quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
sábado, 21 de dezembro de 2013
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 56 - Dons apostólicos: "Batismo de fogo?"
Por Jorge Fernandes Isah
Entendido quem eram os apóstolos, qual a sua missão, e o período em que agiram, conforme exposto na aula anterior, retomemos a questão dos dons apostólicos ou dons do Espírito Santo. Mas antes, quero fazer uma ressalva. Os pentecostais e carismáticos em geral afirmam que há dois batismos: um para a salvação e outro pelo Espírito Santo, como um "batismo extra" ou superior. É difícil entender que algo tão fundamental na fé cristã como a salvação, e pela qual Cristo encarnou tornando-se o Verbo Divino, não seja catalogado como algo proveniente do Espírito Santo. Ainda que não digam diretamente que a salvação não depende do Espírito, parece que o Consolador realiza uma obra menor ao salvar e uma obra grandiosa ao conceder certos dons a certos salvos. Mas dentro do escopo de toda a Escritura, o que é mais importante? Ou o que ela mais quis evidenciar? De certa forma estabeleceu-se uma espécie de restrição a uma parcela de crentes que, relegados a um plano inferior não são acalentados com dons especiais. É uma subcategoria de crentes, somenos graduados, que ainda não experimentaram o máximo de Deus.
Contudo,
não é o que Paulo diz: "Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos
membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é
Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando
um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos
temos bebido de um Espírito" [1Co 12:12-13]. Ora, o que o apóstolo está
relatando é que todos nós, como membros do Corpo de Cristo, fomos
batizados e temos bebido de um só Espírito. Isso acontece no momento em
que, reconhecendo a nossa condição pecaminosa e afrontadora a Deus,
considerando-nos seu inimigo e merecedores do castigo eterno, recebemos a
Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, arrependendo-nos dos
pecados cometidos, reconciliando-nos com Ele. É claro que nada disso é
possível sem a ação direta do Espírito Santo, o qual nos convence,
regenera e transforma a fim de sermos feitos filhos adotivos do Pai por
intermédio da obra redentiva e conciliadora do Filho. Logo, se o crente
já tem o Espírito, para que precisa buscá-lo novamente através de uma
"segunda bênção"?
Porém,
Paulo novamente diz que "há um só corpo e um só Espírito, como também
fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma
só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e
por todos e em todos vós" [Ef 4.4-6]. É possível alguma dúvida? Ou
claramente nos é revelado que há um batismo somente, e que o mesmo Deus
age em todos nós na mesma intensidade e proporção? Com isso não estou a
dizer que produziremos todos a mesma obra, da mesma maneira, mas também
não se pode dizer que tal obra ou dom é superior porque Deus está mais
evidente em um crente e não tão evidente em outro, ou está mais presente
em um e nem tanto em outro. Deus não pode, em sua essência, estar menos
ou mais em qualquer lugar, porque ele é uno, indiviso, completo, e ser
mais ou menos presente é simplesmente impossível para ele. Ou ele está
ou não está. Não há meio termo ou como fracioná-lo, pois não está
sujeito a variações nem é a soma de partes. E se somos templo do
Espírito Santo, o qual habita em todo o eleito [1Co 6.19]. como esperar
que haja um novo batismo pelo mesmo Espírito?
Ainda
que se diga que a falta de um segundo batismo não representa
necessariamente a ausência do Consolador, é muito estranho supor que
seja preciso uma segunda ação divina onde a primeira não foi suficiente
para produzir os dons contingentes à segunda, ou seja, que todos
deveriam receber em comum, na primeira.
Os
proponentes do segundo batismo apegam-se a uma interpretação equivocada
de Mateus 3.11, no qual João o Batista diz: "E eu, em verdade, vos
batizo com água, para o arrependimento, mas aquele que vem após mim é
mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos
batizará com o Espírito Santo, e com fogo". Segundo o que muitos
apreendem, Cristo batizará os seus com o Espírito, mas também com o
fogo. O problema é o que vem a ser esse "fogo"? A confusão começa quando
tentam relacionar esse trecho com Atos 1.5, onde Cristo diz: "Porque,
na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes dias", associando o fato de, no
Pentecostes, serem "vistas por eles línguas repartidas, como que de
fogo, as quais pousaram sobre cada um deles" [At 2.3]. Uma interpretação
simplista pode levar a esse equívoco, porque eles se esquecem de citar o
complemento da fala de João o Batista: "Em sua mão [de Cristo] tem a
pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará
a palha com fogo que nunca se apagará" [Mt 3.12]. O que lhes parece?
João está a falar de um segundo batismo ou de juízo? Não estaria João
comparando a obra de Cristo com a de um plantador de trigo?
Uma
análise, mesmo superficial, da fala de João mostra-nos que a inserção
de um "batismo de fogo" é algo completamente estranho ao texto.
Primeiramente, ele está batizando no rio Jordão, onde iam ter com ele
Jerusalém e toda a Judeia; e os batizados confessavam os seus pecados.
Em seguida, ele viu que muitos fariseus e saduceus vinham ao seu
batismo, o que lhe inflamou a dizer: "Raça de víboras, quem vos ensinou a
fugir da ira futura?" [Mt 3.7]. E o que seria a ira futura? Não estaria
falando do inferno, reservado para satanás, seus anjos e os réprobos,
"onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga" [Mc 9..4]? Em
seguida, ele diz que o machado está posto à raiz, e que toda a árvores
que não produz frutos será cortada e lançada no fogo do inferno. A mesma
imagem encontra-se presente na parábola do joio e do trigo, proposta
pelo Senhor, na qual ele tem a missão de separá-los, colhendo o
primeiro, atando-o em molhos e queimando-o [novamente temos o fogo como
símbolo de juízo], para, em seguida, ajuntar o trigo no seu celeiro [Mt
13.24-31].
João
está a dizer aos fariseus e saduceus que ele é aquele cuja missão
destina-se a apontar não para si mesmo mas para Cristo. Diante da
pergunta dos judeus: "Quem és tu?" [Jo 1.19], ele confessou que não era o
Cristo, mas a voz do que clama no deserto. Inquirido novamente do
porquê batizava então, já que não era o Cristo, nem Elias, nem o
profeta, respondeu: "Eu batizo com água; mas no meio de vós está um a
quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que é antes de
mim, do qual eu não sou digno de desatar a correia da alparca" [Jo
1.26-27].
Com
isso, qualquer inferência de que o "fogo" ao qual João evoca é uma
segunda forma de batismo, se torna estranha a toda a sua declaração. Ele
está, primeiramente, revelando aos fariseus a pessoa de Cristo e seu
ministério, e, em segundo lugar, alertando-os da ira futura que
sobreviria a eles, através do fogo, numa alusão evidente do juízo ao
qual eles estariam sujeitos, quando presumiam-se de si mesmos que eram
filhos de Abraão. O sentido de "filhos de Abraão" é essencialmente
espiritual, como o pai a quem Deus prometeu uma descendência, o próprio
Cristo, através do qual a sua família seria mais numerosa do que as
estrelas do céu e os grãos de areia na praia [Gn 22.17-18].
Cristo
é revelado por João como aquele que separará os bodes das ovelhas, o
joio do trigo, a árvore que dá frutos das que não dão. Qualquer
tentativa de fugir deste ensinamento é forçar o texto a dizer o que não
diz, e que João, divinamente inspirado, não disse.
Notas: 1) Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2) Baixe o áudio desta aula em Aula 73 - Dons II.MP3
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Estudo da C.F.B. 1689 - Aula 55 - Dons apostólicos: Há apóstolos, hoje?
Por Jorge Fernandes Isah
Desde o início do século passado, com as manifestações carismáticas surgidas na Rua Azuza, em Los Angeles, em 1906, pelas mãos do ministro negro, William Joseph Seymour, que o Cristianismo, em nome de um "reavivamento", tem ensaiado uma série de experiências que remontam aos primórdios da Igreja Primitiva, mais especificamente o período apostólico, no séc. I. Mas, esses dons teriam realmente voltado? Ou eles estariam circunscritos a um momento histórico específico, e o que temos, hoje em dia, nada tem a ver com o Espírito Santo, pois houve um hiato de quase dois mil anos entre aquele e este período? Seriam as formas atuais as mesmas das realizadas antigamente? E estariam em conformidade com os relatos bíblicos e aplicados convenientemente como relatam os registros sagrados?
Desde o início do século passado, com as manifestações carismáticas surgidas na Rua Azuza, em Los Angeles, em 1906, pelas mãos do ministro negro, William Joseph Seymour, que o Cristianismo, em nome de um "reavivamento", tem ensaiado uma série de experiências que remontam aos primórdios da Igreja Primitiva, mais especificamente o período apostólico, no séc. I. Mas, esses dons teriam realmente voltado? Ou eles estariam circunscritos a um momento histórico específico, e o que temos, hoje em dia, nada tem a ver com o Espírito Santo, pois houve um hiato de quase dois mil anos entre aquele e este período? Seriam as formas atuais as mesmas das realizadas antigamente? E estariam em conformidade com os relatos bíblicos e aplicados convenientemente como relatam os registros sagrados?
Primeiramente,
devemos definir o que vem a ser dons apostólicos, mas antes disso, quem
são os apóstolos e qual era a sua missão. A palavra apóstolo significa
enviado ou mensageiro, aquele que anuncia algo ou alguém, e, no Novo
Testamento, a missão deles era a de anunciar Cristo e o seu Evangelho;
e, para isso, teriam de ser comissionados pelo próprio Senhor, chamados
por ele para exercerem essa missão, não sendo possível que alguém se
autointitule ou denomine-se a si mesmo com tal, sem sê-lo. Não há, na
Escritura, um só apóstolo que não tenha recebido o seu mandato
diretamente do Senhor, como nos revela o evangelista: "E, quando já era
dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem
também deu o nome de apóstolos" [Lc 6.13], e que não tenha convivido com
ele e testemunhado a sua ressurreição ]At 1.21-22].
Alguém
pode dizer que os apóstolos tinham o poder de nomear outros apóstolos e
que esses poderiam nomear outros e mais outros, continuamente, numa
espécie de apostolado sucessório, aos moldes do que a Igreja Católica
reivindica para o papado. Contudo, não se tem, na Bíblia, qualquer
referência a essa ordem sucessória, e os que hoje tentam reclamar para
si mesmos algum apostolado nada mais fazem do que repetir o erro
romanista, ao qual dizem oporem-se mas acabam por defendê-lo e inseri-lo
em suas práticas não-bíblicas.
Alguém
ainda pode insistir que Matias, o apóstolo nomeado a substituir Judas
Iscariotes, não foi diretamente nomeado por Cristo. Mas, espere um
momento, para quem propõe a ação do Espírito Santo em eventos no mínimo
discutíveis como os levantados pelo movimento carismático atual, pois
estão muito aquém ou além do texto bíblico, por que não reconhecer a
ação do Espírito de Deus na escolha do novo apóstolo? Houve oração e
clamor para que ele, que conhece todos os corações, mostrasse qual,
dentre José e Matias, seria o escolhido, "para que tome parte neste
ministério e apostolado... E, lançando-lhes sorte, caiu a sorte sobre
Matias" [At 1.23-26]. Alegar que coisas estranhas à Palavra são
supostamente manifestações do Consolador [o qual é o Espírito de Cristo]
e de que ele não interviria em algo tão vital para a expansão do
Evangelho, parece-me um contra-senso.
Ainda
alguém pode alertar para o fato de Paulo não ter convivido com Jesus, e
ainda assim, foi feito apóstolo. Realmente, ele não foi testemunha
direta do ministério terreno do Senhor [ainda que tenha sido
indiretamente], mas, de uma forma especial e exclusiva, foi chamado pelo
próprio Cristo, sendo testemunha ocular da sua ressurreição. É o que
ele nos diz: "Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem
algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os
mortos)" [Gl 1.1], e, ainda, ao falar das aparições de Cristo: "E por
derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. Porque
eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado
apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus" [1Co 15.8-9], e, mais uma
vez: " Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado
da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os
gentios" [Gl 2.8]. Ora, temos que Paulo se colocou em posição de
igualdade no ministério apostólico de Pedro, apenas com a distinção
quanto aos seus ouvintes, o alvo da sua pregação.
Logo,
não se pode falar em apóstolos modernos, pois nenhum dos que assim se
intitulam preenchem as características necessárias: o chamado direto de
Jesus, sobretudo, como testemunhas irrefutáveis da sua ressurreição.
O
Segundo ponto a ser analisado é sobre a sua missão. Lembre-se de que à
época, os apóstolos estavam num período de transição entre a antiga e a
nova aliança, e de que a igreja estava sendo formada. Eles, como
emissários de Cristo, confirmariam indubitavelmente a verdade de que
muitos sabiam, ainda que vagamente, acerca de Jesus, sua missão, morte e
ressurreição, como um fato indiscutível e impreterível, levando-a tanto
a judeus como a gentios. Toda a obra apostólica se baseava nesse
fundamento, de que Cristo não somente era o Messias mas o Filho de Deus.
O aspecto final dessa missão foi que os apóstolos, inspirados pelo
Espírito Santo, escreveram e legaram à igreja, em todos os tempos, a
santa e bendita palavra de Deus. Nem uma só linha do Novo Testamento foi
redigida por alguém que não fosse apóstolo ou estivesse diretamente
ligado a um deles, no caso, eram seus discípulos que, orientados pelas
fontes primárias e sob a supervisão do Espírito, relataram os fatos
relacionados à pessoa de Jesus e seu ministério.
Com
isso, chega-se facilmente à conclusão de que não há mais revelações
divinamente inspiradas a serem transmitidas à Igreja, visto que o Cânon
encontra-se concluído, não necessitando a nenhum crente nenhuma outra
orientação que não esteja contida na Escritura Sagrada; o que nos leva a
reconhecer que o ministério apostólico transcorreu em um determinado
momento da história, e de que a missão daqueles homens chegou
definitivamente ao fim, sem que houvesse sucessores ou novos
mensageiros. Até, porque, a Igreja está edificada "sobre o fundamento
dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de
esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo
santo no Senhor; no qual também vós juntamente sois edificados para
morada de Deus no Espírito" [Ef 2.20-22], e, se uma casa não pode ter
mais do que uma fundação, onde nelas são construídas paredes, colunas,
vigas, telhado, piso, etc, como seria possível outro fundamento além
daquele onde são dispostos o princípio da fé, de que Cristo é a pedra de
esquina? Além de desnecessário é absurdo, e representaria a "invenção"
de outra fé, de um outro "cristianismo", o que muitos têm se
especializado e empenhado em produzir.
Outra
conclusão facilmente alcançável é: a igreja, quando se afasta desse
entendimento, ainda que seja minimamente, se torna alvo acessível para a
investida dos falsos-mestres e profetas e seus absurdos doutrinários.
Invariavelmente acabam por apostatar a fé, negando a verdade e
penetrando a mentira, instalando-se nela como uma genuína aberração
religiosa, agindo ímpia, incrédula e dolosamente na admissão e difusão
de ideias contrárias e excludentes à fé uma vez dada aos santos. Se no
AT havia o ministério em que os profetas de Deus expunham publicamente a
falácia e malignidade dos falsos-profetas, hoje, cabe-nos, como Igreja,
denunciá-los e expô-los como charlatões e falseadores da verdade. O
princípio para isso é um só, orientarmo-nos e deixar-nos guiar pela
Escritura, através da qual o Espírito Santo nos falará e conduzirá em
toda a verdade.
[Continua na próxima aula]
Nota: 1- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2 - A foto desta postagem é um "Autorretrato como o apóstolo Paulo" [Rembrandt, 1661].
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 54: Paulo e a assistência eclesiástica - Dízimos e ofertas III
Por Jorge Fernandes Isah
Notas: 1) Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2) Baixe esta aula em Aula 65. Dízimo III.MP3
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 53: Dízimo e ofertas - parte 2
Por Jorge Fernandes Isah
O argumento mais usado para não se dar o dízimo e ofertas é de que há pastores e igrejas que nada fazem para a obra de Deus, mas antes usam o dinheiro para o seu próprio benefício, muitos deles nitidamente carnais, ligados a tantos outros pecados como a ostentação, a vaidade, orgulho, soberba e megalomania. Isto é um fato, mas o que ele representa na totalidade da igreja? E, por haver homens corruptos e apóstatas, a palavra de Deus é anulada? E a sua vontade também? Claro que não. O problema é que muitas igrejas negligenciam a fiscalização de como os recursos são empregados, deixando-os por conta de uns poucos. Sabemos que há bodes na igreja, e deixar as galinhas aos cuidados dos lobos é insano e estúpido. A não participação de muitos membros nas decisões eclesiásticas, a sua recusa em participar até mesmo das reuniões deliberativas, a omissão e o descaso para com a obra de Deus, faz com que alguns poucos se sintam "livres" para agirem conforme os seus corações corruptos e infiéis. Mas isso, em nada, anula a ordem divina, nem faz daquele que dizima fielmente um tolo. O problema está em onde se dizima e qual a doutrina do dízimo é defendida. A maioria das igrejas, infelizmente, utilizam-no como instrumento de ganância, fraude e sucesso pessoal, aplicando uma doutrina espúria e antibíblica a um princípio que é nitidamente revelado na Escritura. Tem-se de estar atento, pois se os nossos recursos são desviados para fins que não sejam santos, também somos cúmplices dos criminosos.
Outro ponto escuso, e que deve ser repreendido, é o de muitos ter o
dízimo como uma espécie de barganha com Deus, no sentido de que se faz um “negócio”
com o Senhor; ao dar-se, espera-se receber, o que fere vergonhosamente o
princípio de que damos o dízimo porque Deus nos deu primeiro, e não porque nos
retribuirá por darmos. A fé bíblica, e não a fé casuística, é o motivo
pelo qual devotamos o dízimo, como uma oferta de agradecimento ao Senhor por
tudo quanto nos deu, tem dado e dará. Qualquer conceito que se apresente fora
disso não passará de heresia e blasfêmia e apostasia.
Alguns textos para meditar
- II Co 9.1-13: "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também
ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua
segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque
Deus ama ao que dá com alegria".
- I Coríntios 16.1-2: "Ora, quanto à coleta que se faz para os
santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às Igrejas da Galácia. No primeiro
dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua
prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar".
- Mt 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que
dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei,
o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir
aquelas".
Algumas Perguntas
- Podemos dizer que aquele que não dizima e oferta está em rebeldia
contra Deus?
- Por que não devo dizimar?
- A minha preferência pelas ofertas, antes de obediência aos princípios
bíblicos, não seria uma forma de “despistar” e contribuir com menos do que
deveria dar?
- O dízimo não é um sinal de fé? Pois a Bíblia diz que sem fé é
impossível agradar a Deus?
- Por que penso que a minha oferta, sem fé, agradaria ao Senhor?
- E como aplicar o princípio de que a oferta deve ser segundo a
prosperidade de cada um?
- Ou seja, no dízimo temos um percentual fixo, 10%, e no caso das
ofertas, se tenho sido abençoado com muito, não devo dar proporcionalmente?
Muito além dos 10%?
- Não estaria aí a distinção e os motivos pelos quais o NT refere-se às
ofertas e não aos dízimos, já que este era claramente definido e não precisaria
de novas definições?
Notas: 1- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2- Para mais explicações, ouça o áudio da aula em Aula 64. Dizimo II.MP3
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 52: Dízimos e ofertas
Por Jorge Fernandes Isah
Sabemos que a vida cristã é, sobretudo, uma vida na qual devotamo-nos a servir, servir a Deus, à igreja, ao irmão, e ao próximo. O servir está ligado diretamente à humilhação e sujeição do crente, tanto a Deus, como à igreja, como ao irmão e ao próximo. Muitos pensam que o servir está limitado a algumas questões, mas quase sempre não incluímos em seu rol o auxílio ou ajuda financeira. O ponto em que estudaremos agora parece-me estar diretamente ligado ao conceito cristão de servir, humilhar-se e sujeitar-se: o dizimar e o ofertar, o tem toda a relação com submissão e, não somente a Deus, mas ao próximo também. Porém, antes de entrarmos nessa questão, vamos caminhar um pouco, do ponto de vista bíblico e histórico, sobre a questão do dízimo.
1) Primeiramente, o que é o Dízimo? E, o porquê do Dízimo?
Bem, a palavra dízimo, originária do hebraico "asar", deriva da palavra "dez" e também significa "ser rico". O princípio básico do dízimo está em se reconhecer que Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive dos nossos bens, sejam quais forem as posses, das quais somos mordomos, guardiões e beneficiários diretos. De forma que, ao dizimar, testemunhamos em reconhecimento, honra e louvor a Deus, a quem tudo pertence.Era destinado ao sustento dos sacerdotes e levitas que tinham uma função religiosa, mas também social [cuidavam da educação e eram responsáveis pela distribuição do bens aos necessitados].
2) Onde aparece, pela primeira vez, a prática do Dízimo?
Em
Gn 14.20 cf Hb 7.4-10: Abrãao dá a Melquisedeque, sacerdote do Senhor, o
dízimo de todos os bens conquistados em Quedolaomer.
[Penso
que uma das coisas que desagradou a Deus foi o fato da oferta de Caim não ter
sido proporcional aos 10%, no que Abel fez corretamente. Mas isso é uma
inferência, apenas uma especulação, mas que bem pode ser verdadeira].
“Ouvindo,
pois, Abrão que o seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascidos em
sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã. E dividiu-se contra eles
de noite, ele e os seus criados, e os feriu, e os perseguiu até Hobá, que fica
à esquerda de Damasco. E tornou a trazer todos os seus bens, e tornou a trazer
também a Ló, seu irmão, e os seus bens, e também as mulheres, e o povo. E o rei
de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos
reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus
Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o
Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os
teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo” [Gn 14:14-20].
Abraão
deu o dízimo ao sacerdote em agradecimento a este ou a Deus? Em honra deste ou
de Deus? Claro que Melquisedeque era merecedor de honra, mas, primeiramente,
Abraão o fez como agradecimento e reconhecimento por Deus ter-lhe dado vitória
sobre os seus inimigos e resgatado a Ló e seus bens.
3) O dízimo não era somente dos frutos da terra? Se era, por que temos de dar dinheiro em espécie?
Em
Deuteronômio 14:22-29, Deus estabelece a forma de como será recolhido o dízimo:
“Certamente
darás os dízimos de todo o fruto da tua semente, que cada ano se recolher do
campo. E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer
habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu
azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas
a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. E quando o caminho te for tão
comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o
SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o SENHOR teu Deus te tiver
abençoado; Então vende-os, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que
escolher o SENHOR teu Deus; E aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua
alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o
que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR teu Deus, e alegra-te, tu
e a tua casa; Porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas;
pois não tem parte nem herança contigo. Ao fim de três anos tirarás todos os
dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas
portas; Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o
estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão,
e fartar-se-ão; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as
tuas mãos fizerem”.
Um
dos argumentos mais usuais, atualmente, de que o dízimo foi prescrito para a
igreja, é afirmar que ele era recolhido apenas na forma de grãos, carne, leite
e outros frutos da terra. Acima, temos que a prática de vender o que se havia
produzido e entregá-lo ao lugar escolhido por Deus [um local distante que
impossibilitasse o transporte de gado e dos frutos da terra, p. ex.] na forma
de dinheiro, foi estabelecido na própria palavra. Então, a bobagem de que você
deve dar o dízimo na forma de frutos ou gado não é verdade. Pois, qual de nós
vive da terra? Qual de nós planta e vive apenas daquilo que se planta? Ou
cria-se gado e subsiste-se apenas dessa fonte? Ninguém! Por que? Não vivemos em
uma sociedade rural, como os judeus viviam no período veterotestamentário. A
sociedade israelense era basicamente rural. Mesmo nas cidades, havia a prática
de se trocar um produto pelo outro: trigo por carne, azeite por roupas, etc.
Quase tudo era produzido artesanalmente e, por isso os produtos eram a moeda
corrente da época. No contexto geral, se tirava a décima parte de tudo e
entregava-a, anualmente, no Templo.
Hoje,
como a maior parte dos produtos são industrializados e produzidos em larga
escala, o dinheiro é a melhor forma utilizada para se vender ou adquirir algo;
o sistema de trocas não é funcional, por vários motivos [a distância, por
exemplo]. Vivemos em uma sociedade cosmopolita, e todos nós trabalhamos e
recebemos em dinheiro, por isso, aventar a hipótese de que teremos de pegar
esse dinheiro, ir a um supermercado ou armazém, comprar abóboras, trigo e
toucinho para levar à igreja, é simplesmente estúpida. Agora, se alguém vive
exclusivamente da terra, sem negociar, comprar ou vender, se ela produz tudo o
que precisa para viver, roupas, alimento, etc, produzindo para si própria, sem
utilizar-se do comércio para manter suas necessidades, ela pode pegar parte do
que ela produz e entregar como forma de dízimo. Acontece que ninguém vive
assim; nós não produzimos o calçado que usamos, nem as roupas que vestimos, nem
mesmo o arroz e a carne que comemos, tudo o que dispomos para a nossa
subsistência, para suprir as necessidades, e, até mesmo para o nosso conforto,
origina-se do dinheiro que ganhamos e desembolsamos para custear esse
dispêndio. A própria obrigatoriedade de se pagar os impostos [sem os quais o
ruralista perderá a sua terra e os seus bens] implica na necessidade de
comercialização, venda de produtos e o recebimento respectivo do seu valor em
espécie.
A
Escritura, então, encarrega-se, em sua sabedoria, de destruir esse falso argumento,
malignamente colocado como prática bíblica.
4) O verso mais famoso sobre o dízimo é Ml 3.8-11. Mas ele fala apenas do dízimo?
“Roubará
o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos
dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais,
sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja
mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma
bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de
vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a
vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos”.
Não!
Fala também de ofertas. Ou seja, fala que o servo de Deus deve dizimar e
ofertar. Não é uma questão de escolha entre um e outro; ou uma questão
terminológica, de que um substitui o outro como sinônimos ou aplicados em épocas
diferentes, sendo pactos diferentes, dispensações diferentes ou alianças
diferentes, mas uma questão de reconhecer a ambas. A Bíblia trata das duas
formas, onde elas não se excluem. As ofertas não são um conceito
neotestamentário, mas verotestamentário. Elas não surgiram como substitutas do
dízimo na nova aliança, implicando na extinção daquele, mas ambos caminham lado
a lado, dentro daquele padrão de sujeição, louvor e glória a Deus por tudo o
que ele é, mas também nos dá.
5) A ideia da extinção do dízimo não remete a uma descontinuidade entre o AT e o NT?
Não
há descontinuidade do AT e NT [a Bíblia é um livro só, não dá para dizer que a
Igreja deve seguir apenas o NT, pois o que está revelado no AT apenas se faz
mais claro no NT. Se dizemos que apenas o NT é a revelação, desprezamos o
próprio Deus que se revelou primeiramente no AT. Para mim, a melhor forma de
interpretação, se um princípio válido no AT prevalece no NT, é a sua expressa
anulação ou renúncia; caso contrário, o princípio subsiste e não foi revogado.
Então,
penso que o dízimo, ao não ser abolido expressamente no NT, é atual. Por
exemplo, a circuncisão estabelecida por Deus em Gn 17.23-27 [logo, antes da Lei
Mosaica] é combatida veementemente por Paulo em várias passagens, em suas
epístolas. Temos então uma grande diferença, pois, enquanto a circuncisão é
combatida e mesmo proibida, como algo ineficiente, já que Deus fez de judeus e
gentios um só povo [e o próprio Paulo diz que judeu não é todo o que é de
Israel, os circuncidado na carne, mas os da descendência de Isaque, os
circuncidados no coração - Rm 9.6-7].
Como
não
há nenhum versículo no NT que expressamente abrogue o dízimo, e este me
parece o melhor método para interpretar as Escrituras, de que aquilo
que não foi
explicitamente anulado no texto continua prevalecendo, ele conserva-se
intacto
como revelação e prática para toda a igreja.
6) Por que Jesus, Paulo e os demais apóstolos não falaram ou confirmaram o princípio do dízimo e sim das ofertas?
Penso
que o princípio do dízimo não oferecia problemas de entendimento para a igreja.
Ele era claramente delineado em sua forma e essência, além de ser de
conhecimento geral. Já as ofertas não são claramente especificadas no AT.
Talvez, por isso, especialmente Paulo se preocupou em dar contornos objetivos ao
ato de ofertar, e não se deteve nos dízimos que eram praticados de maneira
corrente e sem dubiedade.
Veja
bem, não temos aqui uma nova regra, que impõe à igreja a oferta e exclui o
dízimo. A questão é muito mais de foco, de ajustar e colocar em seu devido
lugar aquilo que não está claro e pode ser incluído entre as “sombras” que se
dissipam diante da luz. O ensino à igreja é de que as ofertas são tão
importantes quanto ao dízimo. Mas alguém, dirá: “isso é colocar um fardo ainda
maior sobre os nossos ombros!”. Bem, o Senhor nos diz que não nos será dado carregar
o que não podemos suportar. E se entendemos que o dízimo e ofertas é um fardo,
não o fazemos segundo o princípio estabelecido por Paulo, de tê-lo como medida
do amor e de nossa prosperidade.
No
Sermão do Monte, o Senhor Jesus eleva a um nível ainda mais superior os
princípios estabelecidos na Lei, de forma que a nossa incapacidade de cumpri-la
se torna mais patente e evidente. Então, não basta matar, mas até mesmo o odiar
é pecado. Não basta adulterar, mas cobiçar na mente a mulher alheia é pecado. Parece
que a Escritura também estabelece um nível superior ao cristão? No sentido de
dizimar e ofertar? Não. Creio que a prática de ofertas era negligenciado entre
os judeus, e o que temos é a sua afirmação, assim como descrito no AT, como
prática para todos os santos em todos os tempos.
Se
atentarmos
para toda a Escritura e não apenas em algumas de suas partes,
veremos que a exigência da igreja se torna ainda maior do que aquela
aplicada à
nação de Israel. Somos chamados, após a doutrina da oferta ser explicada
em
seus pormenores, a não somente dizimar, mas a também ofertar, como prova
do amor
e da gratidão que devemos a Deus. Muitos se especializaram em distorcer o
ensino bíblico e afirmar que a nova aliança ou o pacto da graça [e não
vou
entrar no mérito da questão, mas deixar claro que não há um pacto de
obras,
pois a salvação é somente pela graça de Deus, através da obra salvadora e
redentora do Senhor Jesus, tanto no AT, desde Adão, como no NT, e até
hoje] aboliu qualquer exigência em relação ao dízimo, e muitos chegam ao
extremo de dizer que nem mesmo as ofertas fazem parte do novo acordo
pactual. Chega-se mesmo a dizer que a obra de Deus deve ser custeada com
o suor de uns poucos, no sentido de que devem se conformar em trabalhar
sem qualquer expectativa de retorno financeiro, fazendo-o por abnegação
e sacrifício, inclusive, se necessário, com a privação de refeições e
um teto para morar. Afinal, Cristo disse que não tinha onde inclinar a
cabeça, e qualquer um que se "aventure" ao trabalho pastoral ou
missionário deve se convencer de que também está no mesmo nível.
Acontece que essa é uma inverdade, pois como vimos no estudo sobre o
sustento pastoral, há uma advertência direta para que a igreja sustente
aqueles que laboram na palavra e no evangelismo. O mais interessante é
perceber que os defensores desse argumento demoníaco não se dispõem a
doar, nem a abrir mão do seu conforto e se integrar ao rol daqueles que
devem viver apenas da fé, na esperança de que o Senhor mande cair do céu
o maná e as codornizes que os alimentarão. Na verdade, eles defendem um
discurso que nada tem de bíblico, e de prático, pois não se dispuseram a
experimentá-lo a fim de que ficasse comprovada a sua eficácia.
Não podemos nos esquecer também de que, na igreja primitiva, vendia-se tudo e depositava o total do valor aos pés dos apóstolos; e de que todos tinham tudo em comum [At 2.42-47; 3.32-37].
Não podemos nos esquecer também de que, na igreja primitiva, vendia-se tudo e depositava o total do valor aos pés dos apóstolos; e de que todos tinham tudo em comum [At 2.42-47; 3.32-37].
E
é aqui, neste exato ponto, que voltarei à introdução sobre este assunto. Não
seria essa atitude, a dos primeiros cristãos, um caso de sujeição, de se humilhar,
preferindo-se ao outro ao invés de si mesmo? Para que serviram aquelas ofertas,
que representavam o todo do que os nossos irmãos tinham? Para
o sustento dos necessitados. Para o sustento da igreja. Para que os apóstolos e
discípulos pudessem espalhar a mensagem do Evangelho, o "ide!" ordenado pelo Senhor. Isso não é sujeição, em
amor? Isso não é preferir o outro ao invés de si mesmo? E, também, confiar na
providência divina? O que você pensa a respeito? O que tem a dizer sobre o
assunto?
Lembremo-nos
daquela senhora que, no templo, deu tudo o que tinha, duas moedas. Ela
simplesmente não tirou duas moedas de muitas, mas colocou ali todo o seu
sustento. Enquanto os outros deram do que lhes sobravam [mesmo sendo muito
dinheiro], ela abriu mão de tudo o que tinha [Mc 12:41-44].
E
de Zaqueu, que deu metade dos seus bens aos pobres [Lc 19:1-10].
Pense nisto...
Notas: 1- Pontos não abordados no texto são discutidos na aula, e, outros aqui expostos são melhor explicados.
Pense nisto...
Notas: 1- Pontos não abordados no texto são discutidos na aula, e, outros aqui expostos são melhor explicados.
2- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
3- Baixe o áudio desta aula em Aula 63 Dizimo.MP3
domingo, 24 de novembro de 2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
sábado, 2 de novembro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
sábado, 19 de outubro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
sábado, 21 de setembro de 2013
domingo, 1 de setembro de 2013
sábado, 31 de agosto de 2013
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 51: Objeções ao sustento pastoral
Por Jorge Fernandes Isah
Analisemos alguns questionamentos comumente formulados pelos defensores da não autoridade pastoral e do não-sustento pastoral que, via de regra, fazem variações do mesmo tema, resumido-o em três perguntas/afirmações, as quais encontram-se numeradas e entre "aspas":
1)
"Apenas os Levitas tinham o direito de serem sustentados pelo restante
do povo de Israel, porque a tribo de Levi, na qual estavam todos os
levitas, não receberam parte da terra de Israel, dada por Deus. Logo,
eles não tinham onde plantar, caçar, etc, especialmente porque ficavam
por conta dos cuidados no Templo. Como não há mais levitas, desde a
època apostólica, não há porque sustentar qualquer ministério em nossos
dias. Esse padrão foi extinto, e não houve continuidade na igreja
primitiva".
Resposta: 1Co 9:1-16:
Interessante
como Paulo se utiliza de vários princípios do Antigo Testamento para
validar o sustento do seu ministério. Ao contrário daqueles que fazem
uma "separação" entre o AT e o NT, Paulo fundamenta-se e se baseia no
AT para validar um princípio que era negligenciado pela Igreja de
Corinto, o desprezo que tinham para com ele e Barnabé, de forma que
eles, corintios sustentavam os demais apóstolos [ao menos é o que parece
afirmar o apóstolo, no verso 12], excluindo-o. Justamente ele que foi
quem plantou aquela igreja, discipulou-a, e contribuiu como nenhum
outro para o seu crescimento. Portanto, essa ideia de que os
Testamentos, em algum sentido, se anulam, é falsa e equivocada, pois o
próprio Paulo se encarrega de lançar por terra essa distorção ao fazer
uso do AT para defender-se diante dos corintios como alguém que também
era merecedor do seu cuidado e do zelo.
2)
"Paulo diz que ele tinha o direito de ser sustentado, mas de que abriu
mão desse direito, portanto, o ministro do evangelho também deve
fazê-lo".
Resposta:
Mais do que simplesmente negar o auxílio que porventura os corintios
pudessem dar-lhe, Paulo diz que a negligência deles para com ele não o
impediu de continuar pregando, discipulando e encaminhando-os nas
santas veredas de Cristo, pois Deus havia suprido as suas necessidades
através de outras igrejas. Paulo novamente confirma que o seu
ministério é tão apostólico como o dos demais apóstolos, e a prova era
de que Deus havia suprido as suas necessidades por mãos de outros
irmãos [V. 9-10]. Ele assevera ainda mais fortemente essa questão após
citar Dt 25.4, dizendo que o referido verso fala exatamente deles, e
por causa deles foi escrito. Ora, o fato de Paulo abrir mão desse
direito, e temos que ele o faz para não pôr impedimento ao seu
ministério junto aos corintios [v.12], anula o dever da igreja de
sustentá-los? Certamente que não, e é sobre isso que o apóstolo
disserta, levando a igreja a refletir: "Se nós vos semeamos as coisas
espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?" [V 11].
Entendo que a irrefutabilidade desse questionamento, em si mesma, é
mais do que suficiente para anular qualquer afirmação de que a igreja
não tem o dever de sustentar o seu pastor.
3)
"O ministério pastoral é espiritual e não pode ser comparado a um
trabalho assalariado, como se Deus tivesse empregados e a igreja fosse
uma empresa".
Resposta:
A tolice de tal afirmação é tão gritante, e reivindica uma alta
espiritualidade que, contudo, não passa de uma apelativa falsa
espiritualidade, na qual os seus proponentes não se enquadram, no de
serem espiritualmente elevados e prescindirem o próprio sustento, mas
de, por não serem capacitados ao ministério, desejar que os ministros
vivam de "vento", como a minha avó dizia. Pois bem, Paulo, talvez
apercebendo-se de que alguém poderia questioná-lo da mesma forma, já
lançou o seu veredito sobre os que assim pensam: se lhe damos as coisas
espirituais, não podemos tomar-lhes as carnais? Ora, o que é mais
importante? O dinheiro guardado em um cofre, na carteira, despendido
com gastos muitas vezes supérfluos, ou usá-lo na propagação do
evangelho, no trabalho do discipulado, nos meios necessários para que a
mensagem de Cristo se espalhe pelo mundo? Ou seja, o que sou incapaz
de fazer, que não tenho por dom, não me impede contudo de poder ajudar
aos que o tem, e assim também sou participante na difusão do
evangelho. Paulo diz que o fato dos corintios não o sustentarem, e a
Barnabé, não tem implicações pecuniárias, visto que sustentavam outros
ministros, mas por desprezarem-no; eles não consideravam o trabalho de
Paulo digno de ser mantido, conservado, estimulado. A origem do não
sustento da igreja de Corinto baseava-se no fato de que o ministério
de Paulo, para eles, era sem importância, o que os tornava ainda mais
culpados diante do apóstolo e de Deus, agora por ingratidão. Não era
questão financeira, pois os coríntios sustentavam a outros, em
detrimento daquele que plantou a igreja entre eles, mas sobretudo os
amava e continuava a guiá-los nos santos caminhos de Cristo.
Paulo
sentencia no verso 14, "assim ordenou também o Senhor aos que anunciam
o Evangelho, que vivam do evangelho". Primeiramente, Paulo cita a
Cristo, o próprio Senhor, o qual ordenou: " Digno é obreiro do seu
salário" [Mt 10.10, Lc 10.7].
É
possível abstrair daqui uma série de conceitos, e há aqueles que dirão
que a palavra "vivam" não tem relação material, mas apenas espiritual.
Bem, qualquer um que não experimentou somente o viver imaterial não
pode defender tamanha sandice. O homem é um ser completo, total, e
suprimir a parte material dele dizendo que o evangelho, em si mesmo,
será capaz de alimentá-lo e vesti-lo, por exemplo, sem que alguém
disponha de recursos para isso, é teoria das trevas, planejada no
inferno, para destruir não somente a igreja, mas a autoridade de Cristo e
da sua palavra.
Por
fim, penso que aquele que não dizima nem se preocupa com o sustento do
ministério do seu pastor ou de outros obreiros na proclamação do
Evangelho não ama verdadeiramente a igreja, nem Cristo, pois ele morreu
por ela, e mais ninguém.
Assim
como ao final do estudo sobre o dízimo, que será a próxima pauta
destes estudos, gostaria de perguntar: Por que não dizimar?
Essa é uma questão que não se cala...
Notas: 1 - No áudio, desta aula, entra-se um melhor desenvolvimento da questão, e outras implicações são nele abordados;
2 - Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico;
3 - Baixe esta aula em aula 47c.mp3
Notas: 1 - No áudio, desta aula, entra-se um melhor desenvolvimento da questão, e outras implicações são nele abordados;
2 - Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico;
3 - Baixe esta aula em aula 47c.mp3
sábado, 24 de agosto de 2013
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 50: Objeções à autoridade pastoral
Por Jorge Fernandes Isah
O sustento pastoral não é reconhecido, por muitos cristãos, como consequência de outra negação: a autoridade pastoral. Muitos grupos, e isso cada vez mais tem sido difundido entre os cristãos, se opõem à liderança ministerial, à autoridade pastoral, como se fosse algo antibíblico, uma heresia, e fruto apenas do desejo humano de distorcer e corromper o verdadeiro ensino da Bíblia. Para tanto, utilizando dessa falsa premissa, eles distorcem e interpretam versículos bíblicos que claramente afirmam o contrário. É um exercício de "destruição", de alteração, daquilo que Deus nos comunicou. Muitos argumentos são simplórios, alguns até mesmo risíveis se não fossem tão trágicos, com o nítido interesse de acomodar o pensamento divino ao seu. Interessante que todos eles desprezam a igreja, no seu sentido milenar, no que se contradizem, pois utilizam-se do ensino de outros tantos para justificar suas propostas. Dizem que apenas Cristo é o líder da igreja, que se deve ouvir apenas e somente a ele, que toda a tradição da igreja está equivocada, repleta de paganismo, romanismo e carnalidade quando, para ratificar os seus argumentos, se utilizam da mesma história e de homens históricos, muitos dos quais não escondiam o seu ódio pela igreja. Com isso, penso que há um grave e sério conflito, pois se dezenas de séculos não podem ser usados como validação de doutrinas caras à fé cristã, por que um ou dois podem ser a base da argumentação anti-eclesiástica?
Veja bem, não estou dizendo que toda tradição é válida, não é essa a questão. Mas se o argumento da tradição é descartado por eles como "coisa de homens", por que o que é dito por alguns homens, num período muito mais próximo de nós, deve ser considerado? No fundo, muito de tudo isso que se vê tem por objetivo alcançar as seguintes metas:
1) Desacreditar a Bíblia, como a palavra de Deus infalível, inerrante e divinamente inspirada;
e
2) Desacreditar o próprio Deus.
2) Desacreditar o próprio Deus.
Há exemplos em profusão nos seus escritos que remetem a ambos os objetivos. Ainda que não sejam claramente expressos, eles encontram-se subliminarmente presentes em suas descrições, e veladamente maquiados à guisa de santidade. Porém, há absurdo ainda maior: são os únicos que conhecem a Deus e portanto exclusivamente aqueles que podem falar em seu nome. Chegam a proferir verdadeiras blasfêmias, acintosamente, como se saídas da boca divina. Na verdade a confusão em que se metem é reflexo de quão incompreensível Deus lhes é. Contudo, sabemos que Deus não é Deus de confusão, e o que eles se prestam é ao papel de destruir a fé cristã quando pensam reescrevê-la. Mas, por mão de quem? É-se possível reescrever o Cristianismo, com todos os seus acertos e erros, sem dizer que ele nunca existiu? E que somente agora alguns iluminados perceberam o que ele foi, e o ressuscitaram? Para isso têm de tornar toda a fé cristã em cinzas, e pensam construir algo a partir delas, sendo que são incapazes de colocar um tijolo que seja sobre o fundamento que já está posto, Cristo. O que acaba por torná-los em construtores de highways que desembocam diretamente no inferno, as quais eles e seus seguidores percorrem insanamente.
É uma vergonha o que está sendo proposto por esse grupo, e chego a dizer que é um descalabro; e de que são os tais lobos cruéis aos quais Paulo se referiu em Atos 17.
Mas para não dizer que estou sendo injusto, e de que não apresento provas do que eles propõem, analisemos alguns trechos. Primeiro, falemos da autoridade pastoral. Eles argumentam:
"A distinção antibíblica clero/leigo tem causado tremendos danos ao Corpo de Cristo. Tal distinção prova uma ruptura na comunidade dos crentes por classificá-los como cristãos de primeira e de segunda classe. A mentira de que alguns cristãos são mais privilegiados do que outros quanto a servi ao Senhor"[1].
É mesmo, cara-pálida? Aponte-me quais são os tremendos danos ao Corpo de Cristo! Descreva-os, dizendo o porquê de serem danosos. E, primeiramente, defina o que é o Corpo de Cristo. As inferências do autor são meramente especulativas, sem respaldo, e sem descrever detalhadamente como ocorrem. Nada além de um ataque gratuito, sem base bíblica e sem factualidade. Palavreado inócuo capaz de seduzir os ouvidos moucas da verdade, levando-os ao mais sórdido sofisma. Uma ideia que saiu da sua mente candongueira e que encontra acolhida entre muitos outros descabeçados e mexeriqueiros.
As objeções que se seguem, são formuladas a partir de uma distorção, de uma falsa premissa, de que todo pastor ou líder, por natureza, é um salafrário, um bandido, desonesto e, quase, o anticristo. E nada bíblicas, pois partem de inferências humanas e não do texto revelado.
a) "Mas essa distinção entre líderes e comandados não causa ruptura entre a comunidade dos crentes, colocando uns como cristãos de primeira linha e os demais como de segunda linha?"
A pergunta já é formulada de forma capciosa, com a intenção de levar ao engano e levantar a discussão a partir de uma falsa asserção, de que na igreja há líderes e comandados, como se ela fosse uma instituição militar ou corporativa. Não é difícil de entender o que pretendem, pois a igreja muitas vezes é comparada a um exército, formada por soldados que lutam pela verdade e defendem a fé cristã. É também sabido que Deus instituiu lideres na sua igreja, mas que a sua estrutura nada pode ser comparada, em sua essência e forma, a qualquer instituição secular. Nem de longe uma igreja bíblica pode ser igualada a qualquer outro organismo privado ou público. O fato é que está implícito na pergunta a ideia de que um pequeno grupo domina e controla uma maioria que lhe é subserviente. Apelando para o orgulho e individualismo cada vez mais acentuado nas últimas gerações, a ideia é demonstrar que qualquer irmão que se submeta à autoridade eclesiástica não passa de um banana, um capacho, desprezível, um tolo a serviço dos interesses de uma minoria desonesta e opressora. Temos aqui o espírito revolucionário, provavelmente o mesmo que levou satanás a insurgir-se nos céus, e Adão e Eva a caírem no Éden.
E, o que vem a ser cristãos de primeira e segunda linha? Ou o objetivo não é demonstrar que todo aquele que não está em posição de liderança é um reles subalterno? A pergunta, em si mesma, já leva à conclusão equivocada e fraudulenta de que há dois grupos distintos na igreja, e de que eles são antagônicos, quando na verdade a insinuação é apenas fruto da malícia e do dualismo que o diabo sempre tentou impingir ao corpo local [e, por muitas vezes, atingiu o seu intento].
A própria imagem em que Paulo remete a igreja, de que ela é um corpo, seria suficiente para destruir esse argumento falacioso. Por isso ele diz que, ainda que nem todos sejam pés ou mãos ou orelhas ou nariz [mostrando a diversidade dos dons que Deus deu à igreja], ainda assim todos fazem parte do corpo, de forma que sem um deles, por mais fraco que pareça, nenhum é desprezado, e todos são necessários, ao ponto em que diz: "e os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra... para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidados uns dos outros" [1Co 12.12-25].
Portanto, na igreja, todos são irmãos, cada um cumprindo o dom que Deus lhes deu, cada um sujeitando-se ao outro, cuidado do outro, auxiliando-o, para que todos sejam um em Cristo, e o primeiro ou maior seja o derradeiro e o menor de todos e o servo de todos; se o modelo é diferente, essa igreja não é bíblica nem obediente aos preceitos divinos, e cabe a toda a igreja entender que o cristão, seja em qual posição esteja, tem de ter em mente que o mais importante é servir a Deus e ao próximo; sabendo que o nosso inimigo não está no corpo, mas fora dele. Logo, o argumento de que há uma ruptura, separação entre líderes e os demais irmãos é mentirosa e, travestida de piedade, produz apenas a má-fé, o dolo e a permanente morte.
Interessante que o apóstolo Paulo, em Atos 20.28, alerta os bispos de Éfeso para que olhem "por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com o seu próprio sangue", evidenciando a autoridade que Deus estabeleceu a alguns irmãos, cuja principal missão é o de cuidar dos demais e de si mesmos. Ainda que ele profetizou em relação ao que sobreviria sobre aquela igreja, no futuro, em momento algum ele cogitou desfazer a sua estrutura, pensando: se a coisa toda nem sempre funcionará como deve, por que não substituí-la por outra? Portanto, qualquer pensamento que vise a mudança da ordem estabelecida por Deus implicará em rebelião, em pecado, para aqueles que assim pensarem ou agirem, mesmo que seja fruto da ignorância, mesmo que seja fruto da indução, pois elas, e ainda outras, apenas revelam a carnalidade com que parte dos cristãos não compreendem nem entendem a realidade cristã, buscando uma "segunda" realidade à margem e ao largo da revelação divina.
Infelizmente, esse grupo, o qual se julga cristão, especializou-se em outro tipo de "cristianismo", no qual um membro diz ao outro: Não tenho necessidade de vós [1Co 12.21]; e, se isso não é desprezo ou soberba, poucas outras coisas o podem ser.
b) "O ofício pastoral rouba do crente o direito de funcionar como membro do Corpo de Cristo, tornando-o em um mero espectador?"
Pergunto: onde está o erro? No ministério instituído por Deus ou no fato de alguns homens o corromperem? É possível, ao cristão, ser um mero espectador?
Há igrejas que se enquadrem nesse padrão moderno de "culto-espetáculo" ou "show-gospel", em que os artistas vão à frente e realizam uma apresentação para uma assistência sempre passiva, pois aplausos, gritos, urros e pulos não a tornam ativa como igreja, nem a fazem igreja, mas apenas em um auditório barulhento. Mas, pegar como exemplo um tipo de igreja que não é bíblico e usá-lo como padrão para toda a igreja não é honesto, antes é uma generalização infantil, burra e ofensiva.
Na vida cristã, assim como o culto cristão, o crente assume o papel de obreiro, de trabalhador, de alguém que se dedica ao evangelho, tratando-o com cuidado, zelo, como um agricultor cuida da seara, lavrando, semeando, adubando, irrigando, colhendo, significando uma vida ativa. Com isso não quero dizer que o silêncio ou o fato de sermos ouvintes, enquanto na escola dominical ou no culto, nos torna em espectadores, pois o Espírito Santo está ativamente agindo em nossa mente e coração, nos ensinando, instruindo e levando-nos à reflexão sobre os propósitos divinos e seus desdobramentos no meio do seu povo. E isso, ainda que possa ser chamado de uma atitude passiva, em nada se assemelha com ela, pois através da meditação sincera na palavra abandona-se o estado de lassidão, de relaxamento e distanciamento de Deus, para a proximidade com ele, em que Cristo vai-se formando, e tornamo-nos cada vez mais santos, assim como ele é santo. É a ação irresistível do Espírito na qual somos regenerados da pecaminosidade ativa, que nos mantém adormecidos para Deus, para a santificação ativa, em que somos despertados para ele [e por ele] e a necessidade de servi-lo, realizando a sua obra. Então, como um cristão pode ser passivo? [Jo 4:35-41; 2Co 5:15-20].
c) "A liderança humana, seja pastor ou bispo, rivaliza com Cristo? No sentido de que o pastor desloca e suprime a direção de Cristo? No sentido de que, o propósito eterno de Deus é impedido pelo ministério pastoral?"
Este é provavelmente o maior de todos os absurdos dito por esse grupo. De que a liderança humana pode, em algum momento, se igualar ou exceder à liderança de Cristo. De que pastores e bispos podem ser "a cabeça" ao invés de Cristo. De que há competição, disputa, entre a liderança humana e a de Cristo. Isso é de uma infantilidade, e também de um descaramento tão grande, que somente uma mente completamente distorcida e que odeia o evangelho pode produzi-la. Veja bem, o próprio fato de comparar qualquer homem com Cristo já é um acinte, um absurdo. Ao dizer que um líder, seja ele quem for, pode competir com Cristo, igualá-lo ou mesmo superá-lo [e este é o significado de "rivalizar"] faz de Cristo, no mínimo, um cabeça débil. Nada nem ninguém rivaliza com Cristo; nada nem ninguém pode obstrui-lo. Ele é o Filho eterno e supremo. A ideia, que acabam por transmitir, é a de que Cristo não é suficientemente soberano ou poderoso, e de que os seus intentos podem ser anulados ou impedidos pela vontade e ação de homens; eles querem enfraquecê-lo, desacreditá-lo, por meio de comparações estúpidas e ilícitas. O princípio da pergunta já é, em si mesmo, à luz da Escritura, autor-refutável. E a sequência a torna ainda pior. Como alguém pode deslocar ou suprimir a direção de Cristo? O que, em linhas gerais, eles querem novamente afirmar é a fragilidade que pensam Cristo possuir, mas já que ele é o Senhor, Soberano, cujo poder controla tudo e todas as coisas, sem o qual nada veio a existir, podemos aludir a um completo desconhecimento, pois não sabem nem têm noção ou reconhecem os méritos de quem falam. Então, como alguém pode resisti-lo ou deslocar o seu senhorio? Seria o mesmo que dizer que, pelo desejo de alguém, ele deixasse de ser Deus ou estivesse impedido de sê-lo. Se essa não é uma heresia, assim como o teístas relacionais a proclama com sua aparente piedade, o que é?
O intuito não é outro senão tentar ferir a soberania divina e colocá-la em xeque diante do poder humano. E esse homem seria tão poderoso a ponto de impedir o eterno propósito de Deus. Há uma nítida e evidente exaltação do homem comum, e a inferiorização do homem perfeito. Vejam a que ponto, para defender o seu raciocínio doentio, eles descem cada vez mais baixo ao abismo da afronta e rebeldia a Deus. Ou seja, quanto mais distantes da verdade, mais mentiras são necessárias para conservá-la distante. E a única associação possível, visto o ministério pastoral ser instituído pelo próprio Deus, é apelar para a sua desqualificação afim de inabilitar os dons dados pelo Espírito.
Diante de toda a bobagem e infantilidade propagada por esses inimigos, o que mais salta aos olhos é o desprezo a Deus e à igreja. E o que temos já não são meninos inconstantes, como Paulo descreve em suas cartas [à despeito da autoridade que eles tanto atacam, mas tão intensamente buscam para si mesmos, como únicos juízes da igreja; algo que satanás, como acusador que é, faz de dia e de noite diante do trono de Deus], mas meninos birrentos e barulhentos que se arvoram em sábios, e ao se fazerem surdos à voz do evangelho, combatem-no com o que de pior a obstinação ao pecado pode produzir, de mais danoso e trágico para si mesmos e para os incautos que os seguem.
Mais detalhes, sobre o assunto, poderão ser ouvidos na segunda parte do áudio da aula.
Notas: 1- As inquirições, a partir de pressupostos falaciosos, apresentadas aqui podem ser encontradas nas quase 300 páginas do livro de Frank Viola , O paganismo cristão, e em postagens repetidas pelos seus asseclas web afora, um amontoado de baboseiras pretensamente históricas e exegéticas, dignas de risadas [e, penso, de trazer mais tristeza do que desdém].
2- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
3- Baixe este áudio em Aula 47b - Autoridade Pastoral III.MP3
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 49: Autoridade e sustento pastoral - parte 3
Por Jorge Fernandes Isah
Na
semana passada, deixei dois textos para os irmãos meditarem a respeito do
sustento pastoral mas, fazendo algumas pesquisas sobre o tema, cheguei à
conclusão de que antes das pessoas objetarem o sustento elas objetam a
autoridade pastoral e o próprio pastorado. Julguei melhor retornar ao tema e
analisarmos as objeções que eles colocam, como, por exemplo, a de que a Bíblia,
em momento nenhum, estabelece ou autoriza qualquer liderança na igreja.
Na verdade, os pressupostos deles é que estão errados, pois partem do axioma de que não há liderança ou autoridade pastoral para, somente depois, irem às Escrituras, tomarem os versículos e darem toda uma interpretação diversa daquela que o texto enuncia; ao ponto de ensinarem que, quando a Bíblia fala que pastores, presbíteros e bispos devem ser honrados dentro da igreja, eles os colocam não como pertencentes a um corpo local, mas como homens que exercem este ministério em qualquer outro lugar, menos na igreja. É como se o pastor tivesse um chamado de Deus não para guiar o seu rebanho, mas para apenas e tão somente evangelizar os incrédulos, trazendo as ovelhas perdidas ao Evangelho e abandonando-as.
O fato é que a própria Escritura designa uma função específica para aqueles que anunciam e preconizam as "Boas-Novas" aos perdidos, a qual é a de evangelista, e também a de missionário. É claro que essas funções ou ministérios se misturam, de forma que o pastor deve também evangelizar assim como o evangelista pode pastorear, mas é importante ter em mente que a função pastoral está voltada especificamente para o trabalho de apascentar e guiar o rebanho de Deus, ainda que o pastor o seja onde estiver.
Na verdade, os pressupostos deles é que estão errados, pois partem do axioma de que não há liderança ou autoridade pastoral para, somente depois, irem às Escrituras, tomarem os versículos e darem toda uma interpretação diversa daquela que o texto enuncia; ao ponto de ensinarem que, quando a Bíblia fala que pastores, presbíteros e bispos devem ser honrados dentro da igreja, eles os colocam não como pertencentes a um corpo local, mas como homens que exercem este ministério em qualquer outro lugar, menos na igreja. É como se o pastor tivesse um chamado de Deus não para guiar o seu rebanho, mas para apenas e tão somente evangelizar os incrédulos, trazendo as ovelhas perdidas ao Evangelho e abandonando-as.
O fato é que a própria Escritura designa uma função específica para aqueles que anunciam e preconizam as "Boas-Novas" aos perdidos, a qual é a de evangelista, e também a de missionário. É claro que essas funções ou ministérios se misturam, de forma que o pastor deve também evangelizar assim como o evangelista pode pastorear, mas é importante ter em mente que a função pastoral está voltada especificamente para o trabalho de apascentar e guiar o rebanho de Deus, ainda que o pastor o seja onde estiver.
Analisaremos
alguns pontos da lista de objeções dos detratores do ministério
pastoral, e deixaremos as objeções ao sustento pastoral para a próxima aula.
A
primeira colocação, que tem um caráter muito mais danoso e pérfido é o de incluírem
o ministério pastoral no rol das heresias. Os irmãos sabem o que vem a ser
heresia? Claro que sabem! Mas o significado da palavra heresia é escolha ou
opção. No sentido teológico ela aponta para alguém que escolhe um desvio de doutrina ou algo que
se opõe à verdade claramente revelada na Escritura; é uma visão equivocada,
distorcida, corrompida daquilo que Deus revelou em sua palavra. Portanto,
ao ver deles, quando uma igreja ou denominação [que em muitos casos o simples
fato de ser igreja ou denominação já a torna em produto do anticristo ou
diabólico] reconhece a liderança de um pastor, presbítero ou bispo, ela se
enquadraria no grupo daqueles que desprezam a verdade, logo, é herética. O
nível de ataque se revela frontalmente contra toda a igreja e toda a tradição
da igreja e ao que a Bíblia revela.
A
primeira pergunta que eles não querem responder, e que responderemos, é: o que
é um pastor?
É
interessante notar que há uma verdadeira frente de ataque ao ministério
pastoral por parte de grupos que odeiam toda e qualquer forma organizada
de igreja.
Eles chegam às raias da irresponsabilidade e da calúnia ao colocarem que
a
igreja não passa de uma tradição humana e, como tal, guiada por homens
[não no sentido como a entendemos, formada por homens que são
instrumentos de Deus na realização da sua obra], mas, ao assim
procederem, querem dizer que não há nada divino
nela, e se não há, a conclusão é lógica, o espírito da igreja tem a
procedência maligna. Contudo, estranhamente, eles se apegam a escritos e
ditos de homens que se organizam em grupos para defenderem suas ideias.
Ora, por que a
igreja milenar é um conceito falso, mas suas organizações muito mais
recentes,
cujos líderes são indivíduos que impõem, de certa forma, seus
ensinamentos a outros
homens, não é? Se igualmente formam um corpo de doutrina, e são
doutrinados e doutrinadores? Uma pergunta que os líderes e seguidores
desse movimento dos “sem-igrejas”
não querem responder, um tanto por má-fé e orgulho e presunção, e outro
tanto
por ignorância mas também orgulho e presunção; porque os princípios que
os
norteiam são meramente especulativos, inferências, as quais não são
moldadas
pelo texto bíblico, mas tentam força-lo a calar-se no que diz e a dizer o
que
não diz. O que me leva a concluir que o espírito que os norteia não
procede de Deus e tem origem no inimigo do homem, ao qual consideram um
amigo, ainda que inconscientemente.
Mais vergonhoso ainda é que as suas críticas partem exatamente da experiência, ou melhor, de um tipo de experiência fragmentada daquilo que veem na sociedade ou foi dito dela, daquilo que a falsa igreja se esmera em exibir, como se fosse a totalidade da igreja ou como se todas as experiências estivessem contidas nela. Criam um estereótipo no qual colocam todas as denominações e todas as organizações eclesiásticas como se fossem uma, numa espécie de unidade indistinguível. Desta forma, torna-se mais fácil associar os erros e desvios e pecados da falsa igreja e a doutrina espúria do falso evangelho como se fossem todas uma mesma concepção, guiadas pela mesma doutrina e motivação. É a arte de confundir para iludir, de espalhar uma mentira esperando que ela se torne verdade. Não dá para esquecer que a igreja é alvo do inimigo desde o princípio, e ele “levantou” muitos dos seus servos, e ainda os levanta, não para coibir o erro ou denunciá-lo [e muitos incautos se iludem com essa falsa piedade], mas para fazer parecer que toda a igreja está corrompida e que apenas alguns “iluminados” conhecem-na verdadeiramente e estão aptos a julgá-la. Mas, de onde vem a sua autoridade? Quem a outorgou?
Mais vergonhoso ainda é que as suas críticas partem exatamente da experiência, ou melhor, de um tipo de experiência fragmentada daquilo que veem na sociedade ou foi dito dela, daquilo que a falsa igreja se esmera em exibir, como se fosse a totalidade da igreja ou como se todas as experiências estivessem contidas nela. Criam um estereótipo no qual colocam todas as denominações e todas as organizações eclesiásticas como se fossem uma, numa espécie de unidade indistinguível. Desta forma, torna-se mais fácil associar os erros e desvios e pecados da falsa igreja e a doutrina espúria do falso evangelho como se fossem todas uma mesma concepção, guiadas pela mesma doutrina e motivação. É a arte de confundir para iludir, de espalhar uma mentira esperando que ela se torne verdade. Não dá para esquecer que a igreja é alvo do inimigo desde o princípio, e ele “levantou” muitos dos seus servos, e ainda os levanta, não para coibir o erro ou denunciá-lo [e muitos incautos se iludem com essa falsa piedade], mas para fazer parecer que toda a igreja está corrompida e que apenas alguns “iluminados” conhecem-na verdadeiramente e estão aptos a julgá-la. Mas, de onde vem a sua autoridade? Quem a outorgou?
Os
ataques são autocontraditórios ao acusar-nos exatamente daquilo que eles mesmos
fazem e não percebem fazer. Eles partem do princípio de uma autoridade, não
investida por Deus, mas por cada um deles, uma autoridade ou muitas autoridades
humanas, cujos pensamentos são endossados por um grupo cada vez maior de
pessoas que não percebem estarem sendo fisgadas pela mesma rede que julgam
denunciar: o grito em alto e bom som de que nenhuma liderança é bíblica, mas,
afinal, como eles convivem com seus líderes? Ou apenas eles seriam bíblicos?
Muitas de suas afirmações não são somente desrespeitosas e ofensivas, mas atentam à soberania de Deus, à autoridade de Deus sobre a igreja; e não poucos são unitaristas, combatendo a Trindade, de forma que fica evidente o propósito dos seus ataques à autoridade eclesiástica, o que é algo muito maior do que simplesmente aparenta ser: querem a desagregação da igreja e a demolição da fé cristã. Porque mantendo o homem afastado da igreja, que chances ele tem de estar próximo de Deus? [1]. Como o Senhor Jesus disse, éramos ovelhas sem pastor, sem direção, e é o que esses “cristãos” desejam perpetrar.
Muitas de suas afirmações não são somente desrespeitosas e ofensivas, mas atentam à soberania de Deus, à autoridade de Deus sobre a igreja; e não poucos são unitaristas, combatendo a Trindade, de forma que fica evidente o propósito dos seus ataques à autoridade eclesiástica, o que é algo muito maior do que simplesmente aparenta ser: querem a desagregação da igreja e a demolição da fé cristã. Porque mantendo o homem afastado da igreja, que chances ele tem de estar próximo de Deus? [1]. Como o Senhor Jesus disse, éramos ovelhas sem pastor, sem direção, e é o que esses “cristãos” desejam perpetrar.
Devemos
notar que, apesar de haver uma pequena diferença entre os termos pastor,
presbítero e bispo, em linhas gerais, a Bíblia os trata como aquele homem capacitado
por Deus e designado pela igreja para cuidar, zelar, apascentar e proteger o
rebanho do Senhor, buscando aquelas que se encontram desgarradas e trazendo-as para
o aprisco, não abandonando-as, mas cuidado delas. Dentro deste contexto, a referência máxima do que significa “pastor”
está em João 10, quando o Senhor se nomina "o bom pastor"; mas será o
Senhor o único pastor? Será que Deus não instituiu na igreja homens que fossem
responsáveis por preservar o seu ensinamento? Que guiassem o seu povo no
Evangelho? E que guardassem a sã doutrina? Não há exemplos deles na Escritura?
Apontarei
alguns versículos que tratam do tema, com uma pequena explicação. Quem desejar
saber mais sobre o assunto, ouça o áudio desta aula, onde todos estes e outros
pontos são abordados com maior exatidão.
Em
Ef 4.11, Paulo diz que Cristo deu “uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores”, para edificação do corpo. Ele deu à igreja pessoas as quais
qualificou para o aperfeiçoamento e induzindo ao bem e à virtude os
santos.
Atos 20.28: É Deus quem constitui os bispos para apascentar o rebanho de Deus;
1Tm 4.14: O presbítero ordenava, através da imposição de mãos, o ministro pastoral;
At. 14.23: Os anciãos eram eleitos pela igreja [assim como foi a igreja quem elegeu Matias para o lugar de Judas no apostolado];
At 16.4: Não somente os apóstolos, como querem parecer alguns, mas também os anciãos tinham a incumbência de estabelecer decretos e normas para as igrejas;
Tt 1.4: Os presbíteros eram estabelecidos de cidade em cidade;
Tt 1.5-9; 1Tm 3.1-10: Tinham de atender a certas qualidades para serem líderes na igreja, sem as quais, ninguém podia ser candidato ao episcopado.
Atos 20.28: É Deus quem constitui os bispos para apascentar o rebanho de Deus;
1Tm 4.14: O presbítero ordenava, através da imposição de mãos, o ministro pastoral;
At. 14.23: Os anciãos eram eleitos pela igreja [assim como foi a igreja quem elegeu Matias para o lugar de Judas no apostolado];
At 16.4: Não somente os apóstolos, como querem parecer alguns, mas também os anciãos tinham a incumbência de estabelecer decretos e normas para as igrejas;
Tt 1.4: Os presbíteros eram estabelecidos de cidade em cidade;
Tt 1.5-9; 1Tm 3.1-10: Tinham de atender a certas qualidades para serem líderes na igreja, sem as quais, ninguém podia ser candidato ao episcopado.
Notas: [1] Com isso não estou afirmando que todos na igreja estão próximos de Deus. Sabemos que há o joio, e de que o joio foi semeado pelo inimigo, mas fora da igreja, como a Bíblia diz e já estudamos, o homem não está sob a proteção divina.
[2] Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico.
[3] Baixe o áudio desta aula em Aula 47b - Autoridade Pastoral III.MP3