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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Sermão em 2Coríntios 1.3-10: O Deus que consola!

 


Jorge F. Isah





 

INTRODUÇÃO

“1. PAULO, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus, que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia.”

Paulo afirma três coisas:

- Ele é apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus; ou seja, foi chamado por Cristo especificamente para o apostolado. A palavra apóstolo, do grego απόστολος (apóstolos), significa enviado, aquele escolhido diretamente por Jesus e encarregado de levar as “boas novas” aos perdidos. Portanto, não é possível haver apóstolos nominados como tais em nossos dias, já que nenhum deles foi “diretamente” chamado a esse ministério pelo Filho. Qualquer um que se autodenomine “apóstolo” está usurpando o direito exclusivo do nosso Senhor, ferindo a sua autoridade.

- Ele nomeia como testemunha de tudo o que relatará na carga a Timóteo, a quem se refere como irmão;

- E a carta se destina à Igreja de Deus que está em Corinto, mas não somente lá, na cidade, mas em toda a região da Acaia. Para situar os irmãos, Acaia era uma província romana onde hoje é a Grécia Central, e Corinto era a segunda cidade em importância da região, perdendo apenas para Atenas. Havia em Corinto dois portos movimentadíssimos, fazendo dela uma cidade rica, próspera e de intenso comércio.

- Paulo escreveu esta carta por volta do ano 55 ou 56 D.C.


*****

“2. Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.”

- Paulo saúda os irmãos a expressão equivalente a do A.T., quando os autores se referiam ao Senhor como o “Deus de Abraão, Isaque e Jacó”. Assim, no N.T. temos os autores felicitando os irmãos com a expressão “Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”, ressaltando a divindade de Cristo e a sua geração eterna pelo Pai.


*****

“3. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação;”

- Paulo louva, glorifica a Deus, utilizando-se da expressão “bendito” que significa “aquele que só faz o bem; aquele que é todo o bem”.

- Antes de relatar as tribulações e lutas, ele exalta a Deus, ao nomeá-lo o Pai das misericórdias ou misericordioso, indicando que Deus não é somente cheio de misericórdia, mas ele é a fonte, a origem de toda a misericórdia.

- Igualmente ele é o Deus de toda a consolação; não há nada nem alguém a suplantá-lo no conforto, na paz e alegria concedidas.



DESENVOLVIMENTO

“4. Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.”

- Entramos agora no cerne da nossa meditação: o Deus que consola.

- Primeiro, somos consolado porque somos afligidos, atribulados, entristecidos, perseguidos, torturados. Só haverá consolo se houver tristeza e dor; do contrário, qual o motivo da conforto?

- Segundo, a relação é sempre de Deus para os seus filhos. Assim como amamos porque Deus nos amou primeiro, somos capazes de consolar porque ele nos consola. E neste sentido, sendo o Senhor governante de toda a Criação, podemos compreender que o sofrimento faz parte do plano divino, sendo nós quem infligimos a dor ao nosso próximo.

- Com isso, não estou a dizer que cada um de nós, em sã consciência, batalhamos para fazer os outros sofrerem, não é isso.

- Entretanto, não podemos descartar as consequências da Queda, da desobediência a Deus, e da qual participamos juntamente com Adão, sendo prometido a ele e a nós os efeitos e resultados das nossas transgressões.

(Ler Gênesis 3:11-19 – Discorrer rapidamente sobre o resultado do pecado)

- Ou seja, o mal e todas as suas sequelas são oriundas do pecado, e somente podem ser produzidos pela criaturas caídas, homens e demônios. E essa é a única e verdadeira explicação para o mal, as tristezas, as tribulações neste mundo. E não devemos esquecê-las, no sentido de não florear ou escorregar para desculpas e falsas definições: o mal e a dor são responsabilidade nossa, e imputá-las a Deus é elevar-nos a nossa injustiça ao mais alto nível de pecado e iniquidade.

- Por isso Paulo, em momento algum, reputa a Deus a origem dos males que o assolaram, o sofrimento ao qual foi exposto como mensageiro das boas novas do evangelho de Cristo.

- Podíamos vê-lo se rebelar, lamuriar, maldizer aos céus contra as adversidades e reveses da vida, mas não. Ele não somente glorifica a Deus, mas reputa a ele toda a bondade e misericórdia e consolo com que foi agraciado, fortalecido, e sustentado.

- Veja bem, o apóstolo nos fala de graça sobre graça, algo não merecido e recebido apenas como favor e bondade divinas. Nada mais. Nenhum mérito de Paulo. Nenhum arranjo de Paulo. Nenhum sacrifício de Paulo. Apenas o amor infinito com Deus o amou desde antes da fundação do mundo. Graça imerecida, e por isso, graça apenas, mas também graça completa e plena emanada do bom Deus.

- Nos fala ainda de sermos consolados somos capazes de consolar. Aqui existe claramente a lição de ser o consolo aprendido, algo experimentado e então possível de ser distribuído. Entretanto, não é um consolo fracionado, imperfeito, mas um dom concedido a Deus para cada um disposto a aprender e se submeter ao ensino divino, e, então, levar exatamente o que recebeu; entregar ao próximo aquilo com que foi presenteado, gratuita e amigavelmente, como nos foi dado.


*****

“5.Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo. 6. Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação e salvação é, a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos; ”

- Vivemos um mundo hedonista, em que se busca o máximo de prazer em coisas fugazes, seja o sexo, os vícios, o dinheiro, aventuras, ou qualquer outra coisa. O homem moderno busca incessantemente o prazer a qualquer preço, e por isso, por não conseguir se satisfazer plenamente apesar de buscar de todas as formas o gozo, temos milhares, senão milhões de pessoas afogadas nos vícios, em salas de terapeutas que pouco ou nada podem fazer para ajudá-los, entupindo-se com antidepressivos, ansiolíticos, e tantas outras coisas para aplacar, de alguma forma, as frustrações da vida.

- Outra prova de aceitação do conceito hedonista é a Teologia da Prosperidade, a defender propagar o equívoco de que o cristão não sofre, e se sofre é porque não tem fé, pois a tendo, ele viverá neste mundo quase como um Midas, a tornar ouro tudo o que toca. Esse é um grande erro, pois distorce e nega os princípios entregues por Cristo e os apóstolos, ao afirmarem exatamente o contrário:

- Aos cristãos, o Senhor disse que seríamos afligidos, mas jamais derrotados, porque ele venceu o mundo: “Mas não estou só, porque o Pai está comigo. Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” — João 16.32-33

- O que o Senhor está a dizer? Que ele e o Pai são um, e de que o Pai está sempre com ele, consolando-o e confortando-o, mesmo quando todos fugiram e o abandonaram, ele jamais esteve só. Da mesma forma, Cristo estará sempre conosco, independente de sermos abandonados ou estarmos solitários; porque, se estamos nele jamais nos faltará paz, mesmo nas piores batalhas, nas lutas mais cruéis.

- E isto não pode ser apenas um conceito ou dogma, algo apenas intelectual pois, desta maneira, não seríamos capazes de auxiliar e confortar os aflitos. É algo real, a mover a nossa alma na direção de Deus e por ele ser amparado, protegido.

- Claro que, nenhum de nós quer sofrer, sentir dores ou ser afligido por castigos e perseguições. É óbvio que em nossa humanidade a angustia e lágrimas não deveriam fazer parte da vida. O Cristianismo não defende o masoquismo ou o sadismo, distúrbios psicológicos nos quais o homem sente prazer com o suplício e o martírio de si próprio ou do próximo. Não é isso.

- Mas, certamente, você já se deparou com doenças, a morte, a destruição de pessoas e lares pelo vício, a perseguição no trabalho, o desemprego, a fome ou qualquer ou desgosto e tragédia. Podemos simplesmente lamentar e rebelar quando for pessoal; podemos ignorar ou evitar quando for o próximo; mas esta seria a realidade a qual Deus nos chamou?

- Sendo sal e luz neste mundo, devemos propagar o sabor e o brilho de Cristo. E a mensagem dele não é um placebo, como os céticos afirmam, mas factual, efetiva e terapêutica, no sentido de ser o único remédio eficaz para a dor e o sofrimento.

- Se somos participantes das aflições de Cristo também o seremos da consolação.

- Se o próprio Senhor sofreu, por que não sofreríamos também? Ele, justo, santo e perfeito, em sua humanidade passou por inúmeras dores e aflições, seria justo não passarmos também?

- Aqui encontramos o princípio de Cristo ter padecido para ser capaz, também, de consolar. Como está escrito:

“Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei. Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque. O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem”(Hb 5.5-9)


*****

“8. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a nossa tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. 9. Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos. 10. O qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda”

- O apóstolo então começa a descrever os infortúnios e ameaças sofridas na Ásia. Para ele, Ásia significava a Ásia Menor ou Turquia, local onde ficavam as sete igrejas das cartas do Senhor Jesus no livro de Apocalipse, cuja capital era Éfeso.

- Paulo relata aos irmãos ter passado por grande tribulação. A ideia não é se vitimar ou queixar-se e chamar sobre si a atenção da igreja, a se vangloriar dos sofrimentos infligidos.

- A ideia é antes de tudo mostrar que sendo apóstolo de Cristo sofria como Cristo sofreu, e se ele era capaz de suportar, pela graça de Deus, tamanho sofrimento, também os crentes não estavam isentos da dor e angústia.

- Poucos homens passaram por tantas provações em seu ministério como o apóstolo. Um pouco mais à frente, neste livro, ele relata:

“22. São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendência de Abraão? Também eu. 23. São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. 24. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. 25. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; 26. Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; 27. Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. 28. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. 29. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase? 30. Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.”

- Além dos perigos físicos, perseguições, torturas, atentados e tantos outros perigos, Paulo se afligia com o cuidado da Igreja, com as lutas dos irmãos, a fim de cumprir completamente o ministério recebido do nosso Senhor, sabendo que ele era quem o sustentava.

- Ele entendia que o sofrimento era parte da vida cristã; E que Deus usava-o com dois objetivos:

a) Disciplinar, conforme nos diz o próprio apóstolo:

“E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? (Hb 12.5-7)


b) Ensino, aprendizado; e este é o teor deste capítulo da epístola, revelar que somente aquele que sofre e é consolado pode consolar o próximo em seu sofrimento.

- Paulo diz que ele sofreu de maneira insuportável, na Ásia. Quanto a isso, não existe consenso entre os eruditos. A maioria aponta para o incidente descrito no livro de Atos 19.23-41, quando, insuflados por Demétrio, um ourives, toda a cidade de Éfeso se levantou contra Paulo, por causa da deusa Diana.

- O apóstolo não foi específico quanto ao incidente, podendo ser esse ou outro, mas talvez a reunião de todos eles, como descreveu no capítulo 11.

- E ele fala de “sentença de morte” contra ele, de maneira que a vida se lhe tornou desgostosa. E uma sentença tão terrível, quase as portas da morte, que ele compara o livramento, a libertação de Deus daquele sofrimento, como a ressurreição dos mortos. Ele não está a falar na ressurreição no fim dos tempos, quando todos seremos renovados, ganharemos novos corpos, e seremos santos e perfeitos como é o Senhor Jesus. Mas ele equipara a “salvação” divina daquela morte como a ressurreição, tala forma como ela se apresentava para ele, inexorável, inevitável.

- Mas havia uma razão, e sempre existe, para nos sentirmos frágeis e incapazes diante das contingências da vida: porque não somos nada sem a graça de Deus.

- Sim, é a graça divina operando em nós que nos torna fortes e capazes de vencer as lutas; na verdade, vencemos porque, como o Senhor Jesus disse, ele venceu e nos deu a vitória a nós. A vitória é sempre dele, e é por ele que alcançamos êxito nos piores momentos, nas piores crises, para não depositarmos a confiança em algo indeciso e hesitante: nós!

- Por isso, a ordem é para confiar em Deus, e somente nele depositarmos todas as nossas esperanças, porque ele prometeu cuidar de nós, como Pai zeloso; ele nos prometeu jamais nos abandonar, e de sermos um com ele; e descansarmos, repousarmos em sua segurança e poder e amor.

- Paulo, certa vez, pediu ao Senhor para tirar-lhe um espinho na carne, e por três vezes orou; qual foi a resposta de Deus? “A minha graça te basta!” (2 Co 12.7-9).

- Entendamos isso de uma vez por todas, a graça de Deus é tudo, e ela não somente deve mas tem de nos bastar, mesmo que afligidos, como o apóstolo por um incômodo, doloroso e vergonhoso espinho na carne. E Deus usou esse flagelo para aperfeiçoar, para fortalecer Paulo, fazendo com que o poder de Cristo habitasse nele.

10. O qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda,

- Por fim, para concluir este estudo, é-nos dito pelo apóstolo, na esperança e certeza das promessas divinas, que o livrou, no passado, aquela morte líquida e certa de que foi salvo; e livra, significando que no presente, naquele momento em que Paulo escrevia a epístola, Deus o estava libertando de outros perigos, de novas ameaças; e ainda de futuras, pois havia a certa de que Deus o livrará novamente.


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CONCLUSÃO

- Evidente que, em certo momento, as perseguições e perigos alcançaram o apóstolo de tal maneira que Deus não o livrou. O preço do pecado é a morte; e mesmo santificado, resgatado e expiado pelo sacrifício de Cristo, Paulo morreria, como morreu. Preso pelos romanos, foi a julgamento e condenado à decapitação, como a História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia, relatou.

- Mas, certamente, a morte definitiva não o alcançou. A separação eterna de Deus havia sido anulada pela graça e o sacrifício de Cristo; e a promessa de estar com ele por toda a eternidade se cumpriu fielmente naquele dia, quando teve o pescoço decepado. Já não mais haveria sofrimento, ou dor, ou ameaças contra ele. Usando as palavras do Senhor Jesus, Paulo poderia dizer: está consumado, pelo amor e graça do meu Senhor.

- Foi ele pois, um homem de dores como era também Cristo, que escreveu:

“33. Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. 34. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e o que também intercede por nós. 35. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? 36. Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro. 37. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. 38. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, 39. Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 8.33-39)

- Para o próprio Paulo concluir com mais outro escrito:

“55.Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?... 57. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.” (1Co 15.55; 57)

- Honra, glória e louvor ao nosso Senhor Jesus Cristo!

- Que ele nos fortaleça e capacite a, assim como somos consolados em nossas tribulações, também consolemos aqueles que estão sofrendo, sempre com a verdade e boas novas e promessas do Evangelho de nosso Senhor!

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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Pregação em Filipenses 4.4: "Regozijai-vos no Senhor!"






Por Jorge Fernandes Isah




ESBOÇO DA PREGAÇÃO FILIPENSES 4.4


Todos de pé para a leitura da palavra de Deus, por favor, em Filipenses 4.1-4:


"Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai firmes no Senhor, amados. rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os meus outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida. Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos"


RESUMO DA PREGAÇÃO ANTERIOR:

Farei um resumo do visto na semana passada, pois este sermão é continuação daquele:

1) Meditamos sobre os versos 1 a 3, do capítulo 4 de Filipenses.

2) Vimos que a igreja estava sendo perseguida por judeus e romanos; muitos cristãos eram presos e destes, vários eram condenados à morte; a igreja encontrava-se em angústia e aflição, talvez até mesmo desanimada.

3) Paulo estava preso em Roma, sob rigorosa vigilância da guarda pretoriana, mas, mesmo assim, as cadeias não o impediram de evangelizar e levar muitos da “casa de César” à conversão, a reconhecerem Cristo como Senhor e Salvador.

4) A prisão de Paulo e os frutos do seu ministério mesmo impossibilitado de se deslocar, levou muitos irmãos ao ânimo, a pregarem Cristo sem temor.

5) Ele ordena-nos a estarmos firmes em Cristo (não como um pedido, conselho ou possibilidade, mas como uma obrigação).

6) O apóstolo exorta Evódia e Síntique a voltarem à unidade, à harmonia e a abandonarem a inimizade e disputa entre elas; voltando-se a um mesmo pensamento, um mesmo propósito, colaborando-se mutuamente e com os outros irmãos.

Agora, ele nos ordena, nos exorta, insufla, a alegria, ao gozo. Portanto, nos coloquemos de pé e leiamos, todos, o verso 4.4, de Filipenses:

“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.”

A palavra regozijar significa alegria, contentamento, satisfação, júbilo. Pare um pouco e pense; darei alguns segundos para responder: Eu me regozijo no Senhor? Eu me alegro em Cristo? A minha vida é plena de satisfação nele ou não?


INTRODUÇÃO:

- Complexidade do tema “Alegria sempre”;

- Assunto amplo, abrangendo desde a questão do sofrimento, pelo da perseverança ou preservação dos santos, testemunho diante dos homens e na obra de evangelização. O regozijo no Senhor está ligado diretamente a estes assuntos;

- Mas tratarei inicialmente de quando a alegria acontece em meio às tribulações, sofrimentos e dores.

- O senso comum diz que o sofrimento é por alguma culpa ou coisa de ruim que fizemos (os judeus atribuíam o sofrimento ao pecado cometido).

- Teologia positivista ou da prosperidade que afirma a vitória do crente ou seja, de que ele não pode e não deve sofrer e, se acontece, é por falta de fé.

- Mas, o que a Escritura nos diz?

. 2 Co 7.4: Paulo afirma conseguir alegrar-se nas suas tribulações dos demais irmãos;

. Rm 12.12: Alerta-nos a ter paciência nas tribulações;

. Mt 5.11-12, Jesus disse que seriamos bem-aventurados se exultássemos e alegrássemos nas injúrias, perseguições e todo o mal que fizessem contra nós.

.1 Pe 4.13, Pedro exorta-nos a alegrar-nos em participar das aflições de Cristo.

Este é um tema a suscitar muitas pregações e estudos, pois se há algo que o crente pode ter certeza é de não somente crer em Cristo, mas de também padecer por ele (Fp 1.29).

Provavelmente não chegaremos à unanimidade quanto a alguns pontos, mas podemos chegar à unidade de clamar a Deus para ele nos fazer alegres sempre.

QUAL É A ALEGRIA?

Há aquele hino no Cantor Cristão, “Sou Feliz”, No. 398, e em sua primeira estrofe diz:

“Se paz a mais doce me deres gozar
Se dor a mais forte sofrer, oh! Seja o que for,
Tu me fazes saber que feliz com Jesus sempre sou!”

- Os autores dizem que em qualquer situação, benéfica ou desfavorável, somos felizes com Jesus.

- Mais do que isto, Cristo é a causa da nossa alegria, o único motivo pelo qual podemos ser verdadeiramente alegres.

- Podemos dizer, convictos, o mesmo que Paulo nos ordena, “Regozijai-vos sempre” (1 Ts 5.16)?

- Paulo está ordenando, exortando-nos ao regozijo, já que o verbo está no imperativo, como uma obrigação, um dever, mas também como um privilégio, uma honra.

- Na Carta aos Filipenses, o Apóstolo faz referência a gozo, a alegria, 14 vezes, em um momento dramático para a igreja e para si mesmo.

- “E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós. E vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo” (2.17-18).

- Sacrifício = derramamento de vinho ou licores em honra aos deuses. No Brasil, os bebuns têm o hábito de derramar a aguardente no chão em honra ao “santo”. Paulo está-nos dando a ideia de deixar a sua vida esvair-se, gastá-la, em honra dos irmãos.

- É possível o regozijo em meio à dor e o sofrimento?

- O fato da alegria do crente ser diferente da alegria do homem natural.

- A alegria no homem natural se deve, em sua maioria, a fatores externos: conforto, dinheiro, saúde, morar em um duplex com uma bela vista, estar junto das pessoas que amamos, comprando, bebendo, acumulando bens, etc.

- A alegria do incrédulo é dependente de coisas condicionais, tendo-as se satisfaz, não tendo-as entristece-se.

- O homem natural não se alegrará jamais em meio à tristeza, pois falta-lhe os “meios” para alcançar o estado de alegria.

- O mundo exterior não traz segurança, e as coisas que nos trazem alegria podem mudar de uma hora para outra: perde-se a saúde, o dinheiro, a juventude, a paz, pessoas amadas, etc, e, acontecendo a tristeza e o desânimo tomam o seu lugar.

- Há pessoas detentoras de todos esses “meios” e muitos mais, como beleza, eloquência, inteligência, poder, influência, etc, e, ainda assim, não se regozija com o que tem.

- Satanás veio para roubar, matar e destruir.

- No caso do crente, ele tem de se alegrar mesmo nos momentos mais dolorosos e sofridos. A nossa alegria não depende dos “meios” externos para subsistir. Por que? Porque é a comunhão, o relacionamento, a intimidade com Deus, que permite-nos estar e ser alegres todo o tempo.

- E isto se dá independente dos acontecimentos e fatos exteriores.

- O crente é como o mar, na superfície, ele é sacudido pelos ventos, provocando uma inconstância, uma instabilidade, enquanto nas profundezas do mar há um estado permanente de segurança, onde as intempéries da superfície não podem alcançá-la, nem alterá-la.

- Fp 3.1: “Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor”.

- Qual o significado de “resta”? Seria a busca em mundo caído de alegria e, não encontrando-a, resta apelar para Cristo com última esperança? Ou ele está demonstrando que, em todo o universo, não há alegria perene a não ser em Cristo, ou seja, somente nele é possível encontrar-se a alegria verdadeira?

- A única fonte segura de regozijo é o Senhor.


COMO BUSCAR A ALEGRIA?
1) Deus ser o centro da nossa vida;

Em 1 Coríntios 29-31, lemos a respeito do cristão: “Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se glória glorie-se no Senhor”.

2) Reconhecer a nossa total dependência de Deus.

É o que o profeta diz:
“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como um noivo se adorna com turbante sacerdotal, e como a noiva que se enfeita com as suas jóias”. (Is 61.10)

3) Cristo é a própria alegria:

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.” (1 Jo 1.1-4).


4) Entender que a alegria é um dom divino:

“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo" (Jo.15.11).

5) E de que Deus é aquele que nos enche de alegria e gozo:

“Ora o Deus de esperança vos encha de todo gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo” (Rm 15.13).

O PECADO TIRA-NOS A ALEGRIA

- Porque ele nos afasta do Senhor.

- Arrependimento.

- "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1.9).

- Fugir do pecado.


O ÓDIO E O RANCOR TIRA-NOS A ALEGRIA

- Porque ele tira-nos o amor, e, se não amamos ao próximo que vemos como poderemos amar a Deus que não vemos? Novamente, João escreve:

“Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão”. (1 Jo 4.19-21)

- O Senhor dissera no Sermão do Monte:

“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.44); 



e, ainda, na oração do Pai Nosso:
“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores... Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens a suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mt 6. 12, 14-15).

- Porque o que seria o “não perdão” senão uma forma de se vingar do ofensor? Acontece que o nosso coração fica aprisionado nessa armadilha, cujo objetivo principal é impedir-nos de ter o essencial, de estar em conformidade, em união, com o Espírito do Senhor.


CONCLUSÃO:

Como já disse, a alegria é a estreita, profunda e intrínseca relação com o Senhor. Ele é a nossa alegria, e fora dela não há alegria verdadeira. Devemos ter o entendimento correto de o regozijar-se é uma dádiva, um dom divino, e privilégio concedido a nós. É algo essencial e da natureza do cristão bíblico, portanto, devemos clamar a Deus para nos fazer cada dia mais alegres, cada dia ele se torne mais suficiente em nossas vidas, cada dia queiramos mais e mais a sua presença, ao ponto de nos entristecermos quando isto não acontece. Pois somente assim poderemos, nas benesses e desfavores do dia-a-dia, estarmos alegres, em júbilo, regozijando-nos em Cristo.

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