seus pecados e se coloque inteiramente nas mãos daquele que tudo fez, inclusive pagar sofrer na cruz a pena que nos era devida, quitando-a, e tornando-nos santos como Ele é santo.
- Cristo foi quem saldou a nossa dívida; e ela não existe mais, extinguiu-se e fomos libertos da condenação e separação eterna de Deus. Não porque fiz isso ou aquilo, acreditei nisso ou naquilo, mas porque Cristo o fez em meu lugar, e agora me chamou para estar eternamente com Ele, e pregar o seu Evangelho de vida, a outros que, como eu, e você, estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Mortos para Deus.
- Ele é o único capaz de nos levar à vida, à vida com Deus.
CONCLUSÃO
- Portanto, neste momento, oro para que cada um de nós faça uma reflexão, busque em seu interior as razões pelas quais ainda não entregamos a nossa vida em suas mãos santas, puras, eternas e perfeitas. Por que resistimos, crendo que o “poder” de salvar está em nós. Por que nos iludimos com a tradição, práticas pagãs, com a ideia de sermos salvos por uma igreja ou religião, ou mesmo por outrem, seja deus, anjo ou santo, e rejeitamos a Cristo.
Sim, quando não reconhecemos a suficiente da sua obra, depositando-a em qualquer outra coisa ou pessoa, rejeitamos o único que pode salvar, e efetivamente salva.
Como está escrito:
“23. Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. 24. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia. 25. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; 26. E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca irá morrer. Crês tu isto? 27. Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.” (João 11.23-27)
O Senhor nos capacite a crer somente nEle; e nos livre das tentações e distrações que nos afastam de uma vida plena em salvação e graça. Plena a seu serviço. Plena dEle. E plena de louvor, honra e glória somente a Ele.
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