domingo, 29 de janeiro de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 14: Os Nomes de Deus - Parte 1
Por Jorge Fernandes Isah
INTRODUÇÃO
Dando sequência ao estudo do Capítulo 2, falarei sobre os nomes de Deus. Ainda adiando a entrada direta, propriamente dita, na questão dos atributos divinos. Acontece que, inicialmente, pensei em não tocar neste assunto, que trata dos nomes de Deus, pois o considerei pouco relevante, fruto da ignorância e do desejo de apressar o andamento das aulas, tocando apenas naquilo que considerava essencial. Mas estudando-o mais detidamente, convenci-me da sua necessidade e propriedade em nosso estudo da C.F.B, de que era um ponto fundamental e não poderia ser negligenciado; por alguns motivos:
Primeiro, porque a própria palavra de Deus se refere a ele com vários nomes, logo, como poderia rejeitar ou negar a sua importância e fundamento? Se o próprio Deus fez questão de que assim fosse conhecido?
Segundo, vivemos a era de um "Deus" genérico, em que este nome é utilizado de muitas maneiras e intenções, menos a de honrar e glorificar o Deus verdadeiro e vivo. Por isso, desde os primórdios, ele se fez revelar ao mundo de forma particular, para não se misturar a outros deuses nem cultos que nada têm a ver com ele, e que são o reflexo da face idólatra do homem em seu permanente estado de rebeldia. Hoje, o nome "Deus" se tornou um penduricalho que qualquer um pode ostentar ou não, podendo ser nada além de um nome que, supersticiosamente, traga alguma espécie de sorte ou bom fluído, ou mesmo a chave para o pensamento positivo, alguma espécie de triunfalismo pela autoajuda.
Terceiro, os nomes refletem características e particulares de Deus [e mesmo um conjunto de atributos], de forma que eles revelarão e nos ajudarão a compreender um pouco mais do seu caráter e pessoalidade, fugindo da generalização que revela, tão somente, o desconhecimento de Deus; e, desta forma, podermos responder mais consistentemente à pergunta inicial: “Quem é Deus?”.
Quarto, Deus se revela através dos nomes, como aquele que age ativamente na história da humanidade, não um "deus-espectador", imóvel, inoperante, desinteressado; mas o único criador e sustentador de todas as coisas; o ser pessoal, o Senhor e juiz supremo de tudo, de forma que qualquer outra divindade torna-se nula diante dele. Assim, Deus se mostra verdadeiro, e o reconhecemos como o único Deus, em meio a uma miscelânea de falsos deuses.
Os nomes de Deus também nos revelam muito do seu modo de agir e do seu relacionamento com os homens. Não farei um estudo exaustivo em relação a eles, citarei e definirei alguns dos mais comuns, pelos quais Deus foi conhecido, tanto no Antigo como no Novo Testamento, mas me aterei a analisar, especificamente, dois deles.
Outro ponto interessante ao estudar o assunto é que ele nos apresenta Deus como o Ser pessoal, o que tem sido asseverado constantemente em nosso estudo, e também é abordado frequentemente na C.F.B. Além de os nomes serem uma maneira de Deus se autorrevelar aos homens, pois sendo a Escritura a sua própria palavra, nela encontramos designativos de Deus que nos foram dados por ele mesmo.
Assim, temos muitos nomes para Deus, mas todos derivados do seu nome, revelando a multiformidade do seu ser. Usando da linguagem humana para se fazer conhecer aos homens, os nomes de Deus têm origem divina, portanto não são criações humanas.
Vale também ressaltar que Deus não pode ser nominado, definido por um nome, mas são muitos que ele tem, parecendo, até certo ponto, uma questão inexplicável ou até mesmo contraditória. Mas se pensarmos que os nomes pelos quais Deus é conhecido não são invenções humanas mas contêm, de certa forma e em certa medida, atributos que nos revelam o caráter divino, e pelos quais ele se faz revelar, entenderemos que houve uma “concessão” de Deus de se acomodar à limitada e finita capacidade humana de conhecimento. Como tudo que foi criado é limitado e temporal e finito, os nomes de Deus não são abrangentes nem exaustivos, pois não podem sê-lo, visto serem objetivados a suprir demandas do pensamento estrito do homem, o qual está impossibilitado, inclusive pelos efeitos noéticos do pecado, de compreender totalmente o Absoluto.
OS NOMES DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO
ELOHIM: "O DEUS PODEROSO"
O primeiro nome pelo qual Deus é reconhecido na Escritura é Elohim, que quer dizer “O Deus Poderoso”. Elohim é o plural de “Eloah”, que significa “aquele que é forte”. O fato de estar no plural remete-nos à Trindade Santa, de que Deus é uma unidade na qual há três pessoas com a mesma essência e natureza, igualmente poderosas. Mas este será um assunto do qual falaremos mais à frente, quando estudarmos a doutrina da Trindade. Este nome é usado quando se quer enfatizar a majestade divina, em seu caráter soberano, tanto no que se refere à obra de criação [Gn 1.1; Is 45.18] quanto à de salvar Israel [Is 54.5; Jr 32.27]; e é, também, o nome pelo qual Deus é mais representado no Antigo Testamento, aparecendo mais de 2.200 vezes. Ele deriva de "el", o nome mais simples pelo qual Deus é designado, no sentido de ser primeiro, ser senhor, indicando, mais especificamente, plenitude de poder.
O fato de “El” ser um nome genérico, sendo atribuído também aos falsos deuses, não dá a Deus um sentido "nomina propria" [nome próprio], fez com que ele aparecesse na Escritura combinado com outros nomes para ajudar a distinguir o Deus verdadeiro e vivo dos falsos e mortos deuses das religiões pagãs. Podemos citar, como exemplos:
a) El-Shaddai: “Deus Todo-Poderoso”.
Este foi o nome que Deus usou para se revelar a Abraão, quando do estabelecimento formal do pacto de Deus com o patriarca [Gn 17.1-2]. Em princípio, "Shaddai" designa que Deus tem todo o poder, seja no céu ou na terra, indicando-o como Senhor e Soberano sobre tudo e todos, mas no sentido de ter o poder de proteção divina ao povo do pacto, apontando para o cumprimento fiel de suas promessas, e também como fonte de bem-aventurança e consolação.
Também foi com este nome que o Senhor se revelou a Moisés, anunciando-lhe as pragas que sobrevieram sobre o Faraó e o Egito.
b) El Elyon: "O Deus Altíssimo"
Ainda que como El-Shaddai, este nome indique o poder e majestade de Deus, ele o descreve como o possuidor de todas as coisas, o Altíssimo, aquele que está elevado acima de toda a criação, reinando absoluto sobre ela; ele é o mais alto e exaltado ser, sendo todos os demais seres sujeitos a ele. A primeira vez em que ela aparece é em Gênesis 14.18-24, quando Abraão resgata o seu sobrinho Ló e recupera os bens tomados pelo inimigo.
ADONAI: "O DEUS GOVERNADOR"
Este nome significa "Senhor, mestre, possuidor" e, relaciona-se com os anteriores, quanto ao seu significado. Deriva de "dun" ou de "Adon", ambas significando julgar, governar, em posição de autoridade, de senhorio ou domínio. Especialmente ela se aplica a Deus como o Senhor, o Governador Todo-Poderoso, a quem tudo está sujeito e com quem o homem se relaciona como servo. Mas também mostra a superioridade do Deus de Israel sobre os demais deuses; sendo ele o governador último de todas as coisas e a autoridade máxima sobre todos os reinos. Não há ninguém ou nada como ele, nem capaz de desafiá-lo ou enfrentá-lo [Dt 10.17]. Era o nome pelo qual Israel se dirigia a Deus costumeiramente. Com o tempo, perdeu força e prestígio para o nome Jeová [Yahweh].
Assim como Deus é absoluto, o seu governo também o é. De forma que todos os demais poderes, naturais ou sobrenaturais estão debaixo de sua autoridade, sendo ele o possuidor legítimo de tudo, sem se excluir nada.
YAHWEH: "O DEUS REDENTOR"
Gradativamente, na história do povo de Israel, e, à medida em que Deus se revelava ao seu povo, os demais nomes foram sendo abandonados e substituídos por "Yahweh", como o Deus da graça. Este passou a ser o nome pessoal divino, revelando o seu caráter redentor, como o libertador do povo hebreu do cativeiro, por isso foi revelado a Moisés. Sempre foi reconhecido como o nome incomunicável, pelos quais os judeus temiam pronunciá-lo, em razão da leitura equivocada que faziam de Levítico 24.16. Por isso, ao lerem os trechos sagrados onde aparecia, substituíram-no por "Adonai" ou por "Elohim". Ele deriva do verbo "hayah", que significa "ser", indicando a presença e existência constante de Deus, em seu caráter imutável [Ex 3.14]. Revela-nos também que Deus está permanentemente presente na redenção do seu povo, e de que ele cumpre e cumprirá todas as promessas do pacto realizado com os heróis da fé. Sendo o "Eu Sou", eterno, perfeito, santo, e imutável, suas promessas de salvação também são eternas e imutáveis. Também é o nome empregado exclusivamente para Deus, não sendo empregado em relação a mais ninguém, indicando uma relação infalível entre Deus e seu povo, como aquele que o libertará e o redimirá dos seus pecados e transgressões.
Há, ainda, nomes compostos de Yahweh, como, por exemplo, Yahweh Jireh ["O Senhor proverá", Gn 22.14], Yahweh Nissi ["O Senhor é minha bandeira", Ex 17.15], e Yahweh Shalom ["O Senhor é paz", Jz 6.24].
A partir dos massoretas, os quais acrescentaram vogais entre as consoantes, o tetragrama Yhwh, passou-se a grafar da forma como o usamos aqui.
O áudio desta aula está disponível em Aula 14.WAV
Nota: 1- Na próxima aula, concluiremos este estudo sobre os Nomes de Deus a partir do Novo Testamento.
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Nota: 1- Na próxima aula, concluiremos este estudo sobre os Nomes de Deus a partir do Novo Testamento.
2 - Aula realizada na E.B.D. em 08.01.2012
domingo, 22 de janeiro de 2012
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 13: "Eu Sou o que Sou"
Vimos que Deus é autosuficiente em si mesmo, de forma que ele não depende de nada nem ninguém para existir, pois sua independência é absoluta. Também vimos que ele se autointitula o "Eu sou", jamais podendo, portanto, ser o não-ser. E o não-ser é não ser Deus. Ele também se define como o ser essencialmente espiritual, pois é Espírito [Jo 4.24]. Há uma infinidade de atributos de Deus, assim como ele é infinito, mas a Bíblia não nos revela todos, porém, ainda assim, eles nos surpreendem por sua diversidade, plenitude, perfeição, excedendo a nossa compreensão; "porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos", diz o Senhor [Is 55.9]. Deus revela que há uma distância enorme entre ele e nós, de que por mais que se manifeste ao homem, este ainda permanecerá distante e impossibilitado de conhecê-lo e entendê-lo completamente [Jó 26.14]. A disparidade entre quem é Deus e quem é o homem, entre o ser infinito e o finito, entre o eterno e o temporal, o perfeito e o imperfeito [com um ingrediente ainda mais danoso ao conhecimento da verdade, o pecado], faz com que os caminhos divinos sejam muitas vezes incompreensíveis para nós.
Porém, isso não quer dizer que Deus não seja cognoscível, de que não se deu a conhecer, de que haja apenas a sua transcendência e não haja a imanescência, de que ele seja incompreensível e não se relacione com sua Criação. Por isso, a CFB diz que a sua "essência por ninguém pode ser compreendida, senão por Ele mesmo", visto sê-lo infinito, eterno, absoluto, perfeito, santo, somente pode ser conhecido plenamente por alguém que tenha esses atributos, de forma que o homem somente o conhecerá no que ele lhe capacitou e deu-se conhecer. Assim, apenas Deus tem o autoconhecimento de si mesmo; somente ele detém o conhecimento pleno e completo de si, e nada nem ninguém exterior a ele pode compreendê-lo totalmente. A possibilidade de conhecimento pleno de Deus, mesmo na eternidade, quando o salvo será transformado à imagem e semelhança de Cristo, não poderá acontecer; a plenitude do conhecimento divino é tão majestosa, gloriosa, magnificente, que nos esmagaria, como se fôssemos uma formiga sob o peso de um elefante. Creio ser, mais ou menos, o que Paulo diz: "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!" [Rm 11.33].
Por isso, ainda assim, o Deus revelado, continuará encoberto como que por uma densa escuridão, fora do alcance do homem, se o Espírito não o mostrar, transformando-o no ser real, verdadeiro e vivo que ele mesmo diz de si. O que nos leva à reconhecer a importância deste capítulo da C.F.B., porque ele diz ser possível conhecer a Deus através dos seus atributos; ao descrevê-los, ela nos revela facetas do seu caráter, ainda que a tentativa de separá-las seja impossível, visto Deus ser uma unidade pessoal, integral, ao contrário de nós, criaturas.
Antes, e ainda hoje, o homem procura descrever Deus através de figuras, imagens, pintura, e por formas verbais ou escritas, no que tem falhado miseravelmente. Por mais que se queira defini-lo, Deus é indefinível, a não ser por si mesmo. Quando Moisés perguntou em nome de quem falaria aos egípcios e judeus, o Senhor disse: "Eu Sou o que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros" [Ex 3.14]. A afirmação divina representa uma imensidão impossível de se imaginar. Deus se define como sendo, ele é, sem nunca não-ser, de forma que a definição revela a sua autoconsciência, autossuficiência, o Ser absoluto e imutável. Porém, para nós, ainda persiste a pergunta: quem é Deus?
Somente ele pode dizer quem é, pois ele tem o autoconhecimento de si; já que ele conhece todas as coisas, e ninguém pode alcançá-lo nesse conhecimento. O conhecimento de Deus depende de si mesmo, e de mais nada ou ninguém; de nenhuma fonte exterior a ele, porque é eterno. E será através dos seus atributos que se revelará, mostrando-nos a sua personalidade. Por isso, jamais devemos nos esquecer de que Deus é o Deus pessoal, onde habita toda a consciência, inteligência, sabedoria e conhecimento. Ao contrário de nós, Deus não é limitado, e sua personalidade é perfeita, eterna. E é possível perceber a sua Pessoa através da Revelação Natural, como parte dos seus atributos incomunicáveis; porém, somente é possível entender a essência divina a partir da relação paternal que ele tem com o seu Filho eterno, Jesus Cristo; por quem fomos feitos filhos adotivos e, portanto, termos um relacionamento filial com Deus, tornando-nos capazes de conhecê-lo, como ele é, como se revelou, pois sendo Deus, não pode jamais deixar de sê-lo; e não podemos conhecê-lo, mesmo imperfeitamente, sem nos conscientizar da nossa limitação e impossibilidade e incapacidade de fazê-lo plenamente. Pois, assim como os anjos eleitos, gastaremos a eternidade para entender, por exemplo, o amor de Deus por nós. Sendo o amor divino o atributo mais evidente na Escritura, e ainda assim, como Paulo disse, ele excede todo o entendimento [Ef 3.19], o que dirá quanto aos demais? O que dirá quanto ao próprio Deus, o qual é único, e não pode ser distinguido tanto do que é como do que faz, sob pena de se erigir um outro "Deus"? Ainda que ele se apresente de muitas formas diferentes, permanece indissolúvel, indivisível, no seu caráter incomparável e perfeito [Is 40.18,25].
Deus é Deus, e resta-nos humilhar diante dele; glorificá-lo pelo que é, e tem-nos revelado ser; admirá-lo por sua grandeza e majestade; e amá-lo porque ele nos amou primeiro.
Notas: [1] Aula realizada na E.D.B. em 18.12.11
Deus é Deus, e resta-nos humilhar diante dele; glorificá-lo pelo que é, e tem-nos revelado ser; admirá-lo por sua grandeza e majestade; e amá-lo porque ele nos amou primeiro.
Notas: [1] Aula realizada na E.D.B. em 18.12.11
[2] Este áudio pode ser baixado para o seu computador ou dispositivo móvel em Aula 13.MP3
sábado, 14 de janeiro de 2012
Exposição de Atos 9: A Alegria e o Gozo da Salvação
Pr. Luiz Carlos Tibúrcio
domingo, 8 de janeiro de 2012
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
domingo, 1 de janeiro de 2012
Exposição de Atos: O Espírito Santo em nossas vidas
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