Página de doutrina Batista Calvinista. Cremos na inspiração divina, na inerrância e infalibilidade das Escrituras Sagradas; e de que Deus se manifestou em plenitude no seu Filho Amado Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, o qual é a Segunda Pessoa da Triunidade Santa

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Exposição em 1 Samuel 10.1: O poder de servir a Deus!

 





Pr. Luiz Tibúrcio



Texto Base:

"ENTÃO tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e beijou-o, e disse: Porventura não te ungiu o Senhor por capitão sobre a sua herança?"

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Áudio da Pregação:

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Sermão em SAlmo 51.1-12: A alegria da Tua salvação

 






Jorge F. Isah



                                                            
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“10. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. 11. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. 12. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.” (Salmos 51:10-12)



A) Introdução

Muitos cristãos dizem crer e ter fé em Jesus Cristo. Eles pedem bênçãos: cura, emprego, paz, reconciliação, filhos, segurança, amor e outras inúmeras dádivas; oram, fazem penitência, votos e promessas, jejuam e fazem muitas outras coisas. Se você perguntar à maioria dos cristãos se creem em Cristo, certamente ouvirá: “Sim, claro que creio!”. Entretanto, se em seguida lhe perguntar se é salvo ou não, provavelmente terá a resposta: “Não sei...”. Pois essas são afirmativas contraditórias e excludentes; é como eu acreditar que um avião pode me levar a qualquer lugar, mas sou incapaz de crer que o mesmo avião pode decolar e se movimentar no ar. Em outras palavras, se Cristo é capaz de curar, abrir portas de emprego, dar-nos segurança e saúde, por exemplo, e tenho fé dele ser capaz de produzi-las, por que não reconheço o seu poder em me salvar? Por que a fé em considerar-me salvo não é suficiente? Estaria depositando-a em outra fonte e razão?

Por isso, deixo-lhe a pergunta: você crê em Cristo? E também crê na sua suficiência em lhe salvar? E se crê, você é salvo?

Espero, pela graça do nosso Senhor, ser capaz de analisar, juntamente com os irmãos, este aspecto fundamental das Escrituras, e podermos sair daqui entendendo um pouco mais sobre o que é ser salvo, segundo a palavra de Deus.


B) Salvo e não salvo, é possível? O que é a salvação?

Certa vez, em um debate na televisão sobre salvação, o apresentador inquiriu seus convidados: Um crente estava no ponto de ônibus aguardando a condução. Ao lado, havia uma banca de revistas, dessas que quase não se vê mais, e afixada na vitrine a capa de uma revista onde uma modelo, em vestes sumárias, se exibia. O crente, impressionado com a beleza da mulher, admirou-a por alguns segundos. Nisto, do outro lado da rua, em um carro-forte, desenvolvia-se um assalto. Houve um tiroteio entre os seguranças e os bandidos, e uma bala perdida acertou o crente na banca de revistas, matando-o instantaneamente. Aquele homem perdeu a salvação ao desejar a modelo ou não?

Pense, por um instante, qual seria a sua resposta?

Seguiu-se um debate acalorado entre os convidados: um grupo (a maioria) disse “sim”, o crente perdeu a salvação, pois não houve tempo de se arrepender, enquanto o outro (minoritário) disse “não ser possível perdê-la”. E agora, qual está correto? Qual interpretação é verdadeira segundo a Bíblia?

Antes, devemos entender o que é salvação. Um exemplo tosco, mas que pode ajudar no entendimento: Você está em um navio, em meio a uma fortíssima tempestade. A nave muitas vezes sucumbe às ondas até que, um grande vagalhão o vira, e você é lançado nas águas indomáveis e tempestuosas. Você está se afogando, não consegue manter a cabeça acima da água, suas forças esvaem-se rapidamente, seus sentidos se perdem, e você está em vias de ficar inconsciente, e ficará completamente ao sabor do mar violento, da morte. Eis que surge um helicóptero, e um salva-vidas desce por uma corda. A corda pode levar apenas uma pessoa, é lançada e o salva-vidas desce até você, fica em seu lugar, para morrer em seu lugar, então ele o prende bem e o coloca no cesto, acomodando-o em segurança.

O salva-vidas tem um nome, e o nome dele é Jesus Cristo.

Toda analogia é falha em relação a Deus e sua obra, mas foi a melhor ilustração que encontrei para dar. Isto se chama substituição. Se chama redenção. Se chama expiação. Se chama salvação.


C) A natureza do pecado

Primeiro, a tempestade é a nossa natureza caída, a multidão de pecados a nos imergir e impedir que vejamos a Deus. Disto, fala Davi, em Salmos 51:1-5: “1. Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. 2. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado. 3. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. 4. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares. 5. Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. Ou seja, o homem não nasce bom e puro e santo como muitos afirmam, mas nasce com uma natureza “naturalmente” rebelde e desobediente para com Deus. Mesmo as crianças, na mais tenra idade, portam-se indóceis e birrentas, as vezes até mesmo agressivas quando não são atendidas em seus desejos. Então, o homem em si mesmo não é bom, e o bem a existir nele é fruto do “Imago Dei”, a réstia divina a habitar em sua alma.


D) A substituição

Segundo, o salva-vidas tem a função de acudir as pessoas em dificuldades, de salvá-las dos perigos e da eventual morte. Entretanto, a função não o obriga a arriscar a própria vida ou sacrificá-la para resgatar outra. Essa não é uma exigência da sua profissão, pelo contrário, é-lhe alertado ir até o ponto onde a sua própria vida e segurança seja protegida. Contudo, esse salva-vidas está disposto a se sacrificar, na verdade, ao descer pela corda ele sabe que morrerá em troca da salvação do afogado; ele se dispõe a trocar de lugar com você, de substituí-lo, se colocar no seu lugar, a morrer no seu lugar. Foi esse o feito inimaginável e grandioso e misericordioso e gracioso realizado na cruz pelo nosso Senhor. Ele não precisava estar lá, ele não precisava ocupar o nosso lugar, ele não precisava se sacrificar, mas o fez por amor de nós, porque antes da fundação do mundo, muito antes de virmos à existência, o seu infinito e eterno amor já pairava sobre nossas cabeças, já nos enchia o coração, já nos tomava para si e nos fazia seus.

O precioso sangue de Cristo derramado na cruz foi plenamente eficaz para nos comprar, não com uma nota promissória, um cheque sem fundos, ou uma “promessa de compra” que pode não se realizar, não! Ele pagou à vista, no ato, nota sobre nota, de tal maneira que passamos a ser dele sem qualquer chance de não ser. A partir daquele momento, não pertencíamos mais ao pecado, ao diabo ou a nós mesmos, mas éramos dele, somente dele, e de mais ninguém. Ao pagar com a própria vida os nossos pecados ele nos remiu, anulando a dívida que tínhamos com Deus, de maneira absoluta e infalível, isentando-nos, nos libertando das amarras do diabo, do pecado e do inferno. Não mais haveria condenação, não mais haveria juízo ou castigo. Estávamos livres da ira divina, perdoados e absolvidos exclusivamente pelos méritos de Cristo, não nosso, dos nossos feitos, das nossas obras, mas por ele, nele e para ele (Rm 11:36).


E) A fé

Terceiro, entretanto, é preciso crer ou ter fé na suficiência de Cristo para nos salvar (Veja Lc 23:37-43, o malfeitor crucificado junto ao Senhor). De nada adianta dizer que se crê nele enquanto busca os méritos em si mesmo, em seus feitos, bondade, caridade, e tudo o mais que faz você se considerar bom e merecedor da salvação; e nenhum de nós merece e jamais mereceremos a salvação. Ela não provém de nós, mas para nós. Ela não se origina e termina em nós, mas em Cristo. Ela sequer depende da nossa vontade, pois, se dependesse dela, em vista dos desejos fugazes e temporários, íamos querê-la? Ela depende exclusivamente da vontade divina, ao nos tirar a venda, abrir os olhos, os ouvidos, para o glorioso evangelho de Cristo, onde primeiramente o conhecemos para que depois ele nos seja íntimo... Veja bem, se a fé não estiver 100% depositada em Jesus, dele ser o único, capaz e apto para salvar, de nada adiantará você se dizer cristão, crente ou servo de Deus. Ou se é salvo por Cristo ou não se é! Não existe outro caminho, arranjo ou alternativa. Ou sou de Cristo ou não sou. Ou por ele sou salvo ou não. Ou creio plenamente nele ou não.

Alguns dizem ter fé, genérica e abstrata, imprecisa, em coisas como: o mundo encontrará a paz, o Brasil prosperará, o homem abandonará a maldade, e coisas do gênero. Não estou a falar que orar por essas coisas seja errado ou inútil, mas as pessoas falam daquilo que desconhecem e por não lhes dizer algo mais profundo e pessoal, fica mais fácil acreditar em coisas etéreas e vagas. Enquanto isto, algo a falar-lhes direta e intimamente como a salvação da própria alma não ganha a relevância e a urgência necessárias.

Voltando à analogia, a fé seria a corda, o meio pelo qual o afogado se salvará. Mas note o seguinte:

1. A corda não pertence a você, mas ao resgatador;

2. A corda não chegou até você por sua vontade, mas pela vontade do resgatador;

3. Você não tem qualquer poder sobre a corda, mas o resgatador;

4. Contudo, você confia e tem certeza de a corda ser o único meio a levá-lo até o resgatador, e de trazer o resgatador até você.

A fé portanto é o meio, não o fim, não a causa da salvação, mas é por ela que declaramos confiar totalmente em Cristo. Como Paulo disse: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:8-9).

Alguém pode dizer: “não tenho fé suficiente para crer”. Como os apóstolos, devemos clamar ao Senhor: “Aumenta a nossa fé” (Lc 17:6). Sim, a fé é dom de Deus, e para crer e confiar precisamos da assistência poderosa do Espírito Santo, a nos mover à segurança e convicção de Cristo ser o bastante, o primordial, o imprescindível para nos salvar.


F) A Segurança

Por fim, ao ser içado para o helicóptero, você estará preservado, resguardado dos perigos da morte; não mais estará sujeito às ondas e as profundezas do mar revolto e indomável. Você receberá o auxílio necessário para ser curado dos ferimentos, da aflição, da angústia, da dor e do vislumbre da morte. Logo, não deve temer, mesmo a tempestade tornando-se mais violenta, os relâmpagos mais intensos, trovões mais barulhentos, as águas se elevando, porque você está seguro, preservado por Deus não de estar no meio dos dissabores, revesses ou conflitos da vida, mas de ser por ele resguardado, protegido, de não vir a sucumbir, perecer e ser destruído. O Senhor não nos livra das lutas e batalhas, mas de ser abatido e vencido por elas.

Com isso não estou a dizer que o crente não terá doenças e não morrerá por elas. Não será perseguido e poderá morrer por elas. Não será injustiçado, torturado ou atormentado; não é isso. Entretanto, em todas essas situações, de desconforto, miséria e dores elas não o vencerão, a ponto de você descrer ou perder a fé. Nada poderá tirá-la de você, mesmo que se sinta, vez ou outra, sem fé, pois, como já disse, é um dom de Deus, dado por ele, e somente ele tem poder sobre ela. Sinta-se então seguro e certo de que a fé para a salvação é inabalável e inextinguível nos filhos de Deus, pois como está escrito: “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. 36. Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes. 37. Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. 38. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu, eu perca, mas que o ressuscite no último dia. 40. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:35-40).

É o próprio Senhor quem nos assegura; então, por que duvidar? E se estamos em paz com Deus, reconciliados pelo sangue, poder e graça de Cristo, temeremos algo? Novamente, Paulo tem muito a dizer: “35. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? 36. Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; somos reputados como ovelhas para o matadouro.37. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.38. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, 39. Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8:35-39).


G) Se é santo para a salvação ou a salvação faz o santo?

Parece claro, na altura deste estudo, a impossibilidade de se perder a salvação. Vejamos, contudo, o que acontece com Davi, no Salmo 51: “6. Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. 7. Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. 8. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. 9. Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. 10. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto”.

Davi havia pecado contra Deus primeiramente, depois contra Bateseba e Urias. Ele havia transgredido a vontade de Deus em vários pontos, desde a cobiça, o adultério, o assassínio do marido, a mentira e a sensação de impunidade. Davi considerou ter escapado da censura e do juízo públicos, mas se esqueceu de que Deus vê e sabe de todas as coisas. O profeta Natan apontou-lhe o pecado, e Davi então arrependeu-se, confessando-o (2 Sm 12:1-13). Sinceramente, descreveu a sua condição de miséria, de afronta insidiosa contra a santidade divina, e clamou por perdão, para ser purificado... de ter suas transgressões apagadas, eliminadas; suas dívidas não seriam pagas por ele mas por Cristo, a um preço alto, o próprio sangue, do contrário, nem Davi, eu ou você escaparíamos da terrível ira de Deus. Foi pela misericórdia e graça e bondade divinas que fomos inocentados, contudo, para sermos limpos foi necessário o sangue de Cristo ser derramado, para nele sermos completamente lavados e purificados para Deus.

Se imaginarmos a santidade divina, da qual nenhum de nós poderia se aproximar, se não fosse Cristo e os seus méritos, estaríamos irremediavelmente perdidos e condenados. É Deus quem nos limpa, é ele quem nos mantém limpos, ele nos preserva para si e para a vida eterna consigo.

Ao clamar “cria em mim, ó Deus, um coração puro”, Davi, o homem segundo o coração de Deus, suplica para ser preservado em santidade; e o Senhor não somente vai apagar os seus pecados, mas também não permitirá que ele peque novamente, não esse tipo de pecado. E tenha, outra vez, o espírito renovado, a fim de permanecer livre das tentações e delitos.

Assim como Davi, o crente sincero não busca produzir bons frutos para a salvação, mas tem a consciência de que somente pode produzi-los porque é salvo; porque o Espirito Santo o auxilia fecundando, alimentando a sua alma, mas também podando os galhos mortos, arrancando matos e ervas daninhas, a fim de fortalecermos na graça e fé. Pois, chamados e resgatados, somos “criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef. 2:10).

Davi sabia, assim como Paulo, que a obra de Deus em nós não para, progressivamente é realizada para alcançarmos a estatura de Cristo (Fp 1:6), e, um dia, sermos como ele é: plenamente puros, santos e imaculados. Neste processo, pecaremos, aqui e ali, para a nossa tristeza e desgosto, mas chegará o dia, o dia glorioso do Senhor, no qual jamais pecaremos, não haverá essa chance, e então seremos como é Jesus Cristo, em toda a sua perfeição e santidade.

Não existe mérito humano nisso, apenas a graça, a graça maravilhosa e infinita do bom Deus, cujo objetivo sempre foi fazer-nos semelhantes a seu amado Filho.


H) A Alegria da Salvação

Nos versos seguintes, lemos: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. 12. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário”. O que o rei quer dizer? Que havia perdido a salvação e clamava para novamente ser salvo? Não, meus irmãos. Davi havia se arrependido diante da exortação e repreensão do profeta Natan. Imediatamente ele disse: “Pequei contra o Senhor!” (2 Sm 12:13), e abateu-se sobre ele a mágoa e a decepção por haver ofendido a Deus. Essa é a atitude do salvo: ao perceber a sua transgressão, toma-lhe o sentimento de frustração e tristeza por ser incapaz de dominar a sua natureza e resistir à tentação. Nesses momentos, ficamos meio perdidos, meio entorpecidos, em dúvida quanto à salvação e a ser filho de Deus. Por isso, Davi clama pelo Espírito Santo, para ser consolado em sua angústia, para ser fortalecido em sua fraqueza, para ser restaurado em seu ânimo. “Não retires de mim o teu Espírito Santo” é reconhecer a insuficiência humana, a dependência a Deus, de, até mesmo nos momentos de autoabandono e rejeição, o único antídoto é o conforto, o consolo, a restauração da alma proveniente do Espírito Santo. Esta não é uma tristeza comum, mas como Paulo disse: “8. Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. 9. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma.10. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”.

Neste trecho, Paulo está a lembrar os coríntios sobre a primeira carta, quando escreveu exortando-os de várias maneiras a respeito dos pecados cometidos pela igreja. Agora, no entanto, diz que a contristação deles foi para arrependimento, produzida pelo Espírito Santo, a fim de que, pela tristeza viesse o arrependimento e o arrependimento para salvação. O mesmo aconteceu com Davi, no trecho já citado. A sua tristeza e angústia pelos pecados cometidos trouxeram-lhe arrependimento, e o arrependimento sincero estava a confirmar a sua salvação. Veja bem, existe a tristeza e o arrependimento do mundo, que operam a morte. E existe o arrependimento operado por Deus para salvação e vida. Quando Davi pede para Deus não retirar-lhe o Espírito, ele compreende a necessidade de, para confirmar a sua salvação, o Espírito agir produzindo tristeza e contrição. Do pecador reconhecer-se como tal, reconhecer seus delitos, e entender que sem o sincero arrependimento e o desejo de não mais pecar, não existe salvação. O salvo não deseja continuar sendo quem é, mas anseia ser como o seu Senhor. Se em você ou em mim não há o verdadeiro sentido de ser cristão, ou seja, de ser como Cristo, é pouco provável que sejamos salvos. Se você ou eu não nos importamos com os nossos pecados, fazemos vistas grossas, pecamos novamente e de novo, sem que a nossa alma se aflija e se angustie, e não nos preocupamos com os nossos atos, com a nossa condição, certamente nem você nem eu somos salvos. A salvação, mais do que chegar ao paraíso, é ser como Cristo: imaculadamente santo, integralmente perfeito. Sem esse desejo, sem essa busca, nada nos resta a não ser clamar para Deus nos resgatar, para ele enfim nos redimir e salvar.

O pecador arrependido pode, após confessar os seus delitos, desfrutar novamente da paz e da alegria da salvação. Isso é um sentimento mas a produzir efeitos práticos e capaz de nos levar ainda mais à gratidão e ao desejo de servir ao nosso Senhor. Não tem a ver em ser salvo ou não salvo, pois Cristo não morreu por um, dois ou dezenas dos meus pecados, mas por todos, inclusive aqueles dos quais não nos lembramos, de quando éramos inimigos dele e, portanto, não temos como nos arrepender especificamente daquilo que se perdeu no passado. Mas o Senhor sabe, e sempre soube, e por isso ele apagou não apenas os pecados confessados mas também os inconfessos por deficiência cognitiva, mental (memória fraca ou esquecimento).

A alegria da salvação é antes o gozo de saber que pertencemos a Deus, somos dele, e uma vez dele, nada ou ninguém poderá nos tirar de suas mãos.


I) Conclusão:

É claro que um tema como este, tão rico e complexo em seus detalhes, não pode ser abrangido em um estudo e tempo tão exíguos.

Contudo, a mensagem a se deixar, antes de ser negativa é propositiva e reflexiva. Primeiro, é possível reconhecer-se filho de Deus e salvo. Segundo, a salvação gera sempre e inevitavelmente o arrependimento e a contrição diante dos nossos pecados. Terceiro, se não somos tomados pela tristeza para a salvação, resta-nos implorar, pedir a Deus para nos salvar. Quarto, o Senhor ouve aquele que o busca de todo o coração.

Para finalizar, deixarei dois versos para a meditação dos irmãos. O primeiro está em Jeremias 29:11-12, que diz: “Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. 13. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”.

O segundo, está em Ezequiel 36:25-27, e diz: “25. Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. 26. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. 27. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.”

Irmãos, busque ao Senhor. Em todo tempo e lugar. Busque se você é salvo. Busque se você não é. Busque para que as bênçãos descritas se cumpram em sua vida. Busque, busque, busque, não cesse de buscar. E o Senhor, certamente, o achará e o trará para si!

Soli Deo Gloria!

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