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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 58 - "Dons apostólicos: Palavra de Sabedoria e Palavra de Ciência"
Jorge Fernandes Isah
1) Palavra de Sabedoria:
O que vem a ser a palavra de sabedoria? Os irmãos sabem?
O que vem a ser a palavra de sabedoria? Os irmãos sabem?
Bem,
entendemos que, naquele tempo, a Bíblia ainda não estava completa,
concluída. Hoje é fácil para nós termos uma palavra sábia, bastando para
isso conhecer, meditar, entender e aplicar a revelação divina, a qual,
em princípio, está a disposição de todos os homens. Mas, e como
acontecia, nos tempos de Paulo? Como a igreja era orientada e guiada no
Evangelho, na vida cristã, se o cânon ainda estava em formação? Do ponto de vista formal e final?
Deus
designou a alguns esse dom, que está diretamente ligado e incluído no
caráter revelacional divino. Havia questões que surgiam e eram novidades
no seio da igreja, e que requeriam o norteamento, uma direção na qual
os irmãos deveriam guiar-se e serem conduzidos. Muitas dessas situações
foram apresentadas nas epístolas, como, por exemplo, o comer ou não a
carne oferecida aos ídolos, ou a circuncisão, se era um fundamento para a nova aliança.
Não podemos esquecer jamais que o manual de fé e vida do crente
encontrava-se incompleto, em formação, e, por isso, era necessário Deus
designar irmãos, no corpo local, que viessem com uma palavra sábia sobre
uma questão confusa ou que suscitasse discussões e dúvidas na igreja;
os princípios pelos quais ela deveria ser guiada ainda não formatados,
por isso a urgência desse dom, a fim de que os problemas fossem
resolvidos e tivessem uma direção que a conduzisse na paz, crescimento e
aperfeiçoamento como o Corpo de Cristo.
Algo
que não se deve negligenciar é o fato de que um dom espiritual tem de
trazer, necessariamente, proveito à igreja, como Paulo afirma no verso
7. Nenhum dom pode ser dado sem que haja um fim proveitoso. Muitos dizem
ter vários dons em nossos dias mas, mesmo assim, não há proveito algum
para a igreja. E, por proveito, entenda-se o aperfeiçoamento, o
crescimento, o amadurecimento, da igreja no conhecimento de Deus e sua
vontade. Não é algo a se exibir e a trazer benefícios para alguns ou,
mesmo que sejam muitos, do ponto de vista econômico ou social. Ainda que
estes campos possam ser atingidos pela Palavra, a meta principal é o
conhecimento de Deus, por meio daquilo que ele nos deu e revelou, e
assim, tornarmo-nos cada dia mais semelhantes a Cristo, e que ele seja
cada vez mais visível através de nós, e não o contrário, que sejamos
mais nós mesmos a exalar um suposto mérito que em nada tem a ver com o
Evangelho. Como João o Batista disse: É preciso que ele cresça [Cristo],
e eu diminua!
Este
é portanto um dom ainda atual, que pode ser ministrado por qualquer
crente, em princípio, pois temos a palavra de Deus completa, terminada,
acabada, não havendo nada a se acrescentar ou tirar, e que é a nossa
fonte de conhecimento, amadurecimento, na qual o Espírito laborará para
que Cristo seja formado dia-a-dia e, ao fim, sejamos semelhantes a ele e
como ele.
2- Palavra de Ciência:
Portanto, como vimos no tópico anterior, os irmãos, daquele período específico, não tinham a Bíblia completa como nós a temos atualmente, de forma que haviam muitas questões na igreja a serem entendidas e compreendidas, mas sem que houve um manual divino para orientá-los na solução dos problemas que surgiam. Certamente, todas as soluções já estavam apontadas no AT, como sombras, mas era necessário clarificá-las, confirmá-las e trazê-las à luz de Cristo, o qual, juntamente com os apóstolos, era o fundamento da fé e, sem o qual, nada poderia ser verdadeiro e divino.
2- Palavra de Ciência:
Primeiramente,
muitos confundem o termo "ciência" com tecnologia ou desenvolvimento
científico ou acadêmico, no caso das ciências políticas, biológicas,
físicas, etc. É importante notar que Paulo não está a falar desses tipos
de ciências, mas de uma ciência que seja o conjunto de conhecimentos
fundados e fundadores da fé cristã. Ele está falando de doutrina, e o
termo ciência, derivado do latim scientia, quer dizer exatamente
conhecimento, saber, instrução ou noção de um determinado assunto. E de
qual assunto Paulo está a tratar? Da alma, pois não está a falar de
matemática, astrofísica ou sistemas políticos.
Portanto, como vimos no tópico anterior, os irmãos, daquele período específico, não tinham a Bíblia completa como nós a temos atualmente, de forma que haviam muitas questões na igreja a serem entendidas e compreendidas, mas sem que houve um manual divino para orientá-los na solução dos problemas que surgiam. Certamente, todas as soluções já estavam apontadas no AT, como sombras, mas era necessário clarificá-las, confirmá-las e trazê-las à luz de Cristo, o qual, juntamente com os apóstolos, era o fundamento da fé e, sem o qual, nada poderia ser verdadeiro e divino.
Por
isso, Deus deu dons a alguns irmãos para que o corpo doutrinário se
concluísse e toda a igreja fosse ensinada, instruída e firmada na
revelação, não parcial mas completa, que agora a igreja dispunha e que
se fazia necessária diante das ameaças e investidas de satanás e seus
súditos, sem a qual a igreja não poderia crescer e ser edificada.
Como
o dom de sabedoria, este dom também está presente nos dias atuais,
bastando para isso que o cristão leia, medite, conheça e aperfeiçoe-se
no conhecimento da doutrina que nos é revelada pelas Sagradas
Escrituras.
2 -Muitos outros pontos e exemplos são abordados no áudio da aula passada e no da próxima aula, os quais se apresentam resumidamente nesta postagem
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 57 - Dons apostólicos: arrogância e soberba espiritual denunciadas por Paulo
Analisamos
que a ideia de um "segundo batismo" do Espírito Santo se baseia em um
texto que nada tem a ver com isso, o qual é Mateus 3:11, e que para se
crer em um "batismo de fogo" como os pentecostais e carismáticos estão
convencidos, é preciso fazer-se uma ginástica e tanto, um malabarismo,
forçando e excluindo o contexto dos 10 versos anteriores para se
concluir que João, o Batista, está a falar de outro batismo no Espírito
Santo.
Estudamos
também que eles eram sinais, e os sinais não têm função quando a
realidade se apresenta completamente. Eles são indicativos, que apontam
para uma realidade, mas quando esta se apresenta acabada, plena, não
há necessidade deles. Como disse, na aula passada, fazendo uma
analogia, se vou a primeira vez a um consultório médico me guiarei
pelas placas das ruas e a numeração dos edifícios. Ainda, no prédio, me
guiarei pela sinalização dos andares e salas. Encontrado o
consultório, eles não mais são necessários. Assim são os sinais
espetaculares, eles apontam para Cristo, obra, mensagem e mistério, e,
por fim, para a Bíblia, como palavra infalível, inerrante e divinamente
inspirada de Deus. Eles foram também usados para revelar o novo Pacto,
ou Aliança de Deus, não somente aos judeus, mas aos samaritanos e
gentios, de forma que a mensagem do Evangelho estava, naquele momento,
disponível a todos os homens de todas as nações e não era mais algo
exclusivo do povo de Israel. Logo, esses sinais não são mais
necessários, pois toda a revelação está pronta e acabada e, como
advertência da própria Escritura, aí de quem tirar ou incluir uma
palavra que seja [Ap 22.18-19].
Na
pregação do último domingo, o Pr. Luiz Carlos, dando continuidade ao
estudo do livro de Atos 19:2-7, abordou também a questão dos dons
sobrenaturais, clarificando e trazendo novos elementos para o
entendimento de que esses dons foram restritos àquele período e não
mais são necessários atualmente.
Por
isso, vamos proceder a um estudo dos capítulos 12, 13 e 14 de 1
Coríntios, onde Paulo fala acerca dos dons espirituais. E entenderemos a
motivação que levou o apóstolo a escrever aos Coríntios sobre a
necessidade que eles tinham de compreender, e não manterem-se
ignorantes, quanto à função e ação dos dons na igreja.
Primeiramente,
ele alerta para o desconhecimento, da igreja de Corinto, quanto ao uso
dos dons espirituais. Ao dizer não querer que os irmãos sejam
ignorantes, ele acusou-os de não terem o conhecimento adequado no uso
dos dons, e de que a forma como o faziam não era correta. Já, no início,
Paulo os chama a humildade, revelando que eram gentios, não incluídos
inicialmente no Pacto, e guiados aos ídolos mudos [v.2]. Provavelmente,
eles se sentiam, de alguma maneira, superiores e, talvez, até mesmo
sobre os judeus, por causa dos dons, ou sobre aqueles que não tinham
esses dons, e o apóstolo trata de mostrar-lhes o que eram, como viviam,
e de que agora suas vidas eram outras, transformadas pelo poder de
Cristo e pela mensagem do Evangelho, não podendo então se entregarem ao
pecado da arrogância e superioridade espiritual. Não vejo outro motivo
para Paulo deixar tão clara a condição na qual os coríntios haviam
vivido a maior parte de suas vidas, e de que, agora, chamados ao
Cristianismo, se exaltariam, fazendo-se superiores, por causa dos dons
que Deus lhes entregara e que era para benefício de toda a igreja, e
não para a vaidade e glória pessoais.
Por
isso, ele alerta sobre a necessidade deles compreenderem e entenderem
que "ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e
ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo"
[v.3]. É possível que eles desprezassem irmãos que reconheciam Cristo
como Senhor, mas não exerciam nenhum dom sobrenatural.
Então,
ele fala da diversidade de dons, em que Deus os distribuiu
generosamente à igreja, contudo, um só era o o Espírito que os
distribuía [v.4]. Paulo está a dizer que nenhum dom é superior ao
outro, no sentido de que um deles é "menos" de Deus que o outro, ou o
outro é "mais" de Deus do que o primeiro. Paulo percebeu uma certa
vaidade nos irmãos que, tal qual acontecera com eles em relação ao
apóstolo, Apolo, Pedro e Jesus, provavelmente se vangloriavam do dom que
tinham, desprezando o dom alheio. Assim, aquele que falava em línguas
se considerava maior, mais espiritual, e o que falava duas ou três
línguas se considerava ainda maior e mais espiritual. O que Paulo está
dizendo à igreja é que todos os dons são iguais, desde que para a
edificação da igreja, e todos procedem do mesmo Deus; de forma que
aquele que não tem um dom espetacular, por exemplo, falar em línguas ou
profetizar, é também movido pelo Espírito, o qual o usa como e quando
quer, operando tudo em todos, de forma que a manifestação é dada a cada
um, para o que for útil [v.4-7].
Um
parênteses: a forma de que Paulo se utiliza nos versos 4-6, falando
que o Espírito é o mesmo, O Senhor é o mesmo, e Deus opera tudo em
todos, dá a medida de unidade e diversidade, tanto na Trindade, como no
Corpo de Cristo. De forma que temos personalidades distintas, o
Espírito Santo, Cristo e o Pai mas que são um. Assim também é a igreja,
onde há muitos membros, e muitos dons distribuídos a esses membros, mas
um só corpo. E a esta unidade diversa, ou diversidade unitária, que
muitas vezes é tão enigmática, de difícil compreensão, que não devemos
esquecer, e lembrarmo-nos de que sem a cabeça, Cristo, o corpo não
sobreviveria; estamos unidos a ele, e é por ele que se manifesta cada um
dos membros, segundo o poder divino de operar.
Muitos
contemporâneos alegam que não crer nos dons sobrenaturais é o mesmo
que limitar a Deus, e Deus não pode ser aprisionado. É verdade, mas
lembremos que Deus é imutável, mas a imutabilidade divina não quer
dizer que ele está estático, imóvel; pelo contrário, Deus está agindo
neste momento em cada uma das menores partículas existentes no Cosmos,
pois sem a sua ação, nem mesmo essas partículas, muitas invisíveis e
desconhecidas ao homem, sobreviveria. Portanto, Deus é um agente ativo
em toda a sua obra, contudo, penso que devolver a pergunta ao
inquiridor o deixaria também em situação desconfortável, pois, o fato
de confundir imutabilidade com inoperância, não pode significar que ao
não "remover" certos fatos e acontecimentos como as pragas do Egito
operadas através de Moisés, o milagre de multiplicar azeite e pão
através de Elias, o Sol parar e o abrir do Jordão através de Eliseu,
fatos que não mais aconteceram e que não se mantiveram nos dias
atuais, não seria o mesmo que engessá-lo? Ou seja, por que Deus não
opera mais milagres e feitos como esses? Estaríamos acusando-o de
estaticidade? E, se esses milagres não persistiram, no decorrer da
história, por que os feitos dos apóstolos persistiriam? A resposta é
simples, Deus tem um propósito para todas as coisas, e cada uma delas
acontecerá dentro do propósito divino. A continuidade dos dons
sobrenaturais após o séc. I é algo que não tem propósito, pois o poder
de Deus se manifesta de maneira diferente, através da proclamação do
Evangelho de Cristo pela igreja, pela reverência e obediência à sua
santa palavra. Os mesmos motivos que justificariam, ao ver dos
pentecostais e carismáticos, a atualidade dos dons apostólicos, têm de
ser também para corroborar que o Sol pare, o Mar Vermelho se abra, e a
água seja transformada em vinho. Do contrário, ambos não concorrem para o
fim desejado, e são improcedentes.
Continuando, Paulo descreve os dons dados à igreja pelo Espírito Santo:
1) Palavra de Sabedoria;
2) Palavra de Ciência;
3) Fé;
4) Dons de cura;
5) Operação de maravilhas;
6) Profecia;
7) Discernir espíritos;
8) Variedade de línguas;
9) Interpretação de línguas.
Há ainda outras duas listas formuladas pelo apóstolo que são:
- Em Romanos 12:6-8:
- Em Romanos 12:6-8:
1) Profecia;
2) Ministério;
3) Ensino;
4) Exortação;
5) Repartir;
6) Presidir;
7) Misericórdia.
- Em Efésios 4:11:
1) Apóstolos;
2) Profetas;
3) Evangelistas;
4) Pastores
5) Doutores
Nestas
listas, temos dons miraculosos ou extraordinários e dons que não são
miraculosos ou ordinários. Elas têm o objetivo de mostrar que a lista de
1Coríntios não é a definitiva mas ilustrativa, sendo, ao meu ver, uma
relação necessária e especifica para que os coríntios compreendessem
que Deus age de muitas formas, e de que apenas uma forma, como eles
supunham, não trazia a compreensão necessária acerca de como Deus se
manifestava.
Portanto, entendamos o que sejam esses dons, mais detidamente, a partir da próxima aula.
Notas: 1- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2 - Para entender mais sobre o assunto, ouça e baixe o áudio em Aula 74 - Dons III.MP3
sábado, 21 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Estudo da C.F.B. 1689 - Aula 55 - Dons apostólicos: Há apóstolos, hoje?
Por Jorge Fernandes Isah
Desde o início do século passado, com as manifestações carismáticas surgidas na Rua Azuza, em Los Angeles, em 1906, pelas mãos do ministro negro, William Joseph Seymour, que o Cristianismo, em nome de um "reavivamento", tem ensaiado uma série de experiências que remontam aos primórdios da Igreja Primitiva, mais especificamente o período apostólico, no séc. I. Mas, esses dons teriam realmente voltado? Ou eles estariam circunscritos a um momento histórico específico, e o que temos, hoje em dia, nada tem a ver com o Espírito Santo, pois houve um hiato de quase dois mil anos entre aquele e este período? Seriam as formas atuais as mesmas das realizadas antigamente? E estariam em conformidade com os relatos bíblicos e aplicados convenientemente como relatam os registros sagrados?
Desde o início do século passado, com as manifestações carismáticas surgidas na Rua Azuza, em Los Angeles, em 1906, pelas mãos do ministro negro, William Joseph Seymour, que o Cristianismo, em nome de um "reavivamento", tem ensaiado uma série de experiências que remontam aos primórdios da Igreja Primitiva, mais especificamente o período apostólico, no séc. I. Mas, esses dons teriam realmente voltado? Ou eles estariam circunscritos a um momento histórico específico, e o que temos, hoje em dia, nada tem a ver com o Espírito Santo, pois houve um hiato de quase dois mil anos entre aquele e este período? Seriam as formas atuais as mesmas das realizadas antigamente? E estariam em conformidade com os relatos bíblicos e aplicados convenientemente como relatam os registros sagrados?
Primeiramente,
devemos definir o que vem a ser dons apostólicos, mas antes disso, quem
são os apóstolos e qual era a sua missão. A palavra apóstolo significa
enviado ou mensageiro, aquele que anuncia algo ou alguém, e, no Novo
Testamento, a missão deles era a de anunciar Cristo e o seu Evangelho;
e, para isso, teriam de ser comissionados pelo próprio Senhor, chamados
por ele para exercerem essa missão, não sendo possível que alguém se
autointitule ou denomine-se a si mesmo com tal, sem sê-lo. Não há, na
Escritura, um só apóstolo que não tenha recebido o seu mandato
diretamente do Senhor, como nos revela o evangelista: "E, quando já era
dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem
também deu o nome de apóstolos" [Lc 6.13], e que não tenha convivido com
ele e testemunhado a sua ressurreição ]At 1.21-22].
Alguém
pode dizer que os apóstolos tinham o poder de nomear outros apóstolos e
que esses poderiam nomear outros e mais outros, continuamente, numa
espécie de apostolado sucessório, aos moldes do que a Igreja Católica
reivindica para o papado. Contudo, não se tem, na Bíblia, qualquer
referência a essa ordem sucessória, e os que hoje tentam reclamar para
si mesmos algum apostolado nada mais fazem do que repetir o erro
romanista, ao qual dizem oporem-se mas acabam por defendê-lo e inseri-lo
em suas práticas não-bíblicas.
Alguém
ainda pode insistir que Matias, o apóstolo nomeado a substituir Judas
Iscariotes, não foi diretamente nomeado por Cristo. Mas, espere um
momento, para quem propõe a ação do Espírito Santo em eventos no mínimo
discutíveis como os levantados pelo movimento carismático atual, pois
estão muito aquém ou além do texto bíblico, por que não reconhecer a
ação do Espírito de Deus na escolha do novo apóstolo? Houve oração e
clamor para que ele, que conhece todos os corações, mostrasse qual,
dentre José e Matias, seria o escolhido, "para que tome parte neste
ministério e apostolado... E, lançando-lhes sorte, caiu a sorte sobre
Matias" [At 1.23-26]. Alegar que coisas estranhas à Palavra são
supostamente manifestações do Consolador [o qual é o Espírito de Cristo]
e de que ele não interviria em algo tão vital para a expansão do
Evangelho, parece-me um contra-senso.
Ainda
alguém pode alertar para o fato de Paulo não ter convivido com Jesus, e
ainda assim, foi feito apóstolo. Realmente, ele não foi testemunha
direta do ministério terreno do Senhor [ainda que tenha sido
indiretamente], mas, de uma forma especial e exclusiva, foi chamado pelo
próprio Cristo, sendo testemunha ocular da sua ressurreição. É o que
ele nos diz: "Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem
algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os
mortos)" [Gl 1.1], e, ainda, ao falar das aparições de Cristo: "E por
derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. Porque
eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado
apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus" [1Co 15.8-9], e, mais uma
vez: " Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado
da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os
gentios" [Gl 2.8]. Ora, temos que Paulo se colocou em posição de
igualdade no ministério apostólico de Pedro, apenas com a distinção
quanto aos seus ouvintes, o alvo da sua pregação.
Logo,
não se pode falar em apóstolos modernos, pois nenhum dos que assim se
intitulam preenchem as características necessárias: o chamado direto de
Jesus, sobretudo, como testemunhas irrefutáveis da sua ressurreição.
O
Segundo ponto a ser analisado é sobre a sua missão. Lembre-se de que à
época, os apóstolos estavam num período de transição entre a antiga e a
nova aliança, e de que a igreja estava sendo formada. Eles, como
emissários de Cristo, confirmariam indubitavelmente a verdade de que
muitos sabiam, ainda que vagamente, acerca de Jesus, sua missão, morte e
ressurreição, como um fato indiscutível e impreterível, levando-a tanto
a judeus como a gentios. Toda a obra apostólica se baseava nesse
fundamento, de que Cristo não somente era o Messias mas o Filho de Deus.
O aspecto final dessa missão foi que os apóstolos, inspirados pelo
Espírito Santo, escreveram e legaram à igreja, em todos os tempos, a
santa e bendita palavra de Deus. Nem uma só linha do Novo Testamento foi
redigida por alguém que não fosse apóstolo ou estivesse diretamente
ligado a um deles, no caso, eram seus discípulos que, orientados pelas
fontes primárias e sob a supervisão do Espírito, relataram os fatos
relacionados à pessoa de Jesus e seu ministério.
Com
isso, chega-se facilmente à conclusão de que não há mais revelações
divinamente inspiradas a serem transmitidas à Igreja, visto que o Cânon
encontra-se concluído, não necessitando a nenhum crente nenhuma outra
orientação que não esteja contida na Escritura Sagrada; o que nos leva a
reconhecer que o ministério apostólico transcorreu em um determinado
momento da história, e de que a missão daqueles homens chegou
definitivamente ao fim, sem que houvesse sucessores ou novos
mensageiros. Até, porque, a Igreja está edificada "sobre o fundamento
dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de
esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo
santo no Senhor; no qual também vós juntamente sois edificados para
morada de Deus no Espírito" [Ef 2.20-22], e, se uma casa não pode ter
mais do que uma fundação, onde nelas são construídas paredes, colunas,
vigas, telhado, piso, etc, como seria possível outro fundamento além
daquele onde são dispostos o princípio da fé, de que Cristo é a pedra de
esquina? Além de desnecessário é absurdo, e representaria a "invenção"
de outra fé, de um outro "cristianismo", o que muitos têm se
especializado e empenhado em produzir.
Outra
conclusão facilmente alcançável é: a igreja, quando se afasta desse
entendimento, ainda que seja minimamente, se torna alvo acessível para a
investida dos falsos-mestres e profetas e seus absurdos doutrinários.
Invariavelmente acabam por apostatar a fé, negando a verdade e
penetrando a mentira, instalando-se nela como uma genuína aberração
religiosa, agindo ímpia, incrédula e dolosamente na admissão e difusão
de ideias contrárias e excludentes à fé uma vez dada aos santos. Se no
AT havia o ministério em que os profetas de Deus expunham publicamente a
falácia e malignidade dos falsos-profetas, hoje, cabe-nos, como Igreja,
denunciá-los e expô-los como charlatões e falseadores da verdade. O
princípio para isso é um só, orientarmo-nos e deixar-nos guiar pela
Escritura, através da qual o Espírito Santo nos falará e conduzirá em
toda a verdade.
[Continua na próxima aula]
Nota: 1- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2 - A foto desta postagem é um "Autorretrato como o apóstolo Paulo" [Rembrandt, 1661].
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 53: Dízimo e ofertas - parte 2
Por Jorge Fernandes Isah
Outro ponto escuso, e que deve ser repreendido, é o de muitos ter o
dízimo como uma espécie de barganha com Deus, no sentido de que se faz um “negócio”
com o Senhor; ao dar-se, espera-se receber, o que fere vergonhosamente o
princípio de que damos o dízimo porque Deus nos deu primeiro, e não porque nos
retribuirá por darmos. A fé bíblica, e não a fé casuística, é o motivo
pelo qual devotamos o dízimo, como uma oferta de agradecimento ao Senhor por
tudo quanto nos deu, tem dado e dará. Qualquer conceito que se apresente fora
disso não passará de heresia e blasfêmia e apostasia.
Alguns textos para meditar
- II Co 9.1-13: "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também
ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua
segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque
Deus ama ao que dá com alegria".
- I Coríntios 16.1-2: "Ora, quanto à coleta que se faz para os
santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às Igrejas da Galácia. No primeiro
dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua
prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar".
- Mt 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que
dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei,
o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir
aquelas".
Algumas Perguntas
- Podemos dizer que aquele que não dizima e oferta está em rebeldia
contra Deus?
- Por que não devo dizimar?
- A minha preferência pelas ofertas, antes de obediência aos princípios
bíblicos, não seria uma forma de “despistar” e contribuir com menos do que
deveria dar?
- O dízimo não é um sinal de fé? Pois a Bíblia diz que sem fé é
impossível agradar a Deus?
- Por que penso que a minha oferta, sem fé, agradaria ao Senhor?
- E como aplicar o princípio de que a oferta deve ser segundo a
prosperidade de cada um?
- Ou seja, no dízimo temos um percentual fixo, 10%, e no caso das
ofertas, se tenho sido abençoado com muito, não devo dar proporcionalmente?
Muito além dos 10%?
- Não estaria aí a distinção e os motivos pelos quais o NT refere-se às
ofertas e não aos dízimos, já que este era claramente definido e não precisaria
de novas definições?
Notas: 1- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2- Para mais explicações, ouça o áudio da aula em Aula 64. Dizimo II.MP3
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