Página de doutrina Batista Calvinista. Cremos na inspiração divina, na inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas; e de que Deus se manifestou em plenitude no seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o qual é a Segunda Pessoa da Triunidade Santa

sábado, 25 de maio de 2013

Exposição de Atos 17: "O Deus desconhecido"

Pr. Luiz Carlos Tibúrcio


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OBS: Antes do áudio da pregação, o 4Shared coloca, aleatoriamente, uma propaganda entre muitas, e que variam de 9 a 52 s. Como o serviço é gratuito,  infelizmente não temos como retirá-las. 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 42: A humanidade, o homem como imagem de Deus




Por Jorge Fernandes Isah



Dando continuidade ao nosso estudo sobre o esboço da declaração de fé do T.B.B, trataremos hoje do tópico "Humanidade". 

Abramos nossas Bíblias em Gn 1.27, que diz: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou". 

Primeiro, o que você entende pela expressão "imagem e semelhança de Deus" ou o "Imago Dei"? Se somos a imagem de Deus, não quer dizer que sejamos iguais a Deus em tudo. A imagem, ainda que reflita o ser, não é o ser, mas a aparência do ser como representação, como imitação, mas muito mais do que isto, o fato de sermos imagem divina quer dizer que Deus imprimiu em nós algo de si mesmo, deixando claramente marcas do que é, do que nos deu ser, e do que podemos vir a ser, imprimindo em nós traços, características, que nos remetem a ele, e de quem somos herdeiros. É o que ele nos revela, ao tomar do pó da terra, uma massa sem vida, e nela, pelo seu sopro, trazer à vida [Gn 2.7]. O homem é sobretudo e de forma geral, criatura divina, formada e conformada à sua vontade, carregando em si aspectos do Criador, de maneira que se não fosse por ele não existiria, nem seria o que é. É como se Deus tomasse uma página em branco [o barro] e imprimisse nela letras, palavras e frases que a dessem sentido. É ele  portanto quem nos dá significado, e por quem existimos de fato. Ao contrário do que o materialismo e a antropologia moderna dizem, o homem não é fruto o acaso, nem fortuito, mas a imagem do ser divino, sem o qual seria impossível e não subsistiria. 

A forma que Deus nos deu, de carregarmos alguns de seus atributos, como mostra da sua bondade e misericórdia, são os que chamamos de comunicáveis, os quais Deus nos transmitiu; contudo, há atributos que são inerentes ao ser divino e portanto intransferíveis, os quais somente ele tem e mais ninguém, pois há somente um Deus, e são eles que o tornam quem é. Logo, se somos imagem, somos naquilo que temos em comum com ele, sem que sejamos ele. A capacidade de amar, ser justo, o raciocínio, a bondade, a ira, etc, são alguns dos que compartilhamos, que nos tornam humanos e sem os quais seríamos qualquer outra coisa, ou não seríamos. 

É-se possível meditar no fato do que vem a ser a humanidade, uma questão que é debatida há séculos por teólogos, filósofos e antropólogos, gerando muitas dúvidas e disputas. Uns pontuam que ela seja todo o homem, corpo, alma e espírito. Outros, com os quais me identifico, acreditam que ela está reservada na alma sendo o corpo apenas o receptáculo no qual a humanidade se manifestará. Dizem que esta é uma posição radical, que rompe com a integralidade do ser humano, fazendo uma distinção forçosa entre corpo e alma, e que não espelha a verdade bíblica. Entendo que a alma é o centro da razão, da emoção, e tudo o que compõe a humanidade; e o próprio fato da Bíblia asseverar que este corpo será ressuscitado no Dia do Senhor, mas de que será um novo corpo, conformado à imagem de Cristo, já nos dá mostras de que não é ele o que nos torna em humanos. Por isso, há aqueles que dizem ser esta posição dicotômica, com a qual não concordo, mas como não é, propriamente o tema do nosso estudo, deixarei para discuti-la em outro lugar, mais adequado e apropriado [1]. Certo é que Deus nos deu algo que nos faz parecidos com ele, e que não pode ser o corpo, pois Deus é Espírito; e sem ele não seríamos humanos.  

Contudo, não podemos esquecer de que esses atributos foram corrompidos pelo pecado; e pelo pecado de um todos os homens pecaram [Rm 5.12]; de forma que os atributos comunicados por Deus são sombras do que eram em Adão, o primeiro homem. Apenas Cristo, o homem perfeito, detém a humanidade perfeita e santa, e é nele e pelo seu poder, que seremos semelhantes a ele, naquele glorioso dia, em sua santa e perfeita humanidade. Se morremos em Adão, somos vivificados por Cristo [1Co 15.20-22].

Com isso, não estou a dizer que está tudo perdido, que temos de nos resignar a não manifestar os atributos maravilhosos com os quais o Criador nos agraciou, porque somos pecadores, e, em nossa miséria, não produziremos nada de bom. Não! Cristo veio exatamente resgatar no homem aquilo que se perdeu no Éden, aquilo que ele nos deu e jogamos na lata de lixo estupidamente;  ele veio restaurar e implementar, pela ação do Espírito Santo, nova mente, novo coração, novo espírito, capacitando-nos a ser como ele é. Claramente, esse é um processo, que culminará no novo homem, eternamente imaculado. Não acontecerá da noite para o dia, pois dividimos duas naturezas que se digladiam e opõem-se: a carne e o espírito. Paulo nos alerta da luta constante que há entre elas, e, temo dizer que, na maioria das vezes, a primeira sairá vitoriosa. Mas o esplendor da segunda vitória, ainda que parcamente, se apresenta como uma esperança viva e alentadora no futuro que se avizinha: jamais o pecado nos fustigará e exercerá domínio sobre nós, pois teremos a humanidade daquele que jamais pecou. Nada disso por mérito próprio, mas por Deus que é quem atua tanto o querer como o fazer em nós, por sua infinita bondade, misericórdia e amor. 

A nossa responsabilidade é grande, pois mesmo sendo pecadores e falhos, somos luz e objetos de observação atenciosa do mundo, que nos julgará em cada deslize, em cada desacerto, em cada infração, em cada pecado, representando blasfêmia ao nome do Senhor. Se nos é dado o Mestre, aquele ao qual não somente devemos seguir mas imitar, não podemos nos imiscuir de fazê-lo; e ao não fazê-lo, deliberadamente nos colocamos no rol dos que não amam a Deus, pois não cumprimos os seus mandamentos; rejeitamos o discipulado e nos tornamos em cristãos dissimulados, quando não traidores e negadores da verdade. 

Ora, amar significa ser fiel, ainda que muitos digam-se amorosos mas infiéis. A infidelidade pode acontecer e acontecerá, mas nunca pode se transformar em um meio de vida, em um "modus operanti", do qual não nos arrependemos e rejeitamos. O amor é provado pelas boas obras, por aquilo que fazemos, e dizê-lo sem praticá-lo é o mesmo que não dizer... A fé sem obras é morta [Tg 2.17]  Ninguém se convencerá de que amamos verdadeiramente se demonstramos o desamor com nossos atos. Assim é a vida cristã, a busca incessante, tenaz, pela santidade; e estando ela plena e completamente manifestada em Cristo, não há outro a seguir e imitar. Devemos ser como ele, ainda que não sejamos, mas na certeza de que um dia seremos. Devemos obedecê-lo, em ensinamentos e prática, para assim sermos como ele. E é esta esperança que nos moverá a caminhar e trilhar a estrada que esculpiu em nossa natureza maligna, e nos afastará definitivamente de cair dos penhascos, de atolarmos na lama e sucumbirmos à morte no pântano da transgressão. Podemos até nos aventurar aos abismos e, ao perder-se o equilíbrio, prestes a se lançar na perdição, somos seguros e impedidos por aquele que não permitirá a nossa ruína e desgraça. Mas jamais, deliberadamente, devemos fazê-lo como "provocação", como se estivéssemos a tentá-lo, pois, pode ser que não sendo eleito, não haja mão que nos sustente e nos impeça de alcançar o que procuramos teimosamente: a desgraça total e final!

Neste ponto, farei um aparte. O conceito do "salvo uma vez, salvo para sempre", tem a ideia falsa e distorcida e capciosa de que isso acontece porque o homem "autorizou" Deus de preservá-lo da condenação. Ora, essa visão é abominável! O homem, do qual o salmista diz não proceder bem algum e em quem reside apenas a imundície [Sl 53:1-3], como seria capaz desejar e almejar algo tão santo quanto a preservação do pecado e da condenação? Apenas os tolos acreditarão no som da própria voz, a dizer-lhe: "foi por seu mérito, de mais ninguém!". A esse orgulho foi que caíram Satanás, seus anjos, Adão e Eva, e todos nós. A preservação é algo que foge ao nosso alcance e poder, pois, em nós mesmos, qual abrigo teríamos? Abrigar-nos no mal? Apenas aquele que tem o lugar seguro, que é Rocha e Castelo Forte pode resguardar-nos e proteger-nos de nós mesmos, levando-nos, cada vez mais, a sermos semelhantes ao seu Filho Amado. E é nele que buscamos refúgio, fugindo de tudo aquilo que pode nos levar a voltar ao próprio vômito. E, lembre-se, tudo isso somente é possível porque Cristo, o Verbo, encarnou-se, fez-se homem e morreu na cruz em nosso lugar, tornando o impossível em possível: levar-nos à estatura do homem perfeito que ele é. 


Por isso, também, não há como aceitar a ideia antinominiana daqueles que arvoram uma graça miserável, de que quanto mais pecar, mais se revela a graça divina. A esses, como o apóstolo disse, não restam nada, apenas a inevitável perdição. O salvo deve ter aversão ao pecado, odiá-lo com o máximo de forças de que tem. Qualquer intimidade com ele significará morte, e morte eterna. Com isso, o que se pode concluir é que o homem está impossibilidade de, por si mesmo, restabelecer e restaurar-se do seu estado caído e pecaminoso. 



Mas, sobre a salvação, falaremos na próxima aula.

Notas: [1] Esta posição formulei-a no texto publicado no Kálamos, que se intitula "O pecado que Cristo não levou";
[2] Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico;
[3] Baixe o áudio desta aula em Aula 42.MP3

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 41: É pecado jurar?



Por Jorge Fernandes Isah



O irmão Bruno fez um questionamento, após a aula passada, ao qual julguei procedente considerar um esclarecimento aqui. Durante a nossa aula, foi dito que o membro da nossa igreja deveria jurar a Deus que aceitaria, cumpriria e defenderia a declaração de fé da igreja. Então, ele me perguntou:

- Mas a Bíblia não diz que o crente não pode jurar? - Certamente se lembrando do Sermão do Monte.

Eu disse-lhe que não, que não há a proibição, mas sem muita convicção, naquele momento. Decidi estudar um pouco, ontem, sobre o assunto e cheguei à conclusão de que a minha resposta estava correta, ainda que proferida sem a base bíblica claramente definida. Portanto, começaremos lendo o trecho de Ex. 20.7, cujo texto é repetido em Dt 5.11: Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”.

Agora leiamos o Sermão do Monte, onde o Senhor Jesus diz: Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” [Mt 5.33-37, consonante com Tg 5.12].

O que temos aqui? Uma expressa proibição do Senhor para que não juremos? Ele está a ordenar-nos que qualquer jura é pecado ou se refere a um tipo específico de juramento? É o que veremos a seguir. Mas primeiro, definamos o termo, segundo o Michaelis:

Juramento: "1 Ato de jurar. 2 Afirmação ou negação explícita de alguma coisa, tomando a Deus por testemunha ou invocando coisa sagrada". 

Temos, no Antigo Testamento, a afirmação clara de que o homem não deve jurar em vão, ou seja, ele não pode jurar sobre algo que não pode cumprir, e se jurar, deve fazê-lo, certo de que tem de cumpri-lo, do contrário ele profanará o nome de Deus. Veja que o juramente é sempre em nome de Deus, e não em nome de alguma outra coisa. Não podemos jurar em nome de nós mesmos, pois somos inconstantes e seres caídos, sem autoridade. Nem podemos jurar em nome de outro elemento da natureza, seja o céu, a terra, as árvores, etc., porque, ao fazê-lo, colocamos o nosso juramento sobre algo criado, que em si mesmo não é fonte de nenhuma autoridade, e acabamos por invocar implicitamente o nome de Deus, que é a origem de tudo o mais, o criador de todas as coisas, e é por ele que elas vieram a existência e têm a glória e o poder que ele as deu. Ao fazê-lo, acabamos por jurar implicitamente, de uma forma ou de outra, em nome de Deus, que o princípio de todas as coisas e a causa primeira da criação.

O Senhor Jesus ordena que não se jure por nada criado, visto que os judeus, com o decorrer do tempo, usaram o artifício de jurar em nome do céu, da terra, do templo, em substituição ao juramento em nome de Deus; já que se recusavam e proibiam a pronúncia do nome sagrado, o tetragrama YHVH [Javé]. Com o tempo adotaram a fórmula de jurar em nome das coisas criadas, como um subterfúgio, um estratagema, para resolver o dilema de não se pronunciar o nome divino, considerado impronunciável por qualquer dos homens.

Cristo nos diz que não se deve proceder assim, e que assim o fazendo, cometemos pecado. Entre os judeus, especialmente fariseus, acreditou-se que o juramento, sendo em nome das coisas criadas, possibilitava o seu não cumprimento, de sorte que a autoridade para que determinado juramento fosse considerado válido ou invalido cabia exclusivamente às autoridades do templo. Com isso o homem se tornou, em última instância, a autoridade, aquele que controlava o que se devia cumprir ou não, à revelia do texto bíblico que exortava ao cumprimento de tudo o que se prometia, pois sempre era realizado em o nome do Senhor. Não há juramento que não seja em nome de Deus, pois nele está contido o poder supremo e absoluto, a autoridade absoluta e suprema. Por isso, até hoje, em muitos tribunais, os envolvidos no julgamento são obrigados a jurar dizer a verdade somente a verdade em nome de Deus, com a mão direita estendida e a mão esquerda sobre a Bíblia, implicando que aquela pessoa o está fazendo diante de Deus, em seu próprio nome. O que os judeus fizeram foi uma exceção, uma excrecência à ordem divina, e, agindo dessa forma, estavam em flagrante pecado e desobediência.

Contudo, o próprio Senhor jurou por si mesmo: Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus, E disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz. Então Abraão tornou aos seus moços, e levantaram-se, e foram juntos para Berseba; e Abraão habitou em Berseba. [Gn 22.15-19].
E,
“Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo” [HB 6.13- ver até o verso 17].

Claramente, o juramento nos remete a Deus, o Criador e Senhor de todas as coisas, ao qual devemos honrar e do qual somos porta-vozes. O profeta antigo, que recebia as palavras diretamente de Deus, e o atual, que as recebe das Escrituras, falam em nome de Deus. E é o nosso dever falar em nome do Senhor; algo que devemos ter sempre em mente, e, assim, pelo nosso falar, somos testemunhas não somente do que Deus diz, mas também daquilo que ele fez em nós. Usar e falar em nome do Senhor, logo, não é pecado, pelo contrário.

Há a ordem explícita para que o homem jure: “O Senhor teu Deus temerás e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás... Ao Senhor teu Deus temerás; a ele servirás, e a ele te chegarás, e pelo seu nome jurarás” [Dt 6.13, 10.20].

Não podemos é usar o nome de Deus em vão, pois quem o faz comete perjúrio [Sl 24.4], a profanação do sagrado, do nome santo de Deus, que é o próprio Deus. 

Em 2 Co 1.23, Paulo invoca a Deus como testemunha de que ele não podia ir a Corinto.

Não devia ser necessário o juramento. O nosso testemunho deveria falar por nós mesmos, de forma que sempre que dissermos sim ou não, a verdade esteja evidente e patente. De que as nossas promessas serão cumpridas e não negligenciadas; de que tudo o que falamos é verdadeiro e de que não mentimos. O juramento é uma forma de confirmar o que está sendo dito, e invocamos a Deus por testemunha daquilo que dizemos ou prometemos. O fato do homem ser mentiroso nos leva a jurar em nome daquele que nunca mente [Rm 3.4]; e por ele, devemos nos guardar da mentira, sendo verdadeiros.  

Notas: 1 - Estudo realizado na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2- Baixe o áudio desta aula em  Aula 41.MP3onde alguns outros pontos e versos bíblicos, não abarcados neste texto, são abordados. 
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