Página de doutrina Batista Calvinista. Cremos na inspiração divina, na inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas; e de que Deus se manifestou em plenitude no seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o qual é a Segunda Pessoa da Triunidade Santa
Mostrando postagens com marcador Texto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Texto. Mostrar todas as postagens

sábado, 4 de maio de 2019

Sermão em Êxodos 12.10-13: A Liberdade do Povo de Deus






Jorge F. Isah








A)INTRODUÇÃO 

- Páscoa secular – Festa pagã originária da deusa babilônica da fertilidade, Ishtar, por isso a relação entre os ovos e coelho 

- Páscoa é a maior festa cristã, e a palavra significa “passagem”, do hebraico “Pêssach” 

- Fazer um resumo, a partir da venda de José pelos seus irmãos aos mercadores, até o momento em que Israel é escravizado pelos Egípcios. 



B) DEUS, O LIBERTADOR 

- A condição de escravidão do povo Judeus e o nascimento de Moisés– Ex 2.1-10 

- Moisés viveu como egípcio por quase 40 anos 

- Se casou com uma midianita chamada Zípora, filha de Jetro, e teve 2 filhos. 

- Deus ouviu o clamor do povo de Israel – Ex 2.23-25 

- Deus escolheu Moisés para ser o instrumento libertador do seu povo – Ex 3.6-10 

- Sabemos que o Senhor lançou 10 pragas sobre o Egito – Ex 7 a 11 

- E ainda assim o coração do Faraó se endureceu, e não libertou o povo de Deus, como deveria. 



C) A MORTE DOS PRIMOGÊNITOS 

- A última praga lançada por Deus sobre o Egito seria a morte de todos os primogênitos egípcios, tanto dos homens como dos animais – Ex 11.4-7 



D) O CORDEIRO DE DEUS 

- Voltando ao trecho original desta pregação, encontramos nele parte dos preceitos necessários para se realizar a Páscoa. 

- O rito pascal é uma sombra daquilo que Cristo viria realizar. 

- Leitura do Verso 5 – comparar com João 1.29 

- Cristo é o cordeiro de Deus perfeito. 

- Nem bodes, nem ovelhas ou cabritos podem expiar o pecado. 

- Apenas o sacrifício perfeito do Filho de Deus pode limpar o homem dos seus pecados e torna-lo em nova criatura. 

Verso 11: 

- “Lombos cingidos”, “sapatos ou sandálias nos pés”, “Cajado na mão” e “Comer apressadamente” , nos remete à ideia de uma pessoa que sairá para uma longa jornada, e deve estar devidamente preparado para enfrenta-la. 

- Deus passaria sobre o Egito, a fim de libertar o seu povo, e deveriam comer apressadamente. 

- A ideia geral é de urgência, de preparação, de que o povo seria liberto da escravidão e receberia a terra que mana leite e mel. 

- O cordeiro é o alimento, e toda a casa deveria comê-lo. 

- Cristo é o alimento do crente. Não literalmente, como pregam os católicos, mas o alimento espiritual. Aquele que transforma e sustenta o seu povo. 



E) ISRAEL SE PREPAROU 

Verso 12 

- Israel se preparou para aquele momento. 

- Nenhum de entre o povo se descuidou ou negligenciou a ordem divina 

- Ao contrário dos egípcios, os feitos anteriores de Deus não foram suficientes para que cressem. Mesmo diante da grandiosidade das pragas, eles não creram, confiando em seus próprios méritos, na força, no poder, na armada do exército. 

- A dureza dos seus corações era fruto da incredulidade, da inimizade com Deus. 

- Incapazes de reconhecerem o seu senhorio, afrontavam-no com a recusa em libertar os judeus. 

- Falar sobre a questão do conhecimento, como algo não íntimo, mas do verdadeiro conhecimento que é a intimidade com Deus. E é ela quem leva o homem a temer e se sujeitar ao seu senhorio. 

- O Senhor então lançou novo juízo sobre o Egito. 

- Os egípcios simbolizam todos os incrédulos e inimigos de Deus em todos os tempos. 

Ler João 3.1-8 



F) O SANGUE DO CORDEIRO É LIBERTADOR 

- “Aquele sangue...” 

- O sangue seria aplicado nos umbrais e na verga das portas. 

- Em sinal de proteção. 

- O Sangue de Cristo liberta da morte. 

- O sangue dos cordeiros libertou o povo da espada de Deus .

- O sangue de Cristo é libertador, não porque possibilita a salvação daquele que crê, mas porque é efetivo em salvar aquele que crê, que não pode descrer, e voltar novamente ao cativeiro, mas é para sempre liberto do pecado e da morte por Cristo. 

- Cristo e seu sacrifício perfeito é a maior de todas as dádivas de Deus. Ele doou o seu Filho para constituir para si um povo, uma família. Rm 5.6-8 



G) CONCLUSÃO

- Cristo é a salvação. O verdadeiro cordeiro pascal. 

- Cristo é o cordeiro sem manchas ou pecado, e o único capaz de expiar e salvar o homem, justificando-o diante de Deus. 

- Ele é o justo morrendo pelos injustos; o santo que deu a sua vida por amor da vida daqueles por quem morreu na cruz. Ele é o perfeito transformando homens imperfeitos em perfeitos como ele é. Ele é a vida extirpando a morte. Ele é o alimento eterno que sacia completamente a fome. 

- Como foi dito, ele é o Salvador e Senhor de todo aquele que crê. 

- Cristo é o pão, a água que nos alimentará por toda a eternidade. 

- Cristo é a nossa pascoa, porque, por ele passamos definitivamente da morte para a vida; da inimizade com Deus para a reconciliação com Deus; de uma vida de ofensas a ele para uma vida em que o glorificamos. 

- Portanto, honra, louvor e glória a ele, para todo o sempre! Amém!



terça-feira, 2 de abril de 2019

Sermão em Marcos 11.15-19: O Templo Restaurado






Jorge F. Isah








“E vieram a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas.
E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.
E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
E os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda a multidão estava admirada acerca da sua doutrina.
E, sendo já tarde, saiu para fora da cidade.” (Marcos 11.15-19)


INTRODUÇÃO

- Analisemos o contexto em que esse momento aconteceu.
- Estávamos às vésperas da Páscoa. Era a principal festa de Israel, durava uma semana. E a população de Jerusalém aumentava em 5x. O ponto alto das festividades eram os sacrifícios realizados no templo, para expiação dos pecados. Cada família levava um animal (ovelha, boi, pomba ou rolinha) para ser imolado.
- Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho. O cumprimento da profecia em Zacarias 9.9:

“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta.”
- Leiamos o trecho em Mateus 21.6-11:
“E, indo os discípulos, e fazendo como Jesus lhes ordenara,
Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima.
E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!
E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este? 
E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia.”

Jesus não era reconhecido como o Messias, mas como um profeta. Apesar dos seus inúmeros milagres, sabedoria, ensino e domínio da palavra de Deus, as pessoas não o viam como o Filho de Deus.
- Mas pelos seus feitos, o povo o reconhecia como uma grande profeta.
- O povo celebrou a entrada de Cristo em Jerusalém clamando: “Hosana”, cujo significado é “Salva-nos, por favor!” ou “Salva-nos, pedimos”.
- Naquele momento, o povo o reconheceu como Messias, como o Redentor prometido pelos antigos profetas.


CRISTO AMA O TEMPLO

- Depois dessa entrada triunfal em Jerusalém, Cristo vai ao templo. Não nos esqueçamos de que ele era judeu, e cumpridor da Lei. Não no sentido de que ele iria sacrificar um animal para a própria salvação. Não no sentido de que precisasse de expiação. De redenção. Era no templo que Cristo ensinada, orava, curava e proclamava o evangelho de Deus.
- Ao contrário de muitos cristãos que negam a vida eclesiástica, muito mais por um sentido de independência, movida pela rebeldia e autossuficiência, do que pela afirmação bíblica da inutilidade da igreja, Cristo fazia questão de ir ao templo todos os dias.
- Se consideramos real a semelhança com Cristo, e o seguir os seus passos, por que boa parte dos cristãos de hoje se recusam a participar e colaborar com a obra que ele deu para igreja?
- Como membros do corpo de Cristo, não podemos viver uma vida alheia à realidade do corpo. E a igreja é o corpo local de Cristo. Se cumprimos apenas um ritual, uma tradição, sem entender verdadeiramente o nosso papel como membros do corpo, o nosso Cristianismo é apenas uma formalidade, e jamais alcançamos o entendimento da verdade. Cristãos se unem para louvar, adorar, aprender, auxiliar e sustentarem-se mutualmente. Ainda que a vida cristã pareça individual, ela é muito mais coletiva, em ajuntamento, do que solitária. Precisamos entender isso. De certa forma, Paulo alerta para os irmãos que ainda viviam de leite. Pedro nos fala daqueles que tomavam leite falsificado, e não crescem no conhecimento de Deus, nem produzem os frutos necessários para a sua glória.
Vejamos o que o apóstolo nos diz em 1 Pedro 2.1:
“Deixando, pois, toda a malícia, e todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações,
Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;
Se é que já provastes que o Senhor é benigno;
E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa,
Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.”
- Será que não  estamos a desprezar o alimento sólido, contentando-nos com o alimento adulterado, estragado?


CRISTO TEM ZELO PELO TEMPLO

- Voltando a Marcos 11, o Senhor, após a recepção calorosa do povo ao entrar na cidade, depara-se com o templo transformado em um mercado.
- Verso 15: “E vieram a Jerusalém; e Jesus entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombos.”
- Imaginemos a cena: o Senhor entra no templo, um lugar de reverência, de contrição, local de adoração a Deus. E encontra uma verdadeira balbúrdia: animais espalhados por todo lado, berrando, arrulhando, piando, mugindo; vendedores gritando e propagandeando os seus produtos; compradores barganhando o preço; correria, desordem e confusão.
- Agora imagine isso acontecendo em nossa igreja? Ou em uma igreja em que você vai para cultuar a Deus? Qual seria a sua reação? Indiferente? Conciliadora?
- Imagine se encaminhando alegre e cheio de gratidão à igreja, e se depara com vozerio, palavras chulas, xingamentos e ofensas?
- Moisés, pecador e homem comum, se irou com a afronta a Deus por parte dos seus irmãos, judeus, que dirá Jesus, santo e perfeitamente puro, diante da blasfêmia do povo?
Vamos ao relato de Êxodos 32.15-22:

“E virou-se Moisés e desceu do monte com as duas tábuas do testemunho na mão, tábuas escritas de ambos os lados; de um e de outro lado estavam escritas.

E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tábuas.
E, ouvindo Josué a voz do povo que jubilava, disse a Moisés: Alarido de guerra há no arraial.
Porém ele respondeu: Não é alarido dos vitoriosos, nem alarido dos vencidos, mas o alarido dos que cantam, eu ouço.
E aconteceu que, chegando Moisés ao arraial, e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se-lhe o furor, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte;
E tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as águas, e deu-o a beber aos filhos de Israel.
E Moisés perguntou a Arão: Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado?
Então respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal”


- Os líderes judeus, sacerdotes e escribas, transformaram o templo em um grande mercado. A festa da Páscoa era propícia, pois milhares de pessoas de todas as partes do mundo conhecido afluíam até Jerusalém. Alguns historiadores estimam que a população aumentava em mais de 20 vezes.
- Ele derrubou as mesas, expulsou os animais e os vendedores, espalhou o dinheiro pelo chão. Jesus, apenas um homem, fez isso sem que houvesse qualquer reação contrária. É o testemunho do evangelista Marcos, no verso 16:
“E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo”.
-  Esse fato demonstra a autoridade de Cristo. E o seu poder. Diante de centenas de pessoas, ele as colocou para fora, desfez o seu negócio, limpou o templo da sujeira, mas sobretudo da blasfêmia na casa de Deus.
- A ira de Cristo, foi completamente justa. Como seria também a nossa, caso fizessem da igreja uma feira.
- Em um ato apenas, Cristo impediu que homens maus continuassem a usar as dependências do templo para a satisfação dos seus desejos perversos. Ninguém se opôs. Ninguém o repeliu. Ninguém resistiu. Talvez porque, ainda que levemente, suas consciências os condenavam também, mas, sobretudo, porque Cristo agiu com a autoridade do Filho em sua própria casa.  
- Como filhos, devemos também zelar e cuidar da casa de Deus. A negligência ou o descaso não são atitudes típicas dos filhos, mas dos bastardos. Portanto, se existe algo a que nós, como filhos, devemos empreender é zelar para que a igreja não se transforme em um mercado ou circo. Não apenas nas encenações e promoções e eventos impróprios para o local, mas igualmente na preservação da sã doutrina. De forma que a palavra de Deus não seja corrompida, nem tirada do seu contexto, nem seja instrumento para a propagação de outra ideia ou doutrina ou ideologia que não seja a glória de Cristo, e a ação redentora a transformar morte em vida.
- Somente ele pode fazer isso; e tirar-lhe a honra e o mérito por algo tão grandioso e impossível para o homem, é desprezá-lo, ofendê-lo, descrendo em sua obra sobrenatural.
- Entretanto, o motivo principal não era o caos no templo, e torna-lo em um mercado, mas antes o que estava plantado no coração do povo: o desrespeito a Deus; a irreverência; a ganância; a exploração do peregrinos, obrigados a pagar valores exorbitantes para cumprirem a imolação; o péssimo exemplo dado aos fiéis; a associação com o mal.
- Não que o comércio seja pecaminoso, e, em si mesmo, mal. É uma relação necessária e fundamental para a vida em sociedade. Não existe nada de ilícito em comprar e vender. Contudo, aqueles homens, líderes religiosos e negociantes, defraudavam e espoliavam os fiéis, cobrando-lhes somas absurdas.
- Se atentarmos para o fato de que a maioria dos peregrinos não dispunham de animais para o sacrifício, e mesmo que tivessem, as longos períodos de viagem os impediam de leva-los, os mercadores no templo viam a oportunidade de aferirem altas somas pelos animais. E roubo é o que faziam, alegando estarem a serviço da Lei, mas negando-a e quebrando um dos seus principais mandamentos.


CRISTO EXORTA AO ARREPENDIMENTO

- A despeito do terrível pecado cometido por todos os que estavam no templo, sejam vendedores, compradores, observadores, a exortação do Senhor continha o apelo à condenação, mas também ao arrependimento. Foi o que disse Jesus:
“E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões” (Marcos 11.17)
- Havia a preocupação daqueles que, levados ingenuamente pela perversão dos líderes, cederam à tentação de participarem daquele “show de horrores”.
- Essa, certamente, era a parte do ministério que Cristo mais o alegrava: a de levar o conhecimento e o entendimento da verdade aos homens. Com isso não estou dizendo que outras partes fundamentais do ministério de Cristo eram secundárias. Temos a sua comoção e choro ao presenciar a morte do amigo Lázaro, para, em seguida, ressuscitá-lo.
- Temos ainda, o momento em que uma multidão de mais de cinco mil homens o ouvia atentamente durante quase todo o dia, e ele se comoveu e lhes deu de comer, multiplicando pães e peixes. Os milagres revelam o poder e a glória de Cristo, mas o ensino mostra o quão próximo e íntimo ele estava das pessoas. E, no fim das contas, era a proclamação do evangelho diferia dos milagres, pois estes não podiam salvar, enquanto aquele era a própria mensagem de vida e salvação.


AMAMOS O TEMPLO

- Se existe a necessidade amarmos a igreja, não por sua edificação e estrutura, mas pelo que se realiza ali, pelo que se é feito como o corpo de Cristo, há também a necessidade de amarmos outro templo. Você sabe qual é?

- Paulo o descreve claramente, em 1 Coríntios 6.15-20:
“Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? Não, por certo.
Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne.
Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito.
Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo.
Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”
- Sim, caro irmão, o apóstolo está a dizer, em claro e bom som, que o nosso corpo é templo do Espírito Santo. De forma que devemos cuidar e zelar por ele, para que a imundície do pecado não penetre, trazendo a desordem natural que toda transgressão traz ao homem.
- O nosso corpo é a nossa casa, e como Paulo alerta, não pertencemos a nós mesmos mas a ele, que nos comprou por alto preço. Isso se refere à mordomia, ao fato de não sermos donos de nós, a contrário do que muitos pensam, mas temos um Senhor que não somente nos comprou com amor, mas também pelo seu sangue.
- Você  pensa que é de você? Pois saiba que está errado! Se o seu corpo, alma e espírito não pertencem a Deus, todo o seu ser é dominado e controlado pelo pecado. Como Jesus disse:
“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos;
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.
Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre.
Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8.31-36)
- Então, meus irmãos? Dividimos a nossa casa com Deus ou com o pecado? Servimos a Deus ou ao pecado?
- Assim como o Senhor foi zeloso com a sua casa, devemos também zelar pela nossa, tanto a igreja como o corpo. Se não houver amor e cuidado com estas duas casas, o céu não será o nosso lar definitivo.


AMEAÇA DE MORTE

- Verso 18 diz que os escribas e principais dos sacerdotes não gostaram nada da atitude de Jesus, ao pôr fim ao negócio no templo, e ainda acusando-os de ladrões.
- Então, aguardavam o melhor momento para mata-lo, traiçoeiramente, como fizeram, dias depois.
- Ao contrário do que pensavam, a morte de Cristo não significou uma vida melhor para eles, que tinham a autoridade questionada, o tempo todo, por Cristo. A questão é que eles focavam no homem, mesmo Jesus não sendo um homem comum, esquecendo-se da promessa de ressuscitar ao terceiro dia.
- Achavam que a morte na cruz seria o fim dele, dos seus discípulos, e de que estariam livres para continuarem com seus atos pecaminosos. Ledo engano! Cristo voltou à vida, ressurreto e glorioso, enquanto os seus assassinos mantinham-se mortos, apressando ainda mais a própria condenação.
- Se em algum momento temos dúvidas em relação à vida dada por Cristo, clamemos a ele para não sucumbirmos à morte, e ele nos encherá do seu Espírito e seremos, assim como ele foi, ressuscitado para a vida.

CONCLUSÃO
- Sejamos pois fiéis servos de Cristo, zelando pela igreja e por nós mesmos.
- Não nos entreguemos ao desleixo, negligenciando algo tão grandioso como o corpo local do Senhor; e cada um de nós, como membros deste corpo.
- Que andemos ainda mais longe, mais alguns ou vários anos na estrada traçada por Deus para, um dia, encontramos o fim verdadeiro: ser como é o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!
- Se há desânimo no irmão, clame a Deus por ânimo!
- Se há dúvidas no irmão, clame a Deus por certeza!
- Se há tristeza no irmão, clame por alegria!
- Se há confusão no irmão, clame por ordem!
- Se há pecado, clame por santidade!
- Se falta dedicação para as coisas de Deus, clame por devoção e interesse!
- Sabendo que tudo provém de Deus, e se pedirmos ele dará!
- Para terminar, deixo o texto de Colossenses 3.1-11:



“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;
Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.
Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;
Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
Nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas.
Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca.
Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos,
E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;

Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo, e em todos.”
- Continuando, nos versos 23 e 24:
“E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens,
Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.”

- Guardemos estas santas palavras, e meditemos nelas dia e noite, para não sermos rejeitados naquele glorioso dia.


terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Exposição em Salmos 42.1-5: Onde está o teu Deus?




Jorge F. Isah





INTRODUÇÃO

- Este Salmo não tem um autor definido. Presume-se que seja Davi, muito por causa da linguagem similar ao do Salmo 63.

- Davi passava por duras provas no momento em que escreveu este Salmo. Provavelmente durante a perseguição de Saul ou o motim do seu filho Absalão, usurpando-lhe o trono. Entretanto, pode acontecer com qualquer um, em situação dramática e aflitiva, as reflexões e os anseios revelados pelo salmista. 

- No mundo cada vez mais distante de Deus, as últimas tragédias em Brumadinho, no Rio e outras localidades, têm abalado a fé de muitos, inclusive de pessoas que se consideram cristãs.

- Levando muitos à descrença e a abandonarem a fé.

- Interessante que, ao invés de buscarem mais a Deus, eles caem na incredulidade, e abandonam, se não definitivamente, ao menos temporariamente a fé.

- Citar o caso da minha prima, que me perguntava: “Por que Deus deixou que a minha amiga morresse?”.

- Respondi a ela: qual a culpa de Deus na morte da sua amiga? Não estamos todos debaixo do pecado e, por causa do pecado, do afastamento de Deus, o amor não habita os nossos corações, e nos entregamos ao mal? Matando, mentindo, enganando, traindo, roubando, cobiçando? O mundo é injusto por causa de Deus ou por causa do homem? Porque o homem se rebelou contra Deus, e desde o Éden não faz outra coisa senão desobedecer a Deus e a sua palavra, e se entregar ao seu próprio coração, satisfazendo-o por meio do pecado. 

- O alerta do apóstolo João é lido, ouvido, posto em prática? Mesmo por muitos cristãos? Ler 1 João 4.7-11



ONDE ESTÁ O SEU DEUS? 

- Qual a reação do homem diante das tragédias?

- O que o incidente em Brumadinho, por exemplo, tem a dizer?

- O homem reage de três formas: 

1) Agir com escárnio e deboche, como os “amigos de Davi”, zombando da sua fé: “Onde está o teu Deus?”

2) Agir sem compaixão, zombando da condição do aflito, acusando-o, como os “amigos de Jó”. Lembremos que, mesmo tendo “boas intenções”, o que fizeram foi aumentar a sua aflição e dor, fazendo de Jó o causador de toda a desgraça que lhe sobreveio: a perda dos seus rebanhos, da sua casa, dos seus servos, da sua família, da sua saúde. Enquanto Jó estava sendo tentando por Satanás, nada além disso. 

3) Agir com fé. Há muitos exemplos de heróis da fé na Bíblia. Em Hebreus 11, o apóstolo relaciona alguns que, vivendo pela fé, pela expectativa de algo que não viram, nem vivenciaram, mantiveram a confiança em Deus.

– O que é fé? Hebreus 11.6

- Galardoador: recompensar, gratificar, dar, mas também consolador e confortador.
 

UM EXEMPLO DE FÉ 

- João 11:20-27 – Diálogo entre Jesus e Marta acerca da morte e ressurreição de Lázaro. Marta declarou a sua fé e confiança em Cristo, ainda que, talvez, não esperasse a ressurreição do seu irmão, morto há três dias, e já sepultado na rocha. 

- Cristo confirmou a sentença de Hebreus 11, de que Deus é galardoador daqueles que o buscam e amam, recompensando-os com bênçãos infinitas. 

- Mas o resultado da fé será sempre os milagres e satisfação dos desejos e necessidades neste mundo? Seria Deus o “gênio da lâmpada” a satisfazer os nossos desejos mediante o ato de fé? Como o esfregar da lâmpada? 



O OBJETIVO DA FÉ: A CIDADE CELESTIAL

- Voltemos a Hebreus 11 e façamos uma leitura mais detalhada, em especial dos versos 32-40. 

- Ao passo em que muitos alcançaram vitórias, por meio da fé (v.33-34), houve contudo aqueles que serviram a Deus com o seu sofrimento, dor e sangue (35-37). E meio em meio as piores provações e ataques, resistiram pela fé, herdando e alcançando a Cidade Celestial, a vida eterna com Deus (13-16). 

- Meditar em 1 Samuel 12.15-23 – Davi não rejeitou a Deus pela morte do seu filho, pelo contrário, após a morte ele se lava, troca de roupas, vai ao templo e o adora, come, confiando que veria a criança quando fosse até ela. Ele sequer quis ser consolado, ainda que o tenha feito com a sua esposa, Betsaba. Houve forças suficientes para confortá-la, e levar a ela a mesma esperança que tinha. 



A IGREJA COMO INSTRUMENTO DE CONSOLO E FORTALECIMENTO

- Por isso o salmista relembra os momentos em que estava, junto com outros irmãos, adorando e cultuando a Deus. É o que ele diz no verso 4: 

“Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.”

- A igreja, na comunidades dos santos, pode nos trazer conforto, consolo e fortalecimento da fé, por isso Cristo nos instituiu como o seu corpo, e tanto o que o salmista diz como aquilo aventado por Paulo em Hebreus 11.40. 

- Davi se ressente do convívio no templo, em adoração a Deus, de uma alegria que não sentia nesse momento, mas tinha também o desejo de voltar a senti-lo, no comunhão entre irmãos, na adoração como um só corpo ao bom Deus. 


SEM CONHECER A DEUS, O HOMEM É IDÓLATRA

ÊXODO 32. 1-6 – O povo clama a Arão que construa um bezerro de ouro para adorarem.

ÊXODO 32.7-14 – Deus ameaça destruir o povo, mas mantém a sua promessa a Moisés, de por meio dele fazer uma grande nação. Moisés demove a Deus, que se arrepende de ter planejado o mal para a nação de Israel.

ÊXODO 32.15-20 – Moisés se ira ao ver o povo em festa, adorando ao bezerro de ouro (o povo estava nu, provavelmente se entregando a tipo de culto sexual); ele derrete o bezerro e dá de beber ao povo.

- Se Moisés, sendo homem e pecador, se irou ao ver a abominação no meio do povo, que dirá o Deus santo e perfeito, diante de tamanha ofensa?

- Por que de que adianta blasfemar, negar ou acusar a Deus? Isso não trará conforto, nem paz, mas apenas a satisfação da carne, alimentando ainda mais a rebeldia e inimizade com Deus. 



UM MUNDO LONGE E AFASTANDO-SE MAIS E MAIS DE DEUS

- Sabemos que o mundo jaz no maligno, e de que ele labora pelo seu senhor contra o Deus trino e santo.

- Então, sem o mover de Deus no individuo, temos um círculo vicioso, em que o homem é ignorante de Deus, e se faz incrédulo, enquanto a incredulidade aprimora a ignorância.

- O mundo não conhece a Deus. João 14:16

- Sem o Espírito de Deus é impossível conhece-lo. Sem conhece-lo, não há esperança ou confiança.



A IGREJA CONHECE A DEUS; CRISTO O REVELOU

- Pela pessoa de Cristo, conhecemos a Deus e somos dele conhecido. 

João 14.8


CONCLUSÃO: O CONHECIMENTO DE DEUS TRAZ A PAZ

João 14.1 e 27

- Meu irmão e irmã, faça uma avaliação sincera do seu coração: você confia em Deus? 

- Não apenas nas dádivas e milagres proporcionados dia após dia, mas, mesmo nas lutas, dores e tribulações, confia em que não está desamparado e de que terá o conforto e consolo e fortalecimento neste mundo, mas a recompensa de uma vida eterna com o Senhor?

- Você conhece o Deus que prometeu, assim como prometeu ao seu povo as recompensas e tesouros guardados em Cristo? 

- Lembre-se, Paulo ouviu o que nenhum outro homem ouviu, ao subir ao terceiro céu palavras inefáveis, maravilhosas, inexprimíveis, reservadas àqueles que conhecem e amam a Deus, e dele é amado (2 Coríntios 12.2-4)

- Conhecendo a Deus, temos paz! Pois sabemos que todas as nossas angústias e dores estão lançadas sobre os ombros do Senhor, como o apóstolo nos diz: lançando sobre ele, Cristo, toda a nossa ansiedade, porque ele tem cuidado de nós”.

- Por fim o salmista se pergunta a si mesmo: 

“Por que está abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim?”

- Para, ele mesmo, responde-la:

“Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face”.

Ele conhecia a Deus, e mesmo nas vicissitudes da vida, sabia que podia esperar nele, e somente nele, para a sua alegria, conforto e segurança.








quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Sermão em Ezequiel 33.30-32: Honram com os lábios, desprezam com o coração!





JORGE F. ISAH





“Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor.
E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza.
E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.”


PARTE 1

INTRODUÇÃO

- Ezequiel foi contemporâneo de Jeremias e de Daniel. 

- Os Caldeus invadiram Israel e Judá. E sitiaram e controlaram Jerusalém. 

- Houve uma primeira leva de judeus cativos e que foram levados para a Babilônia.

- Houve uma segunda leva de judeus cativos levados à Babilônia, por Nabucodonosor. Ezequiel estava nessa segunda leva de judeus levados ao cativeiro caldeu (cerca de dez mil homens), juntamente com o Rei Joaquim (Jeoaquim), em 597 a.c., para Tel-Abibe. 

LER 2 Rs 24.11-18:

“Naquele tempo subiram os servos de Nabucodonosor, rei de babilônia, a Jerusalém; e a cidade foi cercada.
Também veio Nabucodonosor, rei de babilônia, contra a cidade, quando já os seus servos a estavam sitiando.
Então saiu Joaquim, rei de Judá, ao rei de babilônia, ele, sua mãe, seus servos, seus príncipes e seus oficiais; e o rei de babilônia o tomou preso, no ano oitavo do seu reinado.
E tirou dali todos os tesouros da casa do Senhor e os tesouros da casa do rei; e partiu todos os vasos de ouro, que fizera Salomão, rei de Israel, no templo do Senhor, como o Senhor tinha falado.
E transportou a toda a Jerusalém como também a todos os príncipes, e a todos os homens valorosos, dez mil presos, e a todos os artífices e ferreiros; ninguém ficou senão o povo pobre da terra.
Assim transportou Joaquim à babilônia; como também a mãe do rei, as mulheres do rei, os seus oficiais e os poderosos da terra levou presos de Jerusalém à babilônia.
E todos os homens valentes, até sete mil, e artífices e ferreiros até mil, e todos os homens destros na guerra, a estes o rei de babilônia levou presos para babilônia.
E o rei de babilônia estabeleceu a Matanias, seu tio, rei em seu lugar; e lhe mudou o nome para Zedequias.
Tinha Zedequias vinte e um anos de idade quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Hamutal, filha de Jeremias, de Libna

- Por meio de sucessivos reis perversos, a nação de Israel havia se desviado dos caminhos do Senhor, rejeitando-o, entregues à idolatria, ao culto a outros deuses, mergulhados em pecados e em uma espiritualidade superficial e diabólica. 

- Deus conclamava o povo ao arrependimento, através dos seus profetas, para voltarem-se para ele e abandonarem os falsos deuses; mas o povo permanecia entorpecido, com suas consciências cauterizadas e servindo ao próprio ventre. 

- Enquanto isso, no meio do povo, se levantavam falsos profetas, homens que não eram enviados de Deus, e que diziam falar em seu nome, adulando o povo rebelde com promessas de que eles herdariam a terra prometida, garantindo-lhes que voltariam, em breve, para o seu país. 

- Deus levantou a Ezequiel, para que ele dissesse a verdade ao povo: tão cedo não se livrariam do jugo caldeu, e tão cedo não regressariam à sua terra. Ou seja, o cativeiro se prolongaria por muito tempo. 

- Ezequiel afirmou ainda que Jerusalém seria completamente destruída, significando que os judeus em exílio não teriam para onde voltar. 



O RECRUDESCIMENTO DO POVO

- Jerusalém cai sob as mãos de Nabucodonosor: 

“E sucedeu que, no ano duodécimo do nosso cativeiro, no décimo mês, aos cinco do mês, veio a mim um que tinha escapado de Jerusalém, dizendo: A cidade está ferida.


- Deus revela a Ezequiel o que acontecerá com o seu povo: 

“Ora, a mão do Senhor estivera sobre mim pela tarde, antes que viesse o que tinha escapado; e ele abrira a minha boca antes que esse homem viesse ter comigo pela manhã; e abriu-se a minha boca, e não fiquei mais calado.
Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Filho do homem, os moradores destes lugares desertos da terra de Israel falam, dizendo: Abraão era um só, e possuiu esta terra; mas nós somos muitos, esta terra nos foi dada em possessão.
Dize-lhes portanto: Assim diz o Senhor DEUS: Comeis a carne com o sangue, e levantais os vossos olhos para os vossos ídolos, e derramais o sangue! Porventura possuireis a terra?
Vós vos estribais sobre a vossa espada, cometeis abominação, e cada um contamina a mulher do seu próximo! E possuireis a terra?
Assim lhes dirás: Assim disse o Senhor DEUS: Vivo eu, que os que estiverem em lugares desertos, cairão à espada, e o que estiver em campo aberto o entregarei às feras, para que o devorem, e os que estiverem em lugares fortes e em cavernas morrerão de peste.
E tornarei a terra em desolação e espanto e cessará a soberba do seu poder; e os montes de Israel ficarão tão desolados que ninguém passará por eles.
Então saberão que eu sou o Senhor, quando eu tornar a terra em desolação e espanto, por causa de todas as abominações que cometeram.”

- Deus aplicava sobre a sua nação desobediente o castigo por ter insistido em se rebelar, e contender com Deus, praticando o mal: idolatria; sacrifício de crianças, assassinatos, e outras agressões ao próximo. 

- Temos que, quanto mais distante do Senhor, mais o coração do homem se inclinará ao pecado, maquinará o mal, satisfará a sanha maligna, rejeitando a bondade e o favor divino, rejeitando a sua Lei, e entregando-se de corpo e ao desejo perverso de rebelião deliberada. 

- Assim como aqueles falsos profetas, que incitavam o povo à permanecerem na desobediência, acalentando o mau coração que tinham com falsas promessas, mantendo-os iludidos com a perspectiva de que não seriam castigados, e de que estavam agradando a Deus e o servindo, assim também, no mundo de hoje, muitos falsos mestres e profetas incitam os homens a continuarem em suas vidas rebeldes, contaminadas pelo pecado, sem a necessidade de arrependimento, sem a necessidade do perdão divino; vivendo como se Cristo houvesse vindo ao mundo desnecessariamente. Quando muito, para dar exemplo de abnegação, de entrega, mas morrendo inutilmente na cruz, porque o homem pode, por si mesmo alcançar os favores e a graça do Pai: esse homem se acha merecedor da graça de Deus. 

- Quantas pessoas procuram uma igreja ou religião apenas para satisfazerem a si mesmas, imaginando que, com suas devoções, sacrifícios, penitências, estarão satisfazendo a Deus?

- Quantas pessoas querem, verdadeiramente, procurar a Deus pelo que ele é, agradecendo-o por tudo que tem feito em seu favor? Ao contrário, eles acham que são capazes de dar-lhe algo, procuram-no para molestá-lo com os seus egos, numa clara atitude de autoexaltação, como se pudessem dar mais a Deus do que dele receber.

- Buscam, no fim-das-contas, uma autojustificação, considerando-se merecedores dos cuidados de Deus, ao invés de humilharem-se, arrependendo-se, buscando nele o perdão. 

- Essa é a religião dos homens, em que cada um busca satisfazer-se a si mesmo, considerando os louros pelo esforço pessoal, enganando-se a si e a muitos outros, pondo a sua fé em um ídolo, um embusteiro. 

- No Éden, Adão e Eva acreditaram possível descumprir uma ordem, um preceito, dada por Deus e ainda assim permanecerem agradáveis aos seus olhos. 

- Pior, acharam que poderiam ser como Deus, caindo nas esparrelas e lorotas da serpente. 

- Mas o que lhes sucedeu após pecarem?

- Veja bem, todos os envolvidos na Queda da humanidade, na tragédia do Éden, foram punidos; 

· A serpente: Gn 3.14-15.

· A mulher: Gn 3.16.

· O homem: Gn 3.17.

· A terra não ficou incólume ou foi inocentada (aquela que sustentou a árvore, que daria o fruto do bem e do mal): Gn 3.17b.

- Claro que a terra não teve uma participação direta na Queda, mas por causa da quebra da mordomia de Adão, o qual era responsável e zelador da criação, ela também foi afetada pelo pecado, e agora produziria ervas daninhas, espinhos e pragas. Gn 3.18

- Assim como Adão e Eva não se arrependeram do que fizeram (pela gravidade das suas decisões, caso houvesse arrependimento, o Senhor o deixaria registrado nas Escrituras, levando-me a crer que o casal primevo não se arrependeu de seus atos), Israel também não se arrependeu, pelo contrário, insistiam obstinadamente em pecarem sucessivamente contra Deus, mesmo que Deus lhes tenha dado todos os avisos, e esperado pacientemente que o povo se reconciliasse consigo. 

- Demonstrando o que havia em seus corações, o povo, diante dos insistentes alertas de Ezequiel, como agia?


PARTE 2

INTRODUÇÃO: 


- No estudo da semana passada, vimos que Ezequiel estava pregando para um povo de coração duro e que se afastara de Deus.

- Israel esperava ser agradável a Deus desobedecendo-o, transgredindo a sua lei, opondo-se à sua vontade revelada e santa, e entregando-se aos desejos mais perversos do seu coração. 

- Apesar dos incessantes alertas e chamamentos de Deus para que o povo se arrependesse (não nos esqueçamos de que Ezequiel foi contemporâneo de outros dois grandes profetas: Jeremias e Daniel); apesar da paciência de Deus em exortá-los a voltarem ao caminho da justiça, da retidão e santidade, do fiel serviço e culto a Deus, Israel, obstinadamente, emprenhava-se em trilhar os caminhos de morte, ao entregar-se ao pecado desavergonhadamente, rebelando-se contra o senhorio e governo perfeitos de Deus. 

- Vimos que esse padrão é o mesmo padrão adotado pelo mundo, hoje, e de que nem mesmo parte da igreja está imune às ciladas e armadilhas que satanás e seus servos têm colocando diante dela, seduzindo-a com valores e apetites carnais e irrefreados, no qual o único objetivo é negar a Deus e sua obra. 

- De certa forma, essa igreja, que está dentro da igreja verdadeira, é falsa e corrompida pelo anseio de trair e destruir aquela por quem Cristo morreu, e que eternamente é parte do seu santo Corpo. É negá-lo como cabeça, noivo e salvador, mas também como Senhor de todas as coisas, mesmo aquelas que não desejam se lhe submeterem, mas o farão naquele dia em que todos os joelhos se dobrarão diante dele, e todas as bocas professarão que ele é o Senhor! (Fp 2.10-11).

- Muitos têm se entregado, tal qual Israel ao tempo de Ezequiel, à satisfação pérfida e declarada do desejo iníquo dos seus corações. Com isso, eles negam a Deus, negam a verdade, negam a santidade, negam a obra de Cristo, sua ressurreição, e recusam-se a entrar no reino de Cristo, e correm céleres para o reino das trevas, acreditando-se agraciados pelos favores divinos na exacerbação da vergonha, da afronta, da volúpia insidiosa, da inimizade com Deus. 

- Querem as bênçãos, assim como Israel queria, mas negam frontalmente o Deus que abençoa e prospera e redime, agindo como traidores, recusando servi-lhe, em desobediência acintosa; esperam amizade com aquele que ofendem, desprezam, zombam e teimosamente se lhe opõem, provando com suas vidas andarem na contramão da vontade divina, onde seus atos, práticas e pensamentos insultam e ultrajam a Deus. 

- Vamos, então, à pergunta deixada na semana passada: Demonstrando o que havia em seus corações, o povo, diante dos insistentes alertas de Ezequiel, como agia?



PROVACANDO A IRA DE DEUS

- Nos versos 30 e 31,lemos: 

“Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor. 
E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza.”


- O que lhes parece essa atitude? Pensemos um pouco...

- O trecho nos diz que eles falavam do profeta Ezequiel, mas falavam de esgueirando-se pelas portas e paredes das casas, na surdina, como alcoviteiros. O povo agia como “fofoqueiro”, agindo dissimuladamente. Por isso, Deus revelou ao profeta o castigo e a punição que Israel receberia. 

- Ao ridicularizarem o profeta, zombando e falando mal dele, não apenas negavam o homem e sua mensagem, mas a Deus que era o doador da mensagem, a mensagem misericordiosa através da qual o povo poderia se arrepender, convertendo-se dos seus maus caminhos. 

- Todas as práticas abominadas por Deus, como a idolatria, o sacrifício de crianças, o assassínio, o furto, o ódio ao próximo eram provas inconteste da rejeição flagrante do povo à palavra e à vontade divina. 

- Foi assim com os antepassados de Israel, no Êxodo, quando negaram a Moisés e Arão no deserto. 

“E Coré, filho de Izar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben.
E levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinqüenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, chamados à assembléia, homens de posição,
E se congregaram contra Moisés e contra Arão, e lhes disseram: Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?”

- Antes de Coré e seus seguidores levantarem-se contra Moisés e Arão, houve a maledicência, ou seja, Coré, Datã e Abirão, primeiro convenceram os príncipes da congregação de que Moisés era um impostor, e de que liderava Israel ilegitimamente, falando pelas costas de Moisés e Arão.

- Para que eles tivessem êxito, era necessário espalhar mentiras, dizendo de Moisés e Arão aquilo que eles não eram, distorcendo e enganando quanto ao que não faziam, mas que em suas bocas imundas era tido como verdade. 

- A maledicência é um problema sério. Ela começa as vezes como um comentário, como uma mentirinha “boba”, e à medida que vai ganhando espaço entre as pessoas torna-se uma bomba prestes a explodir, causando a destruição e morte de inocentes. 

- Coré, Datã e Abirão após convencerem os 250 príncipes, angariando o apoio deles, os incumbiram de espalhar, entre o povo, a difamatória noticia da ilegitimidade de Moisés e Arão. 

- O que era uma provocação inicial e sem sentido, transformou-se em uma maciça rebelião, na qual Israel em peso se rebela contra a autoridade de Moisés e Arão, contra a palavra dada por Deus a eles, contra a vontade do próprio Deus que os estabeleceu líderes do povo. 

- Se atentarmos apenas par ao livro de Números, veremos incontáveis manifestações de ingratidão e insubordinação no meio do povo de Israel, seja por murmurações, pelo desejo de voltar ao Egito, pela confecção de ídolos (o bezerro de ouro, p. ex.), pelas acusações contra Deus e os líderes, pela recusa de aceitarem a autoridade divina. 

- Com isso, muitas foram as derrotas sofridas por Israel diante dos seus inimigos, sejam amalequitas, sejam cananeus ou filisteus. Eles acreditavam que a força e o poder estava com eles, quando a força do povo estava em Deus, no desejo de reverenciá-lo e obedecê-lo. 

- Postos exclusivamente em suas vontades, a derrota era certa (como castigo e juízo divino); quando havia sintonia entre a vontade deles, de servirem e glorificarem ao único Deus, a vitória era certa. 

- Assim também acontece conosco: quando colocamos a glória em nós mesmos, em nossos feitos, e em nossa bondade, inteligência ou qualquer outra virtude, esquecendo-nos de que há em nós o “imago dei”, e de que o bem que fazemos somente o fazemos porque Deus não somente nos deu o dom mas também nos capacitou a exercitá-lo, estaremos irremediavelmente derrotados. 

- Quase sempre os fuxicos se transformam em escândalos, em tragédias de grandes proporções, mesmo que fira e atinja uma única pessoa. 

No caso de Coré e seus comparsas, a maledicência e a rejeição a Moisés e Arão, mas sobretudo a Deus e sua vontade, resultou-lhes em destruição e morte; toda a congregação de Israel se voltou contra Moisés e Arão, levando aquele a proferir: 

“Então disse Moisés: Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a fazer todos estes feitos, que de meu coração não procedem.
Se estes morrerem como morrem todos os homens, e se forem visitados como são visitados todos os homens, então o Senhor não me enviou.
Mas, se o Senhor criar alguma coisa nova, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao abismo, então conhecereis que estes homens irritaram ao Senhor.
E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra que estava debaixo deles se fendeu.
E a terra abriu a sua boca, e os tragou com as suas casas, como também a todos os homens que pertenciam a Coré, e a todos os seus bens.
E eles e tudo o que era seu desceram vivos ao abismo, e a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação.
E todo o Israel, que estava ao redor deles, fugiu ao clamor deles; porque diziam: Para que não nos trague a terra também a nós.”

- Da mesma maneira, parte do povo se reunia pelas costas de Ezequiel para o difamarem, zombando dele, e da palavra de Deus. Levantando calúnias, mentiras, a fim de colocarem em dúvida o seu ministério profético, e, por conseguinte, a mensagem que Deus lhe dava e a qual proclamava. 

- No fundo, boa parte de Israel estava contaminada pela aversão e repulsa de tudo o que se relacionasse com Deus, incluindo a sua palavra e aqueles a quem Deus outorgou a autoridade de proclamá-la. 



OS DISSIMULADOS DA FÉ

- Veja bem, havia outro grupo que aparentava interesse em ouvir o profeta, como se realmente estivesse interessado no que Deus estava para falar por intermédio de Ezequiel, mas, em sua hipocrisia, o povo estava em atitude de afronta a Deus, de zombaria e escárnio. 

- De forma que o povo se assentava diante dele, ouviam-no como se escutassem uma bela canção na voz de um intérprete melodioso; como se ouvissem um monólogo pela boca de um ator talentoso; como se vissem um balé no movimento harmonioso dos corpos e gestos. Para eles, era uma distração, uma brincadeira, uma diversão sem maiores consequências. 

- Certamente, Ezequiel era um grande orador, um homem de voz suave, falando como se cantasse uma música agradável (tanger); era-lhes um virtuose, em quem viam muitas virtudes, mas desprezam claramente a sua mensagem. 

- Da mesma forma, em nossos dias, muitos na assembleia, sentados dominicalmente nos bancos e cadeiras das igrejas, ouvem a proclamação dos púlpitos como se estivessem a assistir uma opera, uma apresentação teatral, uma palestra motivadora. As palavras soam aos seus ouvidos como afagos, muito por causa da exposição falsa e distorcida do evangelho, uma preocupação dos líderes em acariciar o ego de boa parte da assistência, mas também porque esta, possuidora de ouvidos moucos, está surda para a verdade, e contenta-se em se deliciar com a ideia de uma vida cristã circunscrita à tradição, à rotina de seguir certos padrões que aparentam espiritualidade, mas que no fundo são a antítese de uma vida com Deus. 

- Muitos, assim como os judeus, estão impregnados pela falsa religião, aquela em que eles cumprem certos ritos e formalidades, para satisfazerem-se a si mesmos, e se considerarem merecedores dos favores e da graça divina. 

- Na verdade, eles se iludem, considerando-se servos, quando não servem, pois suas vontades estão em oposição à vontade divina; não querem obedecê-lo, muito menos honrá-lo; antes, especializaram-se na falsificação da fé, em aparentarem alguma espiritualidade, retidão e santidade, quando, em seu íntimo, buscam apenas satisfazerem-se e ao seu ventre. 

- São imitadores, mas não há autenticidade neles, porque o Espírito do Senhor não está neles. Não conhecem a Deus, e fingem conhece-lo; infelizmente, muitos são cegos guiando cegos, levando-os ao abismo, para onde também se lançam, achando que estão no caminho santo e perfeito para o céu. 



A CONFIRMAÇÃO PELOS FRUTOS

- No verso 32 b, lemos: 

“Porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.”

- De que adianta ouvir e não praticar? O senhor Jesus disse: 

“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina;
Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas.”

- Sem os frutos, a vida cristã é vazia, estéril, é um nada a serviço do nada!

“E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.
Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus.
Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.
Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.”



CONCLUSÃO

- Ao tempo de Ezequiel, na Babilônia, o povo de Deus estava tão integrado à vida pagã, seguindo os seus princípios, vivendo para si mesmos e seus ídolos e não para Deus, incorporados à sociedade caldeia, acreditando ainda serem filhos do Altíssimo, seguros na presunção de terem Abraão por pai, que a pregação do profeta pouco ou nenhum efeito produziu nele. 

- Ainda assim, multidões acorriam para ouvir o profeta falar, não para ouvirem a voz divina, mas para distraírem-se com a sua retórica, sua voz suave, seu magnetismo pessoal, como se fosse uma simples exibição performática. 

- Eles seguiam o padrão formal (alguns até mesmo empenhavam-se na detratação e ridicularização do profeta), a frieza e a maledicência do homem natural que acredita servir a Deus, mas não crê nele, nem em sua palavra, cultivando uma falsa religiosidade, onde o verdadeiro ídolo é o pecado, e a satisfação consiste em praticá-lo, em fazê-lo realizar-se diariamente em suas vidas. 

- Como eles, muitos de nós seguimos os passos dos israelitas sob a jurisdição e jugo de Nabucodonosor, buscando o mero cumprimento de um rito, de uma tradição, sem ter a real dimensão do que seja cultuar a Deus, não por obrigação, mas por gratidão e amor. Conformados com este mundo, não percebem a vida hipócrita e sem sentido a qual estão presos. 

- Que cada um de nós acorde para a realidade da fé cristã, para a responsabilidade de cuidarmos de nós mesmos, da nossa fé, não deixando que o Espírito se extinga, nem que sejamos apenas “batedores de ponto”, como se estivéssemos em uma repartição pública. 

- O exercício da fé e a obediência à vontade divina não são formalismos a serem executados mecanicamente, a fim de se receber uma recompensa futura. Não. Cristo já nos tem abençoado, e recompensado, muito antes de abrirmos os olhos pela primeira vez. Não devemos servi-lo por algo que ele nos dará, mas servi-lo pelo que já nos deu. Existem promessas a serem cumpridas, mas as já realizadas devem ser o motivo da nossa gratidão. 

- Servimos, adoramos, reverenciamos e tememos não pelo que virá, ainda que o porvir nos encha de alegria, mas pelo que já nos foi dado; muito mais do que jamais seremos capazes de agradecer proporcionalmente. 

- E, acima de tudo, a comunhão que temos hoje com ele, sem a qual não haveria sentido para as nossas vidas. Nem o que esperar. 

- A verdade dele é feita em nós, para que possamos testemunhar ao mundo que somente ele é a verdade.

- Que o bom Deus torne os nossos corações em chamas, aquecidos pelo seu Espírito, para nunca mais voltarmos à modorrenta e desleixada e relapsa “vida cristã” que não é cristã, mas uma cópia malformada daquilo que devemos abandonar, rejeitar, e enterrar juntamente com o velho homem. 

- Sendo feitos novos, por aquele que é verdadeiramente homem, mas também verdadeiramente Deus: Jesus Cristo!
CLIQUE, NO TÍTULO DE CADA UMA DAS POSTAGENS, PARA ACESSAR O ÁUDIO DO SERMÃO OU ESTUDO