Página de doutrina Batista Calvinista. Cremos na inspiração divina, na inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas; e de que Deus se manifestou em plenitude no seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o qual é a Segunda Pessoa da Triunidade Santa
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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Exposição em Salmos 42.1-5: Onde está o teu Deus?




Jorge F. Isah





INTRODUÇÃO

- Este Salmo não tem um autor definido. Presume-se que seja Davi, muito por causa da linguagem similar ao do Salmo 63.

- Davi passava por duras provas no momento em que escreveu este Salmo. Provavelmente durante a perseguição de Saul ou o motim do seu filho Absalão, usurpando-lhe o trono. Entretanto, pode acontecer com qualquer um, em situação dramática e aflitiva, as reflexões e os anseios revelados pelo salmista. 

- No mundo cada vez mais distante de Deus, as últimas tragédias em Brumadinho, no Rio e outras localidades, têm abalado a fé de muitos, inclusive de pessoas que se consideram cristãs.

- Levando muitos à descrença e a abandonarem a fé.

- Interessante que, ao invés de buscarem mais a Deus, eles caem na incredulidade, e abandonam, se não definitivamente, ao menos temporariamente a fé.

- Citar o caso da minha prima, que me perguntava: “Por que Deus deixou que a minha amiga morresse?”.

- Respondi a ela: qual a culpa de Deus na morte da sua amiga? Não estamos todos debaixo do pecado e, por causa do pecado, do afastamento de Deus, o amor não habita os nossos corações, e nos entregamos ao mal? Matando, mentindo, enganando, traindo, roubando, cobiçando? O mundo é injusto por causa de Deus ou por causa do homem? Porque o homem se rebelou contra Deus, e desde o Éden não faz outra coisa senão desobedecer a Deus e a sua palavra, e se entregar ao seu próprio coração, satisfazendo-o por meio do pecado. 

- O alerta do apóstolo João é lido, ouvido, posto em prática? Mesmo por muitos cristãos? Ler 1 João 4.7-11



ONDE ESTÁ O SEU DEUS? 

- Qual a reação do homem diante das tragédias?

- O que o incidente em Brumadinho, por exemplo, tem a dizer?

- O homem reage de três formas: 

1) Agir com escárnio e deboche, como os “amigos de Davi”, zombando da sua fé: “Onde está o teu Deus?”

2) Agir sem compaixão, zombando da condição do aflito, acusando-o, como os “amigos de Jó”. Lembremos que, mesmo tendo “boas intenções”, o que fizeram foi aumentar a sua aflição e dor, fazendo de Jó o causador de toda a desgraça que lhe sobreveio: a perda dos seus rebanhos, da sua casa, dos seus servos, da sua família, da sua saúde. Enquanto Jó estava sendo tentando por Satanás, nada além disso. 

3) Agir com fé. Há muitos exemplos de heróis da fé na Bíblia. Em Hebreus 11, o apóstolo relaciona alguns que, vivendo pela fé, pela expectativa de algo que não viram, nem vivenciaram, mantiveram a confiança em Deus.

– O que é fé? Hebreus 11.6

- Galardoador: recompensar, gratificar, dar, mas também consolador e confortador.
 

UM EXEMPLO DE FÉ 

- João 11:20-27 – Diálogo entre Jesus e Marta acerca da morte e ressurreição de Lázaro. Marta declarou a sua fé e confiança em Cristo, ainda que, talvez, não esperasse a ressurreição do seu irmão, morto há três dias, e já sepultado na rocha. 

- Cristo confirmou a sentença de Hebreus 11, de que Deus é galardoador daqueles que o buscam e amam, recompensando-os com bênçãos infinitas. 

- Mas o resultado da fé será sempre os milagres e satisfação dos desejos e necessidades neste mundo? Seria Deus o “gênio da lâmpada” a satisfazer os nossos desejos mediante o ato de fé? Como o esfregar da lâmpada? 



O OBJETIVO DA FÉ: A CIDADE CELESTIAL

- Voltemos a Hebreus 11 e façamos uma leitura mais detalhada, em especial dos versos 32-40. 

- Ao passo em que muitos alcançaram vitórias, por meio da fé (v.33-34), houve contudo aqueles que serviram a Deus com o seu sofrimento, dor e sangue (35-37). E meio em meio as piores provações e ataques, resistiram pela fé, herdando e alcançando a Cidade Celestial, a vida eterna com Deus (13-16). 

- Meditar em 1 Samuel 12.15-23 – Davi não rejeitou a Deus pela morte do seu filho, pelo contrário, após a morte ele se lava, troca de roupas, vai ao templo e o adora, come, confiando que veria a criança quando fosse até ela. Ele sequer quis ser consolado, ainda que o tenha feito com a sua esposa, Betsaba. Houve forças suficientes para confortá-la, e levar a ela a mesma esperança que tinha. 



A IGREJA COMO INSTRUMENTO DE CONSOLO E FORTALECIMENTO

- Por isso o salmista relembra os momentos em que estava, junto com outros irmãos, adorando e cultuando a Deus. É o que ele diz no verso 4: 

“Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão. Fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.”

- A igreja, na comunidades dos santos, pode nos trazer conforto, consolo e fortalecimento da fé, por isso Cristo nos instituiu como o seu corpo, e tanto o que o salmista diz como aquilo aventado por Paulo em Hebreus 11.40. 

- Davi se ressente do convívio no templo, em adoração a Deus, de uma alegria que não sentia nesse momento, mas tinha também o desejo de voltar a senti-lo, no comunhão entre irmãos, na adoração como um só corpo ao bom Deus. 


SEM CONHECER A DEUS, O HOMEM É IDÓLATRA

ÊXODO 32. 1-6 – O povo clama a Arão que construa um bezerro de ouro para adorarem.

ÊXODO 32.7-14 – Deus ameaça destruir o povo, mas mantém a sua promessa a Moisés, de por meio dele fazer uma grande nação. Moisés demove a Deus, que se arrepende de ter planejado o mal para a nação de Israel.

ÊXODO 32.15-20 – Moisés se ira ao ver o povo em festa, adorando ao bezerro de ouro (o povo estava nu, provavelmente se entregando a tipo de culto sexual); ele derrete o bezerro e dá de beber ao povo.

- Se Moisés, sendo homem e pecador, se irou ao ver a abominação no meio do povo, que dirá o Deus santo e perfeito, diante de tamanha ofensa?

- Por que de que adianta blasfemar, negar ou acusar a Deus? Isso não trará conforto, nem paz, mas apenas a satisfação da carne, alimentando ainda mais a rebeldia e inimizade com Deus. 



UM MUNDO LONGE E AFASTANDO-SE MAIS E MAIS DE DEUS

- Sabemos que o mundo jaz no maligno, e de que ele labora pelo seu senhor contra o Deus trino e santo.

- Então, sem o mover de Deus no individuo, temos um círculo vicioso, em que o homem é ignorante de Deus, e se faz incrédulo, enquanto a incredulidade aprimora a ignorância.

- O mundo não conhece a Deus. João 14:16

- Sem o Espírito de Deus é impossível conhece-lo. Sem conhece-lo, não há esperança ou confiança.



A IGREJA CONHECE A DEUS; CRISTO O REVELOU

- Pela pessoa de Cristo, conhecemos a Deus e somos dele conhecido. 

João 14.8


CONCLUSÃO: O CONHECIMENTO DE DEUS TRAZ A PAZ

João 14.1 e 27

- Meu irmão e irmã, faça uma avaliação sincera do seu coração: você confia em Deus? 

- Não apenas nas dádivas e milagres proporcionados dia após dia, mas, mesmo nas lutas, dores e tribulações, confia em que não está desamparado e de que terá o conforto e consolo e fortalecimento neste mundo, mas a recompensa de uma vida eterna com o Senhor?

- Você conhece o Deus que prometeu, assim como prometeu ao seu povo as recompensas e tesouros guardados em Cristo? 

- Lembre-se, Paulo ouviu o que nenhum outro homem ouviu, ao subir ao terceiro céu palavras inefáveis, maravilhosas, inexprimíveis, reservadas àqueles que conhecem e amam a Deus, e dele é amado (2 Coríntios 12.2-4)

- Conhecendo a Deus, temos paz! Pois sabemos que todas as nossas angústias e dores estão lançadas sobre os ombros do Senhor, como o apóstolo nos diz: lançando sobre ele, Cristo, toda a nossa ansiedade, porque ele tem cuidado de nós”.

- Por fim o salmista se pergunta a si mesmo: 

“Por que está abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim?”

- Para, ele mesmo, responde-la:

“Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face”.

Ele conhecia a Deus, e mesmo nas vicissitudes da vida, sabia que podia esperar nele, e somente nele, para a sua alegria, conforto e segurança.








domingo, 30 de outubro de 2016

Esboço de Sermão em Salmos 93.1-4: "O Senhor reina!"



Jorge F. Isah





1)  INTRODUÇÃO:

-      A primeiro afirmação que o salmista nos faz é a de que o “Senhor reina”!
-      Não há qualquer questionamento em relação à existência divina; isto é visto e pautado como um fato pelo escritor; ao reinar, ele existe; existe porque reina e reina porque existe.
-      Da mesma forma, não há qualquer tentativa de provar ou defender a existência de Deus; o salmista tem, por princípio, fundamento e pressuposto, o fato de que Deus existe, como verdade absoluta e insofismável.
-      Nenhum outro autor ou texto da Escritura se preocupa com esta questão. Todos partem da afirmação ou assertiva de que Deus existe; isto é um fato, não uma hipótese ou possibilidade.
-      No primeiro verso de Gênesis pode-se já, de início, perceber, entender, e crer, nessa constatação, pois está escrito:
“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1)
-      Nela está contida a preexistência divina antes de ele criar tudo o que há pelo seu poder.
-      O irmão consegue imaginar como Deus é poderoso, criativo e perfeito?
-      Se vislumbrarmos uma pétala de flor (algo visível ao homem), em sua beleza, fragilidade, pequenez e exclusividade, assim como o poder, esplendor e grandiosidade de uma estrela, é impossível não se maravilhar com o poder, diversidade e perfeição de tudo aquilo ao qual Deus fez, criou, por sua exclusiva vontade.
-      Existem outros componentes como o amor, a providência e a sabedoria divina em todas as criaturas, que refletem em maior ou menor grau a sua maravilhosa engenhosidade como designer.
-      Por mais que o homem seja criativo (e ele é, como reflexo do próprio atributo divino que nos foi imputado), nada se compara ao mundo pensando e colocado em prática pelo Senhor.
-      E esse é um fato, uma certeza, porque o homem traz dentro de si a imagem divina ou “Imago dei” (Gn 1.16-27) Mesmo corrompida pelo pecado, essa imagem está viva no homem, gritando dentro dele; e ela não se cala, pois a própria luta de alguns em negá-la se converte na prova de que é necessário apagar aquilo que de mais vivo há no homem para que ele possa se manter morto. A negação de Deus se converte na melhor forma de suicidio espiritual, na morte, no aniquilamento de si mesmo, a fim de encobrir as impressões divinas deixadas no ser humano.
-      O homem, por mais cético que seja, e por mais que permaneça em sua intransigente teimosia, jamais poderá, sinceramente, destruir a imagem de Deus sem aniquilar-se a si mesmo, e em seu lugar colocar um “monstro”, alimentado pelo pecado.

2)  QUEM É O SENHOR?

-      Em um mundo onde há uma profusão de deuses (criados à imagem e semelhança do homem caído); a época do salmista não era diferente, e em meio a tantos ídolos ele afirma categoricamente: o Senhor reina!
-      Mas, quem é esse Senhor?
-      Ele não é feito de barro, madeira, metal, nem esculpido pelas mãos humanas. Ele é Espírito, e como tal, não pode ser simbolizado por formas daquilo que vemos, pois ele não pode ser visto por olhos naturais.
-      Diferente dos deuses pagãos (sejam hindus, gregos, romanos, ou de outra cultura qualquer), ele não está circunscrito aos mares, ao fogo, à terra ou ao ar. Nem mesmo às estrelas.
-      Ele não é um Deus limitado, que precisa ser carregado, que está preso em um lugar, um elemento ou esfera da criação, como os falsos deuses. Ele é infinito, onipresente, e, portanto, está em todos os lugares.
-      O Senhor não é um Deus impessoal, que criou o universo e todas as coisas para abandoná-las, como um espectador assistindo a história passar diante de si passivamente. Não. O Senhor é o Deus ativo, por quem tudo veio a existir, e sem o qual nada existiria e subsistiria. Ele governa plantas, animais, homens, os elementos, os astros, e toda a sua criação, sem que nada aconteça alheio à sua vontadee ordem.
-      Muito menos um Deus fraco, impotente, sujeito à vontade de suas criaturas, incapaz de controlar a sua própria criação; um Deus de mãos atadas.
-      O salmista descreve, em seus poucos versos, o Deus Todo-Poderoso, Senhor de tudo e de todos, ao qual ninguém pode resistir.
-      Sua vontade é soberana, e seu reino é eterno.

3)  REINO ETERNO E IMUTÁVEL:

-      A Bíblia afirma que Deus é um, subsistindo na forma de três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 3.13-17).
-      Não faremos um estudo sobre a Trindade, não é este o tema do Salmo, mas é preciso que o Senhor seja identificado como tal, como ele é.
-      Novamente, voltemos à afirmação inicial do salmista: Ele reina!
-      Ao contrário de tantos reis e monarcas que são alçados e destituídos dos seus tronos, Deus reina; ele não reinou apenas, em um tempo remoto, ou reinará em um futuro distante, mas ele reina! O verbo está na sua forma intransitiva, indicando não necessitar de complementos, sendo, em si mesmo, completo, pronto, acabado.
-      Por isso, podemos afirmar que o seu reino é imutável; o seu reinado é indestrutível.
-      O seu reino existe porque ele o criou, por seu poder e vontade absoluta,  suprema.  Não existe qualquer condição para o seu reinado, a não ser o fato de ele ser o rei, o soberano pleno.
-      O seu reino não está circunscrito a uma região, país ou determinada área, povo ou etnia, mas sobre tudo e todos indistintamente.
-      O seu reino existe para refletir a sua glória, a glória eterna que possui.
-      O Senhor é rei eterno, ninguém o entronizou, assim como ninguém o destituirá. Ele está revestido de majestade, da glória que sempre teve consigo e da qual não pode se separar.
-      Assim, o seu poder é eterno e inerente ao seu ser eterno, não é algo que lhe foi dado e que lhe pode ser tomado; não é algo de que se arrependa ou despreze, porque ele é assim, e assim será.
-      Sendo ele imutável, também é imutável o seu poder, glória, reino e majestade. Tudo é intocado e intocável, pois não há nada maior do que o Senhor.
-      Da mesma forma, o seu eterno decreto, ou seja, a sua vontade soberana e imutável não transige, nem pode ser abalada. Ela está firmada nele, e como uma rocha é indestrutível.

4)  CRISTO: O SENHOR VÍSIVEL

-      Existe uma ideia equivocada de que Deus é Senhor apenas daqueles que se convertem a ele, mas a verdade é que a Biblia nos revela Deus como aquele que governa, rege, todas as criaturas, sem que nenhuma delas escape ou fuja do seu poder.
-      Muitos se recusam a reconhecer o seu senhorio, como se o fato de eu não gostar de azul pudesse mudar a cor do céu.
-      Por isso, Paulo nos diz, àcerca de Cristo: ler Filipenses 2. 5-11
-      O fato de não aceitar o senhorio de Cristo, não o impede de ser Senhor, pois ele é, a despeito da minha rebeldia e insensatez, Senhor!.
-      Então, Quando lemos o relato de que todo joelho se dobrará diante de Cristo, e toda língua confessará que ele é Senhor, não há margem para ninguém, nem mesmo o diabo e seus anjos, estarem fora dessa lista, não estarem subordinados a Cristo.
-      Se ao passo em que o crente regenerado o faz por amor e gratidão, os ímpios o farão pelo irresistível poder divino de sujeitar todos debaixo do seu poder, da sua autoridade; não haverá como satanás e seus servos não se curvarem e se sujeitarem ao senhorio de Cristo.
-      Nem há como discutir o fato de ele ser a expressa imagem de Deus, o Deus revelado, visível.
-      Mas nada disso acontece porque nos aproximamos dele, o amamos primeiro, então, Deus, em reciprocidade, reconhecendo o nosso esforço e aceitação, nos ama e se aproxima de nós. Não. Foi ele quem nos amou primeiro, eternamente, e por causa do seu amor é que o amamos (1Jo 4.19).
-      Cristo, pelo poder de sua palavra, mantém todas as coisas em ordem, ainda que para nós, em nossa arrogância e tolice, consideremo-nas caóticas e frágeis (Hb 1.1-3)
-      E é nesta palavra que Estamos firmados. Em Cristo, o verbo eterno, existimos, vivemos, nos movemos, para a sua glória.
-      Ler João 1.1-5

5)  CONCLUSÃO:

-      Este Salmo aponta diretamente para Cristo. Na verdade, toda a Escritura aponta para ele. Ao ponto em que, creio, o Pai e o Espírito Santo se alegram e são glorificados quando o Filho é glorificado; ao passo em que, caso o Filho não o seja, nem o Pai e o Espírito o serão.
-      Ele nos liga, de maneira sobrenatural, maravilhosa, a Deus; pois sendo Deus, se humilhou e assumiu a forma humana, fazendo-se um de nós, para nos tornar agradáveis ao Pai.
-      Portanto, como está escrito: tudo é por Cristo, para Cristo e em Cristo (Rm 11.36)
-      Glória eterna ao Rei dos reis e Senhor dos senhores!

sábado, 22 de outubro de 2016

ESBOÇO EM SALMOS 91.15-16: “A LONGEVIDADE DA SATISFAÇÃO”




Jorge F. Isah







INTRODUÇÃO

- Em nossa última meditação e exposição sobre este Salmo, vamos analisar mais alguns aspectos da promessa divina expressa nos últimos dois versos.

- Em meio a tantas promessas, nas quais Deus nos assegura que protegerá, sustentará, fortalecerá e, providentemente, nos guiará em seus santos caminhos, ouvirem de sua boca uma derradeira declaração de amor e zelo para com o seu povo, a qual nos encherá da mais vida esperança.

- Vamos pensar, um pouco mais, sobre a suficiência de Deus na vida do crente, e os aspectos eternos da relação do Deus eterno com o seu povo eternamente escolhido para ser seu.


DEUS SEMPRE RESPONDE

- Deus promete que nos responderá. É um fato! Mas como se dá essa resposta? Será no sentido dele sempre atender às nossas demandas, conforme a nossa vontade?

- Ou a resposta divina vai muito mais além do que o nosso imediatismo e veleidade (vontade inútil, imperfeita) nos leva a invocá-lo?

- Sabemos que a vontade divina, seus atos, e, também, suas respostas, são santas, Justas, perfeitas e eternas, enquanto, inúmeras vezes, queremos apenas que Deus se conforme à nossa vontade, que ele as satisfaça, cuja volição sempre está contaminada (ainda que em porções mínimas) pelo pecado.

- Portanto, sendo Deus perfeito, soberano sobre todas as coisas e sobre todos, ele não se sujeitará as suas criaturas; não se sujeitará à imperfeição, muito menos aos nossos pedidos carnais, transitórios e egoístas.

- Com isso, não estou dizendo que o crente não pode pedir e invocá-lo para coisas justas e santas. Não é isto. Porém, certamente, se o nosso pedido não estiver em sintonia com a vontade divina não passará de um mero veículo para os nossos prazeres imperfeitos e viciosos.

- Por que o Senhor deveria satisfazer-nos em algo que está distante dele, o qual abomina e nos escraviza, impedindo-nos de reconhecer, apenas nele, a suficiência da vida?

- Bem, a resposta divina nem sempre estará em harmonia e conformidade com a nossa vontade ou pedido; ou seja, a resposta nem sempre será nos nossos termos, mas nos termos divinos.

- A promessa é de que ele responderá, revelando-nos não ser ele “um deus” passive, distante ou indiferente ao clamor do seu povo.

- Contudo, antes de ouvirmos a sua resposta é necessário pedir, suplicar, invocá-lo.

- Qual o significado de “invocar”? Ela se apresenta como um chamado, um pedido de auxílio, de proteção, uma súplica, um rogo.

- Invocar a Deus é chamá-lo em nosso auxilio; é um pedido de socorro.

- Esse pedido pode ser de qualquer coisa ou nível.

- A garantia é a de que Deus não fará “ouvidos moucos”, ou ficará surdo ao nosso clamor.

- Entretanto, não há a garantia de que a resposta será conforme o pedido, porque o Senhor vê muito além da mera transitoriedade.

- Em 2 Co 12.7-9, lemos:

“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”.


- Ora, podemos afirmar que Deus respondeu a Paulo? E Paulo foi atendido?

- Sim, para ambas as perguntas, ainda que Paulo não tenha conseguido aquilo que pediu, mas obteve algo muito maior e melhor.

- Houve um rogo, uma invocação: Paulo tinha um espinho na carne, algo que o afligia, o angustiava e incomodava. Por três vezes pediu a Deus para tirá-lo.

- Muitos afirmam ser uma doença (provavelmente a cegueira), o que parece mais provável do que a afirmação de outros de que era um pecado.

- A resposta do Senhor foi tirar-lhe o espinho? Não. Qual foi então?

- Ele disse: A minha graça te basta!

- A sua resposta não foi conforme o pedido do apóstolo. Ele queria se ver livre do que o afligia, mas Deus tinha por propósito revelar-lhe que, mesmo no sofrimento e na dor, Paulo deveria se satisfazer apenas no Senhor, em confiança, em fé, em esperança.

- E essa é a sua resposta: por mais que os dissabores desta vida nos cerquem, nas horas mais densas, negras e terríveis, onde supomos estar abandonados, entregues à própria sorte, Deus estará conosco, acalmando-nos o coração, trazendo-nos paz!

- Ao dizer: “minha graça te basta”, ele estava dizendo a Paulo: satisfaça-se em mim, e nada te faltará, pois nada é mais necessário para a sua satisfação e felicidade do que eu.


NÃO OS ABANDONAREI

- Por isso, Deus disse, também: “estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei”.

- Parece cada vez mais difícil, mesmo entre os cristãos, nos dias de hoje, entender as coisas além deste mundo. As pessoas estão tão envolvidas consigo mesmas, com as coisas transitórias e temporais, que se esquecem das eternas, e do Deus eterno.

- Somos imediatistas, e vislumbramos quase sempre apenas os nossos umbigos ou a ponta do nariz.

- Tudo tem de ser feito hoje, agora, e não podemos esperar, ter paciência, aguardar no Senhor. Como crianças mimadas se não recebemos o que queremos, damos os “chiliques”, nos desesperamos, ainda que seja apenas uma histeria interior.

- Murmuramos e jogamos a culpa nos outros ou em Deus, por nossos dissabores, pela aflição e sofrimentos que têm como causa a nossa inimizade ou desobediência ao Senhor.

- No entanto, Deus nos dá uma garantia, e a certeza de que a cumprirá: estarei com você!

- Mesmo que a situação descambe para o desagradável, para o sofrimento, para a dor máxima: Deus nos responderá e estará conosco!

- E sua resposta pode ser atendendo ao nosso clamor ou, como no caso de Paulo, revelar-nos que somos suficientes nele, seja na morte ou na vida, na alegria ou na dor, no conforto ou na miséria.

- Não queremos ouvir isso, mas isso em si mesmo, deveria ser suficiente para nos satisfazer e alegrar.


ELE NOS GLORIFICARÁ

- Assim como o apóstolo se gloriou em suas fraquezas, para que o poder transformador e consolador de Cristo habitasse nele, assim o salmista tem a certeza de que será glorificado, tal qual acontecerá conosco, também.

- Deus responde ao salmista e a nós!

- Ao retirar de nós a angústia, mesmo que o mal persista, Deus cumpre a promessa de não nos abandonar, de ser o nosso refúgio e fortaleza; para que depositemos em suas mãos a nossa vida, e buscarmos nele o nosso esconderijo.



TEREMOS LONGURA DE DIAS

- Em outra tradução, longura de dias, no verso, significa: “saciá-lo-ei com longevidade”

- Tanto longura como longevidade são características do que é longo. Aqui identificando que Deus dará longos dias, prolongando-os.

- Porém, nos leva a pensar: todo o crente viverá muitos anos? É isso?

- Bem, se analisarmos a vida do Senhor Jesus, neste mundo, ela não durou mais do que 33 anos. Cristo não estaria, então, fora da promessa divina?

- Por outro lado, à época de Cristo, a expectativa de vida de um homem era, em média, 30 anos. Se Abraão, Isaque e Jacó viveram próximos dos 100 anos, o mesmo não acontecia 2.000 anos depois. Hoje, alguém que morre aos 40 anos é considerado jovem, e sua morte prematura.

- Mas estaria Deus prometendo longevidade temporal? E como entender a morte de servos fiéis em tenra idade?

- Pois bem, a questão não pode ser de anos literais ou tomados ao pé-da-letra, mas o verso trata de dar um desfecho a todo o Salmo 91, o qual é, em um dos pontos mais fortemente destacados, a suficiência do crente em Deus e sua glória, e a consequente satisfação do crente.

- Um ímpio, ainda que viva 500 anos não estará satisfeito. Nem aos 10, 20, 40, e mesmo que viva para sempre. Não há nele o Espírito Santo, logo, não pode se satisfazer no Senhor.

- Ao contrário, o crente, que tem a sua vida posta nas mãos de Deus e nele confia, e espera, ainda que viva pouco, e mesmo de maneira aflitiva, sendo perseguido e em dores, considerará a sua vida suficiente, e estará satisfeito com ela.

- O suicídio é a prova de que nem mesmo a vida pode satisfazer o homem, a multidão de anos não o satisfaz a ponto dele ansiar a morte.

- Citar a vida de David Brainerd, como exemplo de um jovem que serviu ao Senhor e satisfez-se nele, mesmo na pouca vida de anos.

- A "longura” é um estado de existência em comunhão, a serviço, e escondido, abrigado, em Deus.

- Sendo Deus eterno, e tendo ele nos escolhido na eternidade, nossos dias são longos nele, e podemos dizer que estaremos nele, protegidos, para todo o sempre.

- A suficiência não está nos muitos anos em que contamos, neste mundo, mas na eternidade incontável; guardados e salvos naquele que é o Eterno, Bom e Gracioso Deus.

- Mostrando que nele, apenas nele, é possível ter vida longa, pois a morte não mais significa nada, porque estamos em Cristo, unidos eternamente, indissociáveis. Para sempre!


CONCLUSÃO

- Para terminar, Deus nos mostra a salvação. E ela não é outro senão Cristo.

- Nele está contido o nosso perdão, a regeneração de nossas almas, a glorificação e satisfação. Em Cristo, somos benditos do Pai, e estamos seguros.

- E o vislumbrar da salvação nos revela a longura de dias, os dias de plena satisfação, quando não mais haverá dor, angústia e aflição. 
 
 
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